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Apostila de Física-Matemática - Minerva.ufpel.tche.br

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Capítulo 1<<strong>br</strong> />

Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa<<strong>br</strong> />

Muitas vezes, pergunta-se o porquê da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estudar variáveis complexas quando na física<<strong>br</strong> />

estamos interessados apenas nas soluções reais. Po<strong>de</strong>r-se-ia esperar que um estudo <strong>de</strong> funções reais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

variáveis reais seria suficiente para se conhecer as soluções fisicamente relevantes. A resposta é que em<<strong>br</strong> />

muitas situações é <strong>de</strong>sejavel esten<strong>de</strong>r nosso estudo a valores complexos das variáveis e das soluções por<<strong>br</strong> />

razões <strong>de</strong> completicida<strong>de</strong> e conveniência. Por exemplo, o conjunto dos números reais não forma uma base<<strong>br</strong> />

suficiente para a representação das raízes <strong>de</strong> equações polinomiais ou algé<strong>br</strong>icas. Além disso, o conhecimento<<strong>br</strong> />

do comportamento <strong>de</strong> uma função complexa f(z), para todos os valores complexos <strong>de</strong> z, nos fornece uma<<strong>br</strong> />

visão mais completa <strong>de</strong> suas principais proprieda<strong>de</strong>s (mesmo suas proprieda<strong>de</strong>s para z real), do que o<<strong>br</strong> />

conhecimento <strong>de</strong> seu comportamento para somente valores reais <strong>de</strong> z. A localização, no plano complexo, dos<<strong>br</strong> />

zeros e dos infinitos <strong>de</strong> f (isto é, a posição das raízes <strong>de</strong> f(z) = 0 e <strong>de</strong> 1/f(z) = 0) nos fornece informações<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o comportamento <strong>de</strong> f para todos os valores <strong>de</strong> z. Adicionalmente, uma integral <strong>de</strong> f(z) ao longo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

valores reais <strong>de</strong> z po<strong>de</strong> ser modificada em uma integral ao longo <strong>de</strong> uma trajetória conveniente no plano<<strong>br</strong> />

complexo, <strong>de</strong> forma a simplificar consi<strong>de</strong>ravelmente o seu cálculo.<<strong>br</strong> />

Integrais no plano complexo possuem uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicações úteis na física e na matemática.<<strong>br</strong> />

Dentre estas, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar:<<strong>br</strong> />

• Cálculo <strong>de</strong> integrais <strong>de</strong>finidas.<<strong>br</strong> />

• Inversão <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> potências.<<strong>br</strong> />

• Cálculo <strong>de</strong> produtos infinitos.<<strong>br</strong> />

• Obtenção <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> equações diferenciais para gran<strong>de</strong>s valores da variável (soluções assintóticas).<<strong>br</strong> />

• Investigação da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas potencialmente oscilatórios.<<strong>br</strong> />

• Inversão <strong>de</strong> transformadas integrais.<<strong>br</strong> />

Algumas <strong>de</strong>stas proprieda<strong>de</strong>s serão tratadas ao longo <strong>de</strong>ste capítulo.<<strong>br</strong> />

Em se tratando <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> equações da física-matemática, uma solução complexa <strong>de</strong>ve ser tratada<<strong>br</strong> />

como uma função ou número complexos até o momento em que se quer compará-la com um valor medido,<<strong>br</strong> />

físico. Neste momento, <strong>de</strong>vemos associar a parte real e/ou imaginária ou outra quantida<strong>de</strong> real <strong>de</strong>rivada<<strong>br</strong> />

do número complexo (tal como o módulo) com parâmetros físicos reais. Assim, mencionando somente dois<<strong>br</strong> />

exemplos, o índice <strong>de</strong> refração real <strong>de</strong> uma onda eletromagnética propagando-se em um meio ativo torna-se<<strong>br</strong> />

uma quantida<strong>de</strong> complexa quando a absorção da energia transportada pela onda é incluída. A energia real<<strong>br</strong> />

associada com um nível <strong>de</strong> energia atômico ou nuclear torna-se complexa quando o tempo <strong>de</strong> vida finito do<<strong>br</strong> />

nível <strong>de</strong> energia é consi<strong>de</strong>rado.<<strong>br</strong> />

Mas a mais importante razão para se estudar funções complexas é a compreensão que se po<strong>de</strong> obter<<strong>br</strong> />

a respeito das proprieda<strong>de</strong>s gerais das funções. Por exemplo, as singularida<strong>de</strong>s da função po<strong>de</strong>m estar<<strong>br</strong> />

relacionadas com singularida<strong>de</strong>s físicas, tais como as causadas por fontes, cargas elétricas pontuais, etc.<<strong>br</strong> />

É possível, a partir do conhecimento das singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma função complexa, especificar-se a função<<strong>br</strong> />

completamente.<<strong>br</strong> />

Estes serão alguns dos tópicos abordados neste capítulo.<<strong>br</strong> />

1.1 Números e variáveis complexos<<strong>br</strong> />

O sistema numérico em uso atualmente é o resultado <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento gradual na matemática<<strong>br</strong> />

que se iniciou na Ida<strong>de</strong> Antiga. Os números naturais (inteiros positivos) {0, 1, 2, . . . } foram utilizados<<strong>br</strong> />

5


6 1.1. Números e variáveis complexos<<strong>br</strong> />

inicialmente para a contagem. O conjunto dos números naturais é representado pelo símbolo e diz-se que<<strong>br</strong> />

um dado número natural n pertence a (n ∈ ).<<strong>br</strong> />

Os inteiros negativos e o conceito do zero foram então introduzidos para permitir soluções <strong>de</strong> equações<<strong>br</strong> />

tais como x + 3 = 2. Cria-se então o conjunto dos números inteiros {. . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . . }, representado<<strong>br</strong> />

pelo símbolo . Observa-se aqui que o conjunto é um sub-conjunto <strong>de</strong> . Diz-se então que está contido<<strong>br</strong> />

em ( ⊂ ), ou que contém ( ⊃ ).<<strong>br</strong> />

Para permitir a solução <strong>de</strong> equações tais como bx = a, para todos os inteiros a e b (com b = 0), os<<strong>br</strong> />

números racionais (x = a/b) foram introduzidos. Representa-se o conjunto <strong>de</strong> todos os números racionais<<strong>br</strong> />

por = {x | x = p/q, com (p, q) ∈ e q = 0}. Nota-se aqui que contém , consistindo em aqueles<<strong>br</strong> />

x ∈ | q = 1.<<strong>br</strong> />

Posteriormente, os números irracionais foram introduzidos quando <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu-se que números tais como<<strong>br</strong> />

as soluções da equação<<strong>br</strong> />

x 2 − 2 = 0 =⇒ x = ± √ 2 = ±1.41423 . . .<<strong>br</strong> />

ou a razão entre o perímetro <strong>de</strong> uma circunferência <strong>de</strong> raio unitário e o seu diâmetro (π = 3.14159265359 . . . )<<strong>br</strong> />

não po<strong>de</strong>m ser expressos por números racionais. O conjunto dos números irracionais é representado pelo<<strong>br</strong> />

símbolo ′ . Nota-se aqui que não contém nem está contido em ′ , sendo ambos conjuntos <strong>de</strong> números<<strong>br</strong> />

completamente distintos.<<strong>br</strong> />

A reunião, ou a união, dos números racionais com os irracionais formam o conjunto dos números reais,<<strong>br</strong> />

representado pelo símbolo ( = ∪ ′ ). Disciplinas usuais <strong>de</strong> cálculo apresentam seus teoremas e<<strong>br</strong> />

resultados consi<strong>de</strong>rando somente números pertencentes ao conjunto . Contudo, este conjunto ainda está<<strong>br</strong> />

incompleto para aplicações em álge<strong>br</strong>a e para a análise matemática.<<strong>br</strong> />

Os números complexos foram <strong>de</strong>scobertos na Ida<strong>de</strong> Média, ao se pesquisar as raízes <strong>de</strong> certas equações<<strong>br</strong> />

quadráticas, tais como<<strong>br</strong> />

z 2 + 1 = 0 =⇒ z = ± √ −1.<<strong>br</strong> />

É óbvio, pelo nome dado, que eles foram consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> maneira suspeita. Leonhard Paul Euler (1707-<<strong>br</strong> />

1783), em 1777, introduziu o símbolo<<strong>br</strong> />

i = √ −1.<<strong>br</strong> />

Carl Friedrich Gauss (1777-1855), na sua tese <strong>de</strong> doutorado em 1799, forneceu aos números complexos a<<strong>br</strong> />

agora familiar expressão algé<strong>br</strong>ica z = x + iy, bem como a sua representação geométrica (vetorial) e, com<<strong>br</strong> />

isso, ajudou a <strong>de</strong>svendar parte <strong>de</strong> seu mistério. Neste século, a tendência tem sido <strong>de</strong>finir os números<<strong>br</strong> />

complexos como símbolos abstratos sujeitos a certas regras formais <strong>de</strong> manipulação.<<strong>br</strong> />

Como o número √ −1 não possui representação possível <strong>de</strong>ntro do conjunto <strong>de</strong> números reais, chamou-se<<strong>br</strong> />

este número <strong>de</strong> imaginário puro e atribuiu-se a ele símbolo i = √ −1. Além disso, <strong>de</strong>finiu-se um conjunto<<strong>br</strong> />

mais amplo <strong>de</strong> números, <strong>de</strong>nominado conjunto dos números complexos ⊃ , o qual contém todos os<<strong>br</strong> />

números complexos, tendo o conjunto dos números reais como um sub-conjunto.<<strong>br</strong> />

Um número complexo nada mais é que um par or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> dois números reais x e y. Assim, o número<<strong>br</strong> />

complexo z po<strong>de</strong> ser representado <strong>de</strong>, pelo menos, duas maneiras:<<strong>br</strong> />

z = (x, y) = x + iy,<<strong>br</strong> />

sendo a última representação a preferida neste texto. Deve-se notar que o or<strong>de</strong>namento é significante; assim,<<strong>br</strong> />

a + ib = b + ia.<<strong>br</strong> />

Uma proprieda<strong>de</strong> imediata do número i po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida observando-se que i 2 = i · i = −1, i 3 = i 2 · i =<<strong>br</strong> />

−i, i 4 = i 2 · i 2 = 1, i 5 = i · i 4 = i, . . . . Da mesma forma,<<strong>br</strong> />

resultando<<strong>br</strong> />

i −1 = 1<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

= = −i<<strong>br</strong> />

i · i<<strong>br</strong> />

i −2 = 1<<strong>br</strong> />

= −1<<strong>br</strong> />

i2 i −3 = − 1<<strong>br</strong> />

= i<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

i −4 = 1<<strong>br</strong> />

. . . . . . ,<<strong>br</strong> />

i ±2n = (−1) n<<strong>br</strong> />

(1.1a)<<strong>br</strong> />

i ±(2n+1) = ±(−1) n i, para n = 0, 1, 2, 3, . . . . (1.1b)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


1.1.1 Representações vetorial e polar<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 7<<strong>br</strong> />

Figura 1.1: Plano complexo ou diagrama <strong>de</strong> Argand.<<strong>br</strong> />

Em muitas situações, é conveniente empregar-se uma representação gráfica da variável complexa. Traçandose<<strong>br</strong> />

x — a parte real <strong>de</strong> z — como a abcissa e y — a parte imaginária <strong>de</strong> z — como a or<strong>de</strong>nada, obtém-se o<<strong>br</strong> />

plano complexo, ou plano <strong>de</strong> Argand, ilustrado na figura 1.1.<<strong>br</strong> />

Em álge<strong>br</strong>a linear, frequentemente utiliza-se o conceito <strong>de</strong> um vetor posição r como mem<strong>br</strong>o do espaço<<strong>br</strong> />

vetorial R 2 . Assim, po<strong>de</strong>-se representar o vetor r fazendo-se uso da base canônica {î, ˆj}:<<strong>br</strong> />

r = xî + yˆj,<<strong>br</strong> />

sendo x a componente <strong>de</strong> r na direção <strong>de</strong>finida por î e y a componente <strong>de</strong> r ao longo <strong>de</strong> ˆj.<<strong>br</strong> />

Da mesma forma, po<strong>de</strong>-se interpretar o número complexo z = x + iy, <strong>de</strong> acordo com a representação<<strong>br</strong> />

gráfica da figura 1.1, como um vetor (ou fasor), sendo x a componente ao longo do eixo real e y a componente<<strong>br</strong> />

ao longo do eixo imaginário. Assim, tal quantida<strong>de</strong> satisfaz as regras usuais <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> vetores e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

multiplicação por escalar. Inspecionando a figura 1.1, relações simples <strong>de</strong> trigonometria mostram que<<strong>br</strong> />

x = r cos θ<<strong>br</strong> />

y = r sen θ,<<strong>br</strong> />

sendo r ∈ (0 ≤ r < ∞) <strong>de</strong>nominado módulo ou magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> z e θ ∈ (0 ≤ θ < 2π) 1 chamado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

argumento ou fase <strong>de</strong> z. Portanto,<<strong>br</strong> />

z = r (cos θ + i sen θ) , (1.2a)<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1.1.2 Fórmula <strong>de</strong> Euler<<strong>br</strong> />

r = x 2 + y 2 (1.2b)<<strong>br</strong> />

θ = tan −1 (y/x) . (1.2c)<<strong>br</strong> />

Uma representação equivalente à representação algé<strong>br</strong>ica <strong>de</strong> z dada por (1.2) é a chamada representação<<strong>br</strong> />

polar:<<strong>br</strong> />

z = re iθ . (1.3)<<strong>br</strong> />

Demonstração. A partir das seguintes séries <strong>de</strong> McLaurin:<<strong>br</strong> />

sen x =<<strong>br</strong> />

cos x =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

(−1)<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

(−1)<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

n x2n+1<<strong>br</strong> />

(2n + 1)!<<strong>br</strong> />

n x2n<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

1 Ver uma <strong>de</strong>finição mais geral para o intervalo <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> θ a seguir.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


8 1.2. Álge<strong>br</strong>a <strong>de</strong> números complexos<<strong>br</strong> />

e das potências (1.1a,b), obtemos<<strong>br</strong> />

ou seja,<<strong>br</strong> />

e iθ =<<strong>br</strong> />

Esta é a conhecida Fórmula <strong>de</strong> Euler.<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

e x =<<strong>br</strong> />

(iθ) n<<strong>br</strong> />

n! =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

x n<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

(iθ) 2n<<strong>br</strong> />

(2n)! +<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n θ2n<<strong>br</strong> />

= (−1) + i (−1)<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

e iθ = cos θ + i sen θ .<<strong>br</strong> />

1.2 Álge<strong>br</strong>a <strong>de</strong> números complexos<<strong>br</strong> />

(iθ) 2n+1<<strong>br</strong> />

(2n + 1)!<<strong>br</strong> />

n θ2n+1<<strong>br</strong> />

(2n + 1)! ,<<strong>br</strong> />

Sendo z = x + iy ∈ um número complexo qualquer, as seguintes operações e <strong>de</strong>finições se aplicam:<<strong>br</strong> />

Parte real <strong>de</strong> z: a parte real <strong>de</strong> z é o número x ∈ . Esta operação é representada por<<strong>br</strong> />

Re z = x.<<strong>br</strong> />

Parte imaginária <strong>de</strong> z: a parte imaginária <strong>de</strong> z é o número y ∈ . Esta operação é representada por<<strong>br</strong> />

Im z = y.<<strong>br</strong> />

Complexo conjugado <strong>de</strong> z: o complexo conjugado <strong>de</strong> z, representado por ¯z ou z ∗ , tal que z ∗ ∈ , é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>finido por z ∗ = x − iy. Na figura 1.1, po<strong>de</strong>-se observar a representação vetorial <strong>de</strong> z ∗ .<<strong>br</strong> />

Módulo <strong>de</strong> z: é o número |z| ∈ tal que<<strong>br</strong> />

|z| = |x + iy| = x 2 + y 2 = √ z.z ∗ .<<strong>br</strong> />

As seguintes operações algé<strong>br</strong>icas estão <strong>de</strong>finidas para dois números z1 = a + ib = r1e iθ1 e z2 = c + id =<<strong>br</strong> />

r2e iθ2 quaisquer, tais que {z1, z2} ∈ . Os números {r1, r2} ∈ são, respectivamente, os módulos <strong>de</strong> z1 e<<strong>br</strong> />

z2 e {θ1, θ2} ∈ são os respectivos argumentos.<<strong>br</strong> />

Fase ou argumento <strong>de</strong> z: número θ ∈ tal que θ0 θ < θ0 + 2π, dado por<<strong>br</strong> />

θ ≡ arg(z) = tan −1 y<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Usualmente, toma-se θ0 = 0, mas outros textos po<strong>de</strong>m usar, por exemplo, −π θ < π.<<strong>br</strong> />

Adição: z1 + z2 = (a + ib) + (c + id) = (a + c) + (b + d)i. Esta operação está representada na figura 1.2(a).<<strong>br</strong> />

Subtração: z1 − z2 = (a + ib) − (c + id) = (a − c) + (b − d)i.<<strong>br</strong> />

Conjugação complexa da adição: (z1 + z2) ∗ = z ∗ 1 + z ∗ 2.<<strong>br</strong> />

Multiplicação por real: Dado um h ∈ ,<<strong>br</strong> />

Multiplicação <strong>de</strong> complexos:<<strong>br</strong> />

ou, em termos da forma polar,<<strong>br</strong> />

h.z1 = h(a + ib) = ha + ihb.<<strong>br</strong> />

z1.z2 = (a + ib)(c + id) = (ac − bd) + (ad + bc)i,<<strong>br</strong> />

z1.z2 = r1r2 e i(θ1+θ2) = r1r2 [cos (θ1 + θ2) + i sen (θ1 + θ2)] . (1.4)<<strong>br</strong> />

Esta operação está representada na figura 1.2(b).<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Im<<strong>br</strong> />

b+d<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

z 2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

z 1 +z 2<<strong>br</strong> />

z 1<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 9<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

a+c<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

Re<<strong>br</strong> />

Im (b)<<strong>br</strong> />

z 1 .z 2<<strong>br</strong> />

θ 1<<strong>br</strong> />

θ 2<<strong>br</strong> />

z 2<<strong>br</strong> />

θ 1 +θ 2<<strong>br</strong> />

Figura 1.2: (a) Representação da operação z1 + z2. (b) Representação da operação z1.z2.<<strong>br</strong> />

Divisão <strong>de</strong> complexos:<<strong>br</strong> />

z1 z<<strong>br</strong> />

= z1<<strong>br</strong> />

z2<<strong>br</strong> />

∗ 2<<strong>br</strong> />

z2.z∗ 2<<strong>br</strong> />

z1<<strong>br</strong> />

z2<<strong>br</strong> />

= a + ib<<strong>br</strong> />

Ou, em termos da forma polar,<<strong>br</strong> />

z1<<strong>br</strong> />

z2<<strong>br</strong> />

= z1.z∗ 2<<strong>br</strong> />

2 , ou<<strong>br</strong> />

|z2|<<strong>br</strong> />

(a + ib)(c − id)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

c + id (c + id)(c − id)<<strong>br</strong> />

Conjugação complexa do produto: (z1.z2) ∗ = z ∗ 1.z ∗ 2.<<strong>br</strong> />

= ac + bd<<strong>br</strong> />

c 2 + d<<strong>br</strong> />

z 1<<strong>br</strong> />

− bc<<strong>br</strong> />

− iad 2 c2 .<<strong>br</strong> />

+ d2 = r1<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

r2<<strong>br</strong> />

i(θ1−θ2) = r1<<strong>br</strong> />

[cos (θ1 − θ2) + i sen (θ1 − θ2)] .<<strong>br</strong> />

r2<<strong>br</strong> />

Outras operações algé<strong>br</strong>icas, como potenciação e radiciação, serão vistas nas seções seguintes.<<strong>br</strong> />

O valor absoluto <strong>de</strong> z ainda possui as seguintes proprieda<strong>de</strong>s. Sendo {z1, z2, . . . , zn} números complexos,<<strong>br</strong> />

então<<strong>br</strong> />

1. |z1z2 . . . zn| = |z1| |z2| . . . |z1|.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2. <<strong>br</strong> />

|z1|<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

|z2| , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que z2 = 0.<<strong>br</strong> />

z2<<strong>br</strong> />

3. |z1 + z2 + · · · + zn| |z1| + |z2| + · · · + |zn|.<<strong>br</strong> />

4. |z1 ± z2| ||z1| − |z2||.<<strong>br</strong> />

Números complexos z = re iθ com r = 1 possuem |z| = 1 e são <strong>de</strong>nominados unimodulares. Po<strong>de</strong>-se<<strong>br</strong> />

imaginar estes números situados ao longo da circunferência <strong>de</strong> raio unitário so<strong>br</strong>e o plano complexo. Pontos<<strong>br</strong> />

especiais nesta circunferência são:<<strong>br</strong> />

θ = 0. z = e i0 = 1.<<strong>br</strong> />

θ = π/2. z = e iπ/2 = i.<<strong>br</strong> />

θ = π. z = e −iπ = −1.<<strong>br</strong> />

θ = 3π/2 ou θ = −π/2. z = e i3π/2 = e −iπ/2 = −i.<<strong>br</strong> />

1.2.1 Fórmula <strong>de</strong> Moivre<<strong>br</strong> />

Sejam z1 = r1 (cos θ1 + i senθ1) = r1e iθ1 e z2 = r2 (cos θ2 + i senθ2) = r2e iθ2 dois números complexos.<<strong>br</strong> />

Então o produto <strong>de</strong> ambos já foi calculado em (1.4):<<strong>br</strong> />

z1z2 = r1r2 e i(θ1+θ2) = r1r2 [cos (θ1 + θ2) + i sen (θ1 + θ2)] .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

Re


10 1.2. Álge<strong>br</strong>a <strong>de</strong> números complexos<<strong>br</strong> />

Generalizando agora este resultado para n números complexos, {z1, z2, . . . , zn}, obtém-se<<strong>br</strong> />

z1z2 . . . zn = r1r2 . . . rn e i(θ1+θ2+···+θn) = r1r2 . . . rn [cos (θ1 + θ2 + · · · + θn) + i sen (θ1 + θ2 + · · · + θn)] .<<strong>br</strong> />

Agora, se z1 = z2 = · · · = zn = z, on<strong>de</strong> se escreve z = r (cos θ + i senθ). Resulta então,<<strong>br</strong> />

z n = r n (cos θ + i senθ) n = r n [cos (nθ) + i sen (nθ)] , (1.5)<<strong>br</strong> />

a qual é a fórmula para a n−ésima potência (n > 0) <strong>de</strong> z. Cancelando os termos r n em ambos os lados <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(1.5), resulta a Fórmula <strong>de</strong> Moivre:<<strong>br</strong> />

1.2.2 Raízes <strong>de</strong> números complexos<<strong>br</strong> />

(cos θ + i senθ) n = cos (nθ) + i sen (nθ) . (1.6)<<strong>br</strong> />

A Fórmula <strong>de</strong> Moivre (1.6) permite que se obtenha uma expressão para as raízes <strong>de</strong> um número complexo.<<strong>br</strong> />

Para tanto, consi<strong>de</strong>ra-se a seguinte equação polinomial:<<strong>br</strong> />

z n − w = 0, (1.7)<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> w ∈ . Buscar a solução <strong>de</strong> (1.7) é equivalente a buscar a raiz n <strong>de</strong> w. Esta solução po<strong>de</strong>ria ser escrita<<strong>br</strong> />

simplesmente como z = w 1/n , mas esta forma dá a enten<strong>de</strong>r que existe somente uma solução <strong>de</strong> (1.7), o<<strong>br</strong> />

que não é verda<strong>de</strong>. O número <strong>de</strong> soluções (ou raízes) <strong>de</strong> um polinômio <strong>de</strong> grau n, como a função no lado<<strong>br</strong> />

esquerdo <strong>de</strong> (1.7), é bem <strong>de</strong>terminado, <strong>de</strong> acordo com o Teorema Fundamental da Álge<strong>br</strong>a abaixo.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.1. (Teorema Fundamental da Álge<strong>br</strong>a). Toda equação polinomial <strong>de</strong> grau n, cujos coeficientes<<strong>br</strong> />

são reais ou complexos, possui exatamente n raízes reais ou complexas.<<strong>br</strong> />

Portanto, <strong>de</strong>ve-se buscar n soluções para (1.7), o que é equivalente a buscar-se n raízes <strong>de</strong> w, as quais<<strong>br</strong> />

serão <strong>de</strong>nominadas z0, z1, . . . , zn−1. Concentrando-nos inicialmente em z0, tal que<<strong>br</strong> />

z n 0 = w,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>-se usar para ambos as suas formas polares dadas por (1.2a),<<strong>br</strong> />

Então, <strong>de</strong> acordo com (1.6),<<strong>br</strong> />

possibilitando-nos a i<strong>de</strong>ntificar<<strong>br</strong> />

z0 = |z0| (cos θ + i sen θ) e w = |w| (cos α + i sen α) .<<strong>br</strong> />

|z0| n (cos θ + i sen θ) n = |z0| n [cos (nθ) + i sen (nθ)] = |w| (cos α + i sen α) , (1.8)<<strong>br</strong> />

Portanto, a raiz principal <strong>de</strong> (1.7) é dada por<<strong>br</strong> />

z0 = n <<strong>br</strong> />

|w| cos<<strong>br</strong> />

|z0| n = |w| =⇒ |z0| = n |w|,<<strong>br</strong> />

nθ = α =⇒ θ = α<<strong>br</strong> />

n .<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ i sen<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n |w|e iα/n . (1.9a)<<strong>br</strong> />

Contudo, como já foi mencionado, existem outras n − 1 raízes distintas <strong>de</strong> w. Estas outras raízes po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminadas levando-se em conta as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

cos (β ± 2kπ) = cos β e sen (β ± 2kπ) = sen β, para k = 0, 1, 2, 3, . . . .<<strong>br</strong> />

Assim, retornando-se a (1.8), po<strong>de</strong>-se escrever a relação entre as fases como<<strong>br</strong> />

nθ − 2kπ = α =⇒ θ =<<strong>br</strong> />

α + 2kπ<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Constata-se facilmente que se α for substituído por α + 2kπ em (1.9a), haverá sempre um número total <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

n arcos tais que<<strong>br</strong> />

α + 2kπ<<strong>br</strong> />

0 2π, para k = 0, 1, . . . , n − 1,<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


z 1<<strong>br</strong> />

Im<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 11<<strong>br</strong> />

z 0<<strong>br</strong> />

w<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

Re<<strong>br</strong> />

z 1<<strong>br</strong> />

z 2<<strong>br</strong> />

Im (b)<<strong>br</strong> />

Figura 1.3: (a) Raízes quadradas z0 e z1 <strong>de</strong> w = 1 + i. (b) Raízes cúbicas w0, w1 e w2 <strong>de</strong> z = 1 + i.<<strong>br</strong> />

os quais são geometricamente distintos so<strong>br</strong>e o plano complexo. Colocando-se k = n, n + 1, . . . , irá simplesmente<<strong>br</strong> />

repetir-se os arcos anteriores.<<strong>br</strong> />

Portanto, as n raízes <strong>de</strong> (1.7), incluindo z0, são:<<strong>br</strong> />

zk = n <<strong>br</strong> />

α + 2kπ<<strong>br</strong> />

α + 2kπ<<strong>br</strong> />

|w| cos<<strong>br</strong> />

+ i sen<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n |w|e i(α+2kπ)/n , (k = 0, 1, . . . , n − 1) . (1.9b)<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.1. (Raízes quadradas). Dado o número w = 1 + i, encontre as suas raízes quadradas.<<strong>br</strong> />

Solução: há exatamente 2 raízes quadradas para w. Inicialmente, escreve-se w na forma polar:<<strong>br</strong> />

w = √ <<strong>br</strong> />

2 cos π π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ i sen =⇒ |w| =<<strong>br</strong> />

4 4<<strong>br</strong> />

√ 2 e α = π<<strong>br</strong> />

4 ,<<strong>br</strong> />

sendo que π/4 45◦ . De acordo com (1.9b), n = 2, k = 0, 1, e as raízes são:<<strong>br</strong> />

z0 = 4√ <<strong>br</strong> />

2 cos π π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ i sen ,<<strong>br</strong> />

