1 DA INVECTIVA À IRONIA EM LIMA BARRETO Áureo ... - Unesp
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X SEL – Seminário de Estudos Literários<br />
UNESP – Campus de Assis<br />
ISSN: 2179-4871<br />
www.assis.unesp.br/sel<br />
sel@assis.unesp.br<br />
<strong>DA</strong> <strong>INVECTIVA</strong> <strong>À</strong> <strong>IRONIA</strong> <strong>EM</strong> <strong>LIMA</strong> <strong>BARRETO</strong><br />
<strong>Áureo</strong> Joaquim Camargo (Mestre – UFMS/MS)<br />
RESUMO: A obra de Lima Barreto é vasta. Escreveu romances, sátiras, crônicas e artigos que refletiam<br />
bem o seu estado de espírito crítico com relação aos problemas sociais, econômicos e culturais do Rio de<br />
Janeiro. Este trabalho procura delinear alguns aspectos da construção da sua crítica, através da leitura<br />
de duas crônicas: “O ideal do Bel-Ami” e “O oráculo”. Num primeiro momento, teceremos alguns<br />
comentários sobre a sua militância e o seu enfrentamento ao sistema literário da época, e do qual se<br />
sentia um excluído. Num segundo momento, propomos a análise da construção da sua crítica pelo viés<br />
da invectiva e da ironia.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Lima Barreto; crônicas; crítica; ironia.<br />
Lima Barreto: um projeto de literatura militante<br />
A obra de Lima Barreto constitui um elemento importante na análise dos muitos<br />
problemas existentes no Rio de Janeiro do início do século XX. O escritor carioca procurou usar<br />
a literatura como ferramenta de crítica aos desmandos dos poderosos, principalmente com<br />
relação à política vigente na época. Elementos importantes dentro de sua produção são suas<br />
crônicas, as quais usou também para criticar o sistema literário, principalmente no que se referia<br />
à política editorial, ao mandarinato literário, como ele mesmo assim o definia.<br />
Mas a grande dificuldade enfrentada pelo escritor também era decorrente de suas<br />
críticas ácidas, principalmente após a publicação de Recordações do Escrivão Isaías Caminha,<br />
em 1909, um roman à clef, em que narra os bastidores de um grande jornal, O Globo; na<br />
realidade, tratava-se do Correio da Manhã.<br />
e com a crítica dos<br />
A ousadia do jovem escritor seria combatida com o fechamento das portas das editoras<br />
senhores da literatura; os que vestem casa e frequentam a Livraria Garnier,<br />
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ANAIS DO X SEL – S<strong>EM</strong>INÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e<br />
Representação”<br />
jamais lhe perdoarão a ousadia da violenta arremetida, as diatribes ferinas que dirigira a<br />
certos príncipes do jornalismo e das letras, as caricaturas cruéis que ainda hoje cobrem de<br />
ridículo medalhões cheios de empáfia, os mais importantes medalhões da época.<br />
(BARBOSA, 1975, p. 175).<br />
Assim, o amanuense do Ministério da Guerra começava sua história literária,<br />
procurando criticar os vícios que ele abominava nos jornais da época. Zélia Nolasco-Freire<br />
afirma que<br />
é possível que todo o confronto que existiu em Lima Barreto e a Crítica Literária logo no<br />
início da carreira do escritor, deve-se em grande parte ao romance Recordações do<br />
Escrivão Isaías Caminha (1909). Isso não quer dizer que o romance não apresente<br />
qualidades literárias, mas por se posicionar contra o estilo literário vigente. Subentende-se<br />
que a Crítica ─ por se sentir ameaçada ou despreparada ─ analisa-a somente pelo viés:<br />
vida e obra. Quando não, implantam a lei do silêncio. Além de fazer um retrato cruel do<br />
mundo jornalístico é o romance no qual o escritor mais se deixa transparecer. (FREIRE,<br />
2005, p. 132).<br />
O próprio Lima se ressente dessa situação, quando escreve em seu Diário Íntimo:<br />
Hoje pus-me a ler velhos números do Mercure de France. Lembro-me bem que os lia antes<br />
de escrever o meu primeiro livro. Publiquei-o em 1909. Até hoje nada adiantei. Não tenho<br />
editor, não tenho jornais, não tenho nada. O maior desalento me invade. Tenho sinistros<br />
pensamentos. Ponho-me a beber; paro. Voltam eles e também um tédio da minha vida<br />
doméstica, do meu viver quotidiano, e bebo. (<strong>BARRETO</strong>, 1956, p. 171).<br />
Mesmo com as dificuldades particulares, como o seu alcoolismo e os surtos psicóticos<br />
