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BIOSSEGURIDADE NA SUINOCULTURA: ASPECTOS PRÁTICOS

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V Seminário Internacional de Aves e Suínos – AveSui 2006<br />

Suinocultura<br />

25, 26, 27 de abril de 2005 - Florianópolis – SC<br />

<strong>BIOSSEGURIDADE</strong> <strong>NA</strong> <strong>SUINOCULTURA</strong>: <strong>ASPECTOS</strong> <strong>PRÁTICOS</strong><br />

1. Introdução<br />

Augusto Heck<br />

Médico Veterinário M.Sc. Sanitarista Corporativo de Suinocultura<br />

Perdigão Agroindustrial S.A., Videira, SC - Brasil<br />

ahk@perdigao.com.br<br />

A suinocultura intensiva tem sido desafiada por um número crescente de agentes<br />

infecciosos emergentes ou reemergentes, sejam eles bacterianos ou virais. Em<br />

conseqüência disso o uso de antibióticos e quimioterápicos tem acompanhado essa<br />

suba. Embora com essas valiosas ferramentas farmacológicas consigamos corrigir os<br />

desvios na rota produtiva, invariavelmente deixamos de aproveitar o pleno potencial<br />

zootécnico existente quando temos uma doença presente. Nesse sentido o segmento<br />

produtivo tem cada vez mais se preocupado em garantir a saúde dos rebanhos.<br />

Todas as medidas destinadas a evitar a entrada de agentes infecciosos nos<br />

plantéis bem como reduzir a sua propagação uma vez presente nos mesmos tem sido<br />

agrupadas sob o termo plano de Biosseguridade. Biossegurança diz respeito à<br />

prevenção à exposição a agentes infecciosos e/ ou produtos capazes de gerar doenças<br />

nos seres humanos. Assim sendo, Biosseguridade e Biossegurança são dois termos<br />

similares na preocupação, mas diferentes no escopo.<br />

A Biosseguridade hoje pode ser considerada uma ciência que está iniciando.<br />

Portanto, boa parte de seus postulados pode ser considerada como pareceres técnicos<br />

baseados em evidências científicas sempre que existam.<br />

Não existe um plano de Biosseguridade polivalente que possa ser adotado em<br />

todas as granjas uma vez que existem notáveis variações em termos de localização,<br />

instalações, manejo, nutrição, ambiência, genética e assistência técnica disponíveis. O<br />

plano de Biosseguridade deve, portanto, ser um processo dinâmico adaptado em cada<br />

situação mediante a avaliação dos riscos presentes, resultados esperados, bem como<br />

flexível uma vez que terá que ser revisado na medida que haja alteração de desafios,<br />

expectativas ou orçamento.<br />

A presente revisão considera basicamente a abordagem empresarial pragmática<br />

americana em termos de visão sistêmica da operação e as recomendações práticas<br />

disponibilizadas como referência nacional pela Empresa Brasileira de Pesquisa<br />

Agropecuária.<br />

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2. Levantamento Inicial<br />

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Amass (2005) sugere algumas perguntas que devem ser respondidas para o<br />

levantamento inicial:<br />

• Quais os agentes bacterianos e virais de interesse presentes no plantel?<br />

• Qual a prevalência, mortalidade, custos com prevenção, tratamento, medidas de<br />

controle, efeitos no desempenho para cada agente?<br />

• Quais os agentes que não desejamos a disseminação no plantel?<br />

• Quais os animais na granja que estão colonizadas por esses agentes?<br />

• Quais os animais na granja que estão clinicamente doentes por esses agentes?<br />

• Qual a fonte de infecção dentro do plantel para cada agente de interesse?<br />

3. Estabelecimento dos Objetivos<br />

Segundo Amass (2005) para o estabelecimento dos objetivos devemos considerar<br />

os seguintes questionamentos:<br />

• Que agentes são mais importantes estar ausentes no plantel considerando a<br />

probabilidade de infecção, susceptibilidade, impacto econômico, tipo de produção<br />

da granja?<br />

• O objetivo é prevenir a manifestação clínica da doença mesmo que o plantel esteja<br />

colonizado pelo agente de interesse?<br />

• O objetivo é desenvolver uma subpopulação de suínos livre dentro do plantel<br />

através da prevenção da transmissão do agente de interesse por depopulação<br />

parcial, vacinação ou outras estratégias?<br />

• O objetivo é conter um surto de doença num local ou subpopulação no plantel?<br />

