Livro: Fabiano de Cristo O Peregrino da Caridade - GE Fabiano de ...
Livro: Fabiano de Cristo O Peregrino da Caridade - GE Fabiano de ...
Livro: Fabiano de Cristo O Peregrino da Caridade - GE Fabiano de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
9<br />
O FEITOR DE ESCRAVOS<br />
Sol tropical, alto e ar<strong>de</strong>nte.<br />
O feitor <strong>de</strong> escravos sua abun<strong>da</strong>ntemente. Abaixa a cabeça e passa a testa<br />
sobre o braço, querendo enxugar a fronte febril.<br />
— Olha o siô Silva — alerta um dos escravos, aos <strong>de</strong>mais que estavam<br />
trabalhando. — Ele não está bem!<br />
Mal terminara <strong>de</strong> falar, Silva <strong>de</strong>saba no chão.<br />
Houve um instante <strong>de</strong> compreensível hesitação.<br />
Poucos, <strong>da</strong>queles que ali estavam, <strong>de</strong>sconheciam a força <strong>de</strong> seu chicote<br />
disciplinador, trazendo marcas no lombo. Natural, pois, que evitassem<br />
qualquer precipitação.<br />
O primeiro que se atreveu a aproximar-se, gritou:<br />
— Ele está morrendo!<br />
Em segundos, sem mais pensar, tomaram-no sobre os ombros e <strong>de</strong>sceram o<br />
morro, em quase <strong>de</strong>sabala<strong>da</strong> correria, na direção do Convento <strong>de</strong> Santo<br />
Antônio, on<strong>de</strong> sabiam po<strong>de</strong>r contar com <strong>Fabiano</strong> <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>.<br />
— Sinhô <strong>Fabiano</strong>! — corre um <strong>de</strong>les, na frente a rogar por socorro. —<br />
Aju<strong>da</strong> aqui, sinhô <strong>Fabiano</strong>!<br />
<strong>Fabiano</strong>, arrastando a perna enferma, chega com a moringa <strong>de</strong> água na mão<br />
e uma caneca, pronto a prestar o socorro mais eficiente que conhecia.<br />
— O Silva passa mal! — informa um dos escravos mais velhos, num tom<br />
<strong>de</strong> comovente pie<strong>da</strong><strong>de</strong>. — Faz por ele o que faz por nós, pai <strong>Fabiano</strong>.<br />
<strong>Fabiano</strong> enche o caneco com água <strong>da</strong> sua moringa.<br />
Dirige-se a um dos escravos, que sabia o mais sofrido e revoltado e diz:<br />
— Dá-lhe <strong>de</strong> beber! E pe<strong>de</strong> a Jesus, <strong>de</strong> todo o teu coração, que lhe<br />
mantenha a vi<strong>da</strong>.<br />
— Mas... ele já me bateu tanto!<br />
— Bem por isso, filho! Mostra a Deus, agora, que perdoas a quem te<br />
persegue e te faz sofrer. Revela, com teu gesto, que não trazes rancor<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> tua alma.<br />
O escravo ren<strong>de</strong>u-se a <strong>Fabiano</strong>.<br />
Levantou ligeiramente o corpo do feitor e fê-lo beber <strong>da</strong>quela água que<br />
sabia abençoa<strong>da</strong> por <strong>Fabiano</strong> e que o próprio <strong>Fabiano</strong> lhes servia na porta<br />
do Convento, quando por lá passavam.<br />
Aquela água era do poço que <strong>Fabiano</strong> abrira com as suas próprias mãos<br />
para <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntar os escravos que passavam pela porta do convento e que<br />
lhes restabelecia as forças, a saú<strong>de</strong> e a esperança.