que o acometiam, Lima Barreto não se esquivou de sua militância intelectual. Tinha perfeita<br />
consciência de que estava na contramão das normas estéticas e intelectuais da época. Para<br />
FANTINATI,<br />
Claro está que, para um artista que se propõe à militância, sua atitude, face ao campo<br />
intelectual, é de conflito e de dissensão, pois, impondo-se a tarefa de desestruturar a<br />
sociedade, encontra aí justamente seu primeiro obstáculo. Se, desde o primeiro momento,<br />
assume uma atitude militante, estreia, em busca da aceitação social, terá que ser feita à<br />
margem dos padrões convencionais de acesso ao campo intelectual: não poderá ser<br />
amparado pelo escritor consagrado, não contará com a predisposição à receptividade por<br />
parte de editores, jornalistas, críticos e de instâncias outras de legitimação. Em outros<br />
termos: seu trabalho não contará com a solidariedade da admiração mútua, em que, em<br />
dados momentos, se transforma o campo intelectual (1978, p.6).<br />
As dificuldades de relacionamento com a elite intelectual da época estavam mais<br />
ligadas à visão de mundo e de literatura do que propriamente pela diferença racial e econômica<br />
de Lima Barreto. Tinha ele pretensões de sucesso na literatura, procurava seu lugar de<br />
destaque, principalmente concorrendo a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.<br />
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Representação”<br />
Embora o artista militante seja um contestador da sociedade e, por conseguinte, do sistema<br />
intelectual vigente, apresenta ele, em relação ao intelectual triunfante num sistema<br />
simbólico, um ponto comum, a saber, a busca do sucesso. Se a marca do artista que goza<br />
do beneplácito do campo intelectual é o êxito social, a necessidade imanente ao projeto do<br />
artista militante é a de uma recepção social positiva, facilmente compreensível se se<br />
atentar para o fato de que uma recusa social de sua obra significa para ele um sintoma de<br />
fracasso na tarefa que atribui a si mesmo. (FANTINATI, 1978, p. 7).<br />
Tentou Lima Barreto por três vezes entrar para a Academia Brasileira. Preterido nas<br />
duas primeiras vezes, retirou a sua candidatura na terceira vez. Em 13 de agosto de 1921, em<br />
crônica publicada na revista Careta, ele afirma:<br />
Vou escrever um artigo perfeitamente pessoal; e é preciso. Sou candidato à Academia de<br />
Letras, na vaga do Senhor Paulo Barreto. Não há nada mais justo e justificável. Além de<br />
produções avulsas em jornais e revistas, sou ator de cinco volumes, muito bem-recebido<br />
pelos maiores homens de inteligência de meu país, nunca lhes solicitei semelhantes<br />
favores; nunca mendiguei elogios. Portanto, creio que minha candidatura é perfeitamente<br />
legítima, não tem nada de indecente. Mas [...] chegam certos sujeitos absolutamente<br />
desleais, que não confiam nos seus próprios méritos, quê têm títulos literários equívocos e<br />
vão para os jornais e abrem uma subscrição em favor de suas pretensões acadêmicas<br />
(<strong>BARRETO</strong>, 1921).<br />
Mais adiante, o cronista cita sua condição de não ter o apoio dos grandes meios de<br />
comunicação da época, como o Correio da Manhã:<br />
Se não disponho do Correio da Manhã ou do Jornal [cremos se tratar do Jornal do<br />
Comércio], para me estamparem o nome e o retrato, sou alguma coisa nas letras<br />
brasileiras e ocultarem meu nome ou o desmerecerem, é uma injustiça contra a qual eu me<br />
levanto com todas as armas ao meu alcance ( <strong>BARRETO</strong>,1956, p. 44).<br />
A afirmação de FANTINATI (1978, p. 6) de que o escritor, mesmo militando contra a<br />
sociedade vigente, procura encontrar o reconhecimento de sua obra, é corroborada por Lima<br />
Barreto, na mesma crônica citada anteriormente:<br />
Eu sou escritor e, seja grande ou pequeno, tenho direito a pleitear as recompensas que o<br />
Brasil dá aos que se distinguem na sua literatura. Apesar de não ser menino, não estou<br />
disposto a sofrer injúrias nem a me deixar aniquilar pelas gritarias de jornais. Eu não temo<br />
abaixoassinados em matéria de letras (<strong>BARRETO</strong>, 1956).<br />
Seu sonho de entrar para a academia acabou não sendo realizado. Embora o seu livro<br />
Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá tenha recebido menção honrosa pela Academia de Letras,<br />