• O objetivo é evitar que as instalações se tornem uma fonte de agentes para os lotes<br />

sucessivos de animais nela alojados?<br />

4. Avaliação dos Riscos para a Granja e Dentro da Granja<br />

De acordo com Amass (2005) é necessária a identificação das fontes externas ao<br />

plantel do agente de interesse. As fontes potenciais de agentes incluem animais de<br />

reposição, sêmen, animais domésticos, animais selvagens, roedores, insetos,<br />

pássaros, ração, água, mão de obra, dejetos, veículos, aerossóis e outros fômites.<br />

As tabelas 1 e 2 mostram algumas fontes de infecção de animal para animal e de<br />

fontes não vivas para vários agentes de interesse.<br />

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Tabela 1. Agentes detectados em animais ou produtos em condições naturais ou experimentais<br />

Animais/<br />

Agente<br />

Actinobacillus pleuropneumoniae<br />

Pessoas Sêmen Dejetos<br />

pássaros<br />

Roedores<br />

domésticos<br />

/selvagens<br />

Insetos<br />

Bordetella bronchiseptica X X<br />

Brachyspira hyodysenteriae X X X<br />

Brucella suis<br />

Clostridium perfringens<br />

X X X<br />

Escherichia coli X X X X<br />

Leptospires<br />

Mycoplasma hyopneumoniae<br />

X X X<br />

Parvovírus suíno X X<br />

Pasteurella multocida X<br />

Salmonella spp. X X X X X<br />

Streptococcus suis X X X X<br />

Vírus da Doença de Aujeszky X X X X X<br />

Vírus da Doença Vesicular X X<br />

Vírus da Febre Aftosa X X X<br />

Vírus da Gastroenterite Transmissível X X X X<br />

Vírus da Influenza Suína X X X<br />

Vírus da Peste Suína Clássica X X X X<br />

Vírus da PRRS X X X X X<br />

Fonte: Amass, S.F. The Pig Journal (2005) 55, 104-114.<br />

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Tabela 2. Agentes detectados em aerossóis, rações, água e fômites em condições naturais ou<br />

experimentais<br />

Agente Aerossol Ração Água Fômites<br />

Actinobacillus pleuropneumoniae X<br />

Bordetella bronchiseptica X X<br />

Brachyspira hyodysenteriae<br />

Brucella suis<br />

X<br />

Clostridium perfringens X X<br />

Escherichia coli X X X<br />

Leptospiras X<br />

Mycoplasma hyopneumoniae X X X<br />

Parvovírus suíno X<br />

Pasteurella multocida X X<br />

Salmonella spp. X X X X<br />

Streptococcus suis X X X<br />

Vírus da Doença de Aujeszky X X<br />

Vírus da Doença Vesicular X X<br />

Vírus da Febre Aftosa X X<br />

Vírus da Gastroenterite Transmissível X<br />

Vírus da Influenza Suína X<br />

Vírus da Peste Suína Clássica X X<br />

Vírus da PRRS<br />

Fonte: Amass, S.F. The Pig Journal (2005) 55, 104-114<br />

X X X<br />

Amass (2005) sugere que outro passo importante é identificar quais fontes<br />

potenciais oferecem mais risco de introdução do agente no plantel. Essas fontes devem<br />

ser priorizadas para identificar quais podem ser controladas por oferecer riscos ao<br />

plantel alvo. Os critérios de priorização devem considerar a freqüência de contato, nível<br />

de contaminação, tempo de sobrevivência do agente.<br />

• Segundo Amass (2005) é necessário uma sucessão de eventos para que o suíno se<br />

torne infectado por um agente na granja:<br />

• A fonte do agente deve estar dentro da granja.<br />

• Considera-se a chance da fonte animal viva estar eliminando o agente ou da fonte<br />

não-viva estar contaminada com o agente.<br />

• O agente deve ser transmitido ao suíno direta ou indiretamente.<br />

• Considera-se a chance de ocorrer a transmissão biológica ou mecânica do agente<br />

de interesse para os suínos.<br />

• Uma dose infectante do agente deve ser transmitida.<br />

• Considera-se se e por quanto tempo um animal contaminado poderá eliminar uma<br />

dose infecciosa de patógeno. Além disso, deve-se levar em conta se uma fonte não-<br />