8 8<<strong>br</strong> />

z1 = 4√ <<strong>br</strong> />

2 cos 9π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

9π<<strong>br</strong> />

+ i sen ,<<strong>br</strong> />

8 8<<strong>br</strong> />

sendo que π/8 22, 5 ◦ e 9π/8 202, 5 ◦ , <strong>de</strong> tal forma que as raízes z0 e z1 são antiparalelas no plano<<strong>br</strong> />

complexo. Estas raízes encontram-se representadas no diagrama da figura 1.3(a).<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.2. (Raízes cúbicas). Dado o número w = 1 + i, encontre as suas raízes cúbicas.<<strong>br</strong> />

Solução: há exatamente 3 raízes cúbicas para w. Dado w na forma polar:<<strong>br</strong> />

z = √ <<strong>br</strong> />

2 cos π π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ i sen =⇒ |z| =<<strong>br</strong> />

4 4<<strong>br</strong> />

√ 2 e θ = π<<strong>br</strong> />

4 ,<<strong>br</strong> />

sendo que π/4 45◦ . Agora, <strong>de</strong> acordo com (1.9b), n = 3, k = 0, 1, 2, e as raízes são:<<strong>br</strong> />

z0 = 6√ <<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2 cos + i sen ,<<strong>br</strong> />

12 12<<strong>br</strong> />

z1 = 6√ <<strong>br</strong> />

3π<<strong>br</strong> />

3π<<strong>br</strong> />

2 cos + i sen ,<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

z2 = 6√ <<strong>br</strong> />

17π<<strong>br</strong> />

17π<<strong>br</strong> />

2 cos + i sen ,<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

sendo que π/12 15 ◦ , 3π/4 135 ◦ e 17π/12 255 ◦ , <strong>de</strong> tal forma que z0, z1 e z2 estão nos vértices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

um triângulo equilátero. Estas raízes encontram-se representadas no diagrama da figura 1.3(b).<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

w<<strong>br</strong> />

Re


12 1.3. Funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

1.3 Funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

Seja ⊆ um conjunto <strong>de</strong> números complexos z = x + iy. Uma função f(z), <strong>de</strong>finida em é uma<<strong>br</strong> />

operação que atribui a cada z ∈ um outro número complexo w ∈ , on<strong>de</strong> ⊆ . O número w é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>nominado o valor <strong>de</strong> f(z) em z, isto é,<<strong>br</strong> />

w = f(z).<<strong>br</strong> />

O conjunto é <strong>de</strong>nominado o domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> f(z) e o conjunto é <strong>de</strong>nominado a imagem <strong>de</strong> f(z).<<strong>br</strong> />

Deve ser enfatizado que tanto o domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição quanto a operação são necessários para que a<<strong>br</strong> />

função seja bem <strong>de</strong>finida. Quando o domínio não é especificado, <strong>de</strong>ve-se supor que o maior conjunto possível<<strong>br</strong> />

é tomado. Assim, se é mencionada simplesmente a função f(z) = 1/z, o domínio é subentendido como o<<strong>br</strong> />

conjunto <strong>de</strong> todos os pontos não nulos no plano complexo.<<strong>br</strong> />

Existem dois tipos básicos <strong>de</strong> funções complexas:<<strong>br</strong> />

Funções unívocas. Uma função é <strong>de</strong>nominada unívoca em se a cada valor <strong>de</strong> z correspon<strong>de</strong> um único<<strong>br</strong> />

valor <strong>de</strong> w.<<strong>br</strong> />

Funções plurívocas. Uma função é <strong>de</strong>nominada plurívoca em se a uma <strong>de</strong>terminado valor <strong>de</strong> z correspon<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

mais <strong>de</strong> um valor <strong>de</strong> w. Uma função plurívoca po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como uma coleção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

funções unívocas, on<strong>de</strong> cada mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong>sta coleção é chamado <strong>de</strong> ramo da função plurívoca. É usual<<strong>br</strong> />

tomar-se um mem<strong>br</strong>o em particular da coleção como o ramo principal da função plurívoca e o valor<<strong>br</strong> />

da função correspon<strong>de</strong>nte a este ramo é <strong>de</strong>nominado valor principal.<<strong>br</strong> />

Como exemplos <strong>de</strong> funções unívocas ou plurívocas, po<strong>de</strong>-se tomar:<<strong>br</strong> />

1. w = z 2 – função unívoca ou simplesmente função.<<strong>br</strong> />

2. w = √ z – função plurívoca, pois a cada valor <strong>de</strong> z correspon<strong>de</strong>m dois valores <strong>de</strong> w, <strong>de</strong> acordo com<<strong>br</strong> />

(1.9b). Assim:<<strong>br</strong> />

se z = re iθ , então √ z = wk = √ re i(θ+2kπ)/2 , on<strong>de</strong> k = 0, 1,<<strong>br</strong> />

Para k = 0 : w0 = √ re iθ/2 −→ ramo principal.<<strong>br</strong> />

Para k = 1 ; w1 = √ re iθ/2 e iπ = − √ re iθ/2 −→ segundo ramo.<<strong>br</strong> />

1.3.1 Transformações ou mapeamentos<<strong>br</strong> />

Nota-se agora que w, como o valor <strong>de</strong> f(z), também é uma variável complexa e que, portanto, po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

escrita na forma<<strong>br</strong> />

w = u + iv,<<strong>br</strong> />

sendo u, v ∈ , ao passo que f(z) também po<strong>de</strong> ser separada em partes real e imaginária,<<strong>br</strong> />

f(z) = u (x, y) + iv (x, y) ,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> u (x, y) e v (x, y) são ambas funções reais. Igualando as partes real e imaginária das expressões acima,<<strong>br</strong> />

obtém-se<<strong>br</strong> />

u = u (x, y) , v = v (x, y) .<<strong>br</strong> />

Se w = f(z) é uma função unívoca <strong>de</strong> z, então po<strong>de</strong>-se imaginar o plano complexo <strong>de</strong> z e, a cada ponto<<strong>br</strong> />

neste plano, correspon<strong>de</strong> um ponto no plano complexo <strong>de</strong> w. Se f(z) for plurívoca, então um ponto no plano<<strong>br</strong> />

complexo <strong>de</strong> z é mapeado em mais <strong>de</strong> um ponto no plano complexo <strong>de</strong> w. Pontos no plano z são mapeados<<strong>br</strong> />

em pontos no plano w, enquanto que curvas no plano z são mapeadas em curvas no plano w. A figura 1.4<<strong>br</strong> />

ilustra o processo <strong>de</strong> mapeamento.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 13<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

Figura 1.4: A função w = f(z) mapeia pontos no plano z em pontos no plano w.<<strong>br</strong> />

1.3.2 Pontos <strong>de</strong> ramificação, linhas <strong>de</strong> ramificação e superfícies <strong>de</strong> Riemann<<strong>br</strong> />

Comparando agora o comportamento <strong>de</strong> uma função unívoca, f1(z) = z 2 , e <strong>de</strong> uma função plurívoca,<<strong>br</strong> />

f2(z) = √ z, percebe-se uma diferença importante entre ambas. Suponha que se permita que z = re iθ execute<<strong>br</strong> />

uma revolução completa em torno no ponto z = 0, no sentido anti-horário, partindo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<<strong>br</strong> />

ponto no seu plano complexo. Esta operação consiste em substituir<<strong>br</strong> />

θ −→ θ + 2π (1.10)<<strong>br</strong> />

na fórmula polar <strong>de</strong> z. Observando agora o comportamento <strong>de</strong> f1(z) e f2(z) frente a transformação (1.10),<<strong>br</strong> />

f1(z) → r 2 e i2θ e i4π → f1(z)<<strong>br</strong> />

f2(z) → r 1/2 e iθ/2 e iπ → −f2(z).<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>-se constatar que f1(z) permanece inalterada frente a transformação (1.10), porém f2(z) muda <strong>de</strong> sinal.<<strong>br</strong> />

Como o plano complexo possui por <strong>de</strong>finição uma variação total <strong>de</strong> fase igual a 2π, a transformação (1.10)<<strong>br</strong> />

levou f2(z) a um valor distinto daquela que <strong>de</strong>veria apresentar. De fato, f2(z) somente retornará ao valor<<strong>br</strong> />

inicial através <strong>de</strong> uma nova rotação completa. Ou seja, f2(z) = √ z não apresenta simetria frente a uma<<strong>br</strong> />

rotação <strong>de</strong> 2π radianos, mas sim frente a uma rotação θ → θ + 4π, em cuja situação<<strong>br</strong> />

f2(z) → r 1/2 e iθ/2 e i2π → f2(z).<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>screver o que se suce<strong>de</strong> com a função f2(z) = √ z, afirmando-se que quando 0 θ < 2π, o<<strong>br</strong> />

mapeamento do plano z para o plano w permanece so<strong>br</strong>e um dos ramos da função plurívoca f2(z), enquanto<<strong>br</strong> />

que no intervalo 2π θ < 4π, o mapeamento leva ao outro ramo da função. Claramente, so<strong>br</strong>e cada ramo,<<strong>br</strong> />

a função f2(z) é unívoca e, para mantê-la assim, estabelece-se uma barreira artificial ligando a origem ao<<strong>br</strong> />

infinito ao longo <strong>de</strong> alguma reta so<strong>br</strong>e o plano complexo. A função permanecerá unívoca <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esta<<strong>br</strong> />

barreira não seja cruzada.<<strong>br</strong> />

Para a função √ z, esta linha é usualmente traçada ao longo do eixo real positivo e é <strong>de</strong>nominada linha<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ramificação, enquanto que o ponto O, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> parte a linha <strong>de</strong> ramificação, é <strong>de</strong>nominado ponto<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ramificação. A figura 1.5 mostra esta linha <strong>de</strong> ramificação como uma linha sinuosa so<strong>br</strong>e o eixo real<<strong>br</strong> />

positivo. É importante enfatizar aqui que uma volta em torno <strong>de</strong> um outro ponto qualquer, distinto da<<strong>br</strong> />

origem, <strong>de</strong> tal forma que esta não esteja <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong>limitada pelo caminho fechado, não leva a um<<strong>br</strong> />

outro ramo da função √ z. Ou seja, o ponto O é o único ponto <strong>de</strong> ramificação <strong>de</strong>sta função.<<strong>br</strong> />

George Friedrich Bernhard Riemann (1826–1866) sugeriu um outro propósito para a linha <strong>de</strong> ramificação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>finida acima. Imagina-se o plano z composto por duas folhas so<strong>br</strong>epostas uma à outra. Corta-se agora<<strong>br</strong> />

as duas folhas ao longo da linha OB vista na figura 1.5 e junta-se a borda inferior da folha <strong>de</strong> baixo à<<strong>br</strong> />

borda superior da folha <strong>de</strong> cima. Da mesma forma, junta-se as duas outras bordas. Partindo-se então do<<strong>br</strong> />

primeiro quadrante da folha <strong>de</strong> cima, realiza-se uma volta completa so<strong>br</strong>e o plano z em torno <strong>de</strong> O. Ao<<strong>br</strong> />

se cruzar a linha <strong>de</strong> ramificação, passa-se para o primeiro quadrante da folha <strong>de</strong> baixo, ao se realizar mais<<strong>br</strong> />

um volta completa em torno da origem, retorna-se à folha <strong>de</strong> cima ao se cruzar pela segunda vez a linha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ramificação. Desta maneira, a função √ z permanece unívoca so<strong>br</strong>e um domínio no qual 0 θ < 4π.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

w


14 1.3. Funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

Figura 1.5: Linha <strong>de</strong> ramificação para a função w = √ z.<<strong>br</strong> />

Figura 1.6: Folhas <strong>de</strong> Riemann da função √ z.<<strong>br</strong> />

A coleção <strong>de</strong> duas folhas para a garantia da unicida<strong>de</strong> da função √ z é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Riemann. Cada folha <strong>de</strong> Riemann correspon<strong>de</strong> a um ramo da função e so<strong>br</strong>e cada folha a função é<<strong>br</strong> />

unívoca. O conceito <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> Riemann possui a vantagem <strong>de</strong> possibilitar a obtenção dos vários<<strong>br</strong> />

valores <strong>de</strong> uma função plurívoca <strong>de</strong> uma maneira contínua. A figura 1.6 ilustra as duas folhas <strong>de</strong> Riemann<<strong>br</strong> />

da função √ z.<<strong>br</strong> />

1.3.3 Exemplos <strong>de</strong> funções unívocas ou plurívocas<<strong>br</strong> />

Além das funções f1(z) = z 2 e f2(z) = √ z já abordadas, outras funções <strong>de</strong> uma variável complexa que<<strong>br</strong> />

com frequência surgem são as seguintes.<<strong>br</strong> />

Função exponencial. Definida por<<strong>br</strong> />

w = e z = e x+iy = e x (cos y + i seny) .<<strong>br</strong> />

Funções trigonométricas. Define-se as funções trigonométricas em termos das funções exponenciais.<<strong>br</strong> />

sen z = eiz − e −iz<<strong>br</strong> />

2i<<strong>br</strong> />

cos z = eiz + e −iz<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

cos 2 z + sen 2 z = 1.<<strong>br</strong> />

Funções trigonométricas hiperbólicas. De maneira análoga, <strong>de</strong>fine-se<<strong>br</strong> />

senh z = ez − e −z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

cosh z = ez + e −z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

cosh 2 z − senh 2 z = 1.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 15<<strong>br</strong> />

Figura 1.7: Superfície <strong>de</strong> Riemann da função ln z.<<strong>br</strong> />

É possível mostrar as seguintes relações entre as funções trigonométricas circulares e as hiperbólicas:<<strong>br</strong> />

sen iz = i senh z senh iz =i sen z<<strong>br</strong> />

cos iz = cosh z cosh iz = cos z.<<strong>br</strong> />

Função logarítmica. Esta é uma outra função plurívoca, <strong>de</strong>finida por<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

w = lnz = ln re i(θ+2kπ)<<strong>br</strong> />

= ln r + i (θ + 2kπ) , k = 0, 1, 2, · · · .<<strong>br</strong> />

Como se po<strong>de</strong> notar, esta função possui infinitos ramos, sendo w = ln r + iθ, para 0 θ < 2π, o ramo<<strong>br</strong> />

principal. A superfície <strong>de</strong> Riemann para esta função está representada na figura 1.7.<<strong>br</strong> />

1.4 O cálculo diferencial <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

Nesta seção serão <strong>de</strong>finidos os conceitos <strong>de</strong> limites, continuida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

variável complexa.<<strong>br</strong> />

1.4.1 Limite <strong>de</strong> uma função complexa<<strong>br</strong> />

se:<<strong>br</strong> />

Diz-se que o número w0 é o limite <strong>de</strong> f(z) à medida que z se aproxima <strong>de</strong> z0, o que é escrito como<<strong>br</strong> />

lim f(z) = w0,<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

1. A função f(z) está <strong>de</strong>finida e é unívoca em uma vizinhança <strong>de</strong> z = z0, com a possível exceção do<<strong>br</strong> />

próprio ponto z0.<<strong>br</strong> />

2. Dado um número real positivo qualquer ɛ, arbitrariamente pequeno, existe um outro número real<<strong>br</strong> />

positivo δ tal que<<strong>br</strong> />

|f(z) − w0| < ɛ sempre que 0 < |z − z0| < δ.<<strong>br</strong> />

É importante observar o seguinte:<<strong>br</strong> />

• O limite w0 <strong>de</strong>ve ser sempre o mesmo para um dado z0, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da maneira como é<<strong>br</strong> />

realizado o limite z → z0.<<strong>br</strong> />

• Se f(z) é uma função plurívoca, o limite para z → z0 <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do particular ramo em que se encontra<<strong>br</strong> />

a vizinhança <strong>de</strong> z0.<<strong>br</strong> />

A figura 1.8 ilustra as vizinhanças dos pontos z = x + iy e w0 = u + iv nos respectivos planos complexos.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


16 1.4. O cálculo diferencial <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

Figura 1.8: Vizinhanças dos pontos z0 e w0 nos respectivos planos complexos.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.3. (Cálculos <strong>de</strong> limites).<<strong>br</strong> />

(a) Se f(z) = z2 , prove que limz→z0 f(z) = z2 0.<<strong>br</strong> />

(b) Encontre limz→z0 f(z) se<<strong>br</strong> />

f(x) =<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z 2 , z = z0<<strong>br</strong> />

0, z = z0.<<strong>br</strong> />

Solução.<<strong>br</strong> />

(a) Deve-se mostrar que para qualquer ɛ > 0 é sempre possível encontrar-se um δ > 0 (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo, em<<strong>br</strong> />

geral, <strong>de</strong> ɛ) tal que <<strong>br</strong> />

2 2 z − z <<strong>br</strong> />

0 < ɛ sempre que 0 < |z − z0| < δ.<<strong>br</strong> />

Para tanto, consi<strong>de</strong>ra-se δ 1. Neste caso, 0 < |z − z0| < δ implica que<<strong>br</strong> />

|z − z0| |z + z0| < δ |z + z0| = δ |z − z0 + 2z0| ,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z 2 − z 2 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

0 < δ (|z − z0| + 2 |z0|) < δ (1 + 2 |z0|) .<<strong>br</strong> />

Para um ɛ 1 escolhe-se então δ = ɛ/ (1 + 2 |z0|), ou seja, δ < ɛ ∀z0 ∈ , <strong>de</strong> tal maneira que<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z 2 − z 2 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

0 < ɛ,<<strong>br</strong> />

provando-se o limite.<<strong>br</strong> />

(b) Não há diferença entre este problema e o problema da parte (a), uma vez que em ambos os casos o ponto<<strong>br</strong> />

z = z0 foi excluído. Portanto, limz→z0 f(z) = z2 0. Nota-se que o valor do limite não necessariamente é igual<<strong>br</strong> />

ao valor <strong>de</strong> f (z0).<<strong>br</strong> />

Teorema 1.2. (Proprieda<strong>de</strong>s dos limites). Se limz→z0 f(z) = w1 e limz→z0 g(z) = w2, então as<<strong>br</strong> />

seguintes proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> limites são válidas:<<strong>br</strong> />

• lim [f(z) + g(z)] = lim f(z) + lim g(z) = w1 + w2.<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

z→z0 z→z0<<strong>br</strong> />

• lim [f(z)g(z)] =<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

• lim<<strong>br</strong> />

z→z0 g(z) =<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim f(z)<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

lim f(z)<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

g(z)<<strong>br</strong> />

1.4.2 Continuida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim g(z)<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= w1w2.<<strong>br</strong> />

w1<<strong>br</strong> />

= , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que w2 = 0.<<strong>br</strong> />

w2<<strong>br</strong> />

Seja f(z) <strong>de</strong>finida e unívoca em uma vizinhança <strong>de</strong> z = z0, assim como em z = z0. A função f(z) é dita<<strong>br</strong> />

contínua em z = z0 se<<strong>br</strong> />

lim f(z) = f (z0) .<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

Observa-se que isso implica em três condições que <strong>de</strong>vem ser satisfeitas:<<strong>br</strong> />

1. O limite <strong>de</strong>ve existir.<<strong>br</strong> />

2. f (z0) <strong>de</strong>ve existir, isto é, f(z) <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>finida em z = z0.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


3. O limite <strong>de</strong>ve ser igual a f (z0).<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 17<<strong>br</strong> />

Pontos no plano z on<strong>de</strong> f(z) <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser contínua são chamados <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> f(z).<<strong>br</strong> />

Se o limite limz→z0 f(z) existe mas não é igual a f (z0), então z0 é <strong>de</strong>nominado uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

removível, pois é sempre possível re<strong>de</strong>finir-se f(z) para se obter uma função contínua.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.3. (Teoremas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>). Os seguintes teoremas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> são válidos.<<strong>br</strong> />

• Se f(z) e g(z) são contínuas em z = z0, então também são contínuas:<<strong>br</strong> />

f(z) + g(z), f(z)g(z) e f(z)<<strong>br</strong> />

g(z) , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que g (z0) = 0.<<strong>br</strong> />

• Se w = f(z) é contínua em z = z0 e z = g(ξ) é contínua em ξ = ξ0 e se ξ0 = f (z0), então a função<<strong>br</strong> />

w = g [f(z)] é contínua em z = z0.<<strong>br</strong> />

Uma função contínua <strong>de</strong> uma função contínua também é contínua.<<strong>br</strong> />

• Se f(z) é contínua em uma região fechada, então ela é limitada nessa região; isto é, existe uma<<strong>br</strong> />

constante real positiva M tal que |f(z)| < M para todos os pontos z <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa região.<<strong>br</strong> />

• Se f(z) é contínua em uma região, então as partes real e imaginária <strong>de</strong> f(z) também são contínuas<<strong>br</strong> />

nessa região.<<strong>br</strong> />

1.4.3 Derivadas <strong>de</strong> funções complexas<<strong>br</strong> />

Dada uma função f(z), contínua e unívoca <strong>de</strong> uma variável complexa z, em uma dada região R ⊆ , a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>rivada<<strong>br</strong> />

f ′ (z) ≡ df<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

em algum ponto fixo z0 ∈ R é <strong>de</strong>finida como<<strong>br</strong> />

f ′ (z0) = lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0)<<strong>br</strong> />

, (1.11)<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este limite exista <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da maneira como ∆z → 0. Aqui, ∆z = z − z0,<<strong>br</strong> />

sendo z ∈ R algum ponto na vizinhança <strong>de</strong> z0.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.4. Se uma função f(z) possui <strong>de</strong>rivada em z = z0, então ela é necessariamente contínua em<<strong>br</strong> />

z = z0.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Supondo que f (z0) exista, então<<strong>br</strong> />

ou seja,<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0)<<strong>br</strong> />

lim [f (z0 + ∆z) − f (z0)] = lim<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

z→z0 ∆z<<strong>br</strong> />

lim f (z0 + ∆z) = f (z0) .<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

lim ∆z = 0,<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

Se f ′ (z) existe em z0 e em todos os pontos em uma dada vizinhança <strong>de</strong> z0, então f(z) é dita analítica<<strong>br</strong> />

em z0. A função f(z) é analítica na região R se ela é analítica em todos os pontos z ∈ R. Contudo, nem<<strong>br</strong> />

toda a função contínua é diferenciável em z = z0.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.4. Dada a a função f(z) = z ∗ , mostre que embora esta seja contínua em qualquer z0 ∈ , sua<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>rivada dz ∗ /dz não existe em z0.<<strong>br</strong> />

Solução. Pela <strong>de</strong>finição (1.11),<<strong>br</strong> />

dz ∗<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

(z + ∆z)<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆→0<<strong>br</strong> />

∗ − z∗ ∆z<<strong>br</strong> />

(x + iy + ∆x + i∆y)<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆x→0<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

∗ − (x + iy) ∗<<strong>br</strong> />

∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

x − iy + ∆x − i∆y − (x − iy)<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆x→0 ∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

∆x − i∆y<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆x→0 ∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Se ∆y = 0, o limite resulta em lim∆x→0 ∆x/∆x = 1. Por outro lado, se ∆x = 0, o limite resulta em<<strong>br</strong> />

lim∆y→0 (−∆y) /∆y = −1. Portanto, como o valor do limite <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da maneira como ∆z → 0, a <strong>de</strong>rivada<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f(z) = z ∗ não existe em nenhum ponto e, portanto, a função não é analítica em nenhum ponto.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


18 1.4. O cálculo diferencial <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.5. Dada a função g(z) = |z| 2 , mostre que esta somente é diferenciável em z = 0.<<strong>br</strong> />

Solução. Pela <strong>de</strong>finição (1.11),<<strong>br</strong> />

g ′ |z + ∆z|<<strong>br</strong> />

(z) = lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

2 − |z| 2<<strong>br</strong> />

(z + ∆z) (z<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

∗ + ∆z∗ ) − zz∗ ∆z<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar 2 possibilida<strong>de</strong>s:<<strong>br</strong> />

1. z = 0. Neste caso,<<strong>br</strong> />

e a <strong>de</strong>rivada existe.<<strong>br</strong> />

= lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

z ∗ ∆z + z∆z ∗ + ∆z∆z ∗<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

g ′ (z)| z=0 = 0,<<strong>br</strong> />

= z ∗ ∆z<<strong>br</strong> />

+ z lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

∗<<strong>br</strong> />

+ lim<<strong>br</strong> />

∆z ∆z→0 ∆z∗ .<<strong>br</strong> />

2. z = 0. Neste caso, se g ′ (z) existe, então a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>ve existir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da maneira como se toma<<strong>br</strong> />

o limite. Assim:<<strong>br</strong> />

• Se ∆z = ∆x, então ∆z ∗ = ∆z e o limite fica<<strong>br</strong> />

• Se ∆z = i∆y, então ∆z ∗ = −∆z e o limite fica<<strong>br</strong> />

g ′ (z) = z ∗ + z.<<strong>br</strong> />

g ′ (z) = z ∗ − z.<<strong>br</strong> />

Portanto, a função g(z) não é analítica, pois somente possui <strong>de</strong>rivada em z = 0.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.5. (Regras <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação). As regras <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação para somas, produtos e quocientes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

funções são, em geral, as mesmas que as regras para funções reais. Isto é, se f ′ (z0) e g ′ (z0) existem, então<<strong>br</strong> />

• (f + g) ′ (z0) = f ′ (z0) + g ′ (z0).<<strong>br</strong> />

• (fg) ′ (z0) = f ′ (z0) g (z0) + f (z0) g ′ (z0).<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

(z0) = f ′ (z0) g (z0) − f (z0) g ′ (z0)<<strong>br</strong> />

[g (z0)] 2 , se g (z0) = 0.<<strong>br</strong> />

1.4.4 As condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann<<strong>br</strong> />

Para testar se uma função f(z) é analítica, Cauchy e Riemann criaram um teste simples mas extremamente<<strong>br</strong> />

importante para testar a analiticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f(z). Para <strong>de</strong>duzir as condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann,<<strong>br</strong> />

retorna-se à <strong>de</strong>finição (1.11),<<strong>br</strong> />

f ′ (z0) = lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

Escrevendo f(z) = u (x, y) + iv (x, y), obtém-se<<strong>br</strong> />

f ′ u (x + ∆x, y + ∆y) − u (x, y)<<strong>br</strong> />

(z) = lim<<strong>br</strong> />

∆x→0 ∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0)<<strong>br</strong> />

. (1.12)<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

+ i lim<<strong>br</strong> />

∆x→0<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

v (x + ∆x, y + ∆y) − v (x, y)<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

Existe um número infinito <strong>de</strong> maneiras para ∆z ten<strong>de</strong>r a zero so<strong>br</strong>e o plano complexo. Consi<strong>de</strong>ram-se duas<<strong>br</strong> />

possibilida<strong>de</strong>s (ver figura 1.9): ao longo <strong>de</strong> x ou ao longo <strong>de</strong> y. Supondo-se que se tome primeiro a rota ao<<strong>br</strong> />

longo <strong>de</strong> x, mantendo y constante, isto é, ∆y = 0. Neste caso,<<strong>br</strong> />

f ′ u (x + ∆x, y) − u (x, y) v (x + ∆x, y) − v (x, y)<<strong>br</strong> />

(z) = lim<<strong>br</strong> />

+ i lim<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∆x→0 ∆x<<strong>br</strong> />

∆x→0 ∆x<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

+ i<<strong>br</strong> />

∂x ∂x .<<strong>br</strong> />

Agora, toma-se a rota ao longo <strong>de</strong> y, mantendo x constante (∆x = 0). Neste caso,<<strong>br</strong> />

f ′ u (x, y + ∆y) − u (x, y) v (x, y + ∆y) − v (x, y)<<strong>br</strong> />

(z) = lim<<strong>br</strong> />

+ i lim<<strong>br</strong> />

= −i<<strong>br</strong> />

∆y→0 i∆y<<strong>br</strong> />

∆y→0 i∆y<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

∂y ∂y .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 19<<strong>br</strong> />

A condição necessária para que f(z) seja analítica é que o limite <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

resultar sempre no mesmo valor, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do caminho adotado so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

o plano complexo. Portanto, uma condição necessária para que f(z) seja<<strong>br</strong> />

analítica é<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

∂v<<strong>br</strong> />

+ i = −i∂u +<<strong>br</strong> />

∂x ∂x ∂y ∂y ,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> resultam as condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

e ∂u<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

∂v<<strong>br</strong> />

= − . (1.13)<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

Estas relações fornecem também duas expressões úteis para a <strong>de</strong>rivada<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f(z):<<strong>br</strong> />

f ′ (z) = ∂u ∂v ∂v<<strong>br</strong> />

+ i =<<strong>br</strong> />

∂x ∂x ∂y<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>mos estabelecer então o seguinte teorema.<<strong>br</strong> />