em abril do mesmo ano, Lima Barreto retiraria sua candidatura para a vaga aberta pela morte de<br />
Paulo Barreto.<br />
Ao morrer, Lima Barreto deixaria uma infinidade de artigos, crônicas, sátiras e contos,<br />
além de seus romances. Sua contribuição para as revistas e os jornais do Rio de Janeiro<br />
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constitui numa das mais importantes para a literatura brasileira, principalmente se levarmos em<br />
consideração sua postura crítica diante dos sistemas político, econômico e literário da época.<br />
Da invectiva ao ataque direto<br />
Nos artigos e crônicas de Lima Barreto, encontramos uma galeria de fatos e<br />
personagens que ilustra muito bem o panorama dos primeiros vinte anos do século XX carioca.<br />
A cidade do Rio de Janeiro, com seus problemas e sua disparidade cultural, econômica e<br />
política, serve ao cronista como o motivo de sua escrita, o motivo de sua paixão.<br />
O Rio de Janeiro das crônicas de Lima Barreto é a cidade dos contrastes, das revoltas, das<br />
ruínas sob o vento do progresso, mas é antes de mais nada a expressão de uma paixão<br />
tão forte que as outras, mais humanas, não deixa espaço. Sozinho na multidão, de<br />
ninguém pode se aproximar realmente, por estar tomado de um sentimento excessivo de<br />
proximidade, com toda a cidade que só a literatura pode expressar. (RESENDE, 1993, p.<br />
100).<br />
Essa relação com a cidade e suas peculiaridades não é tão simples assim. Ela se<br />
constrói de modo arrevesado, pois, apesar da sua paixão pela cidade, o escritor se sente uma<br />
das muitas vítimas do processo de reestruturação pela qual passou a cidade, com as reformas<br />
de Pereira Passos. Como voz que se porta contrária aos anseios de uma cidade que se quer ver<br />
europeia, principalmente parisiense. Muitos cronistas aderiram ao projeto de remodelação da<br />
capital, procurando impor os modelos europeus, tal como a revista Kosmos e a seção Binóculo,<br />
a cargo de Figueiredo Pimentel, na Gazeta de Notícias.<br />
A revista Kosmos, por exemplo,<br />
Não fora pensada para questionar nenhum tipo de sistema: literário ou não. Seu conteúdo<br />
de arte ─ constrói-se sobre tendências diversas do panorama intelectual europeu fin-desiécle,<br />
no qual entrecruzam-se simbolistas, parnasianos, decadentes, realistas já em fase<br />
de dissolvência. Antes de mais nada, Kosmos era ato de afirmação; veículo móvel,<br />
comprobatório do remodelamento urbano, sua extensão. Protagonista de uma consciência<br />
urbana moderna que se modelava à custa da negligência dos subúrbios cariocas, espaço<br />
da competência de Lima Barreto. (DIMAS, 1983, p. 10).<br />
A postura de Lima Barreto diante da moda, da militância do dandismo e do smartismo<br />
é da crítica social, que procura mostrar aos leitores os malefícios que a reforma da cidade, com a<br />
destruição de certa característica tropical, que acabaria por levá-lo sempre ao inconformismo.<br />
Lima Barreto, segundo Antônio Dimas,<br />
em seu habitual (e delicioso!) desempenho de advogado do diabo, ainda em 1920,<br />
denunciava o lado negativo do reformismo, sem se inquietar com a pecha de reacionário.<br />
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ANAIS DO X SEL – S<strong>EM</strong>INÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e<br />
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Para ele, era preciso cuidar da “função social” de certas construções, sem o que elas<br />
pareciam “arremedos parisienses, [...] fachadas e ilusões cenográficas” (DIMAS, 1983, p.<br />
11).<br />
Não é só contra a abertura de avenida e prédios a que se opunha Lima Barreto; ele<br />
também se posicionou contra os desmandos, a incompetência administrativa e econômica dos<br />
políticos, da situação de pobreza que era imposta aos menos favorecidos. Em mais de uma<br />
crônica, o escritor mostrou sua indignação contras os modelos políticos, culturais e econômicos<br />
da época.<br />
A crítica contumaz de Lima Barreto é processada por meio de vários procedimentos,<br />
passando pela invectiva, pela ironia, pelo escracho puro e pelo tom jocoso em alguns casos. O<br />
uso dessas técnicas tinha como objetivo a crítica àqueles contra os quais se ressentia.<br />