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viva pode estar contaminada com uma dose infectante de agente de interesse por<br />

tempo suficiente para transmitir para os animais com que tiver contato.<br />

• O suíno hospedeiro deve ser susceptível a infecção pelo agente.Thrusfield (1995)<br />

afirma que a susceptibilidade varia com a idade, imunocompetência, status vacinal,<br />

predisposição genética, doenças em curso, estresse, ambiente, manejo e nutrição.<br />

5. Determinação da Abrangência do Plano de Biosseguridade<br />

De acordo com Amass (2005) abrangência do plano de Biosseguridade<br />

dependerá primeiramente do nível de risco que se pretende aceitar. O próximo fator a<br />

considerar é o orçamentário. Porém devemos considerar o custo do impacto da entrada<br />

da doença como um balizador para orçamentação. Vale a ressalva que os planos são<br />

específicos por granja, não sendo, portanto, generalizáveis.<br />

6. Identificação dos Procedimentos para Diminuição de Riscos para<br />

Disseminação de Agentes<br />

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária através do Centro Nacional de<br />

Pesquisa de Suínos e Aves na publicação Produção de Suínos propõe uma série de<br />

medidas com vistas a evitar a entrada de agentes indesejáveis no plantel:<br />

6.1 Isolamento<br />

O sistema de produção esteja o mais isolado possível, principalmente de outros<br />

criatórios ou aglomerados de suínos.<br />

6.2 Localização da Granja<br />

Deve ficar pelo menos a 500 m de qualquer outra criação ou abatedouro de<br />

suínos e pelo menos 100 m de estradas por onde transitam caminhões com suínos.<br />

6.3 Acesso<br />

Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização.<br />

Colocar placa indicativa da existência da granja no caminho de acesso e no portão a<br />

indicação "Entrada Proibida". A granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve<br />

ser proibida.<br />

6.3.1 Portaria<br />

Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Construir a<br />

portaria, com escritório e banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição<br />

que permita controlar a circulação de pessoas e veículos. O banheiro deve possuir uma<br />

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área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja,<br />

para que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro.<br />

6.3.2 Cercas<br />

Cercar a área que abriga a granja, com tela de pelo menos 1,5 m para evitar o<br />

livre acesso de pessoas, veículos e outros animais. Essa cerca deve estar afastada a<br />

pelo menos 20 ou 30 m das instalações.<br />

6.3.3 Barreira Vegetal<br />

Fazer um cinturão verde (reflorestamento ou mata nativa), a partir da cerca de<br />

isolamento, com uma largura de aproximadamente 50 m. Podem ser utilizadas<br />

espécies de crescimento rápido (pinus ou eucaliptos) plantadas em linhas<br />

desencontradas formando um quebra-vento.<br />

6.3.4 Introdução de Equipamentos<br />

Avaliar previamente qualquer produto ou equipamento que necessite ser<br />

introduzido na granja, em relação a possível presença de agentes contaminantes. Em<br />

caso de suspeita de riscos de contaminação, proceder uma desinfecção antes usando<br />

um sistema de fumigação junto à portaria.<br />

6.3.5 Entrada de Pessoas<br />

Os funcionários devem tomar banho e trocar a roupa todos os dias na entrada da<br />

granja, e serem esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças para não<br />

visitarem outras criações de suínos. Restringir ao máximo as visitas ao sistema de<br />

produção. Não permitir que pessoas entrem na granja antes de um período mínimo de<br />

