II. Revisão da Literatura - UFRJ
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BITTENCOURT, ROBERTO CARLOS PONTES<br />
Efeito <strong>da</strong> acidez e <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita na<br />
hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />
[Rio de Janeiro] 2004<br />
IX, 196 p. 29,7 cm (COPPE/<strong>UFRJ</strong>, D.Sc.,<br />
Engenharia Química, 2004).<br />
Tese - Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio de<br />
Janeiro, COPPE<br />
1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />
2. Zeólitas<br />
3. Catálise<br />
I. COPPE/<strong>UFRJ</strong> <strong>II</strong>. Título (série)<br />
ii
Dedicatória<br />
Ao tempo, que apaga caminhos e transforma o conhecimento.<br />
Das utopias<br />
Se as coisas são inatingíveis... ora!<br />
não é motivo para não querê-las...<br />
Que tristes os caminhos,<br />
se não fora<br />
a mágica presença<br />
<strong>da</strong>s estrelas!<br />
(Mário Quintana)<br />
Do princípio <strong>da</strong>s coisas<br />
Dentro <strong>da</strong> caixa, existe o mistério<br />
Dentro do homem, persiste a dúvi<strong>da</strong><br />
Entre o infinito e o vazio<br />
Fará diferença descobrir a resposta ?<br />
Não importa<br />
Que seja mágica a jorna<strong>da</strong><br />
(O Lobo)<br />
iii
Agradecimentos<br />
A quem me ama.<br />
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, em<br />
especial à Bianca, à Cristina e à Tâmara pela realização de vários experimentos.<br />
A Petrobras, que permite a seus pesquisadores se aprimorarem continuamente.<br />
A Deus que criou infinitas maravilhas para serem descobertas.<br />
iv
Resumo <strong>da</strong> Tese apresenta<strong>da</strong> à COPPE/<strong>UFRJ</strong> como parte dos requisitos necessários<br />
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)<br />
EFEITO DA ACIDEZ E DA ESTRUTURA DA ZEÓLITA NA HIDROISOMERIZAÇÃO<br />
DO N-HEPTANO E DO N-DECANO<br />
Orientadores: Martin Schmal<br />
Programa: Engenharia Química<br />
Roberto Carlos Pontes Bittencourt<br />
Dezembro / 2004<br />
A hidroisomerização do n-heptano e do n-decano foi investiga<strong>da</strong> sobre<br />
misturas físicas de Pt/Al2O3 com zeólitas H-ZSM5, H-USY e H-Beta em temperaturas<br />
de 230 a 290 o C e a pressão atmosférica. As proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> zeólita HZSM5<br />
foram modifica<strong>da</strong>s por impregnação com ácido fosfórico; troca iônica com lantânio,<br />
cálcio ou lítio e por substituição isomórfica do alumínio <strong>da</strong> rede por ferro (H[Fe]ZSM5).<br />
A acidez <strong>da</strong> zeólita HBeta foi modifica<strong>da</strong> pela troca iônica com lítio e por impregnação<br />
com ácido fosfórico. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> pela reação de craqueamento do nhexano,<br />
pela dessorção de amônia a temperatura programa<strong>da</strong> (TPD) e por IR de<br />
piridina. Para a zeólita de poros médios, HZSM5, foi observado que a redução <strong>da</strong><br />
acidez forte por troca iônica com cálcio, lítio ou por substituição com ferro na rede,<br />
acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais. Estes resultados foram<br />
explicados considerando-se que a redução <strong>da</strong> acidez forte acarreta a redução <strong>da</strong> taxa<br />
de craqueamento dos isômeros biramificados. Por outro lado, a redução <strong>da</strong> acidez<br />
forte <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por impregnação por ácido fosfórico ocasionou a redução <strong>da</strong><br />
seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, o que foi explicado pelo aumento <strong>da</strong>s restrições<br />
difusionais. Para a zeólita de poros grandes HBeta, menos sujeita a restrições<br />
difusionais, a redução <strong>da</strong> acidez forte por impregnação com ácido fosfórico e pela<br />
troca iônica com lítio acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais, embora<br />
reduza a formação de isômeros bi- e tri-ramificados, o que também contribui para a<br />
redução <strong>da</strong> formação de produtos de craqueamento.<br />
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/<strong>UFRJ</strong> as a partial fulfilment of the<br />
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)<br />
EFFECT OF THE ZEOLITE STRUCTURE AND ACIDITY ON THE<br />
HYDROISOMERIZATION OF N-HEPTANE AND N-DECANE<br />
Advisors: Martin Schmal<br />
Department: Chemical Engineering<br />
Roberto Carlos Pontes Bittencourt<br />
December / 2004<br />
The hydroisomerization of n-heptane and n-decane was investigated over<br />
physical mixtures of Pt/Al2O3 and H-ZSM5, H-USY or H-Beta zeolites at 230–290 o C<br />
and atmospheric pressure. The acidity of H-ZSM5 zeolite was changed by<br />
impregnation with phosphoric acid; ionic exchange with lanthanum, calcium or lithium<br />
and by introduction of iron into the framework (H[Fe]ZSM5). The acidity was<br />
characterized by n-hexane cracking, temperature programmed dessorption of ammonia<br />
