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Violência Sexual e Saúde Mental: análise dos programas - Virtual ...

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tendo repetido ou não seus atos de violência, não é, portanto, apenas um agressor. O autor de<br />

agressão é aquele que, por não conseguir colocar em palavras o que pretende, o demonstra em<br />

ato. E é neste ponto que pode incidir o tratamento psicanalítico, sustentado pela teorização de<br />

que quanto mais um sujeito se expressa menos ele terá de se fazer ouvir pelo ato impulsivo.<br />

Tem-se sempre em mente o cuidado de não cristalizar esse indivíduo em uma posição<br />

marginalizada e estigmatizada, relacionando-o, assim, novamente com uma sociedade que<br />

possa aceitá-lo (Oliveira, 2003).<br />

Welzer-Lang (2004), ao pesquisar homens violentos, constata que não há<br />

responsabilização para os atos destes, assim como estes homens não identificam o grau e a<br />

extensão da dor que causam às suas vítimas, ou seja, os homens não entendem os efeitos<br />

corporais e psíquicos da dominação que exercem. Para os homens que pesquisou, a violência<br />

se caracteriza apenas como algo que ocorre em um momento específico, sem relação com uma<br />

historicidade de vida ou com um ciclo de violação <strong>dos</strong> direitos das mulheres, e se liga a uma<br />

modificação da conduta da companheira, algo que se instaura em um nível quase “educativo”<br />

e que mantém e reproduz as relações de poder encontradas na sociedade, mesmo em um nível<br />

íntimo. Welzer-Lang indica uma saída do androcentrismo para a escuta do que as mulheres<br />

têm a dizer sobre os homens e, então, uma melhor identificação do que realmente ocorre, algo<br />

como uma ruptura epistemológica que todo pesquisador de masculinidades deveria propor-se a<br />

realizar.<br />

Junto aos estu<strong>dos</strong> das masculinidades, é nosso interesse manter sempre uma postura<br />

aliada aos estu<strong>dos</strong> de gênero, campo que deu origem aos estu<strong>dos</strong> de masculinidades de<br />

perspectiva anti-sexista/feminista. O termo gênero diz respeito “às origens exclusivamente<br />

sociais das identidades subjetivas <strong>dos</strong> homens e das mulheres” (Scott, 1990, pg. 7), indicando,<br />

portanto, o caráter sócio-cultural de atributos comumente associa<strong>dos</strong> a indivíduos fêmeos e a<br />

indivíduos machos para diferenciá-los socialmente.<br />

Para Strathern (1988, apud Costa, 2002), gênero diz respeito a uma categoria de<br />

diferenciação, que se refere a pessoas, eventos, seqüências e a tudo aquilo que possa desenhar<br />

a imagem sexual, mostrando os meios através <strong>dos</strong> quais as características de masculino e<br />

feminino tornam concretas as idéias das pessoas sobre a natureza das relações sociais.<br />

Mesmo que o gênero seja elaborado por teóricos como uma categoria ou parte da<br />

<strong>análise</strong>, ele também é aplicado a pessoas reais como uma “marca” da diferenciação biológica,<br />

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