24 horas após visitarem outros rebanhos suínos, abatedouros ou laboratórios. Exigir<br />

banho e troca de roupas e manter um livro de registro de visita, informando nome,<br />

endereço, objetivo da visita e data em que visitou a última criação, abatedouro ou<br />

laboratórios.<br />

6.3.6 Veículos<br />

Os veículos utilizados dentro da granja devem ser exclusivos. Os caminhões de<br />

transporte de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao interior da granja,<br />

sendo proibida a entrada de motoristas. Para evitar a entrada de veículos para<br />

transporte de dejetos, o sistema de tratamento e armazenamento dos dejetos deve ser<br />

construído externamente à cerca de isolamento.<br />

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6.4 Embarcadouro/Desembarcadouro de Suínos<br />

Deve ser construído junto à cerca de isolamento a pelo menos 20 m das<br />

instalações. O deslocamento dos suínos entre as instalações, e das instalações até o<br />

embarcadouro (e vice-versa) deve ser feito por corredores de manejo.<br />

6.5 Transporte de Animais<br />

O transporte de animais deve ser feito em veículos apropriados,<br />

preferencialmente de uso exclusivo. Os caminhões devem ser lavados e desinfetados<br />

após cada desembarque de animais.<br />

6.6 Transporte de Rações e Insumos<br />

O transporte de insumos e rações deve ser feito com caminhões específicos,<br />

preferencialmente do tipo graneleiro. Não usar caminhões que transportam suínos. O<br />

descarregamento de rações ou insumos deve ser feito sem entrar no perímetro interno<br />

da granja. Caso exista fábrica de rações, esta deve estar localizada junto a cerca de<br />

isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados devem ser limpos a seco e<br />

desinfetados.<br />

6.7 Introdução de Animais na Granja<br />

Os cuidados na introdução de animais no sistema de produção representam,<br />

juntamente com o isolamento, as barreiras mais importantes para a prevenção do<br />

surgimento de problemas de ordem sanitária no rebanho. A introdução de uma doença<br />

no rebanho geralmente ocorre por meio da introdução de animais portadores<br />

saudáveis, no processo normal de reposição do plantel. Portanto, deve-se ter cuidados<br />

especiais na aquisição desses animais.<br />

6.8 Origem dos Animais<br />

Adquirir animais e sêmen, para formação do plantel e para reposição somente de<br />

granjas com Certificado GRSC (Granja de Reprodutores Suídeos Certificada),<br />

conforme legislação (Instrução Normativa 19 de 15 de fevereiro de 2002) da Secretaria<br />

de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA) que define que toda granja de suídeos certificada deverá ser livre de peste<br />

suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada<br />

para leptospirose. Define, também as doenças de certificação opcional que são: rinite<br />

atrófica progressiva, pneumonia micoplásmica, e disenteria suína. Na compra de<br />

animais para povoamento ou reposição do plantel, exigir do fornecedor cópia do<br />

Certificado de granja GRSC e verificar a data de validade do mesmo.<br />

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Preferencialmente, adquirir animais procedentes de uma única origem sempre no<br />

sentido granja núcleo -> multiplicadora -> granja comercial. A aquisição de animais de<br />

mais de uma origem aumenta as chances de introdução de novos problemas<br />

sanitários.<br />

6.9 Quarentena<br />

O objetivo da quarentena é evitar a introdução de agentes patogênicos na granja.<br />

Os animais ficam em uma instalação segregada por um período de pelo menos 28 dias<br />

antes de introduzi-los no rebanho. A instalação deve ser longe (mínimo de 500 m) do<br />

sistema de produção e separada por barreira física (vegetal). Esse período serve para<br />

realização de exames laboratoriais e também para o acompanhamento clínico no caso<br />

de incubação de alguma doença. As instalações do quarentenário devem permitir<br />

limpeza, desinfecção e vazio sanitário entre os lotes, mantendo equipamentos e,<br />

quando possível, funcionários exclusivos.<br />

6.10 Adaptação<br />

Este período serve para adaptar os animais ao novo sistema de manejo e à<br />

microbiota da granja. A falta de imunidade contra os agentes presentes na granja pode<br />

levar os animais a adoecerem. A primeira providência é abrir uma ficha de controle dos<br />

procedimentos de adaptação, vacinação e anotação de cio para cada lote de fêmeas.<br />