and adsorption of pyridine monitored by infrared measurements. For medium pore<br />
zeolite HZSM5, the acid strength was reduced by calcium and lithium ion exchange<br />
and framework substitution by iron (H[Fe]ZSM5). Simultaneously the isomer selectivity<br />
increased for both reactions. This was explained by the reduction of di-branching<br />
cracking. However, the acid strength reduction by modification of HZSM5 with<br />
phosphorus decreases the isomer selectivity. This was explained by increasing<br />
diffusional restrictions. For large pore zeolite HBeta with less diffusional restriction, the<br />
acid strength reduction with phosphoric acid and lithium exchange increases the total<br />
isomerization selectivity. This was attributed to less formation of multiplicity branched<br />
products and at the same time the less cracking of these products formed.<br />
vi
Índice<br />
I. Introdução<br />
<strong>II</strong>. <strong>Revisão</strong> <strong>da</strong> <strong>Literatura</strong><br />
<strong>II</strong>.1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />
<strong>II</strong>.1.1. Mecanismo de reação<br />
<strong>II</strong>.1.2. Cinética de reação<br />
<strong>II</strong>.1.3. Efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />
<strong>II</strong>.1.3.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.3.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.4. Efeito <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />
<strong>II</strong>.1.4.1. Efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />
<strong>II</strong>.1.4.1.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.4.1.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.4.2. Efeito <strong>da</strong> força dos sítios ácidos<br />
<strong>II</strong>.1.4.2.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.4.2.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.4.3. Efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis<br />
<strong>II</strong>.1.4.4. Efeito comparativo <strong>da</strong> importância entre a estrutura e acidez<br />
<strong>da</strong> zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização<br />
<strong>II</strong>.1.5. Efeito do tipo de metal<br />
<strong>II</strong>.1.6. Efeito <strong>da</strong> presença de compostos de S e N na carga<br />
<strong>II</strong>.1.7. Efeito do tipo e tamanho <strong>da</strong> cadeia do hidrocarboneto<br />
<strong>II</strong>.1.8. Efeito <strong>da</strong>s condições operacionais<br />
<strong>II</strong>.1.8.1. Efeito <strong>da</strong> temperatura<br />
<strong>II</strong>.1.8.2. Efeito <strong>da</strong> pressão<br />
<strong>II</strong>.2. Métodos para modificação <strong>da</strong> acidez de zeólitas HZSM5<br />
<strong>II</strong>.2.1. Variação <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural<br />
<strong>II</strong>.2.2. Troca iônica<br />
<strong>II</strong>.2.3. Impregnação com compostos de fósforo ou boro<br />
<strong>II</strong>.2.4. Incorporação de heteroátomos na estrutura<br />
<strong>II</strong>.2.5. Envenenamento seletivo dos sítios ácidos com uso de bases<br />
nitrogena<strong>da</strong>s<br />
1<br />
7<br />
7<br />
7<br />
20<br />
24<br />
24<br />
27<br />
36<br />
36<br />
36<br />
38<br />
42<br />
42<br />
48<br />
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62<br />
65<br />
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73<br />
77<br />
77<br />
80<br />
81<br />
81<br />
85<br />
89<br />
91<br />
92<br />
vii
<strong>II</strong>.3. Métodos para caracterização <strong>da</strong> acidez<br />
<strong>II</strong>.3.1. Temperatura programa<strong>da</strong> de dessorção de amônia (TPDA)<br />
<strong>II</strong>.3.2. Uso de reações modelo<br />
<strong>II</strong>.4. Síntese e proprie<strong>da</strong>des de [Fe]ZSM5<br />
<strong>II</strong>I. Materiais e Métodos<br />
<strong>II</strong>I.1. Preparo dos catalisadores<br />
<strong>II</strong>I.1.1. Preparo de Ca-HZSM5, Li-HZSM5 e La-HZSM5<br />
<strong>II</strong>I.1.2. Preparo de Li-Hβ e Li-HUSY<br />
<strong>II</strong>I.1.3. Preparo de P-HZSM5 e P-Hβeta<br />
<strong>II</strong>I.1.4. Preparo de H[Fe]HZSM5<br />
<strong>II</strong>I.1.5. Preparo de Pt/Al2O3<br />
<strong>II</strong>I.1.6. Outros catalisadores<br />
<strong>II</strong>I.2. Caracterização dos catalisadores<br />
<strong>II</strong>I.2.1. Caracterização <strong>da</strong> acidez pelo craqueamento do n-hexano<br />
<strong>II</strong>I.2.2. Caracterização por TPDA<br />
<strong>II</strong>I.2.3. Caracterização <strong>da</strong> acidez por IR de piridina<br />
<strong>II</strong>I.2.4. Caracterização por TPR<br />
<strong>II</strong>I.2.5. Outras caracterizações (DRX, FRX, BET, XPS)<br />
<strong>II</strong>I.3. Testes catalíticos<br />
<strong>II</strong>I.3.1. Hidroisomerização do n-heptano<br />
<strong>II</strong>I.3.2. Hidroisomerização do n-decano<br />
<strong>II</strong>I.3.3. Craqueamento seqüencial do n-heptano e do 1-hepteno<br />
IV. Resultados e Discussão<br />
IV.1. Estimativa dos erros experimentais<br />