Figura 1.9: Caminhos alternativos<<strong>br</strong> />

para z0.<<strong>br</strong> />

− i∂u . (1.14)<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

Teorema 1.6. (Condição necessária). Se a <strong>de</strong>rivada f ′ (z) <strong>de</strong> um função f(z) = u(x, y) + iv(x, y) existe<<strong>br</strong> />

em um ponto z = x + iy, então as <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> u(x, y) e v(x, y) com respeito<<strong>br</strong> />

a x e a y <strong>de</strong>vem existir neste ponto e satisfazer as relações <strong>de</strong> Cauchy-Riemann (1.13). Além disso, f ′ (z)<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada pelas expressões (1.14).<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.6. Condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann.<<strong>br</strong> />

Seja a função f(z) = z 2 = x 2 − y 2 + i2xy. Neste caso, u(x, y) = x 2 − y 2 e v(x, y) = 2xy. Para estas<<strong>br</strong> />

funções,<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

= 2x =<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

e ∂u<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

= −2y = − ∂v<<strong>br</strong> />

∂x .<<strong>br</strong> />

Portanto, as relações <strong>de</strong> Cauchy-Riemann são satisfeitas e f ′ (z) po<strong>de</strong> ser obtida por (1.14),<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.7. Condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann.<<strong>br</strong> />

f ′ (z) = 2x + i2y = 2z.<<strong>br</strong> />

Seja agora a função f(z) = |z| 2 = x 2 + y 2 . Neste caso, u(x, y) = x 2 + y 2 e v(x, y) = 0. Portanto, embora<<strong>br</strong> />

as <strong>de</strong>rivadas parciais existam,<<strong>br</strong> />

∂u<<strong>br</strong> />

= 2x,<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

∂u<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

= 2y,<<strong>br</strong> />

∂v ∂v<<strong>br</strong> />

= = 0,<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

estas não satisfazem as relações (1.13) e, portanto, a função f(z) não possui <strong>de</strong>rivada.<<strong>br</strong> />

As condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann fornecem uma condição necessária para que a função seja diferenciável<<strong>br</strong> />

em algum ponto z = z0. Contudo, não há garantia até este momento <strong>de</strong> que estas condições sejam<<strong>br</strong> />

suficientes para garantir a existência <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>rivada. Um teorema mais geral, apresentado a seguir, estabelece<<strong>br</strong> />

as condições necessária e suficiente para a existência da <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> f(z).<<strong>br</strong> />

Teorema 1.7. (Condição necessária e suficiente). Dada a função f(z) = u (x, y) + iv (x, y), se<<strong>br</strong> />

u (x, y) e v (x, y) são contínuas com <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m e que satisfazem as condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Cauchy-Riemann (1.13) em todos os pontos em uma região R ⊆ , então f(z) é analítica em R.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Para provar este teorema, é necessário empregar o seguinte teorema do cálculo <strong>de</strong> funções<<strong>br</strong> />

reais <strong>de</strong> 2 variáveis: se h (x, y), ∂h/∂x e ∂h/∂y são contínuas em uma região R em torno do ponto (x0, y0),<<strong>br</strong> />

então existe uma função H (∆x, ∆y) tal que H (∆x, ∆y) → 0 à medida que (∆x, ∆y) → (0, 0) e<<strong>br</strong> />

h (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − h (x0, y0) = ∂h<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∆x +<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

∂h<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∆y + H (∆x, ∆y) (∆x)<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

2 + (∆y) 2 .<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

Retornando então à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivada (1.12)<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

∆z→0<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0)<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

sendo z0 qualquer ponto que pertence a R e ∆z = ∆x + i∆y. Po<strong>de</strong>-se escrever então<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0) = [u (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − u (x0, y0)] + i [v (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − v (x0, y0)] ,<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


20 1.4. O cálculo diferencial <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> uma variável complexa<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0) = ∂u<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x ∆x +<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

∂u<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂y ∆y + H (∆x, ∆y) (∆x)<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

2 + (∆y) 2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂v <<strong>br</strong> />

+ i ∆x +<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

∂v<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∆y + G (∆x, ∆y) (∆x)<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

2 + (∆y) 2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> H (∆x, ∆y) → 0 e G (∆x, ∆y) → 0 quando (∆x, ∆y) → (0, 0).<<strong>br</strong> />

Empregando agora as condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann (1.13), obtém-se<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂u <<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0) = <<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

portanto,<<strong>br</strong> />

f (z0 + ∆z) − f (z0)<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

= ∂u<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

Assim, no limite (∆x, ∆y) → (0, 0),<<strong>br</strong> />

Ou seja,<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

∆x→0<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

+ i ∂v<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

+ i ∂v<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(∆x) 2 + (∆y) 2<<strong>br</strong> />

∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

f ′ (z0) = ∂u<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

(∆x + i∆y)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ [H (∆x, ∆y) + iG (∆x, ∆y)] (∆x) 2 + (∆y) 2 ,<<strong>br</strong> />

+ [H (∆x, ∆y) + iG (∆x, ∆y)]<<strong>br</strong> />

∆x→0<<strong>br</strong> />

∆y→0<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ i ∂v<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

(∆x) 2 + (∆y) 2<<strong>br</strong> />

∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

(x0,y0)<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= 1.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(∆x) 2 + (∆y) 2<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

∆x + i∆y<<strong>br</strong> />

o que mostra que o limite e, portanto, f ′ (z) existem em todos os pontos em R. As condições <strong>de</strong> Cauchy-<<strong>br</strong> />

Riemann são, portanto necessárias e suficientes para garantir a existência <strong>de</strong> f ′ (z) em R.<<strong>br</strong> />

1.4.5 Funções analíticas<<strong>br</strong> />

Uma função f(z) é analítica em um ponto z0 se a sua <strong>de</strong>rivada f ′ (z) existe não somente em z0 mas em<<strong>br</strong> />

todos os pontos z <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma vizinhança <strong>de</strong> z0. As seguintes <strong>de</strong>finições são feitas, com respeito a funções<<strong>br</strong> />

analíticas:<<strong>br</strong> />

• Uma função é dita analítica em um domínio R ⊆ se ela é analítica em todos os pontos z ∈ R. Uma<<strong>br</strong> />

função analítica também é <strong>de</strong>nominada regular ou holomórfica.<<strong>br</strong> />

• Se a função f(z) é analítica so<strong>br</strong>e todo o plano z complexo, ela é <strong>de</strong>nominada inteira.<<strong>br</strong> />

• Uma função f(z) é <strong>de</strong>nominada singular em z = z0 se ela não é diferenciável neste ponto. O ponto<<strong>br</strong> />

z0 é <strong>de</strong>nominado ponto singular ou singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f(z).<<strong>br</strong> />

1.4.6 Funções harmônicas<<strong>br</strong> />

Se f(z) = u (x, y)+iv (x, y) é analítica em alguma região R do plano complexo, então em todos os pontos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sta região as condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann (1.13) são satisfeitas:<<strong>br</strong> />

e, portanto,<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

e ∂u<<strong>br</strong> />

∂y<<strong>br</strong> />

= − ∂v<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

∂2u ∂x2 = ∂2v ∂x∂y e ∂2u ∂y2 = − ∂2v ∂y∂x ,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>rivadas segundas existam. Igualando a ambas as expressões acima, obtém-se que u (x, y) e<<strong>br</strong> />

v (x, y) satisfazem a Equação <strong>de</strong> Laplace:<<strong>br</strong> />

∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y<<strong>br</strong> />

2 = 0 (1.15a)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 21<<strong>br</strong> />

∂2v ∂x2 + ∂2v ∂y<<strong>br</strong> />

2 = 0 (1.15b)<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e toda a região R.<<strong>br</strong> />

Toda a função que satisfaz as equações <strong>de</strong> Laplace (1.15) é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> função harmônica. Como<<strong>br</strong> />

ambas as funções u e v satisfazem a (1.15), estas são <strong>de</strong>nominadas funções harmônicas conjugadas.<<strong>br</strong> />

1.4.7 Pontos singulares<<strong>br</strong> />

Um ponto on<strong>de</strong> f(z) <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser analítica é <strong>de</strong>nominado ponto singular ou singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f(z). As<<strong>br</strong> />

condições <strong>de</strong> Cauchy-Riemann não são obe<strong>de</strong>cidas em um ponto singular.<<strong>br</strong> />

Existem várias tipos <strong>de</strong> pontos singulares distintos:<<strong>br</strong> />

1. Pontos singulares isolados. O ponto z = z0 é <strong>de</strong>nominado ponto singular isolado <strong>de</strong> f(z) se for<<strong>br</strong> />

possível encontrar-se uma quantida<strong>de</strong> δ > 0 tal que o círculo |z − z0| = δ circunda apenas o ponto<<strong>br</strong> />

singular z0. Se não for possível encontrar-se um δ > 0, o ponto z0 é <strong>de</strong>nominado ponto singular não<<strong>br</strong> />

isolado.<<strong>br</strong> />

2. Polos. O ponto singular z = z0 é <strong>de</strong>nominado polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n <strong>de</strong> f(z) se for possível encontrar-se<<strong>br</strong> />

um número inteiro positivo n tal que<<strong>br</strong> />

Exemplos:<<strong>br</strong> />

lim (z − z0)<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

n f(z) = A = 0. (1.16)<<strong>br</strong> />

• f(z) = 1/ (z − 2) possui um polo simples ou <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 1 em z = 2.<<strong>br</strong> />

• f(z) = 1/ (z − 2) 2 possui um polo duplo ou <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 2 em z = 2.<<strong>br</strong> />

• f(z) = 1/ (z − 2) 3 possui um polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 3 em z = 2.<<strong>br</strong> />

3. Ponto <strong>de</strong> ramificação. Uma função possui um ponto <strong>de</strong> ramificação em z = z0 se, após circular-se em<<strong>br</strong> />

torno <strong>de</strong> z0, retornando ao ponto <strong>de</strong> partida so<strong>br</strong>e o plano z, a função não retorna ao seu valor inicial<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o plano w. Os pontos <strong>de</strong> ramificação são singularida<strong>de</strong>s das funções plurívocas. Por exemplo, a<<strong>br</strong> />

função f(z) = √ z possui um ponto <strong>de</strong> ramificação em z = 0.<<strong>br</strong> />

4. Singularida<strong>de</strong>s removíveis. O ponto singular z = z0 é <strong>de</strong>nominado uma singularida<strong>de</strong> removível se<<strong>br</strong> />

limz→z0 f(z) existe. Por exemplo, a função f(z) = sen z/z possui um ponto singular em z = 0, mas<<strong>br</strong> />

limz→0 sen z/z = 1. Neste caso, po<strong>de</strong>-se re<strong>de</strong>finir a função f(z) para esta esteja <strong>de</strong>finida em z0.<<strong>br</strong> />

5. Singularida<strong>de</strong>s essenciais. Uma função possui uma singularida<strong>de</strong> essencial em z0 se esta não possui<<strong>br</strong> />

polos, em qualquer or<strong>de</strong>m, que sejam eliminados pela multiplicação por (z − z0) n , para qualquer valor<<strong>br</strong> />

finito <strong>de</strong> n. Por exemplo, a função f(z) = e 1/(z−2) possui uma singularida<strong>de</strong> essencial em z = 2.<<strong>br</strong> />

6. Singularida<strong>de</strong>s no infinito. Uma função f(z) possui uma singularida<strong>de</strong> em z → ∞ se esta for do<<strong>br</strong> />

mesmo tipo que a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f (1/w), para w → 0. Por exemplo, f(z) = z 2 possui um polo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>m 2 no infinito, uma vez que f (1/w) = 1/w 2 possui um polo duplo em w = 0.<<strong>br</strong> />

1.5 Integração no plano complexo<<strong>br</strong> />

Integração complexa é uma ferramenta muito importante na física-matemática. Por exemplo, com<<strong>br</strong> />

frequência surgem integrais <strong>de</strong> funções reais que não po<strong>de</strong>m ser calculadas pelos métodos usuais <strong>de</strong> integração,<<strong>br</strong> />

mas que po<strong>de</strong>m ser resolvidas esten<strong>de</strong>ndo-se a <strong>de</strong>finição do integrando para o conjunto dos números<<strong>br</strong> />

complexos e realizando-se a integração neste plano. Na análise matemática, o método <strong>de</strong> integração complexa<<strong>br</strong> />

possibilita <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> algumas proprieda<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> funções analíticas, as quais seriam muito<<strong>br</strong> />

difíceis <strong>de</strong> ser realizadas sem o recurso da integração complexa.<<strong>br</strong> />

O resultado mais importante na teoria da integração complexa é o teorema integral <strong>de</strong> Cauchy, a partir<<strong>br</strong> />

do qual as fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy são <strong>de</strong>rivadas. A outra proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundamental importância<<strong>br</strong> />

para a física-matemática é o teorema dos resíduos, que possibilita o cálculo <strong>de</strong> integrais que não po<strong>de</strong>riam<<strong>br</strong> />

ser realizadas <strong>de</strong> outra maneira. Estes resultados serão abordados nas seções posteriores. Nesta seção,<<strong>br</strong> />

será introduzido o conceito <strong>de</strong> integral <strong>de</strong> caminho so<strong>br</strong>e o plano complexo e apresentadas as proprieda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

matemáticas fundamentais das integrais complexas.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


22 1.5. Integração no plano complexo<<strong>br</strong> />

Figura 1.10: Caminho C ao longo do qual a integração complexa é realizada.<<strong>br</strong> />

1.5.1 Integrais <strong>de</strong> caminho no plano complexo<<strong>br</strong> />

Uma integral <strong>de</strong> caminho, também <strong>de</strong>nominada integral <strong>de</strong> linha, possui uma relação com a <strong>de</strong>rivada<<strong>br</strong> />

no plano complexo exatamente igual à que existe para funções reais. Se a função F (z) é dada pela integral<<strong>br</strong> />

in<strong>de</strong>finida F (z) = ´ f(z) dz, então a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> F (z) é dada por F ′ (z) = f(z). Em outras palavras uma<<strong>br</strong> />

integral in<strong>de</strong>finida no plano complexo é a operação inversa da <strong>de</strong>rivação no mesmo plano.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, o plano complexo é <strong>de</strong>finido a partir <strong>de</strong> duas variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes reais. Neste<<strong>br</strong> />

caso, po<strong>de</strong>r-se-ia pensar que uma integral (<strong>de</strong>finida) no plano complexo seria equivalente a uma integral <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

superfície <strong>de</strong> uma função real <strong>de</strong> duas variáveis. Contudo, na análise das funções complexas, a função f(z)<<strong>br</strong> />

é integrada ao longo <strong>de</strong> um caminho no plano complexo. Para tanto, po<strong>de</strong>-se parametrizar o caminho ao<<strong>br</strong> />

longo do plano z fazendo-se uso <strong>de</strong> um parâmetro real t:<<strong>br</strong> />

z(t) = x(t) + iy(t) para a t b,<<strong>br</strong> />

o qual <strong>de</strong>fine um caminho so<strong>br</strong>e o plano complexo à medida que t varia <strong>de</strong> a a b. Diz-se que este curva é<<strong>br</strong> />

suave se existe um vetor tangente à mesma ao longo <strong>de</strong> todos os pontos; isto implica que dx/dt e dy/dt<<strong>br</strong> />

existem são contínuas e não são nulas simultaneamente para a t b.<<strong>br</strong> />

Sendo C uma curva suave so<strong>br</strong>e o plano z complexo, como mostra a figura 1.10, assume-se que a mesma<<strong>br</strong> />

possui um comprimento finito. Dada agora a função f(z), contínua so<strong>br</strong>e todos os pontos ao longo <strong>de</strong> C,<<strong>br</strong> />

subdivi<strong>de</strong>-se C em n partes por meio dos pontos {z0, z1, z2, . . . , zn}, arbitrariamente escolhidos, mas com<<strong>br</strong> />

z0 = a e zn = b. Para cada arco <strong>de</strong> C que conecta os pontos zk−1 e zk (k = 1, 2, . . . , n), escolhe-se um ponto<<strong>br</strong> />

wk (zk−1 wk zk) e forma-se a soma<<strong>br</strong> />

Sn =<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

f (wk) ∆zk, on<strong>de</strong> ∆zk = zk − zk−1.<<strong>br</strong> />

k=1<<strong>br</strong> />

Fazendo-se agora com que o número <strong>de</strong> subdivisões n aumente in<strong>de</strong>finidamente, <strong>de</strong> tal forma que o maior<<strong>br</strong> />

dos |∆zk| tenda a zero, a soma Sn aproxima-se <strong>de</strong> um limite. Se este limite existe e possui o mesmo valor,<<strong>br</strong> />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das escolhas dos {zk} e dos {wk} ao longo <strong>de</strong> C, então este limite é <strong>de</strong>nominado a integral<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> caminho (ou <strong>de</strong> linha) <strong>de</strong> f(z) ao longo <strong>de</strong> C e é <strong>de</strong>notado por:<<strong>br</strong> />

S = lim<<strong>br</strong> />

n→∞ Sn = lim<<strong>br</strong> />

n→∞<<strong>br</strong> />

|∆z| max→0 k=1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f (wk) ∆zk ≡<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz =<<strong>br</strong> />

ˆ b<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

f(z) dz. (1.17)<<strong>br</strong> />

Quando o caminho é fechado, isto é, quando b = a (ou zn = z0), a integral <strong>de</strong> linha é <strong>de</strong>nominada<<strong>br</strong> />

integral <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> f(z), a qual é <strong>de</strong>notada por<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

S =<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.8. (Teorema <strong>de</strong> existência). Se o caminho C é suave por partes e f(z) é contínua ao longo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> C, então ´<<strong>br</strong> />

f(z) dz sempre existe.<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 23<<strong>br</strong> />

1.5.2 Proprieda<strong>de</strong>s matemáticas das integrais <strong>de</strong> linha<<strong>br</strong> />

A integral <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> f(z) = u (x, y) + iv (x, y) ao longo <strong>de</strong> um caminho C po<strong>de</strong> sempre ser expressa<<strong>br</strong> />

em termos <strong>de</strong> integrais reais <strong>de</strong> caminho como<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = (u + iv) (dx + idy) = (u dx − v dy) + i (v dx + u dy) ,<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> a curva C po<strong>de</strong> ser aberta ou fechada, mas o sentido <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ve sempre ser especificado, por<<strong>br</strong> />

exemplo através do uso <strong>de</strong> um parâmetro t. Invertendo-se o sentido <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> t, inverte-se o sinal da<<strong>br</strong> />

integral.<<strong>br</strong> />

Integrais complexas são, portanto, redutíveis a integrais reais <strong>de</strong> caminho e possuem as seguintes proprieda<strong>de</strong>s:<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

(1) [f(z) + g(z)] dz = f(z) dz + g(z) dz.<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(2) kf(z) dz = k f(z) dz, sendo k ∈ uma constante.<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

ˆ b<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

ˆ b<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

f(z) dz =<<strong>br</strong> />

ˆ a<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

ˆ m<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

f(z) dz, sendo {a, b} ∈ .<<strong>br</strong> />

f(z) dz +<<strong>br</strong> />

ˆ b<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

f(z) dz, sendo m ∈ .<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) dz<<strong>br</strong> />

ML, on<strong>de</strong> M = max |f(z)| ao longo <strong>de</strong> C e L é o comprimento <strong>de</strong> C.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

|f(z)| |dz|.<<strong>br</strong> />

A proprieda<strong>de</strong> (5), em particular, é bastante útil e será bastante utilizada, porque ao se trabalhar com<<strong>br</strong> />

integrais <strong>de</strong> linha complexas, com frequência é necessário estabelecer-se limites nos seus valores absolutos.<<strong>br</strong> />

Demonstração. (Proprieda<strong>de</strong> 5). Retornando à <strong>de</strong>finição (1.17),<<strong>br</strong> />

Mas, <<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f (wk) ∆zk<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

k=1<<strong>br</strong> />

f(z) dz = lim<<strong>br</strong> />

n→∞<<strong>br</strong> />

|∆z| max→0 k=1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

f (wk) ∆zk.<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

|f (wk)| |∆zk| M<<strong>br</strong> />

k=1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

|∆zk| ML,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> se fez uso do fato <strong>de</strong> que |f(z)| M para todos os pontos z ao longo <strong>de</strong> C e que |∆zk| representa a<<strong>br</strong> />

soma <strong>de</strong> todas as cordas juntando os pontos zk−1 e zk ao longo <strong>de</strong> C e que esta soma não po<strong>de</strong> ser maior que<<strong>br</strong> />

o comprimento L <strong>de</strong> C. Tomando-se agora o limite para n → ∞ em ambos os lados, resulta a proprieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

(5). A proprieda<strong>de</strong> (6) também segue <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>monstração.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.8. Calcule a integral ´<<strong>br</strong> />

C (z∗)2 dz, sendo C a linha reta ligando os pontos z = 0 e z = 1 + 2i.<<strong>br</strong> />

Solução. Uma vez que<<strong>br</strong> />

resulta ˆ<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(z∗) 2 ˆ<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

k=1<<strong>br</strong> />

(z∗) 2 = (x − iy) 2 = x 2 − y 2 − 2ixy,<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

x − y dx + 2xy dy ˆ<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

+ i −2xy dx + x − y<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

dy .<<strong>br</strong> />

Para parametrizar a curva C, po<strong>de</strong>-se escolher x(t) e y(t) dados por<<strong>br</strong> />

x(t) = t, y(t) = 2t, para (0 t 1) ,<<strong>br</strong> />

ou, simplesmente, po<strong>de</strong>-se escrever y = 2x. Portanto,<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

(z∗) 2 ˆ 1<<strong>br</strong> />

dz = 5x 2 dx + i<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ˆ 1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

−10x dx = 5 10<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

3 3 i.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


24 1.5. Integração no plano complexo<<strong>br</strong> />

(a) Curva simples. (b) Curva não<<strong>br</strong> />

simples.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.9. Calcule a integral <strong>de</strong> caminho<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

Figura 1.11: Exemplos <strong>de</strong> curvas simples ou não simples.<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

n+1 ,<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

(c) Curva simples<<strong>br</strong> />

fechada.<<strong>br</strong> />

sendo C uma circunferência <strong>de</strong> raio r centrada em z0 e n é um número inteiro. Uma ilustração <strong>de</strong>ste contorno<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser vista na figura 1.8 à esquerda.<<strong>br</strong> />

Solução. Por conveniência, escolhe-se z − z0 = reiθ , on<strong>de</strong> θ é o parâmetro cuja variação (0 θ < 2π)<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>termina o contorno C. Então, dz = ireiθdθ e a integral fica:<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

ire<<strong>br</strong> />

n+1 =<<strong>br</strong> />

(z − z0) iθdθ rn+1 i<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

ei(n+1)θ rn ˆ 2π<<strong>br</strong> />

e −inθ dθ = i<<strong>br</strong> />

rn ˆ <<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

2πi,<<strong>br</strong> />

(cos nθ − i sen nθ) dθ =<<strong>br</strong> />

0,<<strong>br</strong> />

n = 0<<strong>br</strong> />

n 1.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Este é um resultado importante, que será utilizado diversas vezes nas seções posteriores.<<strong>br</strong> />

1.5.3 Tipos <strong>de</strong> curvas e domínios no plano complexo<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Nesta seção serão <strong>br</strong>evemente <strong>de</strong>finidos os tipos <strong>de</strong> curvas e domínios no plano complexo que serão<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rados nas seções posteriores.<<strong>br</strong> />

1.5.3.1 Tipos <strong>de</strong> curvas no plano complexo<<strong>br</strong> />

Uma curva C é dita simples (também <strong>de</strong>nominada arco <strong>de</strong> Jordan) se esta não se intersecciona em<<strong>br</strong> />

nenhum ponto, isto é, z (t1) = z (t2) se t1 = t2, para a t b. A exceção z(b) = z(a) é permitida para um<<strong>br</strong> />

contorno fechado, em cuja situação o contorno é dito contorno simples ou curva simples fechada ou<<strong>br</strong> />

ainda curva ou contorno <strong>de</strong> Jordan. A figura 1.11 mostra exemplos <strong>de</strong> curvas simples e <strong>de</strong> curvas não<<strong>br</strong> />

simples.<<strong>br</strong> />

1.5.3.2 Domínios simplesmente ou multiplamente conexos<<strong>br</strong> />

Um domínio ou região simplesmente conexa D é uma região no plano complexo tal que toda curva<<strong>br</strong> />

simples fechada Γ <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> D cerca somente pontos que pertencem a D. Uma outra <strong>de</strong>finição: uma região<<strong>br</strong> />

D é dita simplesmente conexa se qualquer curva simples fechada Γ contida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> D po<strong>de</strong> ser reduzida<<strong>br</strong> />

a um ponto sem abandonar D.<<strong>br</strong> />

Uma região que não é simplesmente conexa é dita multiplamente conexa. De acordo com as <strong>de</strong>finições,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve então existir pelo menos uma curva simples fechada Γ contida em D que cerca pontos que não pertencem<<strong>br</strong> />

a D. Ou, alternativamente, uma região multiplamente conexa é aquela que não po<strong>de</strong> ser reduzida a um<<strong>br</strong> />

ponto sem que abandone (mesmo que momentaneamente) a região D. A figura 1.12 apresenta exemplos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

regiões simplesmente e multiplamente conexas.<<strong>br</strong> />

1.5.3.3 Convenção para o percurso <strong>de</strong> um contorno fechado<<strong>br</strong> />

Consi<strong>de</strong>ra-se uma região D do plano complexo, composta por pontos no interior e ao longo <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

contorno simples fechado Γ. O contorno é percorrido no sentido positivo se todos os pontos <strong>de</strong> D se<<strong>br</strong> />

situarem à esquerda <strong>de</strong> um observador que se <strong>de</strong>sloca ao longo <strong>de</strong> Γ. Este sentido positivo consiste no<<strong>br</strong> />

percurso anti-horário indicado pelas setas nos contornos Γ representados nas figuras 1.12.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

0


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 25<<strong>br</strong> />

1.6 O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat<<strong>br</strong> />

O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat é um dos mais importantes resultados da análise matemática das funções<<strong>br</strong> />

complexas. Este teorema possui diversas consequências teóricas e práticas a respeito das proprieda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

analíticas das funções <strong>de</strong> variável complexa e serve <strong>de</strong> base para outros teoremas importantes como o<<strong>br</strong> />

teorema dos resíduos.<<strong>br</strong> />

Para se realizar uma das <strong>de</strong>monstrações existentes do teorema <strong>de</strong> Cauchy, faz-se uso do teorema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Green, válido para integrais <strong>de</strong> linha e <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> duas variáveis reais.<<strong>br</strong> />

1.6.1 O teorema <strong>de</strong> Green no plano<<strong>br</strong> />

Teorema 1.9. Sejam P (x, y) e Q (x, y) duas funções reais tais que suas <strong>de</strong>rivadas são contínuas so<strong>br</strong>e toda<<strong>br</strong> />

uma região R, <strong>de</strong>limitada por um contorno fechado simples C. Neste caso, as funções P e Q satisfazem a<<strong>br</strong> />

seguinte i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ˛<<strong>br</strong> />

[P (x, y) dx + Q (x, y) dy] =<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

¨<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂Q ∂P<<strong>br</strong> />

− dxdy. (1.18)<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

Observação. A <strong>de</strong>monstração do teorema (1.18) baseia-se no teorema <strong>de</strong> Stokes e não será apresentada aqui.<<strong>br</strong> />

1.6.2 O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat<<strong>br</strong> />

Serão apresentadas aqui duas versões do mencionado teorema, a primeira para um domínio simplesmente<<strong>br</strong> />

conexo e a segunda para uma região multiplamente conexa. A <strong>de</strong>monstração apresentada para a primeira<<strong>br</strong> />

versão foi obtida originalmente por Cauchy no início do século XIX e supõe que as <strong>de</strong>rivadas da função<<strong>br</strong> />

f(z) são contínuas so<strong>br</strong>e o domínio D. Posteriormente, Goursat mostrou que a condição <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f ′ (z) não é necessária para a valida<strong>de</strong> do teorema. Por esta razão, o teorema leva o nome <strong>de</strong> ambos os<<strong>br</strong> />

matemáticos franceses.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.10. (Teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat). Se uma função f(z) = u (x, y) + iv (x, y) é analítica<<strong>br</strong> />

em todos os pontos <strong>de</strong> um domínio simplesmente conexo D, então para todo contorno simples fechado C no<<strong>br</strong> />

interior <strong>de</strong> D, ˛<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0. (1.19)<<strong>br</strong> />