Após, introduzir os animais no galpão de reposição e adotar os procedimentos para<br />

adaptação aos microorganismos do rebanho geralmente a partir de 5,5 a 6,0 meses de<br />

idade.<br />

6.10.1 Adaptação dos Animais aos Microorganismos<br />

Colocar uma ou duas pás de fezes de porcas pluríparas por dia, em cada baia,<br />

durante 20 dias consecutivos. Colocar fetos mumificados nas baias das leitoas até 15<br />

dias antes de iniciaram a fase de cobrição. Iniciar a imunização dos animais logo após<br />

sua acomodação na granja.<br />

6.10.2 Espaço de Alojamento<br />

Propiciar espaço mínimo de 2 m 2 por animal, alojando as leitoas em baias com 6<br />

a 10 animais. Alojar os machos recém chegados na granja em baias individuais com<br />

espaço mínimo de 6 m 2 .<br />

6.11 Controle de Vetores<br />

A transmissão de doenças por roedores, moscas, pássaros e mamíferos<br />

silvestres e domésticos deve ser evitada ao máximo. As medidas gerais de controle<br />

são: cerca de isolamento; destino adequado do lixo, dos animais mortos, de restos de<br />

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parição e de dejetos; limpeza e organização da fábrica e depósito de rações e insumos<br />

e dos galpões e arredores.<br />

6.11.1 Roedores<br />

Deve-se criar um ambiente impróprio para a proliferação dos mesmos, ou seja,<br />

limpeza e organização, eliminando os resíduos e acondicionando bem a ração e os<br />

ingredientes. O combate direto pode ser realizado através de meios mecânicos como a<br />

utilização de armadilhas e ratoeiras ou através de produtos químicos (raticidas), os<br />

quais devem ser empregados com cuidado (dispositivos apropriados) para evitar<br />

intoxicação dos animais e operadores. Esse é um programa permanente.<br />

6.11.2 Insetos<br />

Para o controle de moscas, recomenda-se o "controle integrado" que envolve<br />

medidas mecânicas direcionadas ao destino e tratamento de dejetos, o qual deve ser<br />

realizado permanentemente, somado ao controle químico ou biológico que eliminam o<br />

inseto em alguma fase do seu ciclo de vida. Sempre que houver aumento da população<br />

de insetos na granja, em especial de moscas, deve-se procurar e eliminar os focos de<br />

procriação.<br />

6.12 Destino de Animais Mortos<br />

Todo sistema de produção acumula carcaças de animais mortos e restos de<br />

placentas, abortos, cordões umbilicais e testículos que precisam ter um destino<br />

adequado, para evitar a transmissão de agentes patogênicos, a atração de outros<br />

animais, a proliferação de moscas, a contaminação ambiental e o mau cheiro, além de<br />

preservar a saúde pública.<br />

A compostagem que é um método eficiente, resultado da ação de bactérias<br />

termofílicas aeróbias sobre componentes orgânicos (carcaças e restos) misturados a<br />

componentes ricos em carbono (maravalha, serragem ou palha) deve ser o método<br />

preferencial.<br />

Com relação à prevenção da disseminação do agente Amass (2005) postula o<br />

seguinte:<br />

6.13 Transmissão pelo Contato Direto entre Suínos Infectados e<br />

Susceptíveis<br />

Os suínos podem se tornar infectados pelo contato direto com as matrizes ou<br />

outros suínos. Normalmente os animais mais velhos são colonizados por mais<br />

organismos e podem ser fontes de infecção para os mais novos.<br />

Manter uma quarentena for a da granja. Não colocar os animais de reposição<br />

diretamente no plantel.<br />

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A segregação por idade pode ser usada para minimizar a transmissão suíno para<br />

suíno. Suínos com idades muito próximas podem ser agrupados e transferidos como<br />

