LEMAD-DH-USP_Historia do Brasil_Maria LG Andrade_1928.pdf
LEMAD-DH-USP_Historia do Brasil_Maria LG Andrade_1928.pdf
LEMAD-DH-USP_Historia do Brasil_Maria LG Andrade_1928.pdf
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
42 HISTORIA DO BRAZIL.<br />
Depois seguiu Men de Sá para o sul e poz termo á luta entre<br />
Piratininga e S. Paulo, ordenan<strong>do</strong> que a villa de Piratininga<br />
fosse transferida para S. Paulo, onde os jesuitas haviam já<br />
funda<strong>do</strong> seu collegio.<br />
O Rio de Janeiro com quanto pertencesse ao quinhão de<br />
Martim Affonso de Souza, foi não obstante desde logo considera<strong>do</strong><br />
capitania exclusivamente sujeita á corôa.<br />
No Espírito-Santo havia Men de Sá, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s colonos,<br />
recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> velho <strong>do</strong>natal'io Vasco Fernandes Coutinho, que<br />
morreu no anno seguinte, 1561, o auto de renuncia da sua<br />
capitania, para a qual nomeou capitão-mór o valente Belchior<br />
de Azeve<strong>do</strong>.<br />
I.<br />
Ó Guerreiros de Taba sagrada,<br />
Ó Guerreiros da tribu Tupi,<br />
Faliam Deuses nos cantos <strong>do</strong> Piága,<br />
Ó Guerreiros meus cantos ouvi.<br />
.Esta noite - era a lua já morta<br />
Anhangá me vedava sonhar;<br />
Eis na horrivel caverna, que habito,<br />
Rouca voz começou-me a chamar.<br />
Abro os olhos, inquieto, medroso,<br />
ManittJs! que prodigios que vi!<br />
Arde o pau de resina fumosa,<br />
Não fui eu, não fui eu, que o accendi!<br />
Ris rebenta a meus pés um phantasma,<br />
Um phantasma d'immensa extensão;<br />
Liso craneo repousa a meu la<strong>do</strong>,<br />
Feia cobra se enrosca no chão.<br />
o meu sangue gelou-se nas veias,<br />
To<strong>do</strong> inteiro - ossos, carnes - tremi,<br />
Frio horror me coou pelos membros,<br />
Frio vento no rosto senti.<br />
O CANTO DO PIÁGA.<br />
Era feio, me<strong>do</strong>nho, tremen<strong>do</strong>,<br />
Ó Guerreiros, o espectro que eu vi.<br />
Faliam Deuses nos cantos <strong>do</strong> Piága,<br />
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!<br />
II.<br />
Porque <strong>do</strong>rmes, ó Piága divino?<br />
Começou-me a Visão a fallar,<br />
Porque <strong>do</strong>rmes 1 O sacro instruo<br />
mento<br />
De per si já começa a vibrar.<br />
Tu não viste nos ceus um negrume<br />
Toda a face <strong>do</strong> sol offuscar;<br />
Não ouviste a coruja, de dia,<br />
Seus estridulos torva soltar 1<br />
Tu não viste <strong>do</strong>s bosques a coma<br />
Sem aragem-vergar-se e gemer,<br />
Nem a lua de fogo entre nuvens,<br />
Qual em vestes de sangue, nascer?<br />
E tu <strong>do</strong>rmes, ó Piága divino!<br />
E Aphangá te prohibe sonharl