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Terras e Fatos - Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

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U M P E R F I L D E A U R E L I A N O R E S T I E R G O N Ç A LV E S<br />

A incumbência <strong>de</strong> apresentar aos leitores um antigo funcionário <strong>do</strong> Arquivo <strong>da</strong><br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> constituiu uma tarefa instigante e gratificante. É bom lembrar que mesmo<br />

conviven<strong>do</strong> diariamente com uma pessoa ela nos surpreen<strong>de</strong>.<br />

Aureliano foi um brasileiro comum e a História <strong>de</strong>sconhece os homens comuns,<br />

permanecen<strong>do</strong> estes, assim, anônimos, sem História. A maioria <strong>do</strong>s biógrafos reclama<br />

<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s enfrenta<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>screver seus personagens, porém exaltam o<br />

fascínio que a tarefa proporciona.<br />

Filho <strong>de</strong> Joaquim Pedro Gonçalves e Carolina Maria Restier Gonçalves,<br />

Aureliano nasceu a 8 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1881 no então distrito <strong>de</strong> Barra <strong>do</strong> Piraí, on<strong>de</strong> cursou<br />

o primário na primeira escola <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, emancipa<strong>da</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Piraí em 1890.<br />

Foi um autodi<strong>da</strong>ta. Graças ao seu esforço e à sua <strong>de</strong>dicação, progrediu no<br />

funcionalismo ao mesmo tempo em que se transformaava em um estudioso <strong>da</strong> História<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. Tornou-se um <strong>de</strong> seus memorialistas, narran<strong>do</strong> ao que<br />

assistiu e o que lhe contaram, pois, além <strong>de</strong> familiares e amigos, entre seus<br />

contemporâneos contavam-se os mais <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s cronistas e memorialistas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong>: Vieira Fazen<strong>da</strong>, Ferreira Rosa, Mello Morais Filho, Max Fleiuss, Luiz<br />

Edmun<strong>do</strong>, João <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, Noronha Santos. Este foi seu colega e chefe no Arquivo <strong>do</strong><br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Uma convivência muito rica, já que to<strong>do</strong>s eram homens <strong>do</strong> século<br />

XIX que tinham assisti<strong>do</strong> e participa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças políticas, econômicas, sociais e<br />

urbanistas <strong>da</strong> vira<strong>da</strong> <strong>do</strong> século XX na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />

Entre 1904 e 1909 trabalhou na administração municipal como extranumerário,<br />

exercen<strong>do</strong> a função <strong>de</strong> auxiliar <strong>de</strong> escrita, lota<strong>do</strong> na Diretoria Geral <strong>de</strong> Obras e Vi a ç ã o .<br />

Sen<strong>do</strong> extranumerário, só recebia quan<strong>do</strong> realizava alguma tarefa; contu<strong>do</strong>, o tempo <strong>de</strong><br />

serviço contava como o <strong>de</strong> qualquer funcionário efetivamente contrata<strong>do</strong>. Em outubro<br />

<strong>de</strong> 1909, a Diretoria teve amplia<strong>do</strong> seu quadro funcional com a nomeação <strong>de</strong> quatorze<br />

amanuenses, entre eles Aureliano, então com 28 anos. 1<br />

Hoje poucos conhecem o termo, que dirá a função que o amanuense exercia.<br />

Essa <strong>de</strong>sapareceu <strong>do</strong> Serviço Público com a introdução <strong>da</strong> máquina <strong>de</strong> escrever e <strong>da</strong><br />

fotocópia. O amanuense se responsabilizava pela escrita <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos<br />

necessários ao serviço. Tu<strong>do</strong> era manuscrito. O aparecimento <strong>do</strong> <strong>da</strong>tilógrafo não o fez<br />

<strong>de</strong>saparecer <strong>de</strong> imediato, já que inúmeros <strong>do</strong>cumentos por sua tipici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou caráter<br />

sigiloso continuaram a ser manuscritos. Quem <strong>de</strong>sconhece o acervo <strong>do</strong>cumental<br />

manuscrito existente nos cartórios e nos arquivos e convive cotidianamente com xerox,<br />

fax, computa<strong>do</strong>r e internet dificilmente avalia a importância <strong>do</strong>s amanuenses e o<br />

volume <strong>de</strong> sua contribuição.<br />

O amanuense situava-se na posição inferior na hierarquia <strong>do</strong> funcionalismo. A<br />

subalterni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> cargo atraiu a verve <strong>do</strong>s escritores <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, e mesmo <strong>do</strong><br />

século XIX, motivan<strong>do</strong>-os na produção <strong>de</strong> vários textos. Ciro <strong>do</strong>s Anjos <strong>de</strong>stacou-se<br />

com sua obra O amanuense Belmiro. Arthur Azeve<strong>do</strong> escreveu vários contos usan<strong>do</strong>os<br />

como tema central. Em De cima para baixo, satiriza a burocracia <strong>do</strong> Serviço<br />

Público, ao mesmo tempo em que ressalta a relevância <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> amanuense,<br />

apesar <strong>de</strong> sujeitos aos man<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sman<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s superiores. Alguns <strong>do</strong>s "colegas"<br />

amanuenses foram: Cruz e Souza na Estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Ferro Central <strong>do</strong> Brasil, Luiz Gama na<br />

Secretaria <strong>de</strong> Polícia, Lima Barreto, Orestes Barbosa.<br />

Aureliano exerceu a função na Diretoria <strong>de</strong> Obras ao longo <strong>de</strong> quase vinte anos,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong> a 2º oficial em 1919, o que resultou na escala<strong>da</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>grau

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