contemporâneos na granja. A produção usando o sistema “todos dentro-todos fora”<br />

permite a limpeza e desinfecção entre lotes e, caso haja um surto, ele pode ser contido<br />

e a transmissão para o próximo lote evitada.<br />

Desmame precoce, segregação por idade e medicação estratégica ou vacinação<br />

quando necessário podem ser usados para minimizar a transmissão de certos<br />

patógenos da matriz para os leitões (Clark et al, 1994). A teoria que respalda o<br />

desmame precoce é a que os leitões consomem o colostro que o protege de alguns<br />

dos patógenos que a matriz possui por um curto período de tempo. Se o leitão é<br />

transferido para um ambiente limpo livre de patógenos enquanto estiver sob a proteção<br />

colostral, a transmissão de alguns patógenos da matriz para os leitões pode ser<br />

prevenida ou minimizada. Em alguns casos como no caso do Streptococcus suis, o<br />

desmame precoce não previne a transmissão porque os leitões já se infectam ao<br />

nascer. Em outros casos o desmame precoce somente diminui a dose de patógenos<br />

transferidos para os leitões de maneira a que eles se tornem portadores<br />

assintomáticos. Se o rebanho já possui um alto status de saúde usando idades<br />

convencionais de desmame uma troca para desmames mais precoces provavelmente<br />

não trará benefícios e pode prejudicar o rebanho em termos de desempenho<br />

reprodutivo.<br />

A segregação por ordem de parto usa a mesma teoria da segregação por idade.<br />

Nesse sistema as leitoas são separadas das matrizes de dois ou mais partos. Isso<br />

propicia tempo para um melhor desenvolvimento da imunidade nas leitoas antes de se<br />

tornarem infectadas pelos patógenos eliminados pelas matrizes. Os leitões filhos de<br />

leitoas são separados dos filhos de matrizes. O sistema imune das leitoas pode não ser<br />

tão eficiente como o das matrizes porque as primeiras foram expostas a menos<br />

agentes. Portanto as leitoas podem ser mais infectantes para as suas proles. Além<br />

disso, suínos filhos de leitoas podem infectar outros leitões na creche.<br />

Minimizar a transferência cruzada limitando-a às primeiras 24 horas de vida. Essa<br />

prática após as 24 horas de nascimento pode colocar em risco por promover o contato<br />

com uma fêmea adotiva que esteja eliminando patógenos cujos leitões não tenham<br />

recebido imunidade colostral.<br />

O uso de baias de enfermaria pode segregar parcialmente os suínos doentes do<br />

resto do grupo. Entretanto, esses animais vão ainda compartilhar o mesmo espaço<br />

aéreo com os saudáveis e a menos que sejam usados divisórias e portões compactos<br />

eles terão contato direto com os suínos das baias adjacentes.<br />

Manter os suínos com os seus contemporâneos, incluindo aqueles nas baias de<br />

enfermaria. Algumas granjas atrasam o desmame dos leitões com baixo<br />

desenvolvimento ou transferem os mesmos para uma sala com leitões mais novos com<br />

o mesmo tamanho. Essas práticas podem por em risco os animais saudáveis.<br />

Vacinação estratégica e protocolos de medicação podem limitar a transmissão<br />

direta de patógenos entre suínos por limitar o número de patógenos eliminados pelos<br />

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suínos infectados e por melhorar a imunidade dos animais expostos prevenindo a<br />

infecção.<br />

6.14 Transmissão pelo Contato Indireto entre Suínos Infectados e<br />

Susceptíveis<br />

A sanitização de equipamentos como tambores, tábuas de manejo, carrinhos,<br />

cochos, bebedouros, etc. usados dentro da granja, instalações dentro e entre lotes e<br />

dos veículos usados dentro da granja incluem uma limpeza criteriosa considerando a<br />

remoção de material orgânico visível como esterco, urina, palha, maravalha, poeira,<br />

ração, etc seguido por desinfecção usando um produto apropriado e efetivo.<br />

Uma limpeza criteriosa é importante, pois alguns patógenos como o<br />

Streptococcus suis, rotavírus e salmonela podem ser isoladas de poeira nas<br />

instalações. Os objetivos do programa de sanitização são baixar o nível de patógenos<br />

