Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras
Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras
Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
2.<br />
Gilberto Velho<br />
Anova edição <strong>de</strong> Coronel, coronéis: apogeu e <strong>de</strong>clínio do coronelismo no<br />
Nor<strong>de</strong>ste é extremamente oportuna e bem-vinda. Revista e aumentada,<br />
apresenta não só dados novos e atualizados como outras reflexões<br />
com apreciável enriquecimento em relação às anteriores. Trata-se<br />
<strong>de</strong> obra pioneira e que está longe <strong>de</strong> ter esgotado o seu potencial <strong>de</strong> contribuição<br />
para a interpretação da socieda<strong>de</strong> brasileira. É um trabalho<br />
que tem, entre os seus méritos, apresentar uma pesquisa socioantropológica<br />
fascinante e original sobre quatro coronéis do alto sertão e do agreste<br />
pernambucano. A partir do trabalho <strong>de</strong> campo, produz uma reflexão<br />
sólida que lida com as ambigüida<strong>de</strong>s e paradoxos do fenômeno do<br />
coronelismo, escapando <strong>de</strong> qualquer reducionismo ou esquematismo.<br />
Um dos aspectos mais importantes <strong>de</strong>ssa análise sobre continuida<strong>de</strong><br />
e transformação social é a percepção do complexo papel dos<br />
coronéis como mediadores. Com todas as diferenças individuais e cronológicas,<br />
além <strong>de</strong> exercerem o seu po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> modo mais ou menos<br />
arbitrário, estabelecem alianças e canais <strong>de</strong> comunicação com diferentes<br />
esferas e instituições da socieda<strong>de</strong>, gerando um trânsito sociocultural<br />
que po<strong>de</strong>, como mostram os autores, minar as próprias<br />
bases <strong>de</strong> sua autorida<strong>de</strong>. Nesse sentido, este trabalho contribui, <strong>de</strong><br />
modo <strong>de</strong>cisivo, para uma visão sofisticada e complexa do mandonismo<br />
e da vida política em geral. Dentro da história do pensamento<br />
social brasileiro, leva-nos a aproximações e comparações com as<br />
obras clássicas <strong>de</strong> Gilberto Freyre, Victor Nunes Leal, Raymundo<br />
Faoro e Maria Isaura Pereira <strong>de</strong> Queirós, entre outros.<br />
103<br />
Antropólogo, doutor<br />
em Ciências Sociais<br />
pela USP (1975),<br />
professor titular <strong>de</strong><br />
Antropologia Social<br />
do Museu Nacional<br />
(da UFRJ). Autor <strong>de</strong><br />
A utopia urbana<br />
(1989), Individualismo<br />
e cultura (1999),<br />
Subjetivida<strong>de</strong> e socieda<strong>de</strong><br />
(1989), Projeto e<br />
metamorfose (1999) e<br />
Nobres & anjos<br />
(1998). Organizou,<br />
entre outros livros,<br />
Desvio e divergência<br />
(1989), Arte e<br />
socieda<strong>de</strong> (1977),<br />
O <strong>de</strong>safio da cida<strong>de</strong><br />
(1980).