A sua verve ferina voltava-se principalmente contra o mandarinato literário, não<br />
deixando de atacar também o sistema político da República Velha com seus representantes. Em<br />
uma crônica publicada em 1916, pelo jornal A.B.C., ele ataca duas figuras públicas da época, os<br />
quais teriam sido escolhidos para exercerem cargos no exterior. Trata-se da crônica “O ideal do<br />
Bel-Ami”.<br />
Nesta crônica, a maneira pela qual faz sua crítica é através da invectiva, ou seja, pelo<br />
ataque direto, nominal. O cronista trata da designação de Miguel Calmon para reger o curso de<br />
Estudos Brasileiros, em Coimbra, e a de Hélio Lobo para o curso de História da Diplomacia<br />
Brasileira, em Harvard.<br />
No início da crônica, o autor faz um desabafo, como uma espécie de justificativa para<br />
sua crítica: “É doloroso depois de certa idade, depois de ter perdido muitas das ilusões de<br />
menino, vir publicamente demonstrar intolerância”. A esse posicionamento de intolerância com a<br />
qual o autor principia seu texto é juntada uma validação das invectivas e críticas ácidas que se<br />
seguiram pela crônica afora:<br />
Da vida, pouco me resta de esperança e nada de ilusões, e eu não sairia a campo para<br />
dizer as verdades que aí vão ditas, se não fossem o nojo e o ódio que sinto ao ver a<br />
desfaçatez e o cinismo chegarem ao cúmulo em nossa terra, em questões de literatura<br />
(<strong>BARRETO</strong>, 1916) (grifos nossos).<br />
A escolha lexical dos termos “nojo” e “ódio” contrapõe aos termos “desfaçatez” e<br />
“cinismo”, que marcam o objeto da crítica do cronista.<br />
Ao centrar sua crítica às figuras de Hélio Lobo e Miguel Calmon, está centrando sua<br />
crítica ao sistema literário e, por vias indiretas, ao grupo estabelecido no poder. Ao se referir às<br />
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indicações de Lobo e Calmon, ele sentencia: “Que parelha!”. O termo “parelha”, usado<br />
comumente para se referir às formações de animais de tração, ganha no texto um significativo<br />
valor na intencionalidade do rebaixamento do objeto da crítica.<br />
O rebaixamento da imagem das duas figuras continua nos próximos parágrafos da<br />
crônica, aumentando a acidez da crítica. Nos dois próximos parágrafos o alvo recai sobre Hélio<br />
Lobo e as invectivas e indiretas referem-se à sua presumível mediocridade como escritor:<br />
[...] é o mais presumido bobo de que se tem notícia no Brasil que escreve; [...] Dele, não há<br />
nada nos seus livros; o que há de propriedade do mesmo nas obras em põe o nome, são<br />
os comentários mais tolos, indignos do mais humilde repórter de polícia.<br />
Para concluir o rebaixamento do oponente e relacioná-lo à proposta de mostrar sua<br />
intolerância quanto à “desfaçatez e o cinismo” que chegaram “em questões de literatura”, o<br />
cronista declara: “É um homem desses que vai não sei para onde representar a inteligência do<br />
Brasil”. Continuando com o desmerecimento da indicação de Lobo para o cargo, Lima Barreto<br />
dirige-se aos leitores e refere-se ao fato de que Harvard é famosa pelas disputas esportivas e<br />
que o indicado não tem aptidão física para tal. A referência ao fato é irônica, pois quer mostrar<br />
que o outro não tem qualidades físicas nem intelectuais para o cargo de professor de Harvard.<br />
Confessa Lima que conhece pouco Hélio Lobo, mas que conhece muito bem Miguel<br />
Calmon, pois estudara com ele na Escola Politécnica, onde, segundo o cronista, “andei<br />
vagabundando e conhecendo os homens durante alguns anos de minha meninice”. A referência<br />
ao ex-colega não é menos ácida do que a que fez a Hélio Lobo: “Desde cedo, [Calmon] tomou<br />
ares solenes e idiotas, para impressionar toda a gente. Morava em Niterói, com uma claque de<br />
baianos, que diziam da inteligência dele as maiores maravilhas”. Nota-se, então, uma crítica à<br />
personalidade que se forma (Calmon) e àqueles que a formam (a claque). Uma crítica àquele<br />
que ilude e àqueles que são iludidos.<br />
Da invectiva, passa ao ataque irônico: “Calmon, que nunca tinha sido notado nos<br />
primeiros anos, de repente, graças à claque, passou a ser tido como um gênio, o que não era<br />
difícil de admitir nele, em virtude de um fraque rabudo e duns precoces cabelos brancos”. Aqui, o<br />
alvo do ataque é reduzido a uma mera figuração criada pelo vestuário (o fraque rabudo) e um<br />