IV.2. Catalisadores<br />
IV.2.1. Síntese e caracterização de H[Fe]ZSM5<br />
IV.2.2. Modificação <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 por impregnação com ácido<br />
fosfórico<br />
IV.2.3. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica cálcio ou lantânio<br />
93<br />
93<br />
97<br />
102<br />
107<br />
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108<br />
109<br />
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110<br />
110<br />
111<br />
111<br />
113<br />
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114<br />
114<br />
115<br />
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116<br />
116<br />
117<br />
117<br />
125<br />
125<br />
131<br />
135<br />
viii
IV.2.4. Modificação <strong>da</strong> zeólita Beta por impregnação com ácido fosfórico<br />
IV.2.5. Modificação <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5, Beta e USY por troca iônica com<br />
lítio<br />
IV.3. Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />
IV.3.1. Efeito <strong>da</strong> razão Pt/H + utilizando a zeólita HZSM5<br />
IV.3.2. Efeito <strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />
V. Conclusões<br />
VI. Sugestões para futuros estudos<br />
V<strong>II</strong>. Anexos<br />
V<strong>II</strong>.1. Resumo de trabalhos publicados em congressos<br />
V<strong>II</strong>.2. Cálculo do equilíbrio termodinâmico<br />
V<strong>II</strong>.2.1. Reação de hidroisomerização do n-heptano<br />
V<strong>II</strong>.2.2. Reação de desidrogenação do n-heptano<br />
V<strong>II</strong>I. Bibliografia<br />
138<br />
140<br />
141<br />
142<br />
145<br />
172<br />
174<br />
177<br />
177<br />
179<br />
179<br />
181<br />
182<br />
ix
I. Introdução<br />
A hidroisomerização pode ser defini<strong>da</strong> como a conversão catalítica em<br />
presença de hidrogênio de normais parafinas em parafinas ramifica<strong>da</strong>s. É uma rota<br />
que tem crescido de importância nos últimos anos em virtude <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por<br />
combustíveis de maior quali<strong>da</strong>de. Esta importância tem se refletido na literatura aberta<br />
com um crescente número de publicações, como pode ser estimado no levantamento<br />
efetuado na base de periódicos “Science Direct Online” (Figura I,1).<br />
número de artigos<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005<br />
ano <strong>da</strong> publicação<br />
Figura I.1: Levantamento do número de artigos sobre hidroisomerização de nparafinas<br />
na base de periódicos “Science Direct Online” (http://www.sciencedirect.com)<br />
utilizando a palavra chave “hydroisomerization”.<br />
Os catalisadores normalmente utilizados nos processos de hidroisomerização<br />
contêm uma fase desidrogenante (sendo mais comum o uso de Pt, Pd, Ni ou<br />
combinações destes elementos) sobre um suporte com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s, em geral<br />
zeólitas, sílica-aluminas ou aluminas modifica<strong>da</strong>s com halogenetos (sendo mais<br />
comum o cloreto). Embora haja semelhanças na composição do catalisador, o mesmo<br />
necessita ser otimizado para ca<strong>da</strong> aplicação, levando-se em conta, dentre outros<br />
fatores: a) A tendência <strong>da</strong> carga em sofrer reações secundárias de hidrocraqueamento<br />
que formam produtos leves indesejados; b) O grau de ramificação desejado nos<br />
produtos e o c) O tipo e o teor de contaminantes presentes na carga.<br />
1
Podemos considerar como processos de hidroisomerização, consoli<strong>da</strong>dos na<br />
prática industrial, as rotas de: a) A produção de isobutano a partir do n-butano, para<br />
posterior manufatura de gasolina pelo processo de alquilação; b) A produção de<br />
gasolina de alta octanagem a partir <strong>da</strong> hidroisomerização de parafinas C5 a C6<br />
(pentano, hexano). Dentre os processos em desenvolvimento, destacam-se: a) A<br />
produção de gasolina a partir <strong>da</strong> hidroisomerização de parafinas maiores do que nhexano<br />
e b) A produção de óleos lubrificantes de alto índice de viscosi<strong>da</strong>de a partir de<br />
cargas parafínicas de alto peso molecular.<br />
A hidroisomerização de n-parafinas C5 a C6 para produção de gasolina de alta<br />
octanagem é um processo bem estabelecido industrialmente, podendo ser citados<br />
vários processos comerciais, tais como: a) O processo “ISAL” <strong>da</strong> Intevep/UOP [1]; b)<br />
Os processos “once-throug”, “Ipsorb” e Hexorb do IFP [2]; c) Os processos “TIP” e<br />
“Pemex” <strong>da</strong> UOP [3][4] e d) O processo “Hysomer” <strong>da</strong> Shell [5]. Uma característica<br />
comum destes processos é a busca pelo máximo rendimento possível em isômeros<br />
multi-ramificados, uma vez que estes conferem maior octanagem à gasolina. Do ponto<br />
de vista termodinâmico, a produção de isômeros com mais de uma ramificação é<br />
favoreci<strong>da</strong> pelo uso de baixas temperaturas, o que confere a proprie<strong>da</strong>de deseja<strong>da</strong><br />