Demonstração. Escreve-se o lado direito <strong>de</strong> (1.19) da seguinte maneira:<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f(z) dz = (u + iv) (dx + idy) = (u dx − v dy) + i<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(v dx + u dy) .<<strong>br</strong> />

Aplicando-se o teorema <strong>de</strong> Green (1.18) a cada integral <strong>de</strong> contorno acima, obtém-se<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

¨<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

¨<<strong>br</strong> />

∂v ∂u<<strong>br</strong> />

+ dxdy + i<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

∂u ∂v<<strong>br</strong> />

− dxdy.<<strong>br</strong> />

∂x ∂y<<strong>br</strong> />

Como a função f(z) é suposta analítica, então as funções u (x, y) e v (x, y) satisfazem as condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Cauchy-Riemann (1.13). Portanto,<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

¨ ¨ <<strong>br</strong> />

∂v ∂v<<strong>br</strong> />

∂u ∂u<<strong>br</strong> />

f(z) dz = − − dxdy + i − dxdy = 0,<<strong>br</strong> />

∂x ∂x<<strong>br</strong> />

D ∂x ∂x<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

Figura 1.12: Exemplos <strong>de</strong> regiões: (a) simplesmente conexa e (b) e (c) multiplamente conexas.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

D


26 1.6. O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat<<strong>br</strong> />

Figura 1.13: Contorno B que transforma uma região multiplamente conexa em uma região simplesmente conexa.<<strong>br</strong> />

o que <strong>de</strong>monstra o teorema.<<strong>br</strong> />

Quando o domínio D é multiplamente conexo, a seguinte versão do teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat se aplica.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.11. (Teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat em regiões multiplamente conexas). Seja C um<<strong>br</strong> />

contorno simples fechado e seja {Cj} (j = 1, . . . , n) um conjunto finito <strong>de</strong> contornos fechados simples interiores<<strong>br</strong> />

a C, tais que não existam duas regiões Rj e Rj ′, interiores a Cj e Cj ′, que compartilhem pontos no<<strong>br</strong> />

plano complexo em comum entre si. Seja R a região do plano complexo que consiste em todos os pontos no<<strong>br</strong> />

interior e ao longo <strong>de</strong> C, exceto por aqueles pontos no interior <strong>de</strong> cada contorno Cj. Finalmente, seja B<<strong>br</strong> />

o contorno completo que <strong>de</strong>limita R e que consiste no contorno C mais os contornos Cj, sendo todos estes<<strong>br</strong> />

contornos percorridos no sentido que mantém os pontos <strong>de</strong> R à direita <strong>de</strong> B. Se a função f(z) é analítica<<strong>br</strong> />

em R, então<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0. (1.20)<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

Demonstração. A situação <strong>de</strong>scrita no teorema está ilustrada pela figura 1.13a. O contorno mostrado na<<strong>br</strong> />

figura é composto por C, juntamente com os contornos C1, . . . , Cn e os segmentos <strong>de</strong> reta L 1 1, L 2 1, . . . , L n 1<<strong>br</strong> />

e L n 2 . Desta maneira a região R passa <strong>de</strong> multiplamente conexa a simplesmente conexa. Aproximando-se<<strong>br</strong> />

agora os pares <strong>de</strong> segmentos <strong>de</strong> reta L 1 1 e L 1 2, L 2 1 e L 2 2, . . . , L n 1 e L n 2 , <strong>de</strong> tal forma que a distância entre os<<strong>br</strong> />

mesmos se torne infinitesimalmente pequena, as integrais <strong>de</strong> caminho <strong>de</strong> f(z) em cada par <strong>de</strong> segmentos se<<strong>br</strong> />

anulam mutuamente, isto é,<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

L 1 1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

L1 f(z) dz,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

L 2 1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

L2 f(z) dz, · · ·<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

L n 1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

Ln f(z) dz,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tal forma que o contorno restante é exatamente o contorno B <strong>de</strong>scrito no teorema. Como a região R é<<strong>br</strong> />

agora simplesmente conexa e a função f(z) é analítica em R, <strong>de</strong> (1.19) resulta<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0.<<strong>br</strong> />

O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat (1.19) possui consequências importantes, algumas das quais serão apresentadas<<strong>br</strong> />

nesta e nas seções posteriores.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.12. (Deformação do contorno <strong>de</strong> integração). Seja f(z) uma função analítica so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

uma região R <strong>de</strong>limitada pelo contorno simples fechado C e pelo conjunto <strong>de</strong> contornos {Cj} (j = 1, . . . , n),<<strong>br</strong> />

interiores a C e que envolvem n buracos que po<strong>de</strong>m conter singularida<strong>de</strong>s isoladas ou não isoladas. Então,<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz =<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

Cj<<strong>br</strong> />

f(z) dz, (1.21)<<strong>br</strong> />

sendo que tanto a integral ao longo <strong>de</strong> C quanto as integrais nos contornos Cj são realizadas no sentido<<strong>br</strong> />

anti-horário.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 27<<strong>br</strong> />

Demonstração. Esta situação também está ilustrada na figura 1.13. Ao se consi<strong>de</strong>rar o contorno B na figura<<strong>br</strong> />

1.13a, o teorema <strong>de</strong> Cauchy (1.20) afirma que<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = ⎣<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

ˆ +<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

−Cj L j<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

1 −L j<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎦ f(z) dz = 0,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

−L j<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz = −<<strong>br</strong> />

L j<<strong>br</strong> />

ˆ f(z) dz =⇒<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

L j<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

1 −L j<<strong>br</strong> />

ˆ f(z) dz =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

L j<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

1 L j<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) dz.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ao se reduzir a distância <strong>de</strong> cada par <strong>de</strong> segmentos <strong>de</strong> reta L j<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

linha percorrem o mesmo caminho so<strong>br</strong>e o plano complexo, resultando então que<<strong>br</strong> />

ˆ ˆ <<strong>br</strong> />

f(z) dz Lj<<strong>br</strong> />

2→Lj 1<<strong>br</strong> />

−−−−−→ 0.<<strong>br</strong> />

L j<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

L j<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e Lj2<<strong>br</strong> />

assintoticamente a zero, as integrais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Neste caso, os caminhos C, C1, . . . , Cn se tornam contornos fechados simples, resultando que<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz +<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

−Cj<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0.<<strong>br</strong> />

Como os contornos Cj são percorridos no sentido horário, <strong>de</strong> acordo com a figura (1.13)a, resulta que<<strong>br</strong> />

˛ ˛<<strong>br</strong> />

= − ,<<strong>br</strong> />

−Cj<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> na segunda integral o contorno é agora percorrido no sentido anti-horário, e a situação se torna<<strong>br</strong> />

semelhante à ilustrada pela figura (1.13)b. Portanto,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> resulta o teorema.<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z) dz −<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

Cj<<strong>br</strong> />

Cj<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0,<<strong>br</strong> />

Nas situações em que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (1.21) é válida, é comum afirmar-se que o contorno C foi <strong>de</strong>formado<<strong>br</strong> />

nos contornos C1, C2, . . . , Cn.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.13. (Teorema <strong>de</strong> Morera). Se uma função f(z) é contínua em uma região simplesmente<<strong>br</strong> />

conexa R e ¸<<strong>br</strong> />

f(z) dz = 0 para todo contorno simples fechado C no interior <strong>de</strong> R, então f(z) é analítica<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

em R.<<strong>br</strong> />

Observação. O teorema <strong>de</strong> Morera é a recíproca do teorema <strong>de</strong> Cauchy.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.14. (In<strong>de</strong>pendência do caminho). Se a função f(z) é analítica em uma região simplesmente<<strong>br</strong> />

conexa R, então dados dois pontos z0 e z quaisquer, contidos em R, a integral<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

f(z) dz<<strong>br</strong> />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do caminho ligando os pontos z0 e z, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este caminho esteja totalmente contido em R.<<strong>br</strong> />

Demonstração. A situação está ilustrada na figura 1.14. Sendo C1 e C2 dois caminhos quaisquer, contidos<<strong>br</strong> />

em R e que ligam os pontos z0 e z, então, <strong>de</strong> acordo com o teorema <strong>de</strong> Cauchy (1.19),<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz + f(z) dz = 0, mas f(z) dz = − f(z) dz.<<strong>br</strong> />

−C1<<strong>br</strong> />

Portanto ˆ<<strong>br</strong> />

o que <strong>de</strong>monstra o teorema.<<strong>br</strong> />

c2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

f(z) dz =<<strong>br</strong> />

c2<<strong>br</strong> />

−C1<<strong>br</strong> />

f(z) dz,<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

C1


28 1.6. O teorema <strong>de</strong> Cauchy-Goursat<<strong>br</strong> />

Figura 1.14: In<strong>de</strong>pendência nos caminhos C1 e C2.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.15. (Teorema <strong>de</strong> analiticida<strong>de</strong>). Seja f(z) uma função contínua em uma região simplesmente<<strong>br</strong> />

conexa R e sejam z0 e z dois pontos contidos em R, então<<strong>br</strong> />

F (z) =<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

f(s) ds é analítica em R e F ′ (z) = f(z).<<strong>br</strong> />

Demonstração. Sendo z+∆z qualquer ponto contido em R e distinto <strong>de</strong> z, mas que esteja em uma vizinhança<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> z. Então<<strong>br</strong> />

F (z + ∆z) − F (z) =<<strong>br</strong> />

Pela proprieda<strong>de</strong> (4) da seção 1.5.2, resulta que<<strong>br</strong> />

ˆ z+∆z<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

F (z + ∆z) − F (z) =<<strong>br</strong> />

Dividindo ambos os lados por ∆z, po<strong>de</strong>-se escrever<<strong>br</strong> />

F (z + ∆z) − F (z)<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

− f(z) = 1<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

ˆ z+∆z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

f(s) ds −<<strong>br</strong> />

ˆ z+∆z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

f(s) ds.<<strong>br</strong> />

f(s) ds − f(z) = 1<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

f(s) ds.<<strong>br</strong> />

ˆ z+∆z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

[f(s) − f(z)] ds.<<strong>br</strong> />

Como a função f(z) é contínua em R, então para cada um número positivo ɛ, <strong>de</strong>ve existir um outro número<<strong>br</strong> />

positivo δ tal que<<strong>br</strong> />

|f(s) − f(z)| < ɛ<<strong>br</strong> />

sempre que |s − z| < δ. Desta forma, se z + ∆z é próximo o suficiente <strong>de</strong> z <strong>de</strong> tal forma que |∆z| < δ, então<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z+∆z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

[f(s) − f(z)] ds<<strong>br</strong> />

< ɛ |∆z|<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

e, portanto, <<strong>br</strong> />

F (z + ∆z) − F (z)<<strong>br</strong> />

∆z<<strong>br</strong> />

No limite em que ∆z → 0, ɛ → 0, resultando que<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

− f(z) <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

< ɛ |∆z| = ɛ.<<strong>br</strong> />

|∆z|<<strong>br</strong> />

F (z + ∆z) − F (z)<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

= F<<strong>br</strong> />

∆z→0 ∆z<<strong>br</strong> />

′ (z) = f(z).<<strong>br</strong> />

Portanto, a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> F (z) existe em todos os pontos z pertencentes a R. Como consequência, F (z) é<<strong>br</strong> />

analítica em R e sua <strong>de</strong>rivada é igual a f(z), <strong>de</strong>monstrando o teorema.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.10. Cálculo <strong>de</strong> integrais no plano complexo.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Calcule ¸<<strong>br</strong> />

dz/ (z − a), on<strong>de</strong> C é um contorno<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

fechado simples qualquer, quando z = a está (a)<<strong>br</strong> />

fora <strong>de</strong> C e (b) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> C.<<strong>br</strong> />

Solução.<<strong>br</strong> />

(a) Se z = a está fora <strong>de</strong> C, então f(z) =<<strong>br</strong> />

1/ (z − a) é analítica em todos os pontos internos<<strong>br</strong> />

e ao longo <strong>de</strong> C. Portanto, pelo teorema <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

(1.20),<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

= 0.<<strong>br</strong> />

z − a<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 29<<strong>br</strong> />

(b) Se z = a está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> C e Γ é uma circunferência<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> raio ε centrada em z = a, <strong>de</strong> tal forma<<strong>br</strong> />

que Γ está totalmente contido em C (figura 1.15), Figura 1.15: Exemplo <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> integrais so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

então pelo teorema (1.21),<<strong>br</strong> />

plano complexo.<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z − a =<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z − a .<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Agora, o contorno Γ é dado por todos os pontos z tais |z − a| = ε. Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>screver o contorno na figura<<strong>br</strong> />

1.15 através do parâmetro θ tal que<<strong>br</strong> />

Então dz = iεe iθ dθ e<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

z − a = εe iθ , quando 0 θ 2π.<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z − a =<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

iεe<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

iθdθ εeiθ 1.7 Fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

= i<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dθ = 2πi.<<strong>br</strong> />

Uma das consequências mais importantes do teorema integral <strong>de</strong> Cauchy são as fórmulas integrais que<<strong>br</strong> />

também levam o seu nome. Po<strong>de</strong>-se introduzir estas fórmulas através do seguinte teorema.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.16. (Fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy). Seja f(z) uma função analítica em uma região simplesmente<<strong>br</strong> />

conexa R e z0 é um ponto qualquer no interior <strong>de</strong> R, a qual é <strong>de</strong>limitada pelo contorno simples<<strong>br</strong> />

C, então<<strong>br</strong> />

f (z0) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz, (1.22)<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

sendo a integração em (1.22) realizada ao longo <strong>de</strong> C no sentido positivo (anti-horário).<<strong>br</strong> />

Demonstração. Para provar o teorema (1.22), toma-se uma circunferência Γ, centrada em z0 e com raio r,<<strong>br</strong> />

como ilustrado na figura 1.16. Então, <strong>de</strong> acordo com o teorema (1.21),<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz.<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

Agora, a circunferência Γ é <strong>de</strong>scrita por |z − z0| = r, ou seja, usando o parâmetro θ, z − z0 = re iθ , sendo<<strong>br</strong> />

(0 θ 2π) e dz = ire iθ dθ. Então<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

ˆ 2π f z0 + reiθ 0<<strong>br</strong> />

re iθ<<strong>br</strong> />

ire iθ dθ = i<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

z0 + re iθ dθ.<<strong>br</strong> />

Tomando-se agora o limite r → 0 em ambos os lados e fazendo uso da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f(z), resulta<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Ou seja,<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz = lim i<<strong>br</strong> />

z − z0 r→0<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

f z0 + re iθ ˆ 2π<<strong>br</strong> />

dθ = i<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

f (z0) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

r→0 f z0 + re iθ dθ = i<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz.<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

f (z0) dθ = 2πif (z0) .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


30 1.7. Fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

Figura 1.16: Fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy.<<strong>br</strong> />

Uma forma conveniente para a fórmula integral (1.22) é escrevê-la como<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f (z ′ )<<strong>br</strong> />

z ′ − z dz′ , (1.23)<<strong>br</strong> />

para enfatizar o fato que z po<strong>de</strong> ser um ponto qualquer em C.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.11. Calcule a integral ¸<<strong>br</strong> />

C ezdz/ z2 + 1 , sendo C a circunferência <strong>de</strong> raio unitário e com centro<<strong>br</strong> />

em: (a) z = i e (b) z = −i.<<strong>br</strong> />

Solução.<<strong>br</strong> />

(a) Escrevendo-se a integral na forma<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

e z<<strong>br</strong> />

z + i<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z − i ,<<strong>br</strong> />

percebe-se que f(z) = ez / (z + i) é analítica <strong>de</strong>ntro e so<strong>br</strong>e a circunferência <strong>de</strong> raio unitário centrada em<<strong>br</strong> />

z0 = i. Portanto, pela fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy (1.22), temos<<strong>br</strong> />

˛ z e dz<<strong>br</strong> />

ei<<strong>br</strong> />

= 2πif (i) = 2πi<<strong>br</strong> />

z + i z − i 2i = πei = π (cos 1 + i sen 1) .<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(b) Para a circunferência centrada em z0 = −i, <strong>de</strong>fine-se f(z) = ez / (z − i), a qual é novamente analítica<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro e so<strong>br</strong>e C. Então, usando novamente (1.22) resulta<<strong>br</strong> />

˛ z e dz<<strong>br</strong> />

e−i<<strong>br</strong> />

= 2πif (−i) = 2πi<<strong>br</strong> />

z − i z + i −2i = −πe−i = −π (cos 1 − i sen 1) .<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

A fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy po<strong>de</strong> ser generalizada para <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais alta <strong>de</strong> f (z). Isto é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scrito pelo teorema a seguir.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.17. (Fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy para <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais alta). Seja f(z)<<strong>br</strong> />

uma função analítica em uma região simplesmente conexa R e z0 é um ponto qualquer no interior <strong>de</strong> R, a<<strong>br</strong> />

qual é <strong>de</strong>limitada pelo contorno simples C, então<<strong>br</strong> />

f (n) (z0) = n!<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

e as <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> f(z) em z0 existem em todas as or<strong>de</strong>ns.<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z)dz<<strong>br</strong> />

(z − z0) n+1<<strong>br</strong> />

(1.24)<<strong>br</strong> />

Demonstração. Uma prova simples, porém incompleta, do teorema (1.24) po<strong>de</strong> ser feita por intermédio da<<strong>br</strong> />

indução matemática. Derivando-se ambos os lados <strong>de</strong> (1.23) em relação a z, obtém-se<<strong>br</strong> />

f ′ (z) = 1!<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f (s)<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

2 ds.<<strong>br</strong> />

(s − z)<<strong>br</strong> />

Derivando-se novamente,<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f ′′ (z) = 2!<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

f (s)<<strong>br</strong> />

3 ds.<<strong>br</strong> />

(s − z)<<strong>br</strong> />

E assim sucessivamente, resultando, para a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n, na fórmula (1.24). A <strong>de</strong>monstração<<strong>br</strong> />

completa <strong>de</strong>sta fórmula integral po<strong>de</strong> ser obtida na bibliografia citada.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 31<<strong>br</strong> />

A fórmula (1.24), obtida para uma região simplesmente conexa, po<strong>de</strong> ser estendida para o caso on<strong>de</strong> o<<strong>br</strong> />

contorno simples C é substituído pelo contorno B da figura 1.13, composto por um contorno exterior C e<<strong>br</strong> />

por um conjunto {Ci} <strong>de</strong> contornos interiores. Para tanto, basta assumir que em (1.24) o ponto z0 pertence<<strong>br</strong> />

ao domínio <strong>de</strong>finido por B e que f(z) é analítica neste domínio. Desta forma, a fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser estendida a regiões multiplamente conexas.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.12. Calcule<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

e2z 4 dz,<<strong>br</strong> />

(z + 1)<<strong>br</strong> />

sendo C um contorno simples que não passa por z = −1. Consi<strong>de</strong>re 2 casos: (a) C não envolve z = −1 e<<strong>br</strong> />

(b) C envolve z = −1.<<strong>br</strong> />

Solução.<<strong>br</strong> />

(a) Neste caso, a função f(z) = e 2z / (z + 1) 4 é analítica <strong>de</strong>ntro e so<strong>br</strong>e C. Portanto, pelo teorema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Cauchy,<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

e2z 4 dz = 0.<<strong>br</strong> />

(z + 1)<<strong>br</strong> />

(b) Chamando agora f(z) = e2z , esta função é analítica <strong>de</strong>ntro e so<strong>br</strong>e C.<<strong>br</strong> />

teorema (1.24),<<strong>br</strong> />

Portanto, <strong>de</strong> acordo com o<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

e2zdz 2πi<<strong>br</strong> />

4 =<<strong>br</strong> />

(z + 1) 3! f (3) (−1) . Como f (3) (−1) = 8e −2 ˛<<strong>br</strong> />

, resulta<<strong>br</strong> />

e2zdz 8π<<strong>br</strong> />

4 =<<strong>br</strong> />

(z + 1) 3 e−2i. C<<strong>br</strong> />

1.8 Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

Será apresentado agora um ponto muito importante: a representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas.<<strong>br</strong> />

Inicialmente será discutida a noção <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong> uma série complexa. Gran<strong>de</strong> parte das <strong>de</strong>finições e<<strong>br</strong> />

teoremas válidos para séries <strong>de</strong> termos reais po<strong>de</strong>m ser aplicadas às séries complexas com uma pequena ou<<strong>br</strong> />

nenhuma modificação.<<strong>br</strong> />

1.8.1 Séries complexas<<strong>br</strong> />

Nesta seção, serão consi<strong>de</strong>radas séries complexas em geral, cujos termos são funções complexas,<<strong>br</strong> />

A soma dos n primeiros termos <strong>de</strong>sta série,<<strong>br</strong> />

f1 (z) + f2 (z) + f3 (z) + · · · + fn (z) + · · · . (1.25)<<strong>br</strong> />

Sn(z) = f1 (z) + f2 (z) + f3 (z) + · · · + fn (z) =<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

fi (z) ,<<strong>br</strong> />

é <strong>de</strong>nominada a n-ésima soma parcial da série (1.25). A soma dos termos restantes, após o n-ésimo<<strong>br</strong> />

termo, é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> resto da série.<<strong>br</strong> />

1.8.1.1 Convergência da série<<strong>br</strong> />

Associa-se agora à série (1.25) a sequência <strong>de</strong> suas somas parciais S1, S2, . . . , Sn. Se esta sequência<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> somas parciais é convergente, então a série converge; se a sequência é divergente, então a série também<<strong>br</strong> />

diverge. De uma maneira mais formal, a série (1.25) é dita convergente à soma S(z) em uma região R do<<strong>br</strong> />

plano complexo se para qualquer ɛ > 0 existe um inteiro N, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ɛ e do valor <strong>de</strong> z sob consi<strong>de</strong>ração,<<strong>br</strong> />

tal que<<strong>br</strong> />

|Sn (z) − S (z)| < ɛ para todo n > N.<<strong>br</strong> />

Neste caso, escreve-se<<strong>br</strong> />

S (z) = lim<<strong>br</strong> />

n→∞ Sn (z) ≡<<strong>br</strong> />

i=1<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

fn (z) . (1.26)<<strong>br</strong> />

A diferença Sn (z) − S (z) é o resto Rn (z). Assim, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> convergência da série (1.25) <strong>de</strong>manda<<strong>br</strong> />

que<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

n→∞ |Rn (z)| = 0.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

n=1


32 1.8. Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

Teorema 1.18. (Teoremas <strong>de</strong> convergência). Os seguintes teoremas <strong>de</strong> convergência são válidos:<<strong>br</strong> />

1. Uma condição necessária, mas não suficiente, para que Sn (z) convirja no limite n → ∞ é<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

n→∞ fn (z) = 0.<<strong>br</strong> />

2. A multiplicação <strong>de</strong> cada termo <strong>de</strong> uma série por uma constante não nula não afeta a convergência,<<strong>br</strong> />

assim como a remoção ou adição <strong>de</strong> um número finito <strong>de</strong> termos.<<strong>br</strong> />

3. Uma condição necessária e suficiente para que a série <strong>de</strong> termos complexos<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

fn (z) = f1 (z) + f2 (z) + f3 (z) + · · · + fn (z) + · · ·<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

seja convergente é que as séries das respectivas partes reais e imaginárias dos termos fn (z) sejam<<strong>br</strong> />

convergentes. Além disso, se<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

Re fn e<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

Im fn<<strong>br</strong> />

convergem às respectivas funções R (z) e I (z), então a série complexa converge para S (z) = R (z) +<<strong>br</strong> />

iI (z).<<strong>br</strong> />

1.8.1.2 Convergência absoluta<<strong>br</strong> />

Se os valores absolutos dos termos em (1.25),<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

|fn (z)| = |f1 (z)| + |f2 (z)| + |f3 (z)| + · · · + |fn (z)| + · · · ,<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

formam uma série convergente, então a série (1.25) é dita absolutamente convergente.<<strong>br</strong> />

Se a série (1.25) converge, mas não é absolutamente convergente, então esta é dita condicionalmente<<strong>br</strong> />

convergente. A partir da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> convergência, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar os teoremas a seguir.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.19. (Teoremas <strong>de</strong> convergência absoluta). Os seguintes teoremas são válidos.<<strong>br</strong> />

1. Se ∞<<strong>br</strong> />

n=1 |fn (z)| converge, então ∞<<strong>br</strong> />

n=1 fn (z) também converge (condição suficiente).<<strong>br</strong> />

2. A soma, diferença ou o produto <strong>de</strong> séries absolutamente convergentes é convergente.<<strong>br</strong> />

1.8.1.3 Convergência uniforme<<strong>br</strong> />

Seja<<strong>br</strong> />

Rn (z) = fn+1 (z) + fn+2 (z) + · · · = S (z) − Sn (z)<<strong>br</strong> />

o resto da série S (z), dada por (1.26), so<strong>br</strong>e uma região R. A série S (z) é dita uniformemente<<strong>br</strong> />

convergente em R se, dado um número real positivo ɛ, é possível encontrar um número inteiro positivo N,<<strong>br</strong> />

tal que para todo z ∈ R,<<strong>br</strong> />

1.8.2 Testes <strong>de</strong> convergência<<strong>br</strong> />

|Rn (z)| = |S (z) − Sn (z)| < ɛ, para todo n > N.<<strong>br</strong> />

Os testes <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong>terminam uma condição necessária e suficiente para a convergência <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminada série. Há vários testes, <strong>de</strong>ntre os quais os principais serão citados sem as <strong>de</strong>monstrações, as<<strong>br</strong> />

quais po<strong>de</strong>m ser obtidas na bibliografia recomendada.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


1.8.2.1 Testes <strong>de</strong> convergência absoluta<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 33<<strong>br</strong> />

Para testar a convergência absoluta <strong>de</strong> uma série, os seguintes testes existem:<<strong>br</strong> />

Teste da comparação. Se ∞<<strong>br</strong> />

n=1 |gn (z)| converge absolutamente em R e |fn (z)| |gn (z)|, ∀z ∈ R, então<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=1 |fn (z)| também converge absolutamente.<<strong>br</strong> />

Teste da razão. Dentre todos os testes <strong>de</strong> convergência, o mais útil é o teste da razão, o qual se aplica<<strong>br</strong> />

a séries complexas, além <strong>de</strong> séries reais. Dada a série ∞ n=1 fn (z), esta converge absolutamente na<<strong>br</strong> />

região R se<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

fn+1<<strong>br</strong> />

0 < |r (z)| = lim <<strong>br</strong> />

(z) <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

n→∞ fn (z) < 1 (1.27)<<strong>br</strong> />

e diverge se |r (z)| > 1. Quando |r (z)| = 1, este teste não fornece informação a respeito da convergência<<strong>br</strong> />

da série.<<strong>br</strong> />

Teste da raiz. Dada a série ∞ n=1 fn (z), esta converge absolutamente na região R se<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

0 < |r (z)| = lim n <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

|fn (z)| < 1<<strong>br</strong> />

n→∞<<strong>br</strong> />

e diverge se |r (z)| > 1. Quando |r (z)| = 1, este teste não fornece informação a respeito da convergência<<strong>br</strong> />

da série.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.13. (Teste da razão). Mostre que a série complexa<<strong>br</strong> />

converge.<<strong>br</strong> />

S (z) =<<strong>br</strong> />

∞ −n −n<<strong>br</strong> />

2 + ie <<strong>br</strong> />

Solução. Po<strong>de</strong>-se aplicar o teste da razão separadamente para as partes real e imaginária:<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim <<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n→∞ <<strong>br</strong> />

−n−1<<strong>br</strong> />

2n <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= < 1 e lim <<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

2 n→∞ <<strong>br</strong> />

−n−1<<strong>br</strong> />

en <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= < 1.<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Portanto, a série é absolutamente convergente.<<strong>br</strong> />

1.8.2.2 Teste <strong>de</strong> convergência uniforme<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

O seguinte teste verifica a convergência uniforme <strong>de</strong> uma série.<<strong>br</strong> />