falso sinal de experiência (precoces cabelos brancos).<br />
O ataque continua na crônica, com referências à formação intelectual e política de<br />
Calmon, reforçando a maneira como foi criada a fama dele pelos “bajuladores profissionais das<br />
gazetas”. Um dos bajuladores profissionais a que se refere é Mário Cataruzza que, segundo o<br />
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cronista, era “galopim internacional de cavações, que, como os genealogistas dos cabarets<br />
parisienses, afirmou que Calmon descendia de Turenne”.<br />
Como afirmamos anteriormente, a estratégia usada por Lima Barreto é a de<br />
rebaixamento da figura do oponente, qualificando-a como representante de parte da sociedade<br />
que se pretende reformar. Está claro que o cronista ataca o sistema literário e a maneira como<br />
se forma a inteligência brasileira:<br />
O senhor Calmon é o exemplo da ideia que, no Brasil, se tem de coisas de inteligência. Ele<br />
nada fez nem aquilo que estudou, nem aquilo que pretendeu, ele, se não é velho, também<br />
não é menino; tem tido todas as facilidades, mas não tem uma obra, um ensaio, uma<br />
página que diga alguma coisa dele mesmo.<br />
A seguir indaga:<br />
<strong>À</strong> vista de tais exemplos, pergunto: que todos nós devemos pensar sobre o rumo que as<br />
coisas vão tomando no Brasil? Que devemos ensinar aos meninos? Os pais, que devem<br />
ensinar aos filhos? As mães, que devem incutir na alma das criaturas que elas geraram? É<br />
a abnegação? É a honra? É o sacrifício pelo ideal? É o estilo? O que é?<br />
A resposta é arrevesada, irônica:<br />
Não deve ser nada disso; nada, meu Deus! O que nós devemos ensinar aos filhos, aos<br />
moços, aos meninos, é que aprendam o Bel-Ami, de Maupassant; façam Pachecos, mas<br />
que tenham sempre em mira prometer casamento à filha deste, para arranjar por<br />
intermédio do casamento, tudo.<br />
Referindo-se a um exemplo da literatura francesa, a do sujeito de origem humilde que<br />
ascende socialmente através das relações com mulheres ricas e influentes, o cronista afirma sua<br />
tese de que no Brasil as relações são formadas através dos conchavos, do apadrinhamento, dos<br />
casamentos arranjados. É como termina a crônica, implacavelmente pela ironia: “É preciso não<br />
deixar de obter umas medalhinhas nas escolas e faculdades, como as meninas das irmãs. O que<br />
nós devemos pregar aos moços não é um ideal cavalheiresco; é o ideal do Bel-Ami” (grifos<br />
nossos).<br />
A ironia, aliada à invectiva confere ao texto de Lima Barreto um instrumento para<br />
demonstrar o seu repúdio aos elementos que compõem o lado contrário, deixando transparecer<br />
sua ideologia combativa:<br />
A ironia retórica corresponde ao primeiro grau de evidência da ironia, o da ironia coberta,<br />
no dizer de Wayne Booth. Trata-se daquele nível em que ela pretende ser compreendida<br />
como tal, isto é: a mensagem deve ser percebida em sentido contrário, antifrástico, caso<br />
em que a tática de ação pode ser tanto a simulação quanto a dissimulação. Embora o<br />
sentido pretendido não seja diretamente expresso, uma verdade é afirmada, há uma<br />
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mensagem a compreender, o que pode significar uma ideologia a exaltar ou a defender.<br />
(DUARTE, 2006, p. 31).<br />
Portanto, o procedimento técnico de Lima Barreto deixa transparecer seu pensamento<br />
quanto ao papel da inteligência nacional e da formação do caráter da população. O exemplo a<br />
ser seguido não é o de Hélio Lobo e Miguel Calmon, nem mesmo o da personagem de<br />
Maupassant, mas justamente o contrário. Se Lima começa a crônica com invectivas, passa<br />
então à ironia com a intenção de ridicularizar os vícios da sociedade ─ os que iludem e os<br />
iludidos ─ para pregar um discurso totalmente contrário, corroborando sua crítica e sua<br />
ideologia.<br />
Podemos, sem sombra de dúvida, relacionar o procedimento técnico de Lima Barreto<br />
ao procedimento usado pelo discurso político. Recorremos então ao trabalho feito por Carlos<br />
Erivany Fantinati sobre os estudos do discurso político na Alemanha após 1968. 1 Nesse<br />
trabalho, o autor tem o objetivo de difundir uma proposta de análise do discurso político<br />
