Violência Sexual e Saúde Mental: análise dos programas - Virtual ...
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comunitário para vítimas, papéis de gênero flexíveis para mulheres e homens, eqüidade na<br />
tomada de decisões e nos recursos da família, um ethos cultural que condena a violência como<br />
maneira de resolver conflitos, e poder e autonomia femininos fora do lar. Relaciona, ainda,<br />
que onde estes fatores se expõem dentro de nossa sociedade existem reduções nos números de<br />
violência.<br />
A compreensão acerca das masculinidades é um ponto que pode auxiliar em muito a<br />
concretização de uma sociedade igualitária. No início <strong>dos</strong> anos 90, as grandes conferências<br />
internacionais feministas – como as de Beijing e do Cairo – enfatizaram a necessidade de<br />
incorporar os homens como alvos de políticas públicas que incluíssem a implementação de<br />
uma maior eqüidade entre os sexos, enfatizando a importância de ações políticas junto à<br />
população masculina.<br />
Autores como Welzer-Lang (2004) apóiam a tese de que o gênero se mantém e é tanto<br />
definido como regulado através de violências. Compreendem que, assim, se perpetua a<br />
estrutura de poder atribuída coletivamente e individualmente aos homens às custas das<br />
mulheres. As relações homens/homens também são marcadas por desníveis e por violências<br />
simbólicas e concretas.<br />
De acordo com Connell (1997), a masculinidade não é um objeto coerente ou<br />
generalizável, e toda tentativa de definição deste deve estar inserida numa estrutura maior, de<br />
modo a possibilitar, assim, a compreensão de suas dinâmicas, colocando-o sempre em uma<br />
rede de significantes, na qual se incluem “as práticas que comprometem homens e mulheres<br />
com essa posição de gênero, e os efeitos destas práticas na experiência corporal, na<br />
personalidade e na cultura” (p. 35). Almeida (1995, apud Costa, 2002) enfatiza que a<br />
masculinidade não deve ser encarada como o simples colorido cultural de um dado natural,<br />
uma vez que ela é marcada por assimetrias (como heterossexual/homossexual) e por<br />
hierarquias (de mais a menos “masculino”).<br />
Connell (1997) pensa o conceito de gênero como uma forma de organização de<br />
práticas sociais que se inserem e afetam corpos, mesmo que não se reduzam a eles. Salienta,<br />
ainda, que toda cultura tem definições de conduta, comportamentos e sentimentos que são<br />
apropria<strong>dos</strong> por aqueles que se identificam com as masculinidades. Portanto, os homens,<br />
desde cedo em suas vidas, são leva<strong>dos</strong> a ações e a sentimentos que reproduzam estes valores.<br />
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