Teste <strong>de</strong> Weierstrass. Se |fn (z)| Mn, sendo Mn in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> z em uma região R e ∞<<strong>br</strong> />

n=1 Mn<<strong>br</strong> />

converge, então ∞<<strong>br</strong> />

n=1 fn (z) converge uniformemente em R.<<strong>br</strong> />

1.8.3 Séries <strong>de</strong> potências e séries <strong>de</strong> Taylor<<strong>br</strong> />

Séries <strong>de</strong> potências constituem-se em uma das mais importantes ferramentas da análise matemática<<strong>br</strong> />

em geral e da teoria <strong>de</strong> funções complexas em particular. Isto porque séries <strong>de</strong> potências com raios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

convergência não nulos po<strong>de</strong>m sempre representar funções analíticas. Como exemplo, a série<<strong>br</strong> />

S1 (z) =<<strong>br</strong> />

an<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

anz n<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

(1.28)<<strong>br</strong> />

claramente <strong>de</strong>fine uma função analítica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a série convirja.<<strong>br</strong> />

Nesta seção, o interesse estará restrito às séries que apresentam convergência absoluta. Neste caso, o<<strong>br</strong> />

teste da razão (1.27) <strong>de</strong>manda que<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim <<strong>br</strong> />

an+1z<<strong>br</strong> />

n→∞ <<strong>br</strong> />

n+1<<strong>br</strong> />

anzn <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

an+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= lim <<strong>br</strong> />

1 an+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

n→∞ |z| < 1 =⇒ > lim <<strong>br</strong> />

|z| n→∞ .<<strong>br</strong> />

O resultado acima mostra que a série irá convergir absolutamente para todos os pontos z cujos módulos<<strong>br</strong> />

satisfazem a condição |z| < R, sendo R o raio <strong>de</strong> convergência da série , <strong>de</strong>finido por<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1 an+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= lim <<strong>br</strong> />

R n→∞ . (1.29)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

an<<strong>br</strong> />

an


34 1.8. Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

A série (1.28) está centrada na origem do plano complexo; assim, o raio <strong>de</strong> convergência R em (1.29)<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>fine uma circunferência centrada na origem. De forma similar, a série<<strong>br</strong> />

S2 (z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

an (z − z0) n<<strong>br</strong> />

(1.30)<<strong>br</strong> />

converge para todos os pontos z <strong>de</strong>ntro da circunferência <strong>de</strong> raio R centrada em z0.<<strong>br</strong> />

A série <strong>de</strong> potências mais importante na análise matemática é a série <strong>de</strong> Taylor. Na análise complexa<<strong>br</strong> />

é possível realizar-se uma expansão <strong>de</strong> Taylor para toda e qualquer função analítica. Esta proprieda<strong>de</strong> é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vida ao homônimo teorema <strong>de</strong> Taylor (<strong>de</strong>vido ao matemático inglês Brook Taylor, 1685–1731), exposto a<<strong>br</strong> />

seguir.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.20. (Teorema <strong>de</strong> Taylor). Seja f(z) uma função analítica so<strong>br</strong>e a região R, <strong>de</strong>limitada pela<<strong>br</strong> />

circunferência C centrada em a e <strong>de</strong> raio R0. Se z é um ponto interior a C, então f(z) po<strong>de</strong> ser expandida<<strong>br</strong> />

em uma série <strong>de</strong> Taylor centrada em z = a,<<strong>br</strong> />

f(z) = f(a) + f ′ (a) (z − a) + f ′′ (a)<<strong>br</strong> />

2!<<strong>br</strong> />

a qual converge para f(z) quando |z − z0| < R0.<<strong>br</strong> />

(z − a) 2 + · · · + f (n) (a)<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

(z − a) n + · · · =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

f (n) (a)<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

(z − a) n , (1.31)<<strong>br</strong> />

Demonstração. Seja z qualquer ponto interior à circunferência C0. Portanto, se |z − a| = r, então r < R0.<<strong>br</strong> />

Seja agora uma outra circunferência C1, centrada em a e <strong>de</strong> raio r1, tal que r < r1 < r0. Uma vez que z<<strong>br</strong> />

está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> C1 e f(z) é analítica no interior e so<strong>br</strong>e C1, a fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy (1.23) é válida, a<<strong>br</strong> />

qual é escrita da seguinte maneira:<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

2πi w − z<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2πi C1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f (w)<<strong>br</strong> />

(w − a)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − (z − a) / (w − a)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dw.<<strong>br</strong> />

Nota-se que, na integral acima, como w está sempre ao longo <strong>de</strong> do contorno C1 e z é um ponto interior a<<strong>br</strong> />

C1, então <<strong>br</strong> />

z − a <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

w − a<<strong>br</strong> />

< 1, ∀w.<<strong>br</strong> />

Agora, a partir da fórmula <strong>de</strong> progressão geométrica<<strong>br</strong> />

obtém-se<<strong>br</strong> />

1 + q + q 2 + · · · + q n =<<strong>br</strong> />

1 − qn+1<<strong>br</strong> />

1 − q<<strong>br</strong> />

1 qn+1<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

1 − q 1 − q ,<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − q = 1 + q + q2 + · · · + q n + qn+1<<strong>br</strong> />

1 − q .<<strong>br</strong> />

Definindo-se então q = (z − a) / (w − a), e inserindo a progressão geométrica resultante na fórmula integral<<strong>br</strong> />

acima, resulta<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f (w) dw (z − a) f (w) dw (z − a)2<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2πi C1 (w − a) 2πi<<strong>br</strong> />

2 +<<strong>br</strong> />

C1 (w − a) 2πi<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

(z − a)n f (w) dw<<strong>br</strong> />

+ · · · +<<strong>br</strong> />

2πi (w − a)<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

(w − a) 3<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

n+1 + (z − a)n+1<<strong>br</strong> />

Contudo, nesta situação as fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy (1.24) garantem que<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f(w)dw<<strong>br</strong> />

2πi C1 (w − a) n+1 = f (n) (a)<<strong>br</strong> />

;<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

portanto, po<strong>de</strong>-se escrever a expressão para f(z) como<<strong>br</strong> />

sendo<<strong>br</strong> />

f(z) = f(a) + f ′ (a) (z − a) + f ′′ (a)<<strong>br</strong> />

2!<<strong>br</strong> />

Rn+1 (z) =<<strong>br</strong> />

(z − a)n+1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

(z − a) 2 + · · · + f (n) (a)<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

(w − a) n+1 (w − z)<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

(z − a) n + Rn+1 (z) ,<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

(w − a) n+1 (w − z) .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 35<<strong>br</strong> />

o resto da expansão para f(z) na forma <strong>de</strong> um polinômio <strong>de</strong> grau n. Porém, uma vez que |z − a| = r e<<strong>br</strong> />

|w − a| = r1 em C1, nota-se que<<strong>br</strong> />

|w − z| = |(w − a) − (z − a)| |w − a| − |z − a| = r1 − r > 0.<<strong>br</strong> />

Em consequência, se M > 0 é o módulo do maior valor <strong>de</strong> f(z) ao longo <strong>de</strong> C1, po<strong>de</strong>-se estabelecer um<<strong>br</strong> />

limite superior para |Rn+1 (z)|, dado por<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(z<<strong>br</strong> />

− a)<<strong>br</strong> />

|Rn+1 (z)| = <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

n+1 ˛<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

2πi (w − a) n+1 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(w − z) rn+1M rn 1 (r1<<strong>br</strong> />

n Mr r<<strong>br</strong> />

= .<<strong>br</strong> />

− r) r1 − r r1<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

Portanto, como r/r1 < 1, se n → ∞, o resto da série resultante ten<strong>de</strong>rá a zero,<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

n→∞ Rn+1 (z) = 0,<<strong>br</strong> />

e a série converge para f(z), o que <strong>de</strong>monstra o teorema <strong>de</strong> Taylor.<<strong>br</strong> />

No caso particular on<strong>de</strong> a = 0, a série <strong>de</strong> Taylor (1.31) para f(z) é <strong>de</strong>nominada série <strong>de</strong> Maclaurin<<strong>br</strong> />

(Colin Maclaurin, 1698–1746, matemático escocês).<<strong>br</strong> />

Com as fórmulas integrais <strong>de</strong> Cauchy (1.24) e a série <strong>de</strong> Taylor (1.31), ficam estabelecidas duas proprieda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

fundamentais das funções analíticas:<<strong>br</strong> />

1. Elas possuem <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> todas as or<strong>de</strong>ns.<<strong>br</strong> />

2. Elas sempre po<strong>de</strong>m ser representadas por uma série <strong>de</strong> Taylor.<<strong>br</strong> />

O mesmo não po<strong>de</strong> ser dito so<strong>br</strong>e as funções reais; existem funções reais que possuem <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> todas as<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>ns, mas que não po<strong>de</strong>m ser representadas por uma série <strong>de</strong> Taylor.<<strong>br</strong> />

As principais proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> potências po<strong>de</strong>m ser resumidas nos seguintes teoremas.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.21. Teoremas so<strong>br</strong>e séries <strong>de</strong> potências.<<strong>br</strong> />

1. Uma série <strong>de</strong> potências converge uniformemente e absolutamente em qualquer região interior ao seu<<strong>br</strong> />

raio <strong>de</strong> convergência.<<strong>br</strong> />

2. Uma série <strong>de</strong> potências po<strong>de</strong> ser diferenciada termo a termo em qualquer ponto interno ao seu raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

convergência.<<strong>br</strong> />

3. Uma série <strong>de</strong> potências po<strong>de</strong> ser integrada termo a termo ao longo <strong>de</strong> qualquer curva C, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que C<<strong>br</strong> />

esteja contida <strong>de</strong>ntro do seu círculo <strong>de</strong> convergência.<<strong>br</strong> />

4. Uma série <strong>de</strong> potências representa uma função analítica em cada ponto <strong>de</strong> seu círculo <strong>de</strong> convergência.<<strong>br</strong> />

Séries <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> funções elementares<<strong>br</strong> />

Séries <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> funções analíticas são similares às series <strong>de</strong> funções reais. Em geral, basta trocar a<<strong>br</strong> />

variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte real pela variável complexa z para que as séries reais sejam continuadas para o plano<<strong>br</strong> />

complexo. A lista a seguir mostra as séries <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> algumas funções elementares; no caso <strong>de</strong> funções<<strong>br</strong> />

plurívocas, a série apresentada representa o ramo principal.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 + z =<<strong>br</strong> />

e z =<<strong>br</strong> />

sen z =<<strong>br</strong> />

cos z =<<strong>br</strong> />

senh z =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

(−1) n z n<<strong>br</strong> />

z n<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

(−1) n z 2n+1<<strong>br</strong> />

(2n + 1)!<<strong>br</strong> />

(−1) n z 2n<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

z 2n+1<<strong>br</strong> />

(2n + 1)!<<strong>br</strong> />

= 1 − z + z 2 − · · · , |z| < 1 (1.32a)<<strong>br</strong> />

= 1 + z + z2<<strong>br</strong> />

+ · · · , |z| < ∞ (1.32b)<<strong>br</strong> />

2!<<strong>br</strong> />

z3 z5<<strong>br</strong> />

= z − + − · · · , |z| < ∞ (1.32c)<<strong>br</strong> />

3! 5!<<strong>br</strong> />

= 1 − z2 z4<<strong>br</strong> />

+ − · · · , |z| < ∞ (1.32d)<<strong>br</strong> />

2! 4!<<strong>br</strong> />

= z + z3 z5<<strong>br</strong> />

+ + · · · , |z| < ∞ (1.32e)<<strong>br</strong> />

3! 5!<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


36 1.8. Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

Figura 1.17: (a) Anel R1 |z − z0| R2 que representa a região <strong>de</strong> analiticida<strong>de</strong> da função. (b) Contornos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

integração interior (C1) e exterior (C2), utilizados para a <strong>de</strong>rivação da série <strong>de</strong> Laurent.<<strong>br</strong> />

cosh z =<<strong>br</strong> />

ln (1 + z) =<<strong>br</strong> />

1.8.4 Séries <strong>de</strong> Laurent<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

z 2n<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

(−1) n+1 z n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

= 1 + z2 z4<<strong>br</strong> />

+ + · · · , |z| < ∞ (1.32f)<<strong>br</strong> />

2! 4!<<strong>br</strong> />

= z − z2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ z3<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

− · · · , |z| < 1. (1.32g)<<strong>br</strong> />

Em muitas aplicações, é comum <strong>de</strong>parar-se com funções que não são analíticas so<strong>br</strong>e todo o plano<<strong>br</strong> />

complexo. 2 Tipicamente, estas funções não são analíticas em um ou vários pontos ou até em uma região<<strong>br</strong> />

do plano. Por consequência, séries <strong>de</strong> Taylor não po<strong>de</strong>m ser empregadas nas vizinhanças <strong>de</strong>stes pontos.<<strong>br</strong> />

Contudo, em muitos casos, uma representação em série contendo potências tanto positivas quanto negativas<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ainda ser obtida, a qual é válida nesta vizinhança. Esta série é <strong>de</strong>nominada série <strong>de</strong> Laurent e é<<strong>br</strong> />

válida para aquelas funções que são analiticas <strong>de</strong>ntro e so<strong>br</strong>e um anel caracterizado pelos raios R1 e R2<<strong>br</strong> />

(R1 < R2); isto é, a função é analítica nos pontos<<strong>br</strong> />

R1 |z − z0| R2,<<strong>br</strong> />

sendo z = a um dos pontos singulares da função. Esta situação está representada na figura 1.17a. A série<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Laurent foi obtida pela primeira vez pelo matemático francês Pierre Alphonse Laurent (1813 – 1854).<<strong>br</strong> />

Teorema 1.22. (Série <strong>de</strong> Laurent). Seja f(z) uma função analítica ao longo dos contornos circulares<<strong>br</strong> />

concêntricos C1 e C2, <strong>de</strong> raios R1 e R2 (R1 < R2), respectivamente, bem como na região anelar <strong>de</strong>limitada<<strong>br</strong> />

por C1 e C2. Então em cada ponto z nesta região, a função f(z) po<strong>de</strong> ser representada pela série<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

an (z − z0) n +<<strong>br</strong> />

an = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C2<<strong>br</strong> />

bn = 1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

f (z) dz<<strong>br</strong> />

(z − z0) n+1<<strong>br</strong> />

sendo cada contorno <strong>de</strong> integração realizado no sentido anti-horário.<<strong>br</strong> />

2 Isto é, não são inteiras.<<strong>br</strong> />

bn<<strong>br</strong> />

(z − z0) n , (1.33a)<<strong>br</strong> />

(1.33b)<<strong>br</strong> />

f (z)<<strong>br</strong> />

−n+1 dz, (1.33c)<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 37<<strong>br</strong> />

Demonstração. Realiza-se a integração ao longo do contorno mostrado na figura 1.17b. Como f(z) é analítica<<strong>br</strong> />

ao longo e no interior do contorno e z é um ponto que pertence a esta região, a fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

(1.22) po<strong>de</strong> ser utilizada, resultando em<<strong>br</strong> />

Na primeira integral, escreve-se<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

w − z =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

w − z0<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

f (w) dw<<strong>br</strong> />

w − z<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − (z−z0)<<strong>br</strong> />

(w−z0)<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f (w) dw<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2πi C1 w − z .<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

w − z0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

j=0<<strong>br</strong> />

w − z0<<strong>br</strong> />

sendo que a última i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é válida porque |z − z0| < |w − z0| = R2, para todo w ao longo <strong>de</strong> C2. Já na<<strong>br</strong> />

segunda integral, escreve-se<<strong>br</strong> />

− 1<<strong>br</strong> />

w − z =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

z − z0 − (w − z0) z − z0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

j w − z0<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

z − z0 z − z0<<strong>br</strong> />

1 − (w−z0)<<strong>br</strong> />

(z−z0)<<strong>br</strong> />

sendo que agora a última i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é válida porque |w − z0| = R1 < |z − z0|. Então, po<strong>de</strong>-se escrever f(z)<<strong>br</strong> />

como<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f (w) dw<<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

2πi C2<<strong>br</strong> />

j=0 (w − z0) j+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(z − z0) j ∞<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f (w) dw<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2πi C1<<strong>br</strong> />

j=0 (w − z0) −j<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(z − z0) j+1<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f (w) dw<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2πi (w − z0) j+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(z − z0) j ∞<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

1 f (w) dw<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2πi (w − z0) −j+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

, j<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

j=0<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> resulta (1.33).<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

Em (1.33a,b), a série com os coeficientes {an} é <strong>de</strong>nominada a parte analítica, ao passo que em (1.33a,c)<<strong>br</strong> />

a série com os coeficientes {bn} é <strong>de</strong>nominada a parte principal da série <strong>de</strong> Laurent. Se a parte principal<<strong>br</strong> />

for nula, a série <strong>de</strong> Laurent se reduz à série <strong>de</strong> Taylor (1.31).<<strong>br</strong> />

Uma vez que as funções f(z)/ (z − z0) n+1 e f(z)/ (z − z0) −n+1 são analíticas so<strong>br</strong>e toda a região R na<<strong>br</strong> />

figura 1.17b, qualquer contorno simples fechado C contido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste anel po<strong>de</strong> ser usado como caminho<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> integração, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que percorrido no sentido positivo, no lugar dos contornos circulares C1 e C2. Assim,<<strong>br</strong> />

a série <strong>de</strong> Laurent (1.33) po<strong>de</strong> ser generalizada como<<strong>br</strong> />

sendo<<strong>br</strong> />

f (z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n→−∞<<strong>br</strong> />

cn = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

1.8.5 Teoremas <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

cn (z − z0) n , (R1 < |z − z0| < R2) , (1.34a)<<strong>br</strong> />

f (z) dz<<strong>br</strong> />

n+1 , (n = 0, ±1, ±2, . . . ) . (1.34b)<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

A seguir serão apresentados, sem <strong>de</strong>monstração, dois teoremas <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> das séries <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Laurent. Demonstrações <strong>de</strong>stes teoremas po<strong>de</strong>m ser encontradas na bibliografia citada, em particular nos<<strong>br</strong> />

livros <strong>de</strong> Churchill et alli [? ] e Ablowitz & Fokas [? ].<<strong>br</strong> />

Teorema 1.23. (Teorema <strong>de</strong> existência). A série <strong>de</strong> Laurent (1.34a,b) <strong>de</strong> uma função f(z), analítica<<strong>br</strong> />

na região anelar R1 |z − z0| R2, converge uniformemente para f(z) para ρ1 |z − z0| ρ2, sendo<<strong>br</strong> />

R1 < ρ1 e R2 > ρ2.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.24. (Teorema <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong>). Dada uma função analítica f(z), se esta po<strong>de</strong> ser representada<<strong>br</strong> />

pela série uniformemente convergente<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

f(z) = bn (z − z0) n<<strong>br</strong> />

n→−∞<<strong>br</strong> />

na região anelar R1 |z − z0| R2, então bn = cn, para n = 0, ±1, ±2, . . . , sendo o coeficiente cn dado<<strong>br</strong> />

por (1.34b).<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

j=0<<strong>br</strong> />

,


38 1.8. Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

1.8.6 Algumas técnicas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> Taylor e Laurent<<strong>br</strong> />

Nos exemplos a seguir, serão ilustradas algumas das técnicas mais comuns para a construção das séries <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Taylor e Laurent. Em muitas situações, não ocorre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se calcular explicitamente os coeficientes<<strong>br</strong> />

{cn} da série, pois o teorema <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong> acima garante que qualquer série que represente uma função f(z)<<strong>br</strong> />

é, <strong>de</strong> fato, a única série <strong>de</strong> Laurent para a mesma. Usualmente, para se obter a série <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

dada função f(z), basta fazer uso <strong>de</strong> expansões <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> funções conhecidas e realizar substituições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma apropriada.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.14. Uso <strong>de</strong> séries geométricas.<<strong>br</strong> />

Seja<<strong>br</strong> />

Sabendo-se que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>-se escrever, para |z| < |a|:<<strong>br</strong> />

1 + z + z 2 + z 3 + · · · =<<strong>br</strong> />

f(z) = 1 1 1<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

z − a a 1 − z/a<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

z − a .<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

z n = 1<<strong>br</strong> />

, (|z| < 1) ,<<strong>br</strong> />

1 − z<<strong>br</strong> />

= − 1<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

n , (|z| < |a|) .<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

Esta é a série <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> f(z) em torno <strong>de</strong> z = 0. Seu raio <strong>de</strong> convergência é R = |a|, porque a uma<<strong>br</strong> />

distância R da origem existe o ponto z = a, on<strong>de</strong> f(z) não é analítica. Este é o único ponto on<strong>de</strong> f(z) não<<strong>br</strong> />

é analítica.<<strong>br</strong> />

Portanto, f(z) <strong>de</strong>ve possuir uma série <strong>de</strong> Laurent em torno <strong>de</strong> z = 0 válida para |z| > |a|. Escrevendo-se<<strong>br</strong> />

se |z| > |a|, |a/z| < 1 e é possível <strong>de</strong>senvolver:<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

f(z) = 1 1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

z − a z<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

z − a<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − a/z =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

n =<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − a/z ,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

n .<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

an , (|z| > |a|) .<<strong>br</strong> />

zn+1 Esta é a série <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong>sejada.<<strong>br</strong> />

A função f(z) po<strong>de</strong> ser espandida por este método em torno <strong>de</strong> qualquer ponto z = b:<<strong>br</strong> />

Então,<<strong>br</strong> />

ou<<strong>br</strong> />

f(z) = 1<<strong>br</strong> />

z − a =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(z − b) − (a − b)<<strong>br</strong> />

f(z) = − 1<<strong>br</strong> />

a − b<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

w n<<strong>br</strong> />

(a − b) n = − 1<<strong>br</strong> />

a − b<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.15. Decomposição em frações racionais.<<strong>br</strong> />

Seja<<strong>br</strong> />

w=z−b<<strong>br</strong> />

−−−−→<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

, (b = a) .<<strong>br</strong> />

w − (a − b)<<strong>br</strong> />

(z − b) n<<strong>br</strong> />

(a − b) n , (|z − b| < |a − b|)<<strong>br</strong> />

∞ (a − b) n<<strong>br</strong> />

n+1 , (|z − b| > |a − b|) .<<strong>br</strong> />

(z − b)<<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z 2 − (2 + i) z + 2i .<<strong>br</strong> />

Esta função não é analítica nos pontos z = i e z = 2; portanto, ela <strong>de</strong>ve possuir uma série <strong>de</strong> Taylor em<<strong>br</strong> />

torno <strong>de</strong> z = 0, válida para |z| < 1 e duas séries <strong>de</strong> Laurent em torno <strong>de</strong> z = 0, válidas para 1 < |z| < 2 e<<strong>br</strong> />

|z| > 2, respectivamente. Para se obter estas três séries, usa-se a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z 2 − (2 + i) z + 2i =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(z − i) (z − 2) 2 − i<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

z − 2 z − i<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

.


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 39<<strong>br</strong> />

Para |z| < 1. Neste caso, po<strong>de</strong>-se usar diretamente a série geométrica:<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

n = −1 = −1 , (|z| < 2)<<strong>br</strong> />

z − 2 2 1 − z/2 2 2<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

= i = i (−iz)<<strong>br</strong> />

z − i 1 + iz n , (|z| < 1) .<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

Subtraindo as séries, po<strong>de</strong>-se colocar em evidência fatores proporcionais à mesma potência <strong>de</strong> z,<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

− = −1<<strong>br</strong> />

z − 2 z − i 2<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

n ∞<<strong>br</strong> />

− i (−iz)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n ∞<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

2n+1 + (−1)n i n+1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z n ,<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se obtém a série <strong>de</strong> Taylor <strong>de</strong> f(z), válida para |z| < 1.<<strong>br</strong> />

Para 1 < |z| < 2. Neste caso, escreve-se:<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

n = −1 = −1 , (|z| < 2)<<strong>br</strong> />

z − 2 2 1 − z/2 2 2<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n 1 1 1 1 i<<strong>br</strong> />

= = , (|z| > 1) .<<strong>br</strong> />

z − i z 1 − i/z z z<<strong>br</strong> />

Subtraindo-se ambas as séries, obtém-se a série <strong>de</strong> Laurent para 1 < |z| < 2.<<strong>br</strong> />

Para |z| > 2. Neste caso, escreve-se:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z − 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z − i<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − 2/z<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 − i/z<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n 1 2<<strong>br</strong> />

= , (|z| > 2)<<strong>br</strong> />

z z<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n 1 i<<strong>br</strong> />

= , (|z| > 1) .<<strong>br</strong> />

z z<<strong>br</strong> />

Subtraindo-se ambas as séries, obtém-se a série <strong>de</strong> Laurent para |z| > 2, a qual é composta somente<<strong>br</strong> />

pela parte principal.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.16. Uso <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> Taylor conhecidas.<<strong>br</strong> />

Fazendo-se uso das séries <strong>de</strong> Taylor para as funções e z e sen z, expressões (1.32b) e (1.32c), respectivamente,<<strong>br</strong> />

as seguintes séries <strong>de</strong> Laurent po<strong>de</strong>m ser obtidas:<<strong>br</strong> />

sen z 2<<strong>br</strong> />

z 4<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

z2 ∞<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

ez 1 1<<strong>br</strong> />

= +<<strong>br</strong> />

z2 z2 z +<<strong>br</strong> />

e 1/z =1 +<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=1<<strong>br</strong> />

(−1) n z 4n−2<<strong>br</strong> />

(2n + 1)!<<strong>br</strong> />

∞ zn−2 n!<<strong>br</strong> />

n=2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

n!z n<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

1 z2 z6 z10<<strong>br</strong> />

= − + − + · · · , |z| > 0<<strong>br</strong> />

z2 3! 5! 7!<<strong>br</strong> />

= 1 1 1 z z2<<strong>br</strong> />

+ + + + + · · · , |z| > 0<<strong>br</strong> />

z2 z 2! 3! 4!<<strong>br</strong> />

= 1 + 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

+ 1<<strong>br</strong> />

2!z<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.17. Obtenção da série <strong>de</strong> Laurent por diferenciação.<<strong>br</strong> />

Seja, por exemplo,<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

f(z) = 2 .<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

+ + · · · , |z| > 0.<<strong>br</strong> />

2 3!z3 Para esta função, não se po<strong>de</strong> aplicar diretamente a expressão para a série geométrica. Contudo, sabendo-se<<strong>br</strong> />

que para z = 0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1 d 1<<strong>br</strong> />

2 = ,<<strong>br</strong> />

(z − 1) dz 1 − z<<strong>br</strong> />

agora po<strong>de</strong>-se usar a série geométrica, resultando<<strong>br</strong> />

1 d<<strong>br</strong> />

f(z) = 2 =<<strong>br</strong> />

(z − 1) dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1 − z<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

z n .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

n=0


40 1.8. Representação em séries <strong>de</strong> funções analíticas<<strong>br</strong> />

Esta série po<strong>de</strong> ser diferenciada termo a termo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu círculo <strong>de</strong> convergência (|z| < 1), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

obtém:<<strong>br</strong> />

∞ 1<<strong>br</strong> />

f(z) = 2 = (n + 1) z<<strong>br</strong> />

(z − 1) n = 1 + 2z + 3z 2 + 4z 3 + · · · .<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.18. Obtenção da série <strong>de</strong> Laurent por integração.<<strong>br</strong> />

Seja, por exemplo,<<strong>br</strong> />

f(z) = ln (1 + z) = ln |1 + z| + i arg (1 + z) ,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> se assume que o plano z fica restrido ao ramo principal da função logarítmica.<<strong>br</strong> />

Sabendo-se que<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

dw<<strong>br</strong> />

ln (1 + z) = , então ln (1 + z) =<<strong>br</strong> />

dz 1 + z 0 1 + w ,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

e integrar termo a termo:<<strong>br</strong> />

ln (1 + z) =<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 + z = 1 − z + z2 − z 3 + z 4 + · · · =<<strong>br</strong> />

dw<<strong>br</strong> />

1 + w =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

(−1) n<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

ˆ z<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

w n dw =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

1.8.7 Séries <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> funções elementares<<strong>br</strong> />

(−1) n z n , (|z| < 1) ,<<strong>br</strong> />

(−1) n z n+1<<strong>br</strong> />

n + 1<<strong>br</strong> />

= z − z2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ z3<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