elaborada pelo germanista Hans Dieter Zimmermann. Vejamos um trecho, que muito nos<br />
interessa em relacionar com o texto de Lima Barreto:<br />
Zimmermann compõe “um catálogo das figuras retóricas, orginárias da Antiguidade,<br />
organizando-as, não segundo critérios estilísticos, mas conforme as seguintes perspectivas<br />
funcionais: superestimação, subestimação e conciliação. Se as conseguir determinar [...] a<br />
função que tomam os esquemas retóricos de expressão no texto, pode-se descobrir, como<br />
decorrência, a intenção do orador e o interesse que o orienta” (FANTINATI, 1990, p. 4).<br />
Então, tomemos como base os termos aludidos na citação acima, superestimação e<br />
subestimação, para relacionarmos ao discurso ideológico de Lima Barreto. Superestimação, para<br />
Zimmermann (apud FANTINATI, p. 4), é “a construção da posição do orador e respectivamente<br />
de seu grupo. O orador procura apresentar sua posição de uma maneira tão favorável que lhe<br />
assegure a adesão de seu ouvinte.” Não se percebe no texto termos que indiquem a<br />
superestimação, mas temos que observar que o discurso ideológico se faz por vias enviesadas.<br />
Ao subestimar as qualidades de Lobo e Calmon, Lima, por outro lado, pratica a superestimação<br />
de suas qualidades, aquelas que ele entende como as que devem prevalecer.<br />
A subestimação, conforme entende Zimmermann, é “destruição da posição contrária. O<br />
opositor é apresentado de maneira tão negativa que os ouvintes devem rejeitá-lo” (apud<br />
FANTINATI, 1990, p. 5). Lima Barreto ao invectivar Lobo e Calmon está, na realidade, impondo<br />
um novo discurso, ou seja, uma outra ideia. O que se pretende é mostrar que situações que<br />
1 FANTINATI, Carlos Erivany. Sobre o discurso político. Alfa, nº 34, p. 1-10, 1990.<br />
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criam figuras como Lobo e Calmon devem ser combatidas. E podemos, assim, chegar a uma<br />
conclusão: a subestimação do grupo a que pertencem as duas figuras criticadas cria por outro<br />
lado a superestimação do grupo que a combate, no caso, a cargo do cronista.<br />
Mas Lima Barreto não usou apenas a invectiva como forma de crítica. Ele também<br />
lança mão da zombaria e do escracho para atacar seus alvos. Vejamos o caso de outra crônica<br />
de Lima Barreto: “O oráculo”, publicada no Correio da Manhã, em 19l4. Nesta crônica ele trata<br />
da pretensa procura de Pelino Guedes 2 por um curandeiro para poder resolver um problema de<br />
vistas. Logo no início o cronista usa a ironia para se referir à atividade do oponente: “Pelino, que,<br />
durante vinte e tantos aos, ajudara, na sua banca humilde, os ministros a cumprir as leis e os<br />
regulamentos resolveu consultar uma curandeiro.” Sabendo que Lima Barreto repudiava Pelino<br />
Guedes, a expressão “banca humilde” é carregada de ironia.<br />
Na sequência da crônica, relata o cronista a visita de Guedes ao curandeiro, o qual,<br />
após ler alguns livros de sua vasta biblioteca,<br />
E depois de ter lido assim e citado a esmo, o sabichão expectorou a sua transcendente<br />
receita: lave os olhos com a água do banho da mulher que tenha sido sempre fiel a seu<br />
marido. / Pelino pagou, porque se pagava, e saiu a pensar no récipe que lhe dera o<br />
curandeiro. Quem seria a mulher? Pensou mais ainda e concluiu, com muita razão, que<br />
devia ser a sua. / Chegou em casa e, dentro em breve, pode experimentar o remédio. /<br />
Apanhou um bom bocado de água do banho da esposa, e com ela lavou abundantemente<br />
os olhos uma, duas, três vezes; e neles a luz não se fez abundantemente.<br />
Esse é o final da crônica, em que podemos fazer alguns questionamentos para tentar<br />
compreender o objetivo da sátira criada pelo cronista. A quem ele satiriza? A Pelino Guedes por<br />
acreditar em curandeiros? Ou ele coloca em dúvida a receita do médico? Ou coloca em dúvida a<br />
fidelidade da esposa do oponente?<br />
De qualquer forma, o objetivo de Lima é atingido, que é o de ridicularizar o outro, ou<br />
seja, o objeto de crítica. Ao colocar em dúvida a honestidade da esposa de Pelino, o cronista<br />
desqualifica-o para construir sua crítica. É a técnica da redução da qual trata Hodgart:<br />
2 Pelino Joaquim da Costa Guedes (1858-1919) foi um dos muitos alvos de Lima Barreto na sua literatura,<br />