aos catalisadores utilizados de serem ativos a menor temperatura possível.<br />
Industrialmente, os catalisadores utilizados são do tipo metal nobre suportados em<br />
aluminas clora<strong>da</strong>s (Cl/Pt/Al2O3), que operam na faixa de 120 o C a 180 o C, ou do tipo<br />
metal nobre suportados em zeólitas (preferencialmente mordenita), que operam em<br />
torno de 250 o C. Comparativamente, os catalisadores à base de zeólitas são mais<br />
resistentes à desativação por impurezas presentes na carga (como água e enxofre) e<br />
não apresentam problemas de corrosão devido à per<strong>da</strong> de halogênios e/ou à<br />
necessi<strong>da</strong>de de adição contínua de cloretos para manter a ativi<strong>da</strong>de do catalisador; no<br />
entanto, apresentam como desvantagem a necessi<strong>da</strong>de do uso de temperaturas mais<br />
eleva<strong>da</strong>s, o que limita termodinamicamente o rendimento em isômeros bi-ramificados<br />
[4]. Mais recentemente, foram introduzidos no mercado os catalisadores do tipo<br />
Pt/SO4 2- /ZrO2 e Pt/WO3/ZrO2. Segundo a literatura, estes sistemas apresentam uma<br />
maior tolerância à presença de água e ao enxofre na carga, do que os catalisadores<br />
do tipo Pt/Cl/Al2O3, podendo operar em temperaturas intermediárias entre este sistema<br />
e o que utiliza zeólitas [6][7][8].<br />
2
Até recentemente não se tinha relato de processos comerciais de<br />
hidroisomerização de n-parafinas maiores do que n-C6, principalmente devido a<br />
grande tendência de hidrocraqueamento <strong>da</strong>s parafinas de maior peso molecular, o que<br />
ocasionava um baixo rendimento do produto desejado [ex:[9]]. Com a utilização de<br />
peneiras moleculares do tipo SAPO, ou zeólitas do tipo HZSM22, foi possível obter um<br />
elevado rendimento em parafinas ramifica<strong>da</strong>s, maiores do que n-C6, o que levou ao<br />
aparecimento de novos processos industriais, como o “Isodewaxing” <strong>da</strong> Chevron.<br />
O processo <strong>da</strong> Chevron denominado “Isodewaxing”, é utilizado para a<br />
produção de óleos lubrificantes de alto índice de viscosi<strong>da</strong>de (IV) pela<br />
hidroisomerização de cargas parafínicas maiores do que n-C20 (“wax”). Segundo a<br />
Chevron, os catalisadores utilizados são do tipo metal nobre suportados em peneiras<br />
moleculares de poros médios do tipo SAPO (como a SAPO11) e permitem obter<br />
elevado rendimento em isômeros parafínicos [9][10]. Tradicionalmente, os<br />
catalisadores utilizados para esta aplicação são baseados em sulfetos de Ni, Mo, Co<br />
ou W suportados em alumina ou sílica-alumina e tipicamente apresentam rendimento<br />
em isômeros (óleo lubrificante) abaixo de 50% p/p [11].<br />
Uma rota atualmente em desenvolvimento é o uso de catalisadores de<br />
hidroisomerização na produção de gasolina de baixo teor de enxofre. Esta rota surge<br />
do fato de que diversos países, inclusive o Brasil, estarem reformulando sua gasolina,<br />
introduzindo especificações de menor teor de enxofre e por vezes menor teor de<br />
olefinas e aromáticos, visando à redução dos níveis de emissões (Tabela I.1).<br />
É conhecido que num processo convencional de hidrotratamento (sobre<br />
catalisadores do tipo NiMo/Al2O3) para remoção de enxofre, ocorre simultaneamente a<br />
hidrogenação <strong>da</strong>s olefinas presentes na carga, o que leva a uma significativa per<strong>da</strong> na<br />
octanagem. Uma <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des para contornar esta limitação, é associar uma<br />
etapa de hidroisomerização <strong>da</strong>s olefinas [12] e/ou <strong>da</strong>s parafinas presentes na nafta.<br />
Outra aplicação em desenvolvimento na área de produção de gasolina, motiva<strong>da</strong> pela<br />
mu<strong>da</strong>nça de legislação (Tabela I.1), é a hidroisomerização de n-parafinas maiores do<br />
que n-hexano com simultânea hidrogenação do benzeno, como alternativa ao<br />
processo de reforma catalítica para a produção de gasolina de alta octanagem e baixo<br />
teor de benzeno [ex:[13]]. Dentre os requisitos destes novos processos, temos que os<br />
catalisadores devem apresentar: a) eleva<strong>da</strong> resistência aos contaminantes presentes<br />
na carga, em especial a compostos nitrogenados; b) baixa formação de subprodutos<br />
3
(ex: hidrocarbonetos leves oriundos de reações de craqueamento) e c) baixa<br />
formação de coque.<br />
Tabela I.1: Especificações <strong>da</strong> “gasolina reformula<strong>da</strong>” em diversos países<br />
País S Aromáticos Benzeno Olefinas Previsão Ref.<br />
(ppm) (%vol) (%vol) (%vol)<br />
a<br />
Argentina 600 45<br />
2.5<br />
2002 [14]<br />
350 42<br />
1<br />
2006<br />
50 35<br />
1<br />
2008<br />
Brasil 1000 b<br />
400 c<br />
50 d<br />
45<br />
2 30 Atual [15]<br />
40<br />
25 2007<br />
2009<br />
China 200<br />
20 2003 [12]<br />
30<br />
10 2006<br />
Europa e 150 42<br />
