DE OLHO NAS CIDADES - Fundação ArcelorMittal Brasil
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8<br />
>>> entrevista<br />
O JORNALISMO COMO SALA <strong>DE</strong> AULA<br />
O colunista Gilberto Dimenstein, da<br />
Folha de S.Paulo, pertence a uma estirpe<br />
– cada vez mais rara – de profissionais<br />
de comunicação que vêem o<br />
jornalismo como missão. “Jornalismo é,<br />
para mim, um jeito de educar pela educação”,<br />
escreve ele no texto de apresentação<br />
do seu site jornalismo comunitário<br />
(www.folha.uol.com.br/folha/dimenstein).<br />
Ex-diretor de redação da Folha em Brasília e ex-correspondente do jornal em<br />
Nova York, Dimenstein revela, nesta entrevista ao Nota 1O, que foi por<br />
“prazer” que decidiu apostar no chamado jornalismo comunitário – voltado<br />
para a cobertura de fatos e personagens que contribuem ou prejudicam o desenvolvimento<br />
das comunidades. Aqui, também aborda o trabalho da ONG<br />
Cidade Escola Aprendiz, criada por ele em 1997.<br />
O senhor se inscreve numa corrente denominada jornalismo<br />
comunitário. Como a conceituaria? Essa<br />
definição não soa estranha, já que o jornalismo é, essencialmente,<br />
uma atividade comunitária?<br />
O que o jornalismo comunitário faz, em essência, é voltar<br />
seu olhar para o mundo micro, para as relações do indivíduo<br />
com a sua realidade e o seu entorno. Quando falamos de<br />
jornalismo político ou de jornalismo local, todos entendem.<br />
Jornalismo comunitário materializa um olhar diferenciado,<br />
que prioriza fatos e personagens prejudiciais ou colaborativos<br />
na construção de comunidades que valorizem os direitos<br />
dos cidadãos. O jornalismo comunitário prioriza a<br />
educação, os direitos humanos, a redução da violência e o<br />
capital social.<br />
Por que o senhor decidiu associar sua atividade de jornalista<br />
com a questão social?<br />
Acho que pelo prazer. Como jornalista já fui correspondente<br />
em Nova York, diretor da Folha de S. Paulo em Brasília, mas<br />
percebi que esse campo do jornalismo comunitário, voltado<br />
para os problemas próprios da comunidade, não estava<br />
bem coberto. Não havia profissionais voltados para questões<br />
ligadas à educação e aos direitos humanos e sociais.<br />
Como surgiu a ONG Cidade Escola Aprendiz? Quais são<br />
seus principais objetivos e desafios?<br />
Ela surgiu a partir da minha experiência como educador.<br />
Atualmente a ONG ministra cursos de capacitação em educação<br />
comunitária valendo-se de metodologia própria. A intenção<br />
é mapear tudo, ensinar as pessoas da comunidade<br />
>>> expediente<br />
que elas devem se voltar para o capital social, para<br />
as relações com a família, com a igreja ou o templo,<br />
criar malhas de confiança na sociedade do seu<br />
entorno. Estamos desenvolvendo trabalhos com<br />
várias escolas municipais de São Paulo e do interior<br />
paulista e de outros lugares, como Belo Horizonte. Em<br />
BH, trabalhamos em parceria com a Prefeitura no projeto<br />
Escola Integrada. Criamos a figura de educador comunitário,<br />
que vai auxiliar a viabilizar o trabalho.<br />
Existe uma tendência ao trabalho em rede, com a<br />
junção de esforços entre o Poder Público, o empresariado<br />
e as organizações não-governamentais. Em sua<br />
opinião, esse pode ser o caminho para o <strong>Brasil</strong> superar<br />
seu histórico de injustiças sociais?<br />
Não há um caminho único. O caminho ideal é envolver pais,<br />
comunidade e criar uma educação mais próxima do aluno,<br />
com um currículo que seja mais afeito à sua realidade. Escolas,<br />
pais, alunos, todos devem trabalhar com metas, focando<br />
sempre na cobrança de resultados. Isso tem que<br />
funcionar como um time de futebol, como Cruzeiro e<br />
Atlético. A torcida está sempre cobrando, festejando. É assim<br />
que deve ser o envolvimento dos pais: sempre cobrando<br />
dos alunos e estipulando metas.<br />
Programa desenvolvido pela Prefeitura de Belo Horizonte e<br />
que envolverá, este ano, cerca de 3O mil alunos de 5O escolas<br />
municipais em atividades que extrapolam a sala de aula.<br />
Com o auxílio da própria escola, as crianças usam espaços<br />
comunitários nas imediações para complementar sua formação.<br />
nota 10 é uma publicação trimestral da <strong>Fundação</strong> Belgo-Arcelor <strong>Brasil</strong> | Av. dos Andradas, 1.093 Santa Efigênia<br />
CEP 30.120-010 Belo Horizonte MG | Telefone (31) 3048-6262 | COOR<strong>DE</strong>NAÇÃO <strong>DE</strong> PROGRAMAS ESPECIAIS Leonardo Gloor<br />
| JORNALISTA RESPONSÁVEL Ana Amélia Gouvêa (MTb 4843/MG) | PRODUÇÃO EDITORIAL BH Press Comunicação |<br />
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Idéias Bizarras | IMPRESSÃO Pampulha Editora Gráfica | TIRAGEM 10.000 exemplares<br />
FOTO: ACERVO PESSOAL<br />
Dimenstein: olhar<br />
diferenciado sobre<br />
a questão social