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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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João <strong>de</strong> Scantimburgo<br />

na <strong>de</strong> Portugal. Costa Pimpão, quanto a esta opinião, e Duarte Leite, quanto<br />

àquela, <strong>de</strong>senvolveram vigorosa argumentação. Um exame objetivo do <strong>de</strong>bate<br />

leva a aceitar que a ‘política do sigilo’ foi, <strong>de</strong> fato, praticada em Quatrocentos e<br />

Quinhentos, os dois séculos áureos da expansão marítima <strong>de</strong> Portugal, não,<br />

porém, numa intensida<strong>de</strong> constante, quer na sua incidência geográfica, quer na<br />

sua incidência náutica. Por outro lado, não poucas vezes a ação governativa se<br />

viu frustrada pelas <strong>de</strong>fecções individuais – insofridas ânsias <strong>de</strong> engran<strong>de</strong>cimento,<br />

<strong>de</strong>speitos pessoais e até o intento <strong>de</strong> escapar a justas punições. Isso,<br />

sem falar na natural tendência para a difusão, que é própria <strong>de</strong> todo o conhecimento<br />

científico. Por tudo isso numerosos portugueses vieram a colaborar em<br />

empreendimentos estrangeiros. Censurável, muitas vezes do ponto <strong>de</strong> vista patriótico,<br />

essa colaboração foi, porém, meritória, pelo auxílio assim prestado a<br />

tantos empreendimentos úteis.”<br />

O sigilo não po<strong>de</strong>ria, evi<strong>de</strong>ntemente, guardar-se por longo tempo. Visava o<br />

Infante, visou Dom João II, garantirem para Portugal a priorida<strong>de</strong>, a primazia<br />

e, portanto, o direito <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> novas terras, incorporadas à Coroa, ou<br />

as rotas que levariam as suas caravelas para a terra das Índias, a terra das especiarias,<br />

isto é, da riqueza. É historicamente sabido que as expedições portuguesas<br />

foram ruinosas para o exaurido Tesouro do reino. Nem po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

sê-lo. Portugal era um pequeno reino, sem recursos, <strong>de</strong> frágil e precária economia.<br />

A sua expansão, a<strong>de</strong>mais das finalida<strong>de</strong>s referidas ao longo <strong>de</strong> nosso estudo,<br />

tinha como objetivo o <strong>de</strong> fortalecer economicamente a nação, o Estado e<br />

os planos <strong>de</strong> expansão da Casa <strong>de</strong> Aviz. Estropiou-se o Erário português, mas<br />

Portugal realizou uma aventura soberba na história. Ao móvel econômico<br />

Portugal associou o fim espiritual. Toda a epopéia dos <strong>de</strong>scobrimentos, a gloriosa<br />

empresa <strong>de</strong> Portugal, teve como objetivo o engran<strong>de</strong>cimento econômico<br />

da nação, a consecução da riqueza, mas também a fé ar<strong>de</strong>nte, que remove<br />

montanhas, e plantou no continente americano o “estandarte <strong>de</strong> todas as<br />

nações”. Na contextura dos <strong>de</strong>scobrimentos, incluindo-se o sigilo, propuseram-se<br />

a Casa <strong>de</strong> Aviz, o Infante Dom Henrique, o Príncipe Perfeito, a<br />

maior glória <strong>de</strong> sua dinastia, <strong>de</strong> sua nação, <strong>de</strong> seu povo e <strong>de</strong> sua fé. É difícil<br />

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