Livro: Fabiano de Cristo O Peregrino da Caridade - GE Fabiano de ...
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Era a sensação <strong>de</strong> dor in<strong>de</strong>finível, <strong>de</strong>ssas que nascem <strong>da</strong> alma.<br />
— Vais viajar?<br />
— Sim! Uma viagem sem retorno a esta região on<strong>de</strong> fui feliz, mas on<strong>de</strong><br />
sofro, agora, uma dor sem remédio!<br />
— E viajas por seres infeliz?<br />
— Que me resta aqui, pai <strong>Fabiano</strong>? Além <strong>de</strong> teu coração paternal, nenhum<br />
outro encontrei que me <strong>de</strong>sse compreensão. Cansado, partirei <strong>de</strong>siludido, e<br />
assim não farei mais ninguém infeliz.<br />
— Mas... te <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>s para sempre?<br />
Para sempre! Tomarei novos caminhos...<br />
— Há caminhos, porém, meu filho, que são traiçoeiros <strong>de</strong>svios que po<strong>de</strong>m<br />
conduzir-nos a maiores sofrimentos ain<strong>da</strong>. Se a vi<strong>da</strong> te pesa aqui, como<br />
será essa vi<strong>da</strong> amanhã?<br />
— De tudo me livrarei!<br />
— Também, um dia, pensei em livrar-me <strong>de</strong> muitas coisas, André.<br />
Descobri, porém, que ninguém se livra <strong>de</strong> si mesmo, salvo, quando se<br />
esquece <strong>de</strong> si, para viver pelos outros. Há, por isso, parti<strong>da</strong>s que nos levam<br />
para o bem, fazendo <strong>de</strong>sabrochar virtu<strong>de</strong>s adormeci<strong>da</strong>s em nossos corações<br />
e há aquelas que nos arrojam a <strong>de</strong>spenha<strong>de</strong>iros insondáveis.<br />
— Partirei para on<strong>de</strong> não haja mais amarguras e, talvez, nem felici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
— Queres te anular, para esquecer?<br />
André hesitou, mas confirmou:<br />
— Creioque sim!<br />
— Antes <strong>de</strong> partires, aju<strong>da</strong>-me a <strong>da</strong>r conforto a um velhinho cego na<br />
enfermaria, que as forças me faltam hoje. Levarás, assim, para on<strong>de</strong> fores,<br />
uma lembrança inesquecível, que talvez te faça recor<strong>da</strong>r <strong>de</strong> nossa amiza<strong>de</strong>!<br />
O jovem relutou visivelmente.<br />
<strong>Fabiano</strong>, tomando-o pelo braço, qual faz um pai com o filho relutante,<br />
quase o arrastou na direção <strong>da</strong> enfermaria.<br />
Os dois estavam diante do mo<strong>de</strong>sto leito.<br />
— Juvenal! — chama bran<strong>da</strong>mente <strong>Fabiano</strong>.<br />
— Oh! meu doce paizinho — prorrompe o velho a tatear o ar com as mãos,<br />
em busca do amigo que estava quase a seus pés.<br />
— Voltas a ver-me!<br />
— Como estás agora, meu bom Juvenal?