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1 O MONÓLOGO INTERIOR NO ROMANCE “AS MENINAS ... - Unesp

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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />

Lorena estuda direito, Lia estudava ciências sociais e Ana Clara estudava psicologia.<br />

Isto porque Lorena se insere melhor nas normas estabelecidas pela sociedade, Lia se interessa<br />

pelo aspecto social do país, e Ana Clara não consegue se desprender do passado. Lia e Ana<br />

Clara trancaram as matrículas, Lia porque quer agir sobre a sociedade mais diretamente, Ana<br />

Clara porque seu passado impede qualquer tentativa de inserção. A história ocorre durante um<br />

período bem crítico: a faculdade está em greve. No decurso da narração a vida das três<br />

protagonistas muda, elas são recuperadas ou eliminadas pela sociedade. O fim da narrativa<br />

coincide com o fim da greve.<br />

Um primeiro aspecto se refere ao engajamentos político delas. De um lado, as<br />

personagens Lorena e Ana Clara, não querem decidir de que lado político estão, ao contrário da<br />

personagem Lia, que, por outro lado, era assumidamente ativista de esquerda, e que acaba<br />

fazendo parte do grupo de resistência militar contra o Regime Militar chamado “aparelho”.<br />

No romance de Telles, é possível se observar mais de uma vez, o quanto as<br />

personagens se referem à sociedade, e o quanto os acontecimentos reais influenciaram na<br />

ambientalização da obra. Lia terá de se esconder da polícia. Seu amante é preso, e depois solto,<br />

de um refém. Nesse espaço de tempo, teve uma relação frustrada com Pedro, jovem tímido e<br />

indeciso.<br />

Segundo Pereira, “em fragmentos, essa violência vai penetrando a tessitura do<br />

romance. De repente, ela ultrapassa as barreiras da intimidade das personagens e se deixa<br />

entrever. No quarto, nas consciências, nos discursos, eis que os signos da violência surgem<br />

como o reprimido que retorna (Cf. AM, p. 17, p. 54), manchando nas meninas sua intimidade que<br />

se queria pura e resguardada da realidade externa. Isso vai num crescendo, até que explode na<br />

descrição da tortura, no meio do romance. Trata-se da carta de um preso político relatando a sua<br />

própria tortura no “pau de arara”, nos porões do regime (Cf. AM, p. 146 e 147)”.(PEREIRA,2007)<br />

A força da ditadura militar mostra não só o drama de Lia neste romance, mas o de<br />

milhões de brasileiros que foram obrigados a se curvar sobre um governo rígido. Em História da<br />

Vida Privada no Brasil, afirma-se ser impossível saber de que lado os brasileiros estavam<br />

naquele primeiro de abril [...], e outro fato importante, era de que em torno de 60% dos que foram<br />

processados pelo Estado, tinham alto grau de escolaridade, além do que, deixaram uma rica<br />

herança cultural e ainda viva no país. (p.326).<br />

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