abaixo da dose infectante no momento da exposição e prevenir o crescimento dos<br />

agentes ao longo do tempo.<br />

Fômites como equipamentos podem ser uma rota potencial de transmissão<br />

indireta. A manutenção de equipamentos específicos para grupos de animais, limpeza<br />

e desinfecção periódica de equipamentos de uso comum ou entre lotes são<br />

procedimentos de biosseguridade possíveis.<br />

Agulhas usadas podem potencialmente espalhar patógenos de suíno para suíno.<br />

Em termos práticos devemos usar a agulha primeiro nos animais menos<br />

comprometidos pela doença para depois usar nos mais comprometidos. A mesma<br />

agulha pode ser usada para grupos de suínos alojados junto com contato direto sem<br />

aumentar dramaticamente o risco de transmissão de doença dentro do grupo.<br />

6.15 Pessoal<br />

O monitoramento pelos operadores é uma das melhores medidas de<br />

biosseguridade que podem ser implementadas. Otimização das instalações, nutrição e<br />

manejo podem reduzir a susceptibilidade dos suínos às infecções. O monitoramento<br />

permanente pelos operadores para os sinais clínicos de doença permite a pronta<br />

contenção dos surtos. Prover cuidados veterinários e vigilância para doenças de forma<br />

regular pode também prevenir grandes surtos e acelera a velocidade do processo de<br />

contenção.<br />

As pessoas têm o potencial de transmitir patógenos dos suínos, de forma<br />

mecânica e biológica. A transmissão mecânica ocorre quando uma pessoa entra em<br />

contato com suínos ou instalações contaminados, tornando-se contaminada também e<br />

então carrega o patógeno pela granja. A transmissão biológica pode ocorrer com<br />

patógenos que infectam pessoas e suínos. Uma pessoa doente pode eliminar<br />

potencialmente para os suínos que ela tiver contato. De forma ideal os operadores<br />

devem transitar na granja dos animais saudáveis para os animais doentes e, dentro<br />

dessas categorias, dos animais novos para os animais velhos. Entretanto, esse<br />

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controle é pouco prático. Os operadores que trabalharam junto às salas com suínos<br />

doentes ou que manusearam/ transportaram animais mortos devem lavar o material<br />

orgânico visível das áreas expostas do corpo e trocar as roupas e calçados antes de ter<br />

contato com grupos de suínos não infectados.<br />

Nos casos de surtos em salas localizadas da granja os operadores podem tratálas<br />

como quarentenários com uma pessoa específica responsável. Esse deve usar<br />

roupas e calçados específicos para a sala na sua entrada. Da mesma forma devem<br />

existir suprimentos e equipamentos específicos. Itens descartáveis devem ser usados<br />

quando possível. Os animais nessa sala podem ser medicados, se possível, além de<br />

uma terapia de suporte. Esses suínos devem ser manejados no final do dia, pois os<br />

operadores tomarão banho após. Os animais recuperados podem ser vendidos e a sala<br />

deve ser limpa e desinfectada antes da entrada do próximo lote. Se o tratamento não<br />

for possível por problemas de carência a rápida eutanásia deve ocorrer para minimizar<br />

a transmissão do resto do rebanho.<br />

7. Priorização dos Procedimentos de Redução de Risco<br />

Devem-se considerar conforme Amass (2005) as características dos agentes de<br />

interesse, fontes potenciais, viabilidade de uma intervenção com sucesso,<br />

considerações econômicas, níveis pessoais de aceitação de risco para selecionar e<br />

adaptar os procedimentos preventivos para cada agente de interesse sob condições<br />

específicas do plantel.<br />

8. Avaliação da Efetividade dos Procedimentos<br />

De acordo com Amass (2005) pessoal, instalações, equipamentos, suínos e<br />

agentes de interesse estão em constante mudança. Assim sendo, procedimentos que<br />

funcionavam no passado podem não funcionar no presente ou futuro. Por isso que<br />

