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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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João <strong>de</strong> Scantimburgo<br />

com todos os falseamentos, a civilização brasileira segue, ainda, a mesma linha<br />

da velha lusitania, a linha fiel à espiritualida<strong>de</strong> cristã.<br />

Não há ações isoladas na face da terra. Causas engendram efeitos, e efeitos,<br />

causas. Do Infante Dom Henrique e do Príncipe Perfeito, Dom João II, aos<br />

nossos dias, cinco séculos passaram sobre a História. É pouco. Se alongarmos<br />

a vista e perscrutarmos esse longo período, veremos que foi sábia a política da<br />

monarquia portuguesa, no cumprimento <strong>de</strong> uma vocação que a Providência<br />

lhe traçou. Ha cinco séculos o sigilo na política dos <strong>de</strong>scobrimentos está justificado<br />

pelo Brasil. Não é pouco, nem se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar inatual o tema. Esse<br />

mesmo sigilo iria possibilitar a colonização. Trinta e dois anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberto<br />

o Brasil, <strong>de</strong>scia em São Vicente a armada <strong>de</strong> Martin Afonso <strong>de</strong> Sousa.<br />

Cuidadosamente preparada, a viagem teve um fim a alcançar, a colonização<br />

cristã e a exploração econômica da nova terra. Não foi, estejamos convencidos<br />

disso, fortuita a escolha dos companheiros <strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> Martin Afonso <strong>de</strong><br />

Sousa. Todo um grupo da maior representação na nobreza do reino veio para<br />

São Vicente, e aqui, a partir do padrão português, iniciou a colonização, segundo<br />

a velha e reafirmada fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal à fé cristã. A consciência do<br />

rei e <strong>de</strong> seus súditos, notadamente a nobreza, era submissa à fé, guardada pelo<br />

Papado. Não tiveram problemas <strong>de</strong> consciência os monarcas e seus súditos,<br />

que não fossem absolvidos na obra grandiosa da colonização e evangelização.<br />

Tomando o mandamento <strong>de</strong> Cristo a rigor, os reis portugueses abriram a nova<br />

terra à nobreza cristã e aos padres que eram portadores da doutrina e da Cruz<br />

<strong>de</strong> Cristo. Do sigilo passamos à obra dos colonizadores, o primeiro dos quais<br />

foi Martin Afonso <strong>de</strong> Sousa, que <strong>de</strong>sceu em São Vicente, com alguns membros<br />

da flor da nobreza lusitana. Esse foi o primeiro resultado concreto da política<br />

do sigilo.<br />

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