− z4<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

+ · · · .<<strong>br</strong> />

Sem <strong>de</strong>monstração, apresenta-se a seguir algumas séries <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> funções elementares <strong>de</strong>senvolvidas<<strong>br</strong> />

em torno <strong>de</strong> z0 = 0:<<strong>br</strong> />

cotan z = 1 z z3 2z5<<strong>br</strong> />

− − −<<strong>br</strong> />

z 3 45<<strong>br</strong> />

945 − · · · − (−1)n−1 22nB2n (2n)!<<strong>br</strong> />

z 2n−1 − · · · (|z| < π) (1.35a)<<strong>br</strong> />

cotanh z = 1 z z3 2z5<<strong>br</strong> />

+ − +<<strong>br</strong> />

z 3 45 945 − · · · + 22nB2n (2n)! z2n−1 + · · · (|z| < π) (1.35b)<<strong>br</strong> />

cosec z = 1 z 7z3 31z5<<strong>br</strong> />

+ + +<<strong>br</strong> />

z 6 360 15120 + · · · + (−1)n−1 2 22n−1 − 1 B2n<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

2n−1 + · · · (|z| < π) (1.35c)<<strong>br</strong> />

cosech z = 1 z 7z3 31z5<<strong>br</strong> />

− + −<<strong>br</strong> />

z 6 360 15120 + · · · − 2 22n−1 − 1 B2n<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(2n)!<<strong>br</strong> />

2n−1 + · · · (|z| < π) , (1.35d)<<strong>br</strong> />

sendo {Bn} os números <strong>de</strong> Bernoulli, dados por<<strong>br</strong> />

B0 = 1, B1 = − 1<<strong>br</strong> />

2 , B2 = 1<<strong>br</strong> />

6 , B4 = − 1<<strong>br</strong> />

30 , B6 = 1<<strong>br</strong> />

42 , B2n−1<<strong>br</strong> />

n−1 <<strong>br</strong> />

= 0, Bn = −n!<<strong>br</strong> />

1.8.8 Classificação <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

k=0<<strong>br</strong> />

Bk<<strong>br</strong> />

k! (n + 1 − k)!<<strong>br</strong> />

(n 2) .<<strong>br</strong> />

Na seção 1.8.6 observou-se que sempre que a função f(z) possui alguma singularida<strong>de</strong> em um dado<<strong>br</strong> />

ponto z0, a sua série <strong>de</strong> Laurent possui uma parte principal não nula, a qual po<strong>de</strong> conter um número finito<<strong>br</strong> />

ou infinito <strong>de</strong> termos. O número <strong>de</strong> termos contidos na parte principal serve como um critério adicional,<<strong>br</strong> />

alternativo aos critérios <strong>de</strong>finidos na seção 1.4.7, <strong>de</strong> classificação do tipo <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong> que f(z) possui<<strong>br</strong> />

em z0.<<strong>br</strong> />

1.8.8.1 Polos<<strong>br</strong> />

Se a série <strong>de</strong> Laurent da função f(z) possuir um número finito <strong>de</strong> termos na sua parte principal, então<<strong>br</strong> />

esta singularida<strong>de</strong> é um polo, cuja or<strong>de</strong>m é dada pela potência mais alta na parte principal.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.19. Polos.<<strong>br</strong> />

A função<<strong>br</strong> />

f(z) = e2z<<strong>br</strong> />

3 =<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

possui um polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 3 em z = 1.<<strong>br</strong> />

e2 2e2 2e2<<strong>br</strong> />

3 + 2 +<<strong>br</strong> />

(z − 1) (z − 1) z − 1<<strong>br</strong> />

+ 4<<strong>br</strong> />

3 e2 + 2<<strong>br</strong> />

3 e2 (z − 1) + · · · (1.36)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


1.8.8.2 Singularida<strong>de</strong>s essenciais<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 41<<strong>br</strong> />

Se a série <strong>de</strong> Laurent da função f(z) possuir um número infinito <strong>de</strong> termos na sua parte principal, então<<strong>br</strong> />

a função possui uma singularida<strong>de</strong> essencial.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.20. Singularida<strong>de</strong>s essenciais.<<strong>br</strong> />

A função<<strong>br</strong> />

f(z) = e 1/z = 1 + 1 1 1<<strong>br</strong> />

+ + + · · ·<<strong>br</strong> />

z 2!z2 3!z3 possui uma singularida<strong>de</strong> essencial em z = 0.<<strong>br</strong> />

1.8.8.3 Singularidaes removíveis<<strong>br</strong> />

Neste caso, a série <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> f(z) possui apenas parte analítica.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.21. Singularida<strong>de</strong>s removíveis.<<strong>br</strong> />

A função<<strong>br</strong> />

sen z<<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

possui uma singularida<strong>de</strong> removível em z = 0.<<strong>br</strong> />

z2 z4 z6<<strong>br</strong> />

= 1 − + − + · · ·<<strong>br</strong> />

3! 5! 7!<<strong>br</strong> />

1.9 Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Nesta seção, o teorema <strong>de</strong> Cauchy será estendido a casos on<strong>de</strong> o integrando não é analítico; por exemplo,<<strong>br</strong> />

se o integrando possui pontos singulares isolados. Cada singularida<strong>de</strong> isolada contribui com um termo ao<<strong>br</strong> />

resultado da integral, sendo este termo proporcional ao resíduo da singularida<strong>de</strong>. Esta proprieda<strong>de</strong>, discutida<<strong>br</strong> />

pelo teorema dos resíduos, é muito útil para o cálculo <strong>de</strong> integrais <strong>de</strong>finidas, não somente no plano complexo,<<strong>br</strong> />

mas também puramente reais. Em muitas situações, o teorema dos resíduos consiste no único método capaz<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> resolver a integral. O mesmo teorema também é útil na solução <strong>de</strong> certas equações diferenciais ordinárias<<strong>br</strong> />

ou parciais.<<strong>br</strong> />

1.9.1 Resíduos<<strong>br</strong> />

Seja f(z) unívoca e analítica no interior e so<strong>br</strong>e um contorno fechado simples C, exceto em um ponto<<strong>br</strong> />

z = z0, o qual por hipótese é interno a C. Se o ponto z0 é uma singularida<strong>de</strong> isolada <strong>de</strong> f(z), então existe,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> acordo com o teorema 1.22, um número real R1 > 0 tal que para 0 < |z − z0| < R1 a função f(z) po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser <strong>de</strong>senvolvida em termos <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> Laurent (1.34),<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

f(z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

Em particular, para n = −1 obtém-se que<<strong>br</strong> />

cn (z − z0) n + c−1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

z − z0<<strong>br</strong> />

cn = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

c−1 = 1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

f(z)dz<<strong>br</strong> />

n+1 .<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

c−2<<strong>br</strong> />

2 + · · · , (1.37)<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

f(z)dz. (1.38)<<strong>br</strong> />

O número complexo c−1, o qual é o coeficiente <strong>de</strong> 1/ (z − z0) na expansão (1.37), é <strong>de</strong>nominado o resíduo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f(z) no ponto singular isolado z0.<<strong>br</strong> />

Este resultado também po<strong>de</strong> ser obtido <strong>de</strong> uma maneira mais formal integrando-se (1.37) em ambos os<<strong>br</strong> />

lados ao longo <strong>de</strong> C:<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

dz f(z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

cn<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

dz (z − z0) n ˛<<strong>br</strong> />

+ dz<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

c−1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

+ dz<<strong>br</strong> />

z − z0 C<<strong>br</strong> />

De acordo com o teorema <strong>de</strong> Cauchy (teorema (1.10)) ou com o exemplo (1.9),<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

n+1 = 2πiδn0,<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

c−2<<strong>br</strong> />

2 + · · · .<<strong>br</strong> />

(z − z0)<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


42 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

resultando em ˛<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> resulta o resíduo (1.38).<<strong>br</strong> />

É comum usar-se também a notação<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Res f (z0) ≡ 1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

dz f(z) = 2πic−1,<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z)dz = c−1.<<strong>br</strong> />

A fórmula (1.38) consiste em um método po<strong>de</strong>roso para calcular certas integrais ao longo <strong>de</strong> contornos<<strong>br</strong> />

simples fechados. Para tanto, basta conhecer o valor do coeficiente c−1 da série <strong>de</strong> Laurent associada à<<strong>br</strong> />

função que está sendo integrada.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.22. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

e−zdz 2 , sendo C<strong>de</strong>finido por |z| = 2.<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

Solução. O único ponto singular do integrando é z = 1, um polo simples interior à circunferência |z| = 2.<<strong>br</strong> />

Desenvolvendo e −z em uma série <strong>de</strong> Taylor em torno do ponto z = 1, resulta a série <strong>de</strong> Laurent<<strong>br</strong> />

e −z<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

2 = e−1<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

z − 1<<strong>br</strong> />

2 − e−1<<strong>br</strong> />

cujo resíduo em z = 1 é c−1 = −e −1 . Portanto,<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.23. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

+ e−1<<strong>br</strong> />

ao longo do mesmo contorno do exemplo anterior.<<strong>br</strong> />

∞ (−1) n<<strong>br</strong> />

(z − 1)<<strong>br</strong> />

n!<<strong>br</strong> />

n−2 , (|z − 1| > 0) ,<<strong>br</strong> />

n=2<<strong>br</strong> />

e−zdz 2 = −2πi<<strong>br</strong> />

(z − 1) e .<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

z2 <<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

Solução. O ponto singular do integrando agora é z = 0, a qual é uma singularida<strong>de</strong> essencial. Empregando<<strong>br</strong> />

a série <strong>de</strong> MacLaurin para e z , po<strong>de</strong>-se escrever<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

z2 <<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∞ 1 1 1<<strong>br</strong> />

= 1 + + + · · · , (|z| > 0) .<<strong>br</strong> />

n!z2n z2 2!z4 n=0<<strong>br</strong> />

Portanto, o resíduo em z = 0 é c−1 = 0 e, assim,<<strong>br</strong> />

˛ <<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

z2 <<strong>br</strong> />

dz = 0.<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Observação. Se f(z) for uma função analítica em z = z0, o resíduo Res f(z) = c−1 é, obviamente zero.<<strong>br</strong> />

Contudo, se z0 for um ponto singular isolado, o resíduo neste ponto po<strong>de</strong> ou não ser nulo.<<strong>br</strong> />

1.9.2 Teorema dos resíduos<<strong>br</strong> />

Se uma função f(z) possui um número finito <strong>de</strong> pontos singulares no interior <strong>de</strong> algum contorno simples<<strong>br</strong> />

fechado C, a integral <strong>de</strong> f(z) ao longo <strong>de</strong>ste contorno será dada pela soma dos respectivos resíduos da<<strong>br</strong> />

função. Este resultado é garantido pelo teorema dos resíduos <strong>de</strong> Cauchy, <strong>de</strong>scrito a seguir.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.25. (Teorema dos resíduos). Seja f(z) uma função analítica no interior e ao longo <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

contorno simples fechado C, exceto em um número finito <strong>de</strong> pontos singulares isolados z1, . . . , zn localizados<<strong>br</strong> />

no interior <strong>de</strong> C. Se bj = Res f (zj) (j = 1, . . . , n) são os respectivos resíduos <strong>de</strong> f(z) nestes pontos<<strong>br</strong> />

singulares, então<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

f(z)dz = 2πi bj = 2πi (b1 + b2 + · · · + bn) . (1.39)<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 43<<strong>br</strong> />

Figura 1.18: Contorno C utilizado na <strong>de</strong>monstração do teorema dos resíduos. Os pontos {zj} (j = 1, . . . , n) são<<strong>br</strong> />

pontos singulares do integrando.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Consi<strong>de</strong>ra-se o contorno exterior C representado na figura 1.18. Deformando-se este contorno<<strong>br</strong> />

com os segmentos <strong>de</strong> reta e as circunferências {Cj} ilustradas na figura, o contorno B = C + <<strong>br</strong> />

j (−Cj)<<strong>br</strong> />

passa a ser simplesmente conexo. Então, <strong>de</strong> acordo com o teorema <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação do contorno (teorema<<strong>br</strong> />

1.12), resulta<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f(z)dz = f(z)dz.<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

Como f(z) possui uma expansão <strong>de</strong> Laurent (1.37) em torno <strong>de</strong> cada ponto singular zj, resulta a expressão<<strong>br</strong> />

(1.39).<<strong>br</strong> />

1.9.3 Cálculo <strong>de</strong> resíduos<<strong>br</strong> />

Alguns métodos básicos <strong>de</strong> obtenção dos resíduos <strong>de</strong> uma função f(z) serão agora discutidos.<<strong>br</strong> />

1.9.3.1 Primeiro método: direto da <strong>de</strong>finição<<strong>br</strong> />

Calcula-se o resíduo <strong>de</strong> f(z) no ponto z0 direto da <strong>de</strong>finição<<strong>br</strong> />

(1.38),<<strong>br</strong> />

Res f (z0) = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

f(z)dz,<<strong>br</strong> />

2πi C<<strong>br</strong> />

sendo C o contorno que envolve somente o ponto singular z0.<<strong>br</strong> />

Este método é pouco utilizado, mas po<strong>de</strong> ser útil se f(z) tem<<strong>br</strong> />

a primitiva (F ′ (z) = f(z)) conhecida e possui um ponto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ramificação em z = z0.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.24. Calcule resíduo <strong>de</strong> f(z) = 1/z em z = 0.<<strong>br</strong> />

Solução. Esta função possui a primitiva conhecida, F (z) =<<strong>br</strong> />

ln z, sendo que o ponto z = 0 é um ponto <strong>de</strong> ramificação, com<<strong>br</strong> />

a linha <strong>de</strong> ramificação ao longo do eixo real positivo. No ramo<<strong>br</strong> />

principal, F (z) = ln r + iθ, on<strong>de</strong> z = reiθ . Para evitar a linha<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ramificação, o contorno C <strong>de</strong>ve ser inicialmente disconexo<<strong>br</strong> />

(aberto), sendo o mesmo fechado por um processo <strong>de</strong> limite,<<strong>br</strong> />

conforme mostra a figura 1.19. Assim,<<strong>br</strong> />

Res f (z0 = 0) = 1<<strong>br</strong> />

2πi lim<<strong>br</strong> />

B→A<<strong>br</strong> />

ˆ B<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

1.9.3.2 Segundo método: polos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m m em z = z0<<strong>br</strong> />

Cj<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Figura 1.19: Contorno <strong>de</strong> integração para o<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

exemplo 1.24.<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(ln B − ln A) =<<strong>br</strong> />

B→A 2πi lim i (2π − ɛ) = 1.<<strong>br</strong> />

ɛ→0<<strong>br</strong> />

Se f(z) é analítica no interior e ao longo <strong>de</strong> um contorno fechado simples C, exceto por um polo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>m m em z = z0, então<<strong>br</strong> />

Res f (z0) =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(m − 1)!<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

d m−1<<strong>br</strong> />

dz m−1 [(z − z0) m f(z)] .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


44 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Demonstração. Se f(z) possui um polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m m em z = z0, então da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> polo (1.16) e pela<<strong>br</strong> />

proprieda<strong>de</strong> das séries <strong>de</strong> Laurent (1.36), segue ser possível escrever f(z) = g(z)/ (z − z0) m , sendo g(z) uma<<strong>br</strong> />

função analítica em R. Então<<strong>br</strong> />

Res f (z0) = 1<<strong>br</strong> />

2πi<<strong>br</strong> />

Pela fórmula integral <strong>de</strong> Cauchy (1.24), resulta<<strong>br</strong> />

Res f (z0) =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(m − 1)! g(m−1) (z0)<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

f(z)dz = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

g(z)<<strong>br</strong> />

2πi C (z − z0) m dz.<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(m − 1)!<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.25. Calcule os resíduos <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(a) f(z) =<<strong>br</strong> />

2 .<<strong>br</strong> />

(z − 1) (z + 1)<<strong>br</strong> />

Solução. Os polos são: z = 1 (polo simples) e z = −1 (polo duplo). Então,<<strong>br</strong> />

Res f(1) = lim<<strong>br</strong> />

z→1 (z − 1)<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

Res f(−1) = lim<<strong>br</strong> />

z→−1 dz<<strong>br</strong> />

tan z<<strong>br</strong> />

(b) f(z) = .<<strong>br</strong> />

z2 Solução. Há somente um polo simples em z = 0, pois<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

z→0<<strong>br</strong> />

z 1<<strong>br</strong> />

2 =<<strong>br</strong> />

(z − 1) (z + 1) 4 ,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(z + 1) 2 z<<strong>br</strong> />

(z − 1) (z + 1) 2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

tan z sen z<<strong>br</strong> />

z = lim lim<<strong>br</strong> />

z2 z→0 z z→0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= 1.<<strong>br</strong> />

cos z<<strong>br</strong> />

Portanto, Res f(0) = 1.<<strong>br</strong> />

(c) f(z) = cot z.<<strong>br</strong> />

Solução. Os polos são z = nπ, os quais são <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m. Então,<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

= − 1<<strong>br</strong> />

4 .<<strong>br</strong> />

d m−1<<strong>br</strong> />

dz m−1 [(z − z0) m f(z)] .<<strong>br</strong> />

z − nπ<<strong>br</strong> />

Res f (nπ) = lim (z − nπ) cot z = lim cos z lim<<strong>br</strong> />

z→nπ z→nπ z→nπ sen z = (−1)n (−1) n = 1.<<strong>br</strong> />

1.9.3.3 Terceiro método: resíduo <strong>de</strong> uma função racional<<strong>br</strong> />

Este método se aplica quando a função f(z) possui um polo simples em z0 e po<strong>de</strong> ser escrita na forma<<strong>br</strong> />

racional<<strong>br</strong> />

f(z) = p(z)<<strong>br</strong> />

q(z) ,<<strong>br</strong> />

sendo p(z) e q(z) funções analíticas, com q (z0) = 0 e p (z0) = 0. Neste caso,<<strong>br</strong> />

Res f (z0) =<<strong>br</strong> />

p (z0)<<strong>br</strong> />

q ′ (z0) , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que q′ (z0) = 0.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Como z0 por hipótese é um polo simples, po<strong>de</strong>-se escrever<<strong>br</strong> />

(z − z0) f(z) = (z − z0) p (z0) + p ′ (z0) (z − z0) + p ′′ (z0) (z − z0) 2 /2! + · · ·<<strong>br</strong> />

q (z0) +q ′ (z0) (z − z0) + q ′′ (z0) (z − z0) 2 /2! + · · ·<<strong>br</strong> />

Então,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

=0<<strong>br</strong> />

= p (z0) + p ′ (z0) (z − z0) + p ′′ (z0) (z − z0) 2 /2! + · · ·<<strong>br</strong> />

q ′ (z0) + q ′′ .<<strong>br</strong> />

(z0) (z − z0) /2! + · · ·<<strong>br</strong> />

p (z0)<<strong>br</strong> />

Res f (z0) = lim (z − z0) f(z) =<<strong>br</strong> />

z→z0<<strong>br</strong> />

q ′ (z0) .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Exemplo 1.26. Calcule o resíduo em z = 0 para<<strong>br</strong> />

Solução. O resíduo é dado por:<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 45<<strong>br</strong> />

f(z) = ez<<strong>br</strong> />

sen z .<<strong>br</strong> />

Res f(0) = ez<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

cos z<<strong>br</strong> />

z=0<<strong>br</strong> />

= 1.<<strong>br</strong> />

1.9.3.4 Quarto método: pelo <strong>de</strong>sevolvimento em série <strong>de</strong> Laurent<<strong>br</strong> />

Quando z = z0 é uma singularida<strong>de</strong> essencial, este é o único método disponível. Deve-se então primeiramente<<strong>br</strong> />

construir a série <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> f(z) a partir dos métodos discutidos na seção 1.8.6, ou a partir <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

outro método. Então, o resíduo será simplesmente fornecido pelo coeficiente c−1, <strong>de</strong> acordo com a <strong>de</strong>finição<<strong>br</strong> />

(1.38).<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.27. Calcule o resíduo <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

(a) f(z) = e 1/z em z = 0.<<strong>br</strong> />

Solução. De acordo com o exemplo 1.16,<<strong>br</strong> />

e 1/z = 1 + 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

+ +<<strong>br</strong> />

2!z2 3!z3 + · · · , (c−1 = 1) ,<<strong>br</strong> />

então Res f(0) = 1.<<strong>br</strong> />

(b) f(z) = e−1/z2 em z = 0.<<strong>br</strong> />

Solução. Aqui po<strong>de</strong>-se usar novamente o exemplo 1.16, resultando<<strong>br</strong> />

então Res f(0) = 0.<<strong>br</strong> />

e −1/z2<<strong>br</strong> />

= 1 − 1 1 1<<strong>br</strong> />

+ −<<strong>br</strong> />

z2 2!z4 3!z6 + · · · , (c−1 = 0) ,<<strong>br</strong> />

1.9.4 Cálculo <strong>de</strong> integrais <strong>de</strong>finidas ou impróprias<<strong>br</strong> />

O teorema dos resíduos po<strong>de</strong> ser usado para calcular uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrais, tanto <strong>de</strong>finidas<<strong>br</strong> />

quanto impróprias, reais ou complexas. É necessário, contudo, escolher-se o contorno integração C <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

forma a<strong>de</strong>quada. Alguns do procedimentos mais frequêntes são ilustrados nas seções seguintes. As integrais<<strong>br</strong> />

ilustradas po<strong>de</strong>m aparecer em problema físicos, especialmente na solução <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> contorno em<<strong>br</strong> />

equações diferenciais parciais.<<strong>br</strong> />

1.9.4.1 Integrais do tipo I: funções racionais<<strong>br</strong> />

Aqui serão consi<strong>de</strong>radas integrais do tipo<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

N(x)<<strong>br</strong> />

D(x) dx,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> N(x) e D(x) são dois polinômios reais que satisfazem as seguintes condições:<<strong>br</strong> />

1. D(x) = 0, ∀x ∈ , isto é, D(x) não possui raízes no eixo real. Isto implica que o grau do polinômio é<<strong>br</strong> />

necessariamente par.<<strong>br</strong> />

2. O grau <strong>de</strong> D(x) é maior que o grau <strong>de</strong> N(x) por um fator <strong>de</strong> 2, no mínimo.<<strong>br</strong> />

A última hipótese é necessária para garantir a convergência da integral.<<strong>br</strong> />

Consi<strong>de</strong>ra-se então a seguinte integral <strong>de</strong> contorno<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

N(z) N(x) N(z)<<strong>br</strong> />

dz = dx +<<strong>br</strong> />

D(z) −R D(x) CR D(z) dz,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> R > 0. As funções N(z) e D(z) são as continuações analíticas dos polinômios reais para o plano<<strong>br</strong> />

complexo, obtidas pela substituição (x → z). A curva simples CR consiste em um semi-círculo <strong>de</strong> raio R<<strong>br</strong> />

localizado ou no semi-plano complexo superior ou no inferior e que fecha o contorno C com a reta [−R, R]<<strong>br</strong> />

no eixo real, conforme é ilustrado na figura 1.20. Desta forma, o contorno fechado C po<strong>de</strong> envolver parte<<strong>br</strong> />

das ou todas as N raízes <strong>de</strong> D(z) no semi-plano superior ({zj}, on<strong>de</strong> j = 1, . . . , N) quando CR está nesta<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


46 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Figura 1.20: (a) Contorno CR no semi-plano superior. (b) Contorno CR no semi-plano inferior.<<strong>br</strong> />

região (figura 1.20a) ou os seus complexos conjugados ({¯zj} , j = 1, . . . , N) quando CR está no semi-plano<<strong>br</strong> />

inferior (figura 1.20b). Ao se fazer R → ∞, o contorno C engloba todas as N raízes <strong>de</strong> D(z) em um dos<<strong>br</strong> />

semi-planos.<<strong>br</strong> />

Portanto, pelo teorema dos resíduos (1.39),<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞ C<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

dz = lim<<strong>br</strong> />

D(z) R→∞ −R<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

N(x)<<strong>br</strong> />

dx + lim<<strong>br</strong> />

D(x) R→∞ CR<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

D(z)<<strong>br</strong> />

sendo {zj} as raízes <strong>de</strong> D(z) englobadas por C. Portanto,<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

N(x)<<strong>br</strong> />

N(x)<<strong>br</strong> />

dx = lim<<strong>br</strong> />

dx = 2πi Res<<strong>br</strong> />

−∞ D(x) R→∞ −R D(x) N(z)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

D(z)<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

dz = 2πi<<strong>br</strong> />

z=zj<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

Res N(z)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

D(z)<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

z=zj<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

− lim<<strong>br</strong> />

R→∞ CR D(z) dz.<<strong>br</strong> />

Mostra-se agora, por intermédio <strong>de</strong> um teorema, que a integral ao longo <strong>de</strong> CR se anula quando R → ∞,<<strong>br</strong> />

bastando para isso que |N(z)/D(z)| → 1/ z 2 quando |z| → ∞.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.26. Seja F (z) uma função analítica ao longo do semi-círculo CR, <strong>de</strong> raio R, tal que |F (z)| <<strong>br</strong> />

M/R k , sendo z = Re iθ e on<strong>de</strong> k > 1 e M são constantes, então<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

F (z)dz = 0.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Pela proprieda<strong>de</strong> (5) das integrais <strong>de</strong> linha (seção 1.5.2), sendo A = max (|F (z)|) ao longo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> CR e L a extensão <strong>de</strong> CR, então <<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

Assim,<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F (z)dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim F (z)dz = lim<<strong>br</strong> />

R→∞ CR<<strong>br</strong> />

Corolário. Seja F (z) uma função racional,<<strong>br</strong> />

com m n + 2, então<<strong>br</strong> />

M πM<<strong>br</strong> />

πR = .<<strong>br</strong> />

Rk Rk−1 R→∞<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F (z)dz<<strong>br</strong> />

= 0.<<strong>br</strong> />

F (z) = N(z)<<strong>br</strong> />

D(z) = anzn + an−1zn−1 + · · · + a1z + a0<<strong>br</strong> />

bmzm + bm−1zm−1 ,<<strong>br</strong> />

+ · · · + b1z + b0<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞ CR<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

dz = 0.<<strong>br</strong> />

D(z)<<strong>br</strong> />

Demonstração. De acordo com o teorema 1.26, ao longo <strong>de</strong> CR,<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

D(z) dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

|an| Rn + |an−1| Rn−1 + · · · + |a0|<<strong>br</strong> />

Então<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

N(z)<<strong>br</strong> />

D(z) dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

||bm| R m − |bm−1| R m−1 − · · · − |b0|| πR.<<strong>br</strong> />

π |an| R<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

n+1<<strong>br</strong> />

|bm| Rm = lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

π |an|<<strong>br</strong> />

|bm|<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= 0.<<strong>br</strong> />

Rm−n+1 Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

,


Assim, <strong>de</strong> acordo com o teorema 1.26, resulta<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.28. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 47<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

N(x)<<strong>br</strong> />

dx = 2πi<<strong>br</strong> />

D(x)<<strong>br</strong> />

dx<<strong>br</strong> />

x2 , (sendo a > 0) .<<strong>br</strong> />

+ a2 N<<strong>br</strong> />

Res N(z)<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

D(z)<<strong>br</strong> />

Solução. Como F (z) = 1/ z2 + a2 satisfaz a condição estipulada<<strong>br</strong> />

no teorema 1.26, então<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

z2 = 0.<<strong>br</strong> />

+ a2 Por outro lado, as raízes <strong>de</strong> D(z) são z = ±ia. Po<strong>de</strong>-se escolher<<strong>br</strong> />

CR <strong>de</strong>ntro do semi-plano superior ou inferior. Escolhendo-se<<strong>br</strong> />

CR conforme a figura ao lado, temos <strong>de</strong> (1.40),<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

I = 2πi Res<<strong>br</strong> />

z2 + a2 <<strong>br</strong> />

z=ia<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

z=zj<<strong>br</strong> />

. (1.40)<<strong>br</strong> />

Figura 1.21: Contorno <strong>de</strong> integração para integrais<<strong>br</strong> />

do tipo I.<<strong>br</strong> />

Pelo método <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> resíduos para funções que possuem polos no plano complexo, apresentado na<<strong>br</strong> />

seção 1.9.3.2,<<strong>br</strong> />

I = 2πi lim<<strong>br</strong> />

z→ia<<strong>br</strong> />

z − ia<<strong>br</strong> />

z2 1 π<<strong>br</strong> />

= 2πi =<<strong>br</strong> />

+ a2 2ia a .<<strong>br</strong> />

Se o contorno escolhido fosse no semi-plano inferior o resultado seria o mesmo.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.29. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

x 2<<strong>br</strong> />

x 4 + 1 dx.<<strong>br</strong> />

Solução. A função F (z) = z2 / z4 + 1 novamente satisfaz a condição estipulada no teorema 1.26. Agora<<strong>br</strong> />

as 4 raízes <strong>de</strong> D(z) são <strong>de</strong>terminadas pela equação z4 = −1 = eiπ , resultando em (ver eq. 1.9) z1 = eiπ/4 ,<<strong>br</strong> />

z2 = ei3π/4 , z3 = ei5π/4 e z4 = ei7π/4 . Traçando novamente CR no semi-plano superior, somente será<<strong>br</strong> />

necessário consi<strong>de</strong>rar as raízes z1 e z2. Então,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