1<br />
18 2000 [14]<br />
50 35<br />
1<br />
18 2005<br />
10 35<br />
1<br />
14 2009<br />
Japão 100 não 1 não Atual [7]<br />
50<br />
2005<br />
Notas: a = previsão <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> no mercado; b= gasolina tipo C Comum (portaria ANP<br />
no 309 12/01), c= proposta ANP – Fase 4; d=proposta ANP – Fase 5; e= baseado na<br />
norma EU-15<br />
Apesar <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por novos processos de produção de gasolina e<br />
lubrificantes ter motivado um crescente aumento no estudo dos catalisadores de<br />
hidroisomerização (ex: Figura I.1), existe ain<strong>da</strong> forte controvérsia na literatura sobre<br />
vários aspectos fun<strong>da</strong>mentais dessas reações, tais como: a) o mecanismo de reação e<br />
b) o efeito <strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de. Em<br />
relação ao papel <strong>da</strong> acidez, por exemplo, Zhang e Smirniotis[16] propõem que o<br />
aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s zeólitas acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de e o grau de<br />
ramificação dos isômeros; enquanto outros autores[17][18] sugerem que um aumento<br />
<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> favorece o aumento <strong>da</strong>s reações de craqueamento, reduzindo a<br />
seletivi<strong>da</strong>de.<br />
A investigação do papel <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> é de fun<strong>da</strong>mental importância no<br />
desenvolvimento de novos catalisadores de hidroisomerização. O papel <strong>da</strong> acidez,<br />
bem como de vários aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização de<br />
parafinas maiores do que n-hexano, tais como o mecanismo de reação, o efeito <strong>da</strong><br />
estrutura <strong>da</strong> zeólita, do tamanho do hidrocarboneto e outros, são revisados na seção<br />
<strong>II</strong>.1. Nas seções <strong>II</strong>.2 a <strong>II</strong>.4, são revisados brevemente outros temas relacionados a<br />
presente tese, tais como métodos de variação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5.<br />
4
A investigação do papel <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas sobre a seletivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros é dificulta<strong>da</strong> por diversos fatores, tais como: a) A dificul<strong>da</strong>de de se<br />
caracterizar a força áci<strong>da</strong> por métodos tradicionalmente utilizados, tais como o TPD de<br />
amônia; b) A possibili<strong>da</strong>de de ocorrência de efeitos simultâneos oriundos <strong>da</strong> estrutura<br />
<strong>da</strong> zeólita, mascarando os resultados, c) Possíveis modificações <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />
devido à introdução <strong>da</strong> fase metálica e d) Introdução de desvios devido a diferenças<br />
na razão entre o número de sítios ácidos e o número de sítios metálicos, quando<br />
comparando-se diferentes catalisadores. Uma análise crítica <strong>da</strong> importância destes<br />
fatores é efetua<strong>da</strong> na seção <strong>II</strong>.1.9.<br />
O objetivo principal do presente trabalho é investigar o papel <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
zeólitas sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização do n-heptano e do ndecano<br />
e, em menor extensão, obter informações sobre o efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong><br />
zeólita. A estratégia adota<strong>da</strong> buscando evitar as dificul<strong>da</strong>des acima relaciona<strong>da</strong>s foi:<br />
• Utilizar misturas mecânicas de uma fase desidrogenante (Pt/Al2O3) com<br />
a fase áci<strong>da</strong> (zeólitas) de forma evitar a variação <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase<br />
metálica entre os diversos catalisadores ou uma possível interação <strong>da</strong><br />
Pt outros elementos presentes (ex: P) o que dificultaria a interpretação<br />
dos resultados;<br />
• Caracterizar a acidez por várias técnicas (TPDA, IR de piridina e<br />
craqueamento do n-hexano) de forma a se ter um quadro mais<br />
completo <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s amostras;<br />
• Manter sempre que possível a temperatura constante e obter curvas a<br />
iso-conversão;<br />
• Estu<strong>da</strong>r n-parafinas com diferentes tamanhos de cadeia (n-heptano e ndecano);<br />
• Variar sistematicamente a acidez <strong>da</strong> zeólita ZSM5, para a qual existe<br />
controvérsia na literatura sobre se a razão <strong>da</strong> sua baixa seletivi<strong>da</strong>de<br />
para isômeros estaria relaciona<strong>da</strong> a eleva<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> ou à sua<br />
estrutura que dificultaria a difusão de intermediários (como revisado na<br />
seçao <strong>II</strong>.1), por diversos métodos:<br />
5
a) através <strong>da</strong> substituição isomórfica na estrutura do Al por Fe;<br />
