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NAvIOS DA vERGONhA

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França: do contrato precário ao emprego contínuo, aos estatutos estáveis, ao reconhecimento<br />

da dignidade da profissão e à consolidação de um sistema de previdência social já antigo; o<br />

progresso social não tinha sido uma palavra em vão desde o Século XIX.<br />

As convenções internacionais marítimas do trabalho cobrem um largo campo, da<br />

contratação ao repatriamento eventual, passando pelas condições de trabalho e de vida a<br />

bordo, pela saúde e pelos cuidados, pelas feriados e pela protecção social que inclui a da<br />

família, pela inspecção do trabalho para se terminar em beleza... Desenham os traços de<br />

um possível modelo de estatuto profissional internacional, mesmo se este ainda não é um<br />

estatuto exemplar... Contudo, é o primeiro no mundo.<br />

Um grupo de trabalho tripartido “de alto nível” do OIT prepara actualmente,<br />

para submeter à Conferência Geral da OIT de 2005, “um instrumento único e coerente<br />

que sintetiza tanto quanto possível todas as normas... do trabalho marítimo em vigor...”.<br />

É presidido pela França, que acaba também de assumir a liderança do movimento, votando a<br />

ratificação de todas as restantes convenções que se tinham vindo a arrastar 3 . Que contradição<br />

com a louca saga RIF!<br />

Pelo seu lado, a IFT luta passo a passo para impor aos armadores, por via contratual,<br />

o respeito dos principais elementos deste estatuto, que os Estados não se preocupam em fazer<br />

aplicar, e normas salariais mínimas que reduzam a pressão à baixa no mercado mundial de<br />

trabalho. Estes acordos cobririam já, segundo o IFT, 40.000 marinheiros, mas a sua eficácia<br />

e a sua extensão são um combate permanente.<br />

A marinha mercante, primeira indústria historicamente internacionalizada, encontrase<br />

agora na vanguarda da desregulação descontrolada chamada “mundialização neoliberal”.<br />

Em completa regressão social, ou pior? A história não se repete, mesmo quando fortemente<br />

o parece fazer. Os marinheiros, saberão eles que estão na ponta dum combate essencial da<br />

nossa civilização? Mas terão muita dificuldade em daí saírem sozinhos, e o seu caso diz-nos<br />

respeito a todos nós, e em primeiro lugar aos trabalhadores migrantes, itinerantes, deslocados<br />

ou explorados à distância... Porque não fazer-se deste primeiro exemplo possível da<br />

3 Assinalemos, contudo, a ausência inquietante da convenção 65 sobre a segurança social dos marinheiros.<br />

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