I = 2πi Res<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z4 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ 1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

+ Res<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z4 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

+ 1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Pelo método apresentado na seção 1.9.3.3, resulta<<strong>br</strong> />

2 z1 I = 2πi<<strong>br</strong> />

4z3 +<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z2 2<<strong>br</strong> />

4z3 <<strong>br</strong> />

−iπ/4 e e−i3π/4<<strong>br</strong> />

= 2πi + = π<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4 4<<strong>br</strong> />

eiπ/4 + e−iπ/4 <<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

= π cos =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

π √ .<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z=z1<<strong>br</strong> />

z=z2<<strong>br</strong> />

1.9.4.2 Integrais do tipo II: funções racionais <strong>de</strong> funções trigonométricas<<strong>br</strong> />

Agora serão consi<strong>de</strong>radas integrais do tipo<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

F (sen θ, cos θ) dθ,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> F (sen θ, cos θ) é uma função racional <strong>de</strong> sen θ e cos θ.<<strong>br</strong> />

Realizando a substituição<<strong>br</strong> />

z = e iθ , dz = ie iθ dθ<<strong>br</strong> />

e usando cos θ = e iθ + e −iθ /2 = (z + 1/z) /2 e sen θ = e iθ − e −iθ /2i = (z − 1/z) /2i, resulta<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

F (sen θ, cos θ) dθ =<<strong>br</strong> />

C0<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

iz F<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z − 1/z<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

2i<<strong>br</strong> />

z + 1/z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


48 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

sendo C0 a circunferência <strong>de</strong> raio unitário centrada na origem. Como F (x, y) é uma função racional, a<<strong>br</strong> />

integral complexa acima po<strong>de</strong> ser obtida a partir do teorema dos resíduos, os quais serão <strong>de</strong>terminados<<strong>br</strong> />

novamente pelas raízes <strong>de</strong> um polinômio. Portanto, se o polinômio resultante no <strong>de</strong>nominador possui N<<strong>br</strong> />

raízes <strong>de</strong>ntro do círculo <strong>de</strong> raio unitário, <strong>de</strong>terminadas pelo conjunto {zj} (j = 1, . . . , N),<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.30. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

F (sen θ, cos θ) dθ = 2πi<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

Solução. Realizando a transformação z = e iθ , resulta<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

O integrando possui os seguintes polos:<<strong>br</strong> />

• z = 0: polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 3.<<strong>br</strong> />

• z = 1/2: polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 1.<<strong>br</strong> />

cos 3θ = ei3θ + e −i3θ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Res<<strong>br</strong> />

iz F<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z − 1/z<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

2i<<strong>br</strong> />

z + 1/z<<strong>br</strong> />

cos 3θ<<strong>br</strong> />

5 − 4 cos θ dθ.<<strong>br</strong> />

= z3 + z −3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

I = 1<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

dz z<<strong>br</strong> />

2 C0 iz<<strong>br</strong> />

6 + 1<<strong>br</strong> />

z2 (5z − 2z2 ˛<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

= − dz<<strong>br</strong> />

− 2) 2i C0<<strong>br</strong> />

6 + 1<<strong>br</strong> />

z3 (2z − 1) (z − 2) .<<strong>br</strong> />

• z = 2: polo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 1 (fora do círculo |z| = 1).<<strong>br</strong> />

Os resíduos são os seguintes:<<strong>br</strong> />

Res F (0) = 1<<strong>br</strong> />

2! lim<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

z→0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz2 <<strong>br</strong> />

z 3 z6 + 1<<strong>br</strong> />

z3 <<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(2z − 1) (z − 2)<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Res F = lim z −<<strong>br</strong> />

2 z→1/2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

6 + 1<<strong>br</strong> />

z3 <<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

(2z − 1) (z − 2)<<strong>br</strong> />

65<<strong>br</strong> />

24 .<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

I = − 1<<strong>br</strong> />

2i 2πi<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

21 65<<strong>br</strong> />

− =<<strong>br</strong> />

8 24<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

12 .<<strong>br</strong> />

1.9.4.3 Integrais do tipo III: integrais <strong>de</strong> Fourier<<strong>br</strong> />

Tratam-se <strong>de</strong> integrais do tipo<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

I± =<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

F (x)e ±ikx dx (k > 0) ,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z=zj<<strong>br</strong> />

. (1.41)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> F (x) é uma função racional que satisfaz as condições do teorema 1.26. As partes real e imaginária do<<strong>br</strong> />

integrando <strong>de</strong>terminam as integrais<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

Ic =<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

F (x) cos kxdx e Is =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

F (x) sen kxdx.<<strong>br</strong> />

Novamente, é feita a hipótese <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> F (x) no eixo real. Quando é necessário<<strong>br</strong> />

calcular integrais dos tipos Ic ou Is, inicialmente substitui-se a integral em questão por I+ (ou I−, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<<strong>br</strong> />

das singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> F (x)) e novamente calcula-se a integral ao longo do semi-círculo ilustrado na<<strong>br</strong> />

figura 1.20a. Isto é, calcula-se<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

F (z)e ikz dz = lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

F (x)e<<strong>br</strong> />

−R<<strong>br</strong> />

ikx dx +<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

F (z)e ikz dz<<strong>br</strong> />

As condições que F (z) <strong>de</strong>ve satisfazer para que a integração ao longo <strong>de</strong> CR se anule para R → ∞ são dadas<<strong>br</strong> />

pelo Lema <strong>de</strong> Jordan.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

.


Figura 1.22: Demonstração gráfica da inegualda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sen θ 2θ/π em 0 θ π/2.<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 49<<strong>br</strong> />

Lema 1.1. (Lema <strong>de</strong> Jordan). Seja F (z) uma função<<strong>br</strong> />

analítica ao longo do semi-círculo CR, <strong>de</strong> raio R, tal que<<strong>br</strong> />

|F (z)| M/R α , sendo z = Re iθ e on<strong>de</strong> α > 0 e M são<<strong>br</strong> />

constantes, então<<strong>br</strong> />

Pelas proprieda<strong>de</strong>s (5) e (6) da seção 1.5.2,<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F Re iθ exp ikRe iθ iRe iθ <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

mas<<strong>br</strong> />

portanto,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

F Re iθ exp ikRe iθ iRe iθ <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim F (z)e<<strong>br</strong> />

R→∞ CR<<strong>br</strong> />

ikz dz = 0.<<strong>br</strong> />

Demonstração. Sendo z = Reiθ , então<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

F (z)e ikz ˆ π<<strong>br</strong> />

dz = F Re iθ exp ikRe iθ iRe iθ dθ.<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

ˆ π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F Re iθ exp ikRe iθ iRe iθ dθ,<<strong>br</strong> />

exp ikRe iθ = e ikR(cos θ+isen θ) e −kRsen θ ,<<strong>br</strong> />

ˆ π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

iθ<<strong>br</strong> />

F Re −kRsen θ M<<strong>br</strong> />

e Rdθ <<strong>br</strong> />

Rα−1 ˆ π<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

−kRsen θ dθ.<<strong>br</strong> />

Como sen (π − θ) = sen θ, po<strong>de</strong>-se alterar o intervalo <strong>de</strong> integração para [0, π/2]. Além disso, como mostra<<strong>br</strong> />

a figura 1.22, sen θ 2θ/π neste intervalo. Assim,<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

F Re iθ exp ikRe iθ iRe iθ <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2M<<strong>br</strong> />

R α−1<<strong>br</strong> />

ˆ π/2<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim F (z)e<<strong>br</strong> />

R→∞ CR<<strong>br</strong> />

ikz dz = 0.<<strong>br</strong> />

Devido ao Lema <strong>de</strong> Jordan, o teorema dos resíduos garante que<<strong>br</strong> />

I+ = Ic + iIs =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e −2kRθ/π dθ = πM<<strong>br</strong> />

kRα −kR<<strong>br</strong> />

1 − e .<<strong>br</strong> />

F (x)e ikx dx = 2πi <<strong>br</strong> />

Res F (zj) e ikzj , (1.42a)<<strong>br</strong> />

sendo {zj} os pontos singulares <strong>de</strong> F (z) na região <strong>de</strong>limitada pelo contorno C ilustrado na figura 1.26.<<strong>br</strong> />

Caso os pontos singulares <strong>de</strong> F (z) sejam tais que é necessário consi<strong>de</strong>rar CR percorrendo o semi-círculo<<strong>br</strong> />

no semi-plano inferior ilustrado na figura 1.20b, <strong>de</strong>ve-se calcular então I−. As conclusões são similares às<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> I+, salvo que os resíduos são computados no semi-plano inferior e<<strong>br</strong> />

I− = Ic − iIs = −2πi <<strong>br</strong> />

Res F (zj) e −ikzj . (1.42b)<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.31. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

Solução. Po<strong>de</strong>-se escrever<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

I = 1<<strong>br</strong> />

2 Re<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

cos αx<<strong>br</strong> />

dx.<<strong>br</strong> />

1 + x2 j<<strong>br</strong> />

eiαx dx.<<strong>br</strong> />

1 + x2 I<strong>de</strong>ntifica-se F (z) = 1/ 1 + z 2 , a qual satisfaz as condições do Lema <strong>de</strong> Jordan, pois ao longo <strong>de</strong> CR,<<strong>br</strong> />

|F (z)| =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

|1 + z2 | <<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

R2 − 1<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

−−−−→ 1<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

R2


50 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Os resíduos <strong>de</strong> F (z) estão em z = ±i, sendo polos simples. Assim, <strong>de</strong> (1.42a),<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

eiαx iαx e<<strong>br</strong> />

dx = 2πi Res<<strong>br</strong> />

1 + x2 1 + z2 <<strong>br</strong> />

z=i<<strong>br</strong> />

= πe −α .<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

I = π<<strong>br</strong> />

2 e−α .<<strong>br</strong> />

1.9.4.4 Integrais do tipo IV: integrando com polos no eixo real<<strong>br</strong> />

Seja F (z) uma função meromórfica, ou seja, uma função que possui apenas polos em um domínio finito<<strong>br</strong> />

no plano complexo. Supõe-se que F (z) possua, no mínimo, um polo ao longo do eixo real. Supõe-se também<<strong>br</strong> />

que |F (z)| → 0 para |z| → ∞. Deseja-se calcular agora integrais do tipo<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

dx.<<strong>br</strong> />

x − x0<<strong>br</strong> />

Devido a presença do polo no eixo real, para que o teorema dos resíduos permaneça válido, o contorno<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> integração não po<strong>de</strong> passar pelo rela referida singularida<strong>de</strong>; torna-se necessário, portanto, que o contorno<<strong>br</strong> />

seja <strong>de</strong>formado nas vizinhanças do polo real. A partir <strong>de</strong>sta situação surge a <strong>de</strong>finição da parte principal<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Cauchy da integral.<<strong>br</strong> />

Parte principal <strong>de</strong> Cauchy<<strong>br</strong> />

Seja F (z) = f(z)/ (z − x0) uma função meromórfica que possui, no mínimo, um polo simples no eixo<<strong>br</strong> />

real em z = x0. Ao se consi<strong>de</strong>rar a integral ´ b<<strong>br</strong> />

a F (x)dx, com a < x0 < b tais que z = x0 é o único polo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

F (z) neste intervalo, a convergência <strong>de</strong>sta integral <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da existência do seguinte limite:<<strong>br</strong> />

IP P = lim<<strong>br</strong> />

ɛ→0 +<<strong>br</strong> />

ˆ x0−ɛ<<strong>br</strong> />

ˆ <<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

dx +<<strong>br</strong> />

dx .<<strong>br</strong> />

x − x0 x0+ɛ x − x0<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

Diz-se que ´ b<<strong>br</strong> />

a F (x)dx é convergente se e somente se IP P existe e é finito, caso contrário a integral é divergente.<<strong>br</strong> />

O limite IP P po<strong>de</strong> existir, em algumas situações, mesmo se limx→x0 f(x) → ±∞. Isto ocorre, por exemplo,<<strong>br</strong> />

se f(x) é simétrica em uma vizinhança <strong>de</strong> x0.<<strong>br</strong> />

Caso IP P exista e é finito, este <strong>de</strong>fine a parte principal <strong>de</strong> Cauchy da integral ´ b<<strong>br</strong> />

F (x)dx, a qual é<<strong>br</strong> />

´ b<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

´ b<<strong>br</strong> />

representada pelos símbolos − ou P<<strong>br</strong> />

a :<<strong>br</strong> />

ˆ b ˆ b<<strong>br</strong> />

f(x) f(x)<<strong>br</strong> />

− ≡ P dx = lim<<strong>br</strong> />

a x − x0 a x − x0 ɛ→0 +<<strong>br</strong> />

ˆ x0−ɛ<<strong>br</strong> />

ˆ <<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

dx +<<strong>br</strong> />

dx . (1.43a)<<strong>br</strong> />

a x − x0 x0+ɛ x − x0<<strong>br</strong> />

A parte principal <strong>de</strong> Cauchy no infinito existe se<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

− dx ≡ P dx = lim<<strong>br</strong> />

−∞ x − x0 −∞ x − x0 ɛ→0 +<<strong>br</strong> />

existe e é finito.<<strong>br</strong> />

Cálculo <strong>de</strong> integrais do tipo IV<<strong>br</strong> />

Figura 1.23: Contorno <strong>de</strong> integração para integrais<<strong>br</strong> />

ˆ x0−ɛ<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞ <<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

dx +<<strong>br</strong> />

dx<<strong>br</strong> />

x − x0 x0+ɛ x − x0<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

(1.43b)<<strong>br</strong> />

Para calcular integrais do tipo IV pelo teorema dos<<strong>br</strong> />

resíduos, consi<strong>de</strong>ra-se o contorno<<strong>br</strong> />

C = Γ + γ + (−R, x0 − ɛ) + (x0 + ɛ, R)<<strong>br</strong> />

apresentado na figura 1.23, o qual é composto por um<<strong>br</strong> />

semi-círculo exterior Γ, dois segmentos <strong>de</strong> reta ao longo<<strong>br</strong> />

do eixo real, nos intervalos (−R, x0 − ɛ) e (x0 + ɛ, R) e do<<strong>br</strong> />

semi-círculo interior γ. Na figura 1.23, a curva Γ foi traçada<<strong>br</strong> />

no semi-plano superior para englobar os polos {zj}<<strong>br</strong> />

(j = 1, . . . , N) <strong>de</strong> f(z). Caso estes polos se encontrem<<strong>br</strong> />

no semi-plano inferior, a curva Γ po<strong>de</strong> ser traçada nesta<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 51<<strong>br</strong> />

Dividindo o contorno C nas suas curvas constituintes,<<strong>br</strong> />

região. Supõe-se também que ɛ (> 0) seja pequeno o suficiente<<strong>br</strong> />

para que nenhum dos polos {zj} se encontre na<<strong>br</strong> />

região interior da curva γ.<<strong>br</strong> />

Assim, pelo teorema dos resíduos,<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

dz = 2πi<<strong>br</strong> />

z − x0<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

f(x) f(z)<<strong>br</strong> />

dz + − dx + dz = 2πi<<strong>br</strong> />

Γ z − x0 −R x − x0 γ z − x0<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) z=zj<<strong>br</strong> />

Res<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

z − x0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) z=zj<<strong>br</strong> />

Res<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

z − x0<<strong>br</strong> />

Toma-se agora o limite R → ∞, supondo que F (z) ao longo <strong>de</strong> Γ satisfaça as condições prescritas pelo<<strong>br</strong> />

teorema 1.26. Neste caso, ´<<strong>br</strong> />

F (z)dz = 0. A integral ao longo <strong>de</strong> γ po<strong>de</strong> ser calculada, tomando-se para ela<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

o limite ɛ → 0:<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ 0<<strong>br</strong> />

f(z)<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

dz = lim<<strong>br</strong> />

γ z − x0 ɛ→0<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

x0 + ɛeiθ ɛeiθ iɛe iθ dθ = −iπf (x0) ,<<strong>br</strong> />

sendo neste caso suposto que f (x0) exista e é finito. Este valor da integral em γ é muitas vezes <strong>de</strong>nominado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> semi-resíduo <strong>de</strong> f(x).<<strong>br</strong> />

Portanto, obtém-se o seguinte resultado para a parte principal,<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

f(x)<<strong>br</strong> />

− dx = πif (x0) + 2πi<<strong>br</strong> />

−∞ x − x0<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

f(z) z=zj<<strong>br</strong> />

Res<<strong>br</strong> />

. (1.44a)<<strong>br</strong> />

z − x0<<strong>br</strong> />

Caso a função F (x) possua mais <strong>de</strong> um polo no eixo real, o resultado (1.44a) po<strong>de</strong> ser facilmente generalizado.<<strong>br</strong> />

Sendo novamente {zj} (j = 1, . . . , N) o conjunto <strong>de</strong> polos <strong>de</strong> F (z) fora do eixo real e {xℓ} (ℓ = 1, . . . , M) o<<strong>br</strong> />

conjunto <strong>de</strong> polos ao longo do eixo real, a forma generalizada <strong>de</strong> (1.44a) é<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.32. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

Solução. É conveniente calcular<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

F (x) dx = πi Res F (xℓ) + 2πi Res F (zj) . (1.44b)<<strong>br</strong> />

ℓ=1<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

sen x<<strong>br</strong> />

x dx.<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

ix<<strong>br</strong> />

x dx.<<strong>br</strong> />

A função eiz /z satisfaz as condições estabelecidas pelo Lema <strong>de</strong> Jordan, ou seja, z−1 M/Rα (α > 0) ao<<strong>br</strong> />

longo <strong>de</strong> Γ. Portanto, ´ <<strong>br</strong> />

iz e /z dz = 0 e a equação (1.44a) po<strong>de</strong> ser aplicada, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> resulta<<strong>br</strong> />

Uma vez que e ix = cos x + i sen x, obtém-se<<strong>br</strong> />

Γ<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

eix dx = iπ.<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

sen x<<strong>br</strong> />

dx = π.<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

´ ´<<strong>br</strong> />

Observação. Nota-se que, neste caso, − = , pois x = 0 é uma singularida<strong>de</strong> removível. É interessante<<strong>br</strong> />

também que o mesmo resultado fornece<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

cos x<<strong>br</strong> />

dx = 0,<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

o que é razoável, uma vez que o integrando neste caso é ímpar.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011<<strong>br</strong> />

j=1


52 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.33. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

Solução. Novamente toma-se<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

sen x<<strong>br</strong> />

x (a2 − x2 dx, (a > 0) .<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

F (z) =<<strong>br</strong> />

e iz<<strong>br</strong> />

z (a 2 − z 2 ) ,<<strong>br</strong> />

sendo que F (z) satisfaz as condições do Lema <strong>de</strong> Jordan e os seus polos são z = 0 e z = ±a, todos ao longo<<strong>br</strong> />

do eixo real. Neste caso, <strong>de</strong> acordo com (1.44b),<<strong>br</strong> />

Calculando os resíduos,<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

e o resultado <strong>de</strong>sejado fica<<strong>br</strong> />

eixdx x (a2 − x2 = iπ [Res F (0) + Res F (a) + Res F (−a)] .<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

Res F (0) = z<<strong>br</strong> />

e iz<<strong>br</strong> />

Res F (a) = (z − a)<<strong>br</strong> />

Res F (−a) = (z + a)<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z (a2 − z2 ) <<strong>br</strong> />

z=0<<strong>br</strong> />

e ix dx<<strong>br</strong> />

x (a 2 − x 2 )<<strong>br</strong> />

sen x dx<<strong>br</strong> />

x (a 2 − x 2 )<<strong>br</strong> />

Observação. Novamente observa-se também que<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

e iz<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

a2 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z (a2 − z2 ) <<strong>br</strong> />

z=a<<strong>br</strong> />

e iz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z (a2 − z2 ) <<strong>br</strong> />

z=−a<<strong>br</strong> />

= − eia<<strong>br</strong> />

2a 2<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

= i (1 − cos a)<<strong>br</strong> />

a2 π<<strong>br</strong> />

= (1 − cos a) .<<strong>br</strong> />

a2 cos x dx<<strong>br</strong> />

x (a2 − x2 = 0.<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

= − e−ia<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

2a2 1.9.4.5 Integrais do tipo V: integração ao longo <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> ramificação<<strong>br</strong> />

Para ilustrar este tipo <strong>de</strong> integração, serão consi<strong>de</strong>radas integrais do tipo<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

x λ−1 G(x) dx, (sendo 0 < λ < 1)<<strong>br</strong> />

e a função G(z) é racional, analítica em z = 0 e não possui polos ao longo do eixo real positivo. Supõe-se<<strong>br</strong> />

ainda que<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim z<<strong>br</strong> />

|z|→0<<strong>br</strong> />

|z|→∞<<strong>br</strong> />

λ−1 G(z) = 0.<<strong>br</strong> />

A função f(z) = z λ−1 é plurívoca, com um ponto <strong>de</strong> ramificação em z = 0, o que po<strong>de</strong> ser comprovado<<strong>br</strong> />

por uma rotação do fasor z em torno da origem,<<strong>br</strong> />

f(z) = z λ−1 θ→θ+2π<<strong>br</strong> />

−−−−−→ e i2π(λ−1) z λ−1 .<<strong>br</strong> />

Como λ − 1 não é inteiro, o valor <strong>de</strong> f(z) em θ + 2π difere do valor em θ. A outra singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f(z)<<strong>br</strong> />

está no infinito, significando que a linha <strong>de</strong> ramificação <strong>de</strong>ve unir estes dois pontos singulares. Usualmente,<<strong>br</strong> />

esta linha é traçada ao longo do eixo real positivo. O número <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> Riemann para f(z) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da natureza do número λ. Se este número é racional, então há um número finito <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> Riemann;<<strong>br</strong> />

contudo, se λ é irracional, então existem infinitas folhas <strong>de</strong> Riemann. Devido a este fato, o contorno <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

integração C a ser adotado <strong>de</strong>ve evitar o cruzamento da linha <strong>de</strong> ramificação para evitar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se empregar os outros ramos da função z λ−1 .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 53<<strong>br</strong> />

O contorno <strong>de</strong> integração usualmente empregado para<<strong>br</strong> />

resolver uma integral do tipo V é apresentado na figura<<strong>br</strong> />

1.24, a qual mostra também a linha <strong>de</strong> ramificação no<<strong>br</strong> />

intervalo [0, ∞). Este tipo <strong>de</strong> contorno é <strong>de</strong>nominado<<strong>br</strong> />

buraco <strong>de</strong> fechadura 3 e consiste em um arco <strong>de</strong> circunferência<<strong>br</strong> />

exterior CR, <strong>de</strong> raio R e centrado na origem,<<strong>br</strong> />

com uma variação angular δR θ 2π − δR. O número<<strong>br</strong> />

0 < δR ≪ 1 po<strong>de</strong> ser tão pequeno quanto se queira,<<strong>br</strong> />

mas nunca é nulo, justamente para evitar que CR toque<<strong>br</strong> />

a linha <strong>de</strong> ramificação. O contorno C contém também o<<strong>br</strong> />

arco <strong>de</strong> circunferência interior Cr, <strong>de</strong> raio r e centrado<<strong>br</strong> />

na origem, com a variação angular δr θ 2π − δr,<<strong>br</strong> />

sendo 0 < δr ≪ 1 também tão pequeno quanto se queira.<<strong>br</strong> />

Finalmente, os arcos Cr e CR são ligados pelos segmentos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> reta [r, R] e [R, r], 4 os quais distam da linha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ramificação por uma distância 0 < ɛ ≪ 1. Obviamente,<<strong>br</strong> />

ɛ = r sen δr.<<strong>br</strong> />

Como a função z λ−1 é <strong>de</strong>scontínua ao longo da linha<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ramificação, o valor das integrais ao longo dos segmen-<<strong>br</strong> />

tos <strong>de</strong> reta não se cancelam. Na reta superior, arg(z) 0 e, portanto,<<strong>br</strong> />

Na reta inferior, arg(z) 2π e, portanto,<<strong>br</strong> />

f(z) = z λ−1 = (x + iɛ) λ−1 .<<strong>br</strong> />

f(z) = e i2π(λ−1) z λ−1 = e i2π(λ−1) (x − iɛ) λ−1 .<<strong>br</strong> />

Figura 1.24: Contorno <strong>de</strong> integração para integrais<<strong>br</strong> />

do tipo V.<<strong>br</strong> />

Supondo agora que a função R(z) possua N singulares isoladas (polos e/ou singularida<strong>de</strong>s essenciais) nos<<strong>br</strong> />

pontos {zj} (j = 1, . . . , N), o teorema dos resíduos (1.39) aplicado ao contorno simples fechado C = CR +<<strong>br</strong> />

Cr + [r, R] + [R, r] garante que<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

z λ−1 ˆ<<strong>br</strong> />

G(z) dz =<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

z λ−1 ˆ<<strong>br</strong> />

G(z) dz +<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

z λ−1 G(z) dz +<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

(x + iɛ) λ−1 G (x + iɛ) dx<<strong>br</strong> />

Cr<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

ˆ r<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

2πi(λ−1) (x − iɛ) λ−1 N<<strong>br</strong> />

G (x − iɛ) dx = 2πi<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

Res z λ−1 G(z) . zj<<strong>br</strong> />

A integral em CR se anula no limite R → ∞, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as condições do seguinte teorema sejam satisfeitas.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.27. Seja uma função F (z) analítica ao longo do arco <strong>de</strong> circunferência CR, <strong>de</strong> raio R centrado<<strong>br</strong> />

na origem, tal que |F (z)| M/Rα ao longo <strong>de</strong> CR, sendo α > 1 e M > 0 constantes, então<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim F (z)dz = 0.<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

Demonstração. Sendo a curva CR parametrizada pelo ângulo θ, o qual varia no intervalo [θ1, θ2], então<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F (z)dz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ θ2<<strong>br</strong> />

|F (z)| R dθ M<<strong>br</strong> />

Rα−1 ˆ θ2<<strong>br</strong> />

dθ = M (θ2 − θ1)<<strong>br</strong> />

Rα−1 .<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> segue o teorema.<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

F (z)dz<<strong>br</strong> />

= 0,<<strong>br</strong> />

Por outro lado, a integral ao longo <strong>de</strong> Cr po<strong>de</strong> ser calculada parametrizando-se z = reiθ e tomando-se o<<strong>br</strong> />

limite r → 0:<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim z<<strong>br</strong> />

r→0<<strong>br</strong> />

λ−1 <<strong>br</strong> />

G(z) dz = lim ir<<strong>br</strong> />

r→0<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

ˆ 2π−δr<<strong>br</strong> />

e iλθ G re iθ <<strong>br</strong> />

G (0) i2πλ −iλδr iλδr dθ = e e − e<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

r→0 rλ .<<strong>br</strong> />

Cr<<strong>br</strong> />

δr<<strong>br</strong> />

3 Do inglês keyhole.<<strong>br</strong> />

4 Rigorosamente, os segmentos <strong>de</strong> reta percorrem o intervalo [r cos δr, R cos δR], em ambos os sentidos.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


54 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Como G(z) por hipótese é analítica em z = 0 e λ > 0, resulta que<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

lim z<<strong>br</strong> />

r→0<<strong>br</strong> />

Cr<<strong>br</strong> />

λ−1 G(z) dz = 0.<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>ando também que r → 0 implica em ɛ → 0, restam as seguintes integrais,<<strong>br</strong> />

as quais po<strong>de</strong>m ser escritas<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ−1 G (x) dx + e 2πi(λ−1)<<strong>br</strong> />

ˆ 0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ−1 G (x) dx + e 2πi(λ−1)<<strong>br</strong> />