b) através <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis (Li + , Ca 2+ e La 3+ );<br />
c) através <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico.<br />
• Comparar as estruturas de zeólitas (ZSM5, Beta e Y), mantendo-se o<br />
método de alteração <strong>da</strong> acidez, para se inferir a importância relativa<br />
entre a estrutura e a acidez na seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />
Adotando-se a estratégia acima descrita foi possível abor<strong>da</strong>r vários aspectos<br />
fun<strong>da</strong>mentais do papel <strong>da</strong> acidez e <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros. Os resultados podem ser utilizados para o desenvolvimento de novos<br />
catalisadores de hidroisomerização.<br />
6
<strong>II</strong>. <strong>Revisão</strong> <strong>da</strong> <strong>Literatura</strong><br />
<strong>II</strong>.1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />
<strong>II</strong>.1.1. Mecanismo de reação<br />
A isomerização estrutural de n-parafinas pode ocorrer por um mecanismo<br />
monofuncional sobre catalisadores metálicos [19] e sobre catalisadores do tipo<br />
Friedel-Crafts (ex: cloreto de alumínio com HCl ou SbC3 como aditivo) [20], ou num<br />
mecanismo bifuncional sobre sólidos ácidos promovidos por metais de transição (ex:<br />
Pt).<br />
Ono[21] apresenta uma boa revisão sobre o mecanismo monofuncional sobre<br />
catalisadores ácidos (homogêneo ou heterogêneo). Os catalisadores homogêneos<br />
são pouco utilizados devido a problemas de corrosão e de desativação. As etapas<br />
elementares que são considera<strong>da</strong>s ocorrerem no mecanismo monofuncional são:<br />
n + +<br />
RH +H ↔ nR + H2 (<strong>II</strong>.1)<br />
n + iso +<br />
R ↔ R (<strong>II</strong>.2)<br />
iso + n n iso<br />
R + RH ↔ R+ + RH (<strong>II</strong>.3)<br />
A formação do íon carbênio (R + ) é induzi<strong>da</strong> por reação dos prótons com os<br />
alcanos (equação <strong>II</strong>.1), ou mais facilmente quando existe a presença de olefinas na<br />
carga. Os íons carbênios formados sofrem rearranjo (equação <strong>II</strong>.2). Os novos íons<br />
carbênios formados por transferência de hidreto com os n-alcanos formam iso-alcanos<br />
(equação <strong>II</strong>.3) com as etapas <strong>II</strong>.2 e <strong>II</strong>.3 ocorrendo em cadeia, sustentando a reação.<br />
Sob alta pressão de hidrogênio é proposto que ocorra ain<strong>da</strong> a etapa mostra<strong>da</strong> a<br />
seguir:<br />
iso R + + H2 ↔ iso RH + H + (<strong>II</strong>.4)<br />
Os íons carbênios formados também podem <strong>da</strong>r origem a olefinas (equação<br />
<strong>II</strong>.5) que podem polimerizar (ex: equação <strong>II</strong>.6) ou sofrer reações de craqueamento<br />
(equação <strong>II</strong>.7). Os hidrocarbonetos maiores formados não se dessorvem facilmente e<br />
acumulam como coque, ou precursores de coque.<br />
7
CnH2n+1+ ↔ CnH2n + H + (<strong>II</strong>.5)<br />
C4 + + C4 = → C8 + (<strong>II</strong>.6)<br />
C8 + → C3 = + C5 + (<strong>II</strong>.7)<br />
A etapa de rearranjo do íon carbênio (equação <strong>II</strong>.2) é considera<strong>da</strong> ocorrer<br />
através de um intermediário ciclopropano. Esta etapa é considera<strong>da</strong> ocorrer também<br />
no mecanismo bifuncional, como discutido em detalhes mais adiante.<br />
Os catalisadores normalmente utilizados nos processos de hidroisomerização<br />
contêm uma fase de metal nobre sobre um suporte com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s, como as<br />
zeólitas, sílica- aluminas, ou aluminas aditiva<strong>da</strong>s (Cl - , Fl - , etc). Sobre estes<br />
catalisadores, o mecanismo de isomerização de n-parafinas é tradicionalmente<br />
considerado como sendo do tipo bifuncional, como descrito originalmente por<br />
Coonrad [22] e Weisz [23]. Um esquema geral do mecanismo bifuncional é<br />
apresentado na Figura <strong>II</strong>.1, e as diversas etapas associa<strong>da</strong>s a este mecanismo são<br />
descritas abaixo[24] :<br />
a) adsorção e desidrogenação do alcano formando alquenos sobre os sítios<br />
metálicos;<br />
b) difusão dos alquenos até os sítios ácidos de Bronsted;<br />
c) adsorção do alqueno sobre o sítio ácido formando íons carbênios, seguido<br />
de isomerização ou craqueamento;<br />
d) difusão do iso-alqueno até os sítios metálicos;<br />
d) hidrogenação dos iso-alquenos formando iso-alcanos sobre os sítios<br />
metálicos.<br />
De acordo com o mecanismo bifuncional, os sítios ácidos não participam na<br />
etapa de ativação do alcano, que requer eleva<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>[21]. Uma característica<br />
do mecanismo bifuncional é que a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização aumenta com o<br />
aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fase metálica (por exemplo, pelo aumento do teor metálico)<br />
até se atingir um patamar máximo. Este patamar máximo, por sua vez, é função <strong>da</strong><br />