especialmente nas crônicas, por motivos pessoais. Guedes era o diretor-geral da Diretoria de Justiça, “com quem<br />
Lima Barreto teve de se entender muitas vezes para ‘liquidar’ a aposentadoria paterna. Como irritava aquele<br />
homenzinho meticuloso, que estava sempre a exigir-lhe um inimigo feroz, protegido por uma certidão! Por trás da<br />
sua secretária, o alto funcionário representava-lhe um inimigo feroz, protegido por uma cidadela inexpugnável de<br />
convenções, a inventar toda sorte de dificuldades, a criar os maiores obstáculos, num sadismo de burocrata,<br />
indiferente ao problema humano que tinha diante de si” (BARBOSA, 1975, p. 110). Guedes também será<br />
representado na pele de Xisto Beldroegas (Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá) e também em Numa e a Ninfa.<br />
Em A nova Califórnia, temos o Capitão Pelino Guedes, “um gramático azedo da Gazeta de Tubiacanga, passando o<br />
tempo ‘a corrigir e emendar as maiores glórias nacionais’” (PRADO, 1988, p. 119).<br />
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La tecnica del satirico es la reducción: la degradación o desvalorización de la victima<br />
mediante el rebajamento de su estatura y dignidad. Esto pude conseguirse em el terreno<br />
del argumento y casi siempre se proseguira em el del estilo y el leguaje (HODGART,<br />
1969, p.115).<br />
Satirizar através da ironia é uma das formas mais usadas por Lima Barreto na sua<br />
literatura, pois assim ele procura atacar seu objeto de crítica com mais contundência. Ao afirmar<br />
que mesmo seguindo o que foi prescrito pelo curandeiro, Pelino não teve sucesso no seu<br />
tratamento. Podemos então seguir duas linhas de raciocínio para perceber a ironia: se levarmos<br />
em conta que Lima Barreto sugere a infidelidade da esposa de Guedes, o mesmo é rebaixado,<br />
pois se trata de um marido traído. Por outro lado, levando em consideração que a esposa é fiel e<br />
o marido foi enganado pelo curandeiro, ele continua sendo o rebaixado, pois se trataria de um<br />
incauto. É justamente ridicularizado por acreditar em um curandeiro.<br />
Como vimos, a intenção de ridicularizar Pelino é bem sucedida, pois, ao olharmos<br />
todas as possibilidades de interpretação, o alvo será sempre o oponente: a principal figura<br />
rebaixada. Com essa chave irônica, podemos entender a crítica feita de uma maneira indireta,<br />
pois o ataque é feito através de uma situação criada inusitadamente. Em se tratando de uma<br />
figura pública, Pelino Guedes é representante de parte de uma sociedade em que o escritor<br />
concentra sua crítica e, diante disso, esta parte da sociedade também é criticada.<br />
Após a leituras das crônicas “O ideal de Bel-Ami” e “O oráculo”, temos uma noção de<br />
alguns dos instrumentos de Lima Barreto para construir sua crítica. Vimos no primeiro caso que<br />
o cronista usa a invectiva como principal forma de crítica. No segundo caso, o autor usa o<br />
deboche ao criar uma situação fictícia com uma pessoa real, Pelino Guedes.<br />
<strong>À</strong> medida que a crítica deixa de ser feita por invectivas e passa para o ataque indireto,<br />
através da ironia e do deboche, a crônica barretiana perde o valor documental e passa a ter um<br />
valor ficcional. Em “O ideal de Bel-Ami”, o autor usa da invectiva e propõe uma reflexão sobre o<br />
sistema da formação da intelectualidade e da formação do caráter da sociedade. Na crônica “O<br />
oráculo”, o deboche é usado como forma de denegrir a imagem de uma pessoa que representa<br />
também o sistema que o autor repudia e que se sente vítima dele.<br />
Mas, nos dois casos, é nítida a intenção satírica de Lima Barreto. A sátira usa<br />
basicamente três elementos para a sua construção: o ataque agressivo, a norma e a indireta.<br />
Mesmo no caso em que a invectiva é ferina, a intenção do autor é a de desmoralizar o oponente,<br />
como no caso do primeiro elemento da sátira, o ataque agressivo:<br />
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Representação”<br />
O ataque agressivo deve aqui ser entendido como uma ação baseada numa motivação<br />
pisco-individual, resultante da irritação, ódio, raiva ou agressividade provocados no sujeito<br />
por certos objetos (BALLMANN; LOEFFEL, 1981, p. 4) como a vilania, a vileza, a covardia,<br />
a hipocrisia, o vício, a falsidade, que enfermam o indivíduo e a sociedade. Tais objetos são<br />
