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Terras e Fatos - Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

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4 2 | T E R R A S E FAT O S<br />

Desbarato <strong>da</strong> Colônia<br />

Villegaignon, sem meditar as conseqüências, pôs em ventura os amigos, os emigra<strong>do</strong>s<br />

voluntários, os mercenários e os con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s que o acompanharam ao <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, on<strong>de</strong> a to<strong>da</strong> essa<br />

gente o <strong>de</strong>stino reservou uma existência bem diversa <strong>da</strong> que sonhara cheia <strong>de</strong> conforto e tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

próspera e rica. Em menos <strong>de</strong> um ano, o clima e as privações amoleceram o ânimo; a continência e a<br />

severa disciplina criaram a rebeldia e por fim as <strong>de</strong>savenças religiosas. Embora ilustra<strong>do</strong>, Villegaignon<br />

não possuía quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> administra<strong>do</strong>r e pensou vencer com a tirania, fazen<strong>do</strong>-se, assim, odia<strong>do</strong>. A<br />

fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> seu caráter levou-o a fomentar a luta religiosa entre os colonos e procurou tirar vantagens<br />

<strong>de</strong>ssa situação, <strong>de</strong>claran<strong>do</strong>-se sincero calvinista, como havia si<strong>do</strong> fervoroso católico. Acabou, afinal, diz<br />

Gaffarel, odia<strong>do</strong> pelos protestantes e <strong>de</strong>spreza<strong>do</strong> pelos católicos. Preven<strong>do</strong> o malogra<strong>do</strong> e próximo fim<br />

<strong>da</strong> colônia, preferiu aban<strong>do</strong>ná-la, embarcan<strong>do</strong> para a Europa em 1558. A tática guerreira <strong>de</strong> Nicolau<br />

Durand <strong>de</strong> Villegaignon e a sua bravura impuseram sempre receios ao inimigo, para um ataque <strong>de</strong><br />

ofensiva. A parti<strong>da</strong>, portanto, <strong>do</strong> cavaleiro <strong>de</strong> Malta e vice-almirante <strong>de</strong> Bretanha, fez romper logo as<br />

hostili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s forças portuguesas contra o estabelecimento francês, cujo governo ficara entregue a<br />

Bois le Comte, outro tirano que não teve o bom entendimento <strong>de</strong> aliar os elementos valiosos ain<strong>da</strong><br />

existentes na Colônia e com os quais teria podi<strong>do</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua segurança. A 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1560,<br />

<strong>de</strong>ram os portugueses o ataque <strong>de</strong>cisivo que lhes trouxe a vitória, após <strong>do</strong>is dias e três noites <strong>de</strong> luta<br />

heróica. Assedia<strong>do</strong>s, sem água e sem munições, os franceses e os indígenas aban<strong>do</strong>naram a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>la aos<br />

lusitanos. Logo a seguir, man<strong>do</strong>u Mem <strong>de</strong> Sá arrasá-la e que o mesmo se proce<strong>de</strong>sse no continente, on<strong>de</strong><br />

o fogo <strong>de</strong>struiu to<strong>da</strong> a próspera Colônia. Em carta a Catarina <strong>da</strong> Áustria, regente <strong>de</strong> Portugal, Mem <strong>de</strong><br />

Sá, prestan<strong>do</strong> contas <strong>do</strong> seu feito, lembrou à dita soberana o povoamento <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />

Estácio <strong>de</strong> Sá – Combate <strong>de</strong> Uruçumirim<br />

Os franceses voltaram a ocupar o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, on<strong>de</strong> levantaram novas fortificações em<br />

Uruçumirim – <strong>de</strong>pois praia <strong>do</strong> Flamengo, junto à agua<strong>da</strong> <strong>da</strong> Carioca e na ilha <strong>de</strong> Maracaiá – chefe<br />

indígena. Essa ilha é a atual Governa<strong>do</strong>r. Por to<strong>da</strong> a costa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Espírito Santo até São Vicente, os<br />

franceses instigaram os indígenas contra os portugueses, cujas feitorias foram <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>s pelas legiões<br />

guerreiras <strong>do</strong>s índios tamoios. São Vicente escapou à <strong>de</strong>struição, porque a tempo <strong>de</strong> um armistício<br />

chegaram os jesuítas Manoel <strong>da</strong> Nóbrega e José <strong>de</strong> Anchieta que negociaram a paz entre os beligerantes,<br />

firma<strong>da</strong> na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Iperoig on<strong>de</strong> aqueles religiosos tinham <strong>de</strong>sembarca<strong>do</strong>, a 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1563, e foram<br />

hóspe<strong>de</strong>s <strong>do</strong> cacique Caoquira. Entretanto, porque parecesse favorável a ocasião <strong>de</strong> povoar o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong>, senhorean<strong>do</strong> a terra com a completa expulsão <strong>do</strong>s franceses, Portugal man<strong>do</strong>u Estácio <strong>de</strong> Sá,<br />

por capitão <strong>de</strong> efeito, com duas naus <strong>de</strong> guerra, que chegaram à Bahia em 1563, on<strong>de</strong> o governa<strong>do</strong>r geral,<br />

ven<strong>do</strong>-se com tão hábil capitão e socorro, agregou a ele os navios <strong>da</strong> costa e alguma gente militar, aviou<br />

a frota com a maior presteza que pô<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>spediu no começo <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1564. O regimento <strong>da</strong><br />

expedição man<strong>da</strong>va que o capitão <strong>de</strong>man<strong>da</strong>sse a barra <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> e nela entrasse ao som <strong>de</strong><br />

guerra, observasse as disposições <strong>do</strong> inimigo e, se contasse com a vitória, procurasse tirá-lo ao mar alto<br />

e aí rompesse com ele. Para diligenciar auxílios à empresa, veio <strong>da</strong> Bahia com Estácio <strong>de</strong> Sá o ouvi<strong>do</strong>r<br />

Brás Fragoso, e no Espírito Santo embarcou o capitão prove<strong>do</strong>r Belchior <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, e aliaram-se à<br />

frota, com as suas velozes canoas, os índios temiminós, sob a direção <strong>do</strong> seu valente cacique o famoso<br />

Araribóia. Em chegan<strong>do</strong> à Guanabara, nos primeiros dias <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1564, a expedição<br />

conquista<strong>do</strong>ra, logo à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> barra, fez a tomadia <strong>de</strong> uma nau francesa que carregava carne, pão e<br />

vinho e cuja tripulação se pôs em fuga para a terra. O profun<strong>do</strong> antagonismo <strong>da</strong>s duas raças não podia<br />

permitir entre o branco europeu e os livres filhos <strong>da</strong> América uma paz dura<strong>do</strong>ura e esse foi o principal,<br />

se não único, embaraço à conservação <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Iperoig, que Estácio <strong>de</strong> Sá já encontrou rompi<strong>do</strong> ao<br />

chegar ao <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, on<strong>de</strong> os seus batéis foram recebi<strong>do</strong>s a flechas pelos tamoios. Em tais<br />

circunstâncias, man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o regimento <strong>da</strong> expedição to<strong>do</strong> o zelo pela paz com o gentio e a audiência <strong>do</strong><br />

padre Nóbrega nas ocasiões difíceis, resolveu Estácio <strong>de</strong> Sá pedir a presença <strong>do</strong> notável jesuíta no <strong>Rio</strong>

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