acidez do suporte utilizado, com suportes de maior acidez apresentando um patamar<br />
mais elevado para a ativi<strong>da</strong>de (Figura <strong>II</strong>.2). Este comportamento é explicado como<br />
sendo originário <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> etapa lenta de reação. Inicialmente, a etapa lenta<br />
ocorre sobre os sítios metálicos e, com o aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de destes sítios, a etapa<br />
lenta passa a ocorrer sobre os sítios ácidos [12].<br />
8
Figura <strong>II</strong>.1: Esquema genérico para o mecanismo bifuncional de hidroisomerização (P<br />
= parafinas, O=olefinas). Reações de desidrogenação ocorrendo sobre os sítios<br />
metálicos e de isomerização e craqueamento sobre os sítios ácidos [24].<br />
Ativi<strong>da</strong>de Suporte 1<br />
de Suporte 2<br />
isomerização (Acidez 2 < 1)<br />
ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação<br />
Figura <strong>II</strong>.2: Representação do efeito observado no mecanismo bifuncional, <strong>da</strong><br />
variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de dos sítios metálicos e/ou <strong>da</strong> acidez sobre a ativi<strong>da</strong>de de<br />
hidroisomerização (a<strong>da</strong>ptado de Le Page et al [25] ).<br />
A etapa de formação e rearranjo dos íons carbênios adsorvidos (etapa c do<br />
mecanismo bifuncional) foi proposta com base na distribuição de produtos observa<strong>da</strong><br />
na reação de n-parafinas C7 a C17 sobre Pt-USY. Os mecanismos que são propostos<br />
para ocorrerem nesta etapa são apresentados na Figura <strong>II</strong>.3 [26][27]:<br />
a- deslocamentos de grupamento alquil, também chamados isomerização do tipo A;<br />
b- ramificação via intermediário ciclo-propano protonado (PCP), também chama<strong>da</strong><br />
isomerização do tipo B ;<br />
c- cinco tipos de craqueamento (β-cisão), denominados A, B1, B2, C e D.<br />
9
Mecanismo de craqueamento (β-cisão)<br />
tipo Cmin Íons<br />
envolvidos<br />
rearranjos<br />
A<br />
B1<br />
B2<br />
C<br />
D<br />
A<br />
B<br />
8<br />
7<br />
7<br />
6<br />
5<br />
6<br />
5<br />
tert →ter<br />
sec→ter<br />
ter→sec<br />
sec→sec<br />
sec→prim<br />
sec→sec<br />
PCP→sec<br />
Mecanismos de isomerização<br />
Figura <strong>II</strong>.3: Rearranjos carbono-carbono observados na hidroisomerização e<br />
hidrocraqueamento de parafinas sobre um catalisador zeolítico bifuncional de poros<br />
grandes (faujasitas), classificado de “ideal” [28][29] . Cmin = Número mínimo de<br />
átomos de carbono na molécula para possibilitar a ocorrência do mecanismo.<br />
A relativa taxa <strong>da</strong>s reações dos íons carbênios nas supercavi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> zeólita Y<br />
foi determina<strong>da</strong> como sendo: tipo B1 de β-cisão > tipo B2 de β-cisão > tipo B (PCP)<br />
isomerização > tipo C de β-cisão[28] . De maneira mais geral tem sido proposta que a<br />
ordem <strong>da</strong>s taxas de reação seria[16] :<br />
Transferência de hidreto > craqueamento do tipo A > isomerização do tipo A<br />
(transferência de alquil) > isomerização do tipo B (PCP) > craqueamentos do tipo B1 e<br />
B2 > craqueamento do tipo C > craqueamento do tipo D (Figura <strong>II</strong>.3).<br />
10
Como a formação de íons carbênios primários é desfavoreci<strong>da</strong>, o número de<br />
átomos de carbono dos produtos hidrocraqueados de um hidrocarboneto CnH2n+2 fica<br />
na faixa de 3 até n-3. A formação de metano e etano, que por vezes é observa<strong>da</strong> nas<br />
reações de hidroisomerização, é geralmente associa<strong>da</strong> às reações de hidrogenólise<br />
ocorrendo sobre a função metálica[28] .<br />
O mecanismo de isomerização via intermediário ciclo-propano protonado (PCP<br />
- mecanismo B na Figura <strong>II</strong>.3) foi inicialmente proposto por Weitkamp [29] para explicar<br />
a baixa taxa de formação dos isômeros do tipo 2-metil- que não poderia ser explica<strong>da</strong><br />
pelo mecanismo de transferência de grupamentos alquil e/ou de hidretos; hoje em dia<br />
é bem aceito e permite a previsão do rendimento dos diversos isômeros com base na<br />
estabili<strong>da</strong>de dos diversos íons carbênios possíveis de serem formados [30]. Campelo<br />
e colaboradores [31], por exemplo, com base no mecanismo PCP predizem que na<br />
hidroisomerização do n-heptano, o isômero do tipo di-metil-pentano mais favorecido<br />
seria o 2,3-dimetil-pentano, uma vez que este isômero seria formado pelas reações 1,<br />
2 e 3, enquanto os outros isômeros seriam formados somente por uma destas reações<br />
(Figura <strong>II</strong>.4). Outro fator adicional seria o fato do íon carbênio envolvido na formação<br />
do 2,3 dimetil-pentano ser terciário, enquanto os outros carbocátions envolvidos<br />
seriam secundários.<br />
Outro exemplo do uso do mecanismo do tipo PCP, para prever a distribuição<br />
de isômeros, é apresentado por Martens e colaboradores[17] para a hidroisomerização<br />