vistos pelo satirista como constitutivo de uma realidade ameaçadora, contra a qual dirige<br />
seu ataque agressivo (FANTINATI, 1995, p. 94).<br />
As figuras de Hélio Lobo e Miguel Calmon são tomadas por Lima Barreto como<br />
aquelas que devem ser combatidas e que representam, para ele, modelos de pessoas que são<br />
criadas pelo modelo de literatura da época. Pondo-se como a voz que combate o sistema e quer<br />
ver sua remodelação, rebaixa as duas figuras e procura ridicularizá-las após fazer invectivas,<br />
indicando que a norma da qual fazem parte não deve ser seguida.<br />
Já a figura de Pelino Guedes é atacada pela forma indireta, através do deboche de<br />
uma situação pouco provável na vida real, mas que é usada para atingir a figura do alvo da<br />
crítica. A forma indireta é<br />
a terceira característica da sátira e refere-se à forma como o satirista faz seu ataque<br />
agressivo. Duas coisas estão em jogo aí: uma, a sátira supera o ataque agressivo direto<br />
por meio de um discurso fictício ou ficcional; outra, o conteúdo é sulcado pelo cômico. Ao<br />
se compor uma sátira, por exemplo, sob a forma de reportagem, não se escreve, na<br />
verdade, uma reportagem, mas sim está é imitada, dando-se a entender ao leitor, por meio<br />
de diversos sinais, que não deve lê-la como uma informação real. O autor do texto fala com<br />
voz dissimulada, oblíqua, disfarçada. Seus mais importantes recursos são os contrastes<br />
cômicos em todas suas modalidades, quer se trate da ironia, da caricatura, da paródia, do<br />
travesti ou do grotesco, quer do inflar do pequeno e do fútil, quer da redução do sublime ao<br />
comum (FANTINATI, 1995, p. 95).<br />
Sabedores de que Lima Barreto não era íntimo de Pelino Guedes, e tampouco amigos,<br />
a sátira está estabelecida nessa crônica. Subjacente, percebe-se o discurso contra a ideologia<br />
de que Pelino Guedes compartilhava. As várias referências a pseudo-intelectuais e as situações<br />
criadas na crônica demonstram a crítica enviesada ao sistema de conhecimentos e pesquisas<br />
científicas. Isso é demonstrado quando o cronista descreve o momento da consulta de Pelino<br />
Guedes com o “oculista”: a referência à biblioteca e a maneira e o livro que consulta para receitar<br />
o tratamento.<br />
Seja pela invectiva ou pela ironia pura, ou mesmo pelo deboche, Lima Barreto constrói<br />
sua crítica, tornando-se assim um dos mais importantes cronistas brasileiros. No seu projeto de<br />
literatura militante, o caminho mais seguro para levar adiante seu intento, foi o de usar a sátira<br />
como arma de combate. Mesmo que procurasse ser reconhecido como um dos grandes valores<br />
da literatura, ele não se eximia de lutar contra aqueles que ele julgava como causadores do<br />
atraso econômico, político e cultural do Brasil.<br />
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Representação”<br />
Acima de tudo, o projeto de Lima Barreto é humanista. É o do sujeito que vê no modelo<br />
da República os males da sociedade, mas, mesmo assim, não é monarquista. Para ele, a forma<br />
de governo seria indiferente. O que se busca é a forma de uma sociedade justa, não importando<br />
o regime que se estabeleça.<br />
O cronista é aquele que anda pelas ruas, pelos bondes e vê no povo o seu motivo de<br />
escrever, seu campo de luta. Ao invectivar e ironizar as situações e personalidades, o escritor<br />
não quer apenas rebaixar, ele quer transformar. Lima Barreto constrói sua crítica na justa medida<br />
de quem procura no horizonte um novo momento para sua nação. Ele procura desconstruir uma<br />
sociedade viciada e injusta, mas, acima de tudo, propõe soluções. É a chave da ironia: aquilo<br />
que está escrito é na verdade o reverso do espelho.<br />
E Lima Barreto procura no reverso do espelho as soluções, mesmo que as imagens<br />
produzidas estejam contorcidas. Nos espectros que se produzem estão as propostas de<br />
mudanças.<br />
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PRADO, Antônio Arnoni. Lima Barreto: o crítico e a crise. Rio de Janeiro: Cátedra; Brasília: INL,<br />
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REZENDE, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ;<br />
Campinas: Ed. UNICAMP, 1993.<br />
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