Violência Sexual e Saúde Mental: análise dos programas - Virtual ...
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informações básicas ou mesmo que aceitam informes incompletos, dentre outros. Tudo isso<br />
contribui para a maneira distorcida e desconectada da realidade como aparecem os da<strong>dos</strong><br />
colhi<strong>dos</strong> diretamente das Secretarias de Segurança Pública e de <strong>Saúde</strong>. Portanto, a suposição<br />
de que na verdade a taxa de estupros e de atenta<strong>dos</strong> violentos ao pudor é muito mais alta do<br />
que aquela apresentada oficialmente não é de todo sem base.<br />
Giffin (1994) afirma que alguns estu<strong>dos</strong> norte-americanos têm apontado que são<br />
denuncia<strong>dos</strong> apenas cerca de 2% <strong>dos</strong> casos de abuso sexual de crianças dentro da família, 6%<br />
<strong>dos</strong> casos de abuso sexual de crianças fora da família, e de 5% a 8% <strong>dos</strong> casos de abuso sexual<br />
de adultos, estatísticas que colaboram com a “invisibilidade social” deste tipo de crime.<br />
O autor da violência tem sido sistematicamente reconhecido em diversas áreas da<br />
saúde como sendo predominantemente um conhecido íntimo, muitas vezes parte da família da<br />
vítima. Esta distribuição social da violência reflete uma divisão de gênero ainda existente na<br />
sociedade, com homens dominando os espaços públicos enquanto mulheres são confinadas ao<br />
espaço doméstico. Porém é exatamente no âmbito doméstico que ocorre e que se perpetua<br />
grande parte da violência contra a mulher, inclusive a sexual, perpetrada, em muitos casos,<br />
pelo parceiro íntimo. Para corroborar com estas afirmações, Giffin (1994), citando Heise<br />
(1994), pontua que um estudo sobre mães adolescentes realizado em um hospital de Lima<br />
revelou que 90% das mães entre 12 e 16 anos tinham sido estupradas e que, em sua grande<br />
maioria, o agressor fora o pai, padrasto ou outro parente próximo.<br />
De interesse do movimento feminista também é clarificar e entender que tipo de<br />
atendimento tem sido oferecido às vítimas de violência sexual no Brasil, pois, muitas vezes, há<br />
uma grande possibilidade de se causar um maior dano do que aquele já imposto à vítima no<br />
caso de um mau atendimento ou de um atendimento realizado por um profissional<br />
despreparado para as sutilezas e particularidades deste tipo de violência (Adorno et alii, 2005).<br />
Giffin (1994) faz uma rápida leitura <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> mundiais acerca da violência contra a<br />
mulher, especialmente da violência sexual, e traz da<strong>dos</strong> que realmente dão visibilidade à<br />
dimensão epidêmica deste tipo de violência que se faz onipresente. Estes da<strong>dos</strong> foram<br />
prepara<strong>dos</strong> por Heise (1994) para uma série do Banco Mundial sobre a problemática e<br />
revelam, por meio de vários estu<strong>dos</strong> compila<strong>dos</strong>, que<br />
Embora basea<strong>dos</strong> em definições variadas do fenômeno estudado, 35 estu<strong>dos</strong> de 24<br />
países revelam que entre 20% (Colômbia, da<strong>dos</strong> de uma amostra nacional) e 75%<br />
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