1 DA INVECTIVA À IRONIA EM LIMA BARRETO Áureo ... - Unesp
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ANAIS DO X SEL – S<strong>EM</strong>INÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e<br />
Representação”<br />
La tecnica del satirico es la reducción: la degradación o desvalorización de la victima<br />
mediante el rebajamento de su estatura y dignidad. Esto pude conseguirse em el terreno<br />
del argumento y casi siempre se proseguira em el del estilo y el leguaje (HODGART,<br />
1969, p.115).<br />
Satirizar através da ironia é uma das formas mais usadas por Lima Barreto na sua<br />
literatura, pois assim ele procura atacar seu objeto de crítica com mais contundência. Ao afirmar<br />
que mesmo seguindo o que foi prescrito pelo curandeiro, Pelino não teve sucesso no seu<br />
tratamento. Podemos então seguir duas linhas de raciocínio para perceber a ironia: se levarmos<br />
em conta que Lima Barreto sugere a infidelidade da esposa de Guedes, o mesmo é rebaixado,<br />
pois se trata de um marido traído. Por outro lado, levando em consideração que a esposa é fiel e<br />
o marido foi enganado pelo curandeiro, ele continua sendo o rebaixado, pois se trataria de um<br />
incauto. É justamente ridicularizado por acreditar em um curandeiro.<br />
Como vimos, a intenção de ridicularizar Pelino é bem sucedida, pois, ao olharmos<br />
todas as possibilidades de interpretação, o alvo será sempre o oponente: a principal figura<br />
rebaixada. Com essa chave irônica, podemos entender a crítica feita de uma maneira indireta,<br />
pois o ataque é feito através de uma situação criada inusitadamente. Em se tratando de uma<br />
figura pública, Pelino Guedes é representante de parte de uma sociedade em que o escritor<br />
concentra sua crítica e, diante disso, esta parte da sociedade também é criticada.<br />
Após a leituras das crônicas “O ideal de Bel-Ami” e “O oráculo”, temos uma noção de<br />
alguns dos instrumentos de Lima Barreto para construir sua crítica. Vimos no primeiro caso que<br />
o cronista usa a invectiva como principal forma de crítica. No segundo caso, o autor usa o<br />
deboche ao criar uma situação fictícia com uma pessoa real, Pelino Guedes.<br />
<strong>À</strong> medida que a crítica deixa de ser feita por invectivas e passa para o ataque indireto,<br />
através da ironia e do deboche, a crônica barretiana perde o valor documental e passa a ter um<br />
valor ficcional. Em “O ideal de Bel-Ami”, o autor usa da invectiva e propõe uma reflexão sobre o<br />
sistema da formação da intelectualidade e da formação do caráter da sociedade. Na crônica “O<br />
oráculo”, o deboche é usado como forma de denegrir a imagem de uma pessoa que representa<br />
também o sistema que o autor repudia e que se sente vítima dele.<br />
Mas, nos dois casos, é nítida a intenção satírica de Lima Barreto. A sátira usa<br />
basicamente três elementos para a sua construção: o ataque agressivo, a norma e a indireta.<br />
Mesmo no caso em que a invectiva é ferina, a intenção do autor é a de desmoralizar o oponente,<br />
como no caso do primeiro elemento da sátira, o ataque agressivo:<br />
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