ˆ 0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

Portanto, resulta<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.34. Calcule a integral<<strong>br</strong> />

x λ−1 G (x) dx = 2πi<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

Res z λ−1 G(z) , zj<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

x λ−1 <<strong>br</strong> />

G (x) dx = 1 − e 2πi(λ−1) ˆ ∞<<strong>br</strong> />

x λ−1 G (x) dx<<strong>br</strong> />

= −e iπλ e iπλ − e −iπλ ˆ ∞<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ−1 G (x) dx = (−1) −(λ+1)<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

x λ−1 G (x) dx = 2i (−1) λ+1 ˆ ∞<<strong>br</strong> />

sen πλ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

sen πλ<<strong>br</strong> />

x λ−1 G (x) dx.<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

Res z λ−1 G(z) . (1.45)<<strong>br</strong> />

zj<<strong>br</strong> />

j=1<<strong>br</strong> />

xλ−1 dx, (0 < λ < 1) .<<strong>br</strong> />

1 + x<<strong>br</strong> />

Solução. Como 0 < λ < 1, o integrando ao longo da curva CR, para R ≫ 1, po<strong>de</strong> ser escrito<<strong>br</strong> />

Então, <strong>de</strong> acordo com o teorema 1.27,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

λ−1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1 + z <<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

R2−λ ˆ<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

R→∞ CR<<strong>br</strong> />

λ−1<<strong>br</strong> />

dz = 0<<strong>br</strong> />

1 + z<<strong>br</strong> />

e o resultado (1.45) é válido neste caso. O único polo <strong>de</strong> G(z) = (1 + z) −1 está em z = −1 e o resíduo do<<strong>br</strong> />

integrando neste ponto é<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

λ−1 z z=−1<<strong>br</strong> />

Res<<strong>br</strong> />

= (−1)<<strong>br</strong> />

1 + z<<strong>br</strong> />

λ−1 .<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

1.9.4.6 Outros tipos <strong>de</strong> integrais<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

x λ−1<<strong>br</strong> />

1 + x dx = (−1)−(λ+1) π<<strong>br</strong> />

sen πλ (−1)λ−1 = π<<strong>br</strong> />

sen πλ .<<strong>br</strong> />

Existem diversos outros exemplos <strong>de</strong> integrais que po<strong>de</strong>m ser calculadas usando o teorema dos resíduos<<strong>br</strong> />

por intermédio <strong>de</strong> uma escolha a<strong>de</strong>quada do contorno <strong>de</strong> integração. Nesta seção serão apresentados alguns<<strong>br</strong> />

exemplos relevantes para a física.<<strong>br</strong> />

Integrais <strong>de</strong> Fresnel. Difração <strong>de</strong> ondas eletromagnéticas. As integrais<<strong>br</strong> />

C =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

cos tx 2 dx e S =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

sen tx 2 dx<<strong>br</strong> />

correspon<strong>de</strong>m aos valores assintóticos das funções <strong>de</strong> Fresnel, as quais <strong>de</strong>screvem a difração <strong>de</strong> ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

em um único obstáculo pontiagudo (difração <strong>de</strong> canto).<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 55<<strong>br</strong> />

Para a obtenção dos valores <strong>de</strong> C e S, consi<strong>de</strong>ra-se a<<strong>br</strong> />

seguinte integral<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e itx2<<strong>br</strong> />

dx,<<strong>br</strong> />

cujas partes real e imaginária fornecem, respectivamente,<<strong>br</strong> />

C e S. Por conveniência, assume-se que t > 0; para este<<strong>br</strong> />

caso, o contorno <strong>de</strong> integração a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong> ser visto<<strong>br</strong> />

na figura 1.25. Como a função eitz2 é analítica <strong>de</strong>ntro e<<strong>br</strong> />

ao longo do contorno C = Cx +CR +CL, po<strong>de</strong>-se escrever<<strong>br</strong> />

˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

e itz2<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

Cx<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

CL<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

e itz2<<strong>br</strong> />

dz = 0.<<strong>br</strong> />

A integral em CR po<strong>de</strong> ser estimada usando argumento<<strong>br</strong> />

semelhante ao exposto pelo Lema <strong>de</strong> Jordan. Ao<<strong>br</strong> />

longo <strong>de</strong>ste contorno, z 2 = R 2 (cos 2θ + i sen 2θ). Como<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>monstrado graficamente na figura 1.22, sen 2θ 4θ/π<<strong>br</strong> />

em 0 θ π/4, portanto<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

CR<<strong>br</strong> />

e itz2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ π/4<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

itR2 <<strong>br</strong> />

(cos 2θ+i sen 2θ) iθ <<strong>br</strong> />

iRe dθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

ˆ π/4<<strong>br</strong> />

Re<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

−tR2 sen 2θ<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

ˆ π/4<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

Ou seja, ´<<strong>br</strong> />

CR eitz2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

→ 0 para R → 0.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

C L<<strong>br</strong> />

C x<<strong>br</strong> />

Figura 1.25: Contorno <strong>de</strong> integração para as integrais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Fresnel.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

C R<<strong>br</strong> />

Re −tR24θ/π π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ = 1 − e<<strong>br</strong> />

4tR<<strong>br</strong> />

−tR2<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, ao longo <strong>de</strong> Cx, z = x e ao longo <strong>de</strong> CL, z = re iπ/4 (0 r R). Assim,<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

Cx<<strong>br</strong> />

Portanto, no limite R → ∞,<<strong>br</strong> />

e itz2<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e itx2<<strong>br</strong> />

dx e<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

CL<<strong>br</strong> />

e itx2<<strong>br</strong> />

dx = e iπ/4<<strong>br</strong> />

e itz2<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ˆ 0<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

e −tr2<<strong>br</strong> />

dr.<<strong>br</strong> />

A integral J = ´ ∞<<strong>br</strong> />

0 e−tr2<<strong>br</strong> />

dr po<strong>de</strong> ser calculada da seguinte maneira:<<strong>br</strong> />

J 2 =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

Usando coor<strong>de</strong>nadas polares, resulta<<strong>br</strong> />

Finalmente, obtém-se<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

Portanto, as integrais <strong>de</strong> Fresnel valem<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e −tx2<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

dx e<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

−ty2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dy =<<strong>br</strong> />

J 2 =<<strong>br</strong> />

ˆ π/2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ˆ ∞ ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dρ ρe −tρ2<<strong>br</strong> />

e itx2<<strong>br</strong> />

dx = eiπ/4<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

2 t =<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

cos π<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

S = C = 1<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

2 2t .<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

= π<<strong>br</strong> />

4t .<<strong>br</strong> />

+ i sen π<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

e −tr2<<strong>br</strong> />

e iπ/4 dr.<<strong>br</strong> />

e −t(x2 +y 2 ) dxdy.<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1 π<<strong>br</strong> />

2 t .<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


56 1.9. Integração no plano complexo pelo método dos resíduos<<strong>br</strong> />

Integral <strong>de</strong> Planck. Lei <strong>de</strong> Stefan-Boltzmann. A Lei <strong>de</strong> Planck <strong>de</strong>termina a intensida<strong>de</strong> espectral<<strong>br</strong> />

da radiação eletromagnética emitida por um corpo negro em equilí<strong>br</strong>io termodinâmico a uma temperatura<<strong>br</strong> />

absoluta T . Esta intensida<strong>de</strong> é dada por<<strong>br</strong> />

I (ν, T ) = 2h<<strong>br</strong> />

c 2<<strong>br</strong> />

ν3 ehν/kBT ,<<strong>br</strong> />

− 1<<strong>br</strong> />

sendo I (ν, T ) a potência emitida por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área da superfície emissora por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ângulo sólido<<strong>br</strong> />

por frequência ν. As quantida<strong>de</strong>s h, kB e c são, respectivamente, as constantes <strong>de</strong> Planck e Boltzmann e<<strong>br</strong> />

a velocida<strong>de</strong> da luz no vácuo. A Lei <strong>de</strong> Stefan-Boltzmann fornece a potência total emitida por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

área do corpo negro, ou seja,<<strong>br</strong> />

j = π<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dν I (ν, T ) = 2πh<<strong>br</strong> />

c 2<<strong>br</strong> />

kBT<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

IP , sendo IP =<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

u 3 du<<strong>br</strong> />

e u − 1<<strong>br</strong> />

a integral que se <strong>de</strong>seja calcular, a qual é obtida por uma simples troca <strong>de</strong> variáveis <strong>de</strong> integração.<<strong>br</strong> />

Para se obter IP , consi<strong>de</strong>ra-se a integral<<strong>br</strong> />

Obviamente,<<strong>br</strong> />

Im<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

ε<<strong>br</strong> />

C 5<<strong>br</strong> />

C 6<<strong>br</strong> />

C 1<<strong>br</strong> />

C 4<<strong>br</strong> />

C 2<<strong>br</strong> />

C3<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

f (k) =<<strong>br</strong> />

Figura 1.26: Contorno <strong>de</strong> integração empregado<<strong>br</strong> />

para o cálculo da integral <strong>de</strong> Planck. Observa-se<<strong>br</strong> />

que ɛ ≪ 1 e R ≫ 1.<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

IP = − d3f dk3 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

Re<<strong>br</strong> />

sen (kx)<<strong>br</strong> />

e x − 1 dx.<<strong>br</strong> />

k=0<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Portanto, po<strong>de</strong>-se obter IP conhecendo-se f (k). A integral<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>fine esta função também po<strong>de</strong> ser escrita<<strong>br</strong> />

como<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

f (k) = Im<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e ikx<<strong>br</strong> />

e x − 1 dx.<<strong>br</strong> />

Este cálculo será realizado utilizando-se o contorno C =<<strong>br</strong> />

C1 + · · · + C6 ilustrado na figura 1.26 e a integral <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

contorno ˛<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

eikz ez dz = 0,<<strong>br</strong> />

− 1<<strong>br</strong> />

a qual é nula pelo teorema dos resíduos (1.39) porque<<strong>br</strong> />

o integrando possui apenas polos simples nos pontos<<strong>br</strong> />

z = 2nπi, (n = 0, ±1, ±2 . . . ). As integrais nos contorno<<strong>br</strong> />

C1, . . . , C6 <strong>de</strong>vem ser realizadas separadamente. Nos con-<<strong>br</strong> />

tornos C2 e C4 obtém-se<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

C4<<strong>br</strong> />

e ikz<<strong>br</strong> />

e z − 1 dz = 1 − e −2πk ˆ R<<strong>br</strong> />

ɛ<<strong>br</strong> />

e ikx<<strong>br</strong> />

e x − 1 dx.<<strong>br</strong> />

Já ao longo dos contornos C1 e C5 observa-se que |z| = ɛ ≪ 1, o que permite o uso da série <strong>de</strong> Laurent<<strong>br</strong> />

(1.35d). Para a integral I1 po<strong>de</strong>-se escrever z = ɛe iθ , resultando<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

I1 (ɛ) ≡<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

eikz ez ˆ<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

− 1 2<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

e z/2 e ikz<<strong>br</strong> />

e z/2 e ikz cosech<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2 z 7z3<<strong>br</strong> />

− + − · · ·<<strong>br</strong> />

z 12 2880<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dz = −i<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

ɛ→0 I1 = −i π<<strong>br</strong> />

2 .<<strong>br</strong> />

Já para o contorno C5 po<strong>de</strong>-se escrever z = 2πi + ɛeiθ e<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

I5 (ɛ) ≡<<strong>br</strong> />

C5<<strong>br</strong> />

eikz ez 1<<strong>br</strong> />

dz =<<strong>br</strong> />

− 1 2<<strong>br</strong> />

C5<<strong>br</strong> />

ˆ π/2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e z/2 e ikz cosech<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp + ik ɛe<<strong>br</strong> />

2 iθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ − O ɛ 2 .<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dz.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Neste caso é necessária a série <strong>de</strong> Laurent <strong>de</strong> cosech z em torno <strong>de</strong> z0 = 2πi, a qual é simplesmente<<strong>br</strong> />

cosech z = − 1 z − 2πi 7 (z − 2πi)3<<strong>br</strong> />

+ − + · · · ,<<strong>br</strong> />

z − 2πi 6 360<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


esultando,<<strong>br</strong> />

I5 (ɛ) = 1<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

C5<<strong>br</strong> />

Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 57<<strong>br</strong> />

e z/2 e ikz<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

− 2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z − 2πi<<strong>br</strong> />

+ + · · · dz = ie<<strong>br</strong> />

z − 2πi 12 −2πk<<strong>br</strong> />

Já a integral I3 po<strong>de</strong> ser escrita<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

I3 (R) ≡<<strong>br</strong> />

C3<<strong>br</strong> />

lim<<strong>br</strong> />

ɛ→0 I5 = −i π<<strong>br</strong> />

2 e−2πk .<<strong>br</strong> />

ˆ −π/2<<strong>br</strong> />

eikz ez ˆ 2π<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

dz = ie−(1−ik)R<<strong>br</strong> />

− 1 0<<strong>br</strong> />

−ky<<strong>br</strong> />

eiy dy.<<strong>br</strong> />

− e−R 0<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp + ik ɛe<<strong>br</strong> />

2 iθ<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

dθ + O ɛ 2 .<<strong>br</strong> />

Observa-se agora que no limite R → ∞ a integral é finita, pois o <strong>de</strong>nominador do integrando po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

substituído por eiy , o que torna a integração trivial. Portanto, limR→∞ I = 0. Finalmente, a integral I6<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser escrita<<strong>br</strong> />

I6 ≡<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

C6<<strong>br</strong> />

eikz ez dz = −i<<strong>br</strong> />

− 1<<strong>br</strong> />

ˆ 2π−ɛ<<strong>br</strong> />

Assim, pelo teorema dos resíduos,<<strong>br</strong> />

1 − e −2πk ˆ R<<strong>br</strong> />

e, portanto, f (k) é dada por<<strong>br</strong> />

ˆ R<<strong>br</strong> />

f (k) = lim Im<<strong>br</strong> />

ɛ→0<<strong>br</strong> />

R→∞<<strong>br</strong> />

ɛ<<strong>br</strong> />

e ikx<<strong>br</strong> />

e x − 1<<strong>br</strong> />

ɛ<<strong>br</strong> />

ɛ<<strong>br</strong> />

e−ky eiy ˆ 2π−ɛ<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

dy = −i<<strong>br</strong> />

− 1 ɛ<<strong>br</strong> />

−kye−iy/2 eiy/2 ˆ 2π−ɛ<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

dy = −1<<strong>br</strong> />

− e−iy/2 2 ɛ<<strong>br</strong> />

−kye−iy/2 sen (y/2) dy.<<strong>br</strong> />

eikx ex 1<<strong>br</strong> />

dx =<<strong>br</strong> />

− 1 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

dx = −<<strong>br</strong> />

2 (1 − e−2πk )<<strong>br</strong> />

= − 1 π<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2k 2<<strong>br</strong> />

ˆ 2π−ɛ<<strong>br</strong> />

ɛ<<strong>br</strong> />

ˆ 2π<<strong>br</strong> />

Com este resultado, é possível finalmente obter-se IP :<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

e −ky e −iy/2<<strong>br</strong> />

sen (y/2) dy − I1 − I5 − I3 (R)<<strong>br</strong> />

e −ky dy + π 1 + e<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

−2πk<<strong>br</strong> />

1 − e−2πk 1 + e−2πk 1 π<<strong>br</strong> />

= − + cotanh (πk)<<strong>br</strong> />

1 − e−2πk 2k 2<<strong>br</strong> />

(1.35b)<<strong>br</strong> />

−−−−→ π2k 6 − π4k3 90 + π6k5 πB2n<<strong>br</strong> />

− · · · +<<strong>br</strong> />

945 (2n)! (2πk)2n−1 + · · · . (1.46)<<strong>br</strong> />

IP = π4<<strong>br</strong> />

15 ,<<strong>br</strong> />

resultando na seguinte expressão para a constante <strong>de</strong> Stefan-Boltzmann,<<strong>br</strong> />

j = σT 4 , sendo σ = 2π5k4 B<<strong>br</strong> />

15h3 .<<strong>br</strong> />

c2 Como um bônus, o resultado (1.46) po<strong>de</strong> ser usado para fornecer o valor das integrais<<strong>br</strong> />

ˆ ∞<<strong>br</strong> />

x2n+1dx ex − 1 = (−1)n d2n+1f dk2n+1 <<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

k=0<<strong>br</strong> />

1.10 Continuação analítica<<strong>br</strong> />

= (−1) n 2 2n π 2(n+1) B2(n+1) , (n = 0, 1, 2, . . . ) .<<strong>br</strong> />

n + 1<<strong>br</strong> />

Com frequência, a representação conhecida <strong>de</strong> uma dada função é válida somente em uma região limitada<<strong>br</strong> />

do plano complexo, como uma série <strong>de</strong> Laurent com raio <strong>de</strong> convergência finito, por exemplo. A região <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

convergência (ou domínio) <strong>de</strong>sta série se esten<strong>de</strong> até a singularida<strong>de</strong> mais próxima, distinta do ponto em<<strong>br</strong> />

torno do qual se realiza a expansão, que po<strong>de</strong> ou não conter uma singularida<strong>de</strong>. Com frequência também<<strong>br</strong> />

é <strong>de</strong>sejável obter-se uma outra forma matemática que represente a mesma função em uma outra região do<<strong>br</strong> />

plano complexo, ou que seja válida em uma porção maior do mesmo. O processo <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o intervalo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma representação ou, <strong>de</strong> forma mais geral, esten<strong>de</strong>r a região <strong>de</strong> domínio <strong>de</strong> uma função<<strong>br</strong> />

analítica é <strong>de</strong>nominado continuação analítica.<<strong>br</strong> />

Definição 1.1. Um elemento <strong>de</strong> função analítica (f(z), D) é uma função analítica f(z) no interior <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />

domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição D. Um elemento <strong>de</strong> função (f2, D2) é uma continuação analítica <strong>de</strong> outro elemento<<strong>br</strong> />

(f1, D1) se D1 ∩ D2 = e se f1(z) = f2(z) em D1 ∩ D2.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


58 1.10. Continuação analítica<<strong>br</strong> />

Figura 1.27: Representação <strong>de</strong> três possíveis<<strong>br</strong> />

continuações analíticas da mesma função<<strong>br</strong> />

f(z).<<strong>br</strong> />

Em outras palavras, seja f1(z) uma função analítica da<<strong>br</strong> />

variável z em um domínio D1 do plano complexo. Supõe-se<<strong>br</strong> />

agora ser possível encontrar uma outra função f2(z), a qual é<<strong>br</strong> />

analítica em um outro domínio D2. Se ocorrer uma intersecção<<strong>br</strong> />

D1∩D2 não nula <strong>de</strong> ambos os domínios, conforme representado<<strong>br</strong> />

na figura 1.27, e se f1(z) = f2(z) em D1 ∩ D2, então se diz que<<strong>br</strong> />

f2(z) é a continuação analítica <strong>de</strong> f1(z) em D2, e vice-versa. Da<<strong>br</strong> />

mesma forma, po<strong>de</strong> existir uma terceira função f3(z), analítica<<strong>br</strong> />

em D3, e se f3(z) = f1(z) em D3 ∩D1 e f3(z) = f2(z) em D3 ∩<<strong>br</strong> />

D2, então f3(z) po<strong>de</strong> ser a continuação analítica das anteriores<<strong>br</strong> />

em D3. Esta situação também está representada na figura<<strong>br</strong> />

1.27. Portanto, existe uma função analítica f(z) com o domínio<<strong>br</strong> />

D = D1 ∪ D2 ∪ D3, tal que f(z) = f1(z) em D1, f(z) = f2(z)<<strong>br</strong> />

em D2 e f(z) = f3(z) em D3. Nota-se que basta a intersecção<<strong>br</strong> />

entre os domínios ser composta simplesmente por um arco que<<strong>br</strong> />

a continuação analítica existe e é única, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as três regiões não englobem um ponto singular ou um<<strong>br</strong> />

ponto <strong>de</strong> ramificação <strong>de</strong> uma função plurívoca.<<strong>br</strong> />

Contudo, a situação <strong>de</strong>scrita acima nem sempre ocorre. Somente é garantida a existência da função<<strong>br</strong> />

analítica f(z) no domínio D = D1 ∪ D2 ∪ D3 se D1 ∩ D2 ∩ D3 = . Caso a intersecção ocorra somente<<strong>br</strong> />

entre pares <strong>de</strong> domínios e se a região entre os domínios D1, D2 e D3 contiver pontos singulares, como por<<strong>br</strong> />

exemplo, pontos <strong>de</strong> ramificação, então f3(z) = f1(z), porque a região D1 ∩ D3 será parte do domínio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diferentes folhas <strong>de</strong> Riemann para cada função. O exemplo a seguir mostra uma situação on<strong>de</strong> isto ocorre.<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.35. Consi<strong>de</strong>ra-se o seguinte ramo da função f(z) = √ z:<<strong>br</strong> />

f1(z) = √ re iθ/2 , D1 : (r > 0, 0 < θ < π) .<<strong>br</strong> />

Uma continuação analítica <strong>de</strong> f1(z) através do eixo real negativo e para o semi-plano inferior é:<<strong>br</strong> />

f2(z) = √ re iθ/2 <<strong>br</strong> />

, D2 : r > 0, π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

< θ < 2π .<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Claramente, em D1 ∩ D2 : (r > 0, π/2 < θ < π) (segundo e terceiro quadrantes), f1(z) = f2(z). Uma<<strong>br</strong> />

continuação analítica <strong>de</strong> f2 através do eixo real positivo e para o semi-plano superior po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida então<<strong>br</strong> />

como<<strong>br</strong> />

f3(z) = √ re iθ/2 ,<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

D3 : r > 0, π < θ < 5π<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Claramente, agora, em D2 ∩ D3 : (r > 0, π < θ < 2π) (terceiro e quarto quadrantes), f3(z) = f2(z), mas em<<strong>br</strong> />

D1 ∩ D3 : (r > 0, 0 < θ < π/2) (primeiro quadrante), f3(z) = f1(z); <strong>de</strong> fato, f3(z) = −f1(z). Isto ocorre<<strong>br</strong> />

porque os três domínios circundam o ponto <strong>de</strong> ramificação na origem.<<strong>br</strong> />

Teoremas <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Os seguintes teoremas, apresentados sem <strong>de</strong>monstração, mostram quais são as condições necessárias e<<strong>br</strong> />

suficientes para a existência e unicida<strong>de</strong> das continuações analíticas.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.28. Se uma função f(z) é analítica em todo o domínio D e f(z) = 0 em todos os pontos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma região R ⊂ D ou <strong>de</strong> um arco C, interior a D, então f(z) = 0 em todos os pontos <strong>de</strong> D.<<strong>br</strong> />

Observação. Este teorema é muito importante porque, em primeiro lugar, ele garante que todas as raízes<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f(z) são isoladas. Contudo, a sua importância aqui está no fato <strong>de</strong> que ele garante a unicida<strong>de</strong> das<<strong>br</strong> />

continuações analíticas. Sejam as funções f1(z) e f2(z) mencionadas na <strong>de</strong>finição 1.1. Definindo-se agora a<<strong>br</strong> />

função g(z) = f1(z) − f2(z) em R = D1 ∩ D2, obviamente g(z) = 0 em R; <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se conclui que g(z) = 0<<strong>br</strong> />

em todo o domínio D1 ∪ D2. Segue então o seguinte teorema <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.29. Uma função f(z) que é analítica em todo o domínio D é <strong>de</strong>terminada <strong>de</strong> forma única so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

D pelos seus valores so<strong>br</strong>e uma região, ou ao longo <strong>de</strong> um arco, contidos no interior <strong>de</strong> D.<<strong>br</strong> />

Exemplo. A função inteira f(z) = e z é a única que po<strong>de</strong> assumir os valores <strong>de</strong> f(x) = e x , ao longo do eixo<<strong>br</strong> />

real. Além disso, uma vez que e −z também é inteira e e x e −x = 1 (∀x ∈ ), a função h(x) = e x e −x − 1 é<<strong>br</strong> />

nula so<strong>br</strong>e todo o eixo real e, portanto, a única função que representa a continuação analítica <strong>de</strong> h(x) fora<<strong>br</strong> />

do eixo real é h(z) = e z e −z − 1 = 0. Segue então que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e −z = 1/e z é válida so<strong>br</strong>e todo o plano<<strong>br</strong> />

complexo.<<strong>br</strong> />

Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Início: A<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2010 Impresso: 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011


Capítulo 1. Funções <strong>de</strong> Uma Variável Complexa 59<<strong>br</strong> />

Figura 1.28: Continuação analítica da função f1(z) para a região Rn por dois caminhos distintos.<<strong>br</strong> />

Corolário. Como corolário a este teorema, qualquer forma polinomial <strong>de</strong> funções fk(x) que satisfaça a<<strong>br</strong> />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

P [f1(x), f2(x), . . . , fn(x)] = 0<<strong>br</strong> />

tem a sua forma mantida,<<strong>br</strong> />

ao longo <strong>de</strong> todo o domínio D.<<strong>br</strong> />

P [f1(z), f2(z), . . . , fn(z)] = 0,<<strong>br</strong> />

Exemplo. Dadas as funções trigonométricas sen x e cos x, estas satisfazem a forma polinomial sen 2 x +<<strong>br</strong> />

cos 2 x − 1 = 0. Portanto, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sen 2 z + cos 2 z = 1 é válida so<strong>br</strong>e todo o plano complexo.<<strong>br</strong> />

Teorema 1.30. (Teorema da monodromia). Se uma função f1(z), <strong>de</strong>finida no domínio R1, é continuada<<strong>br</strong> />

analiticamente a uma região Rn ao longo <strong>de</strong> dois caminhos diferentes, então as duas continuações<<strong>br</strong> />

analíticas serão idênticas se não houver singularida<strong>de</strong>s contidas entre os dois caminhos.<<strong>br</strong> />

A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrita no teorema acima é ilustrada na figura 1.28, na qual um ponto na região R1 é<<strong>br</strong> />

ligado a um outro ponto na região Rn por dois caminhos simples (C1 e C2) distintos. Os domínios R1, R2,<<strong>br</strong> />

. . . , Rn, . . . po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidos pelos raios <strong>de</strong> convergência das séries <strong>de</strong> Taylor que representam a mesma<<strong>br</strong> />

função f(z) em diferentes regiões do plano complexo. Se não houver pontos singulares na região interna<<strong>br</strong> />

aos circulos na figura 1.28, então a continuação analítica <strong>de</strong> f(z) da região R1 a Rn pelo caminho C1 será<<strong>br</strong> />

equivalente à continuação analítica ao longo <strong>de</strong> C2. Portanto,<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

f1(z), em R1<<strong>br</strong> />

⎪⎨<<strong>br</strong> />

f2(z), em R2<<strong>br</strong> />

f(z) = . .<<strong>br</strong> />

fn(z), em Rn<<strong>br</strong> />

⎪⎩<<strong>br</strong> />

. .<<strong>br</strong> />

As funções f1(z), f2(z), . . . , fn(z), . . . acima são<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>nominadas os elementos da função analítica<<strong>br</strong> />

completa f(z).<<strong>br</strong> />

Exemplo 1.36. Consi<strong>de</strong>ra-se a função f1(z) <strong>de</strong>finida<<strong>br</strong> />

por<<strong>br</strong> />

f1(z) =<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

z n = 1 + z + z 2 + · · · .<<strong>br</strong> />

Figura 1.29: Domínios <strong>de</strong> f(z) = (1 − z) −1 .<<strong>br</strong> />

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60 1.10. Continuação analítica<<strong>br</strong> />

Sabe-se que esta série <strong>de</strong> Taylor converge na região R1 : |z| < 1 para a funçãof(z) = 1/ (1 − z), cujo domínio<<strong>br</strong> />

é todo o plano complexo exceto o ponto z = 1. Como o domínio <strong>de</strong> f(z) se intersecciona com o domínio<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> f1(z), esta última é a única continuação analítica <strong>de</strong> f1(z) possível para |z| 1 (exceto z = 1). Outras<<strong>br</strong> />

possíveis continuações analíticas <strong>de</strong> f(z) para a região à esquerda <strong>de</strong> z = 1 (ao longo do eixo real) são:<<strong>br</strong> />

f2(z) = 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

z + 1<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

A figura 1.29 ilustra estas três regiões.<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

(Região R2 : |z + 1| < 2) , f3(z) = 1<<strong>br</strong> />

1 + i<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=0<<strong>br</strong> />

n z + i<<strong>br</strong> />

(Região R3 : |z + i| < 2) .<<strong>br</strong> />

1 + i<<strong>br</strong> />

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