do n-nonano (Figura <strong>II</strong>.5). Os resultados experimentais obtidos sobre Pt/Y (Tabela <strong>II</strong>.1)<br />
mostram que os produtos correspondem ao esperado pelo mecanismo PCP em baixas<br />
conversões. A eleva<strong>da</strong>s conversões os isômeros inicialmente formados são<br />
rapi<strong>da</strong>mente equilibrados por transferências de grupamentos metil[17] .<br />
Tabela <strong>II</strong>.1: Distribuição dos metil-nonamos a na reação de hidroisomerização do ndecano<br />
sobre Pt/USY[17] .<br />
X (%) 2-MC9 3-MC9 4-MC9 5-MC9<br />
2.4 20.0 31.6 31.2 17.2<br />
9.1 24.4 31.5 29.3 14.8<br />
28.6 28.8 31.0 26.8 13.4<br />
11
Figura <strong>II</strong>.4: Mecanismo <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano [31].<br />
Intermediário PCP carbocátion produto Distrib. %<br />
Figura <strong>II</strong>.5 : Distribuição prevista pelo mecanismo do tipo PCP para a formação de<br />
metil-nonamos a partir do n-decano[17] .<br />
12
O mecanismo PCP é hoje em dia bem aceito; desvios <strong>da</strong> distribuição previstos<br />
com base no mecanismo são em geral explica<strong>da</strong>s por mecanismos complementares.<br />
Como exemplo temos que a formação observa<strong>da</strong> de etil-octanos como produto<br />
primário <strong>da</strong> hidroisomerização do n-decano, que não pode ocorrer com base no<br />
mecanismo via intermediário do tipo PCP, tem sido proposta ocorrer através de um<br />
rápido rearranjo de metil-nonanos via transferência de grupamento etil ou propil [32].<br />
O mecanismo clássico de hidroisomerização/hidrocraqueamento (Figura <strong>II</strong>.3)<br />
de uma parafina CnH2n+2 prediz a formação de produtos na faixa de n até n-3 átomos<br />
de carbono com base na estabili<strong>da</strong>de dos íons carbênios formados. No entanto, foi<br />
observado na hidroconversão do n-heptano sobre catalisadores de eleva<strong>da</strong> acidez, o<br />
aparecimento de frações C5 e C6 que não poderia ser explicado com base neste<br />
mecanismo. Foi então proposta à ocorrência <strong>da</strong> dimerização dos intermediários<br />
olefínicos, segui<strong>da</strong> de rápido craqueamento gerando frações C5 e C6 no mecanismo<br />
denominado “dimerization cracking (DC)”. Martens e co-autores [33][34], estu<strong>da</strong>ndo a<br />
conversão de n-heptano sobre Pd/H-Beta, verificaram que este mecanismo é<br />
favorecido para baixos teores de fase metálica, baixa ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica ou<br />
eleva<strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita.<br />
Recentemente, têm surgido diversas observações experimentais que, segundo<br />
seus autores, não são facilmente explica<strong>da</strong>s pelo mecanismo clássico bifuncional de<br />
hidroisomerização, tais como:<br />
• Na conversão de n-hexano sobre Pt/Erionita em atmosfera de<br />
hidrogênio se observa a formação de produtos típicos do mecanismo<br />
bifuncional. No entanto, quando a reação é conduzi<strong>da</strong> em atmosfera de<br />
nitrogênio, passa-se a observar produtos típicos de craqueamento que<br />
ocorrem sobre os sítios ácidos. Observa-se ain<strong>da</strong> que a seletivi<strong>da</strong>de é<br />
dependente <strong>da</strong> pressão parcial de hidrogênio para valores de pH2/(pH2 + pN2)<br />
< 0.5 (onde pH2= pressão parcial do hidrogênio e pN2=pressão parcial do<br />
nitrogênio). Segundo os autores, estes resultados indicam que a presença de<br />
H2 em grandes quanti<strong>da</strong>des é necessária para a ocorrência <strong>da</strong> rota<br />
bifuncional, enquanto que pela teoria clássica o papel do H2 é tão somente<br />
manter a ativi<strong>da</strong>de pela hidrogenação dos precursores de coque[35] .<br />
13
• Observa-se que um catalisador do tipo Pt/Erionita é praticamente inativo<br />
em atmosfera de N2 na reação de desidrogenação do ciclohexano, enquanto<br />
em presença de H2 se observa a formação de benzeno. Segundo os autores,<br />
a explicação de grande formação de coque em atmosfera de N2 pode ser<br />
excluí<strong>da</strong>, uma vez que os resultados foram reversíveis [35].<br />
• Experimentos em leitos compostos de Pt/Al2O3 e H-erionita em reatores<br />
de reciclo, mostraram que a distância entre as funções metálicas e áci<strong>da</strong>s<br />
afeta em grande extensão a ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroconversão do nhexano.<br />
A hipótese de difusão de intermediários olefínicos <strong>da</strong> teoria clássica é<br />
posta em dúvi<strong>da</strong>, uma vez que nenhuma olefina foi detecta<strong>da</strong> quando o<br />
catalisador Pt/Al2O3 foi colocado após a fase zeolítica [35]. Estes resultados<br />
foram no entanto recentemente questionados por Kuznetosv [36].<br />
• Lunsford e colaboradores [37] questionam o papel dos alquenos como<br />
intermediários de reação lembrando que o mecanismo bifuncional “clássico”<br />
foi proposto para explicar os resultados de catalisadores do tipo Pt/Al2