todos os procedimentos de biosseguridade devem ser periodicamente avaliados. A<br />

efetividade inata do procedimento, concordância dos operadores e custos devem ser<br />

avaliados. O programa de biosseguridade precisa ser adaptado via eliminação,<br />

modificação ou adição de procedimentos, uma vez que áreas de risco críticas e<br />

agentes de interesse mudam ao longo do tempo.<br />

8.1 Monitoramento e Avaliação de Plantel<br />

O monitoramento regular dos suínos para os sinais de infecção é essencial uma<br />

vez que quanto mais cedo a doença é diagnosticada, maior a chance de prevenir sua<br />

disseminação. Recomenda-se a avaliação dos animais duas vezes ao dia para sinais<br />

de doença, mortalidade, febre, descoloração, diminuição do consumo, claudicação,<br />

vesículas.<br />

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V Seminário Internacional de Aves e Suínos – AveSui 2006<br />

Suinocultura<br />

25, 26, 27 de abril de 2005 - Florianópolis – SC<br />

A monitoria da saúde do plantel usando sinais clínicos, sorologia, necropsia e<br />

avaliações no frigorífico podem ser usadas para detectar a exposição clínica ou<br />

subclínica aos agentes de interesse.<br />

8.2 Monitoramento do Protocolo de Sanitização<br />

Isso pode ser feito pela identificação dos agentes de interesse nos fômites ou<br />

usando contagem de bactérias aeróbias como marcador de contaminação. Animais<br />

sentinela podem também ser usado para monitorar patógenos específicos após a<br />

desocupação das instalações.<br />

Outros fatores que impactam na eficácia do protocolo de sanitização seriam a<br />

qualidade da água e preparação da solução desinfectante.<br />

8.3 Coleta de Dados<br />

Bons registros podem ajudar a traçar a fonte do surto e decidir que procedimentos<br />

de biosseguridade são necessários para prevenir uma nova ocorrência.<br />

9. Conclusão<br />

As doenças modernas estão trazendo novos desafios à cadeia produtiva<br />

suinícola. Esses desafios têm se revelado primordialmente de ordem sanitária, ou seja,<br />

prevenção, tratamento e controle de enfermidades que geram impacto econômico na<br />

produção e produtividade. As experiências práticas têm demonstrado que um sistema<br />

moderno de produção deve, obrigatoriamente, estar consorciado com um plano<br />

abrangente de biosseguridade. Esse plano de biosseguridade deve ser concebido<br />

adaptando-se à realidade de cada granja, de forma a obter o difícil consenso entre os<br />

interesses do proprietário, do médico-veterinário, da agroindústria, do mercado e do<br />

consumidor final.<br />

Prevenção à entrada de doenças, parada na mudança dos padrões das<br />

enfermidades, melhoria de desempenho, redução do uso de medicamentos, redução<br />

das zoonoses, produção de carne suína de forma lucrativa são alguns dos benefícios<br />

da prática consistente da biosseguridade. Essas são razões mais que suficientes para<br />

discutir, arquitetar e implementar um plano prático de biosseguridade.<br />

10. Bibliografia Consultada<br />

Amass, S.F. The Pig Journal (2005) 55, 104-114.<br />

Clark, L.K., Hill M.A., Kniffen, T.S., Van Alstine, W., Stevenson, G., Meyer, K.B, Wu,<br />

C.C., Scheidt, A.B., Knox, K. and Albregts, S. (1994). Swine Health and Production, 2,<br />

5-11.<br />

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V Seminário Internacional de Aves e Suínos – AveSui 2006<br />

Suinocultura<br />

25, 26, 27 de abril de 2005 - Florianópolis – SC<br />

Thrusfield, M. (1995). Veterinary Epidemiology, 2nd edition. Blackwell Science Ltd.,<br />

Oxford, United Kingdom.<br />

http://extranet.agricultura.gov.br/consultasislegis/Imagem?codArquivo=1943, acessado<br />

em 20/01/2006.<br />

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/index.html<br />

, acessado em 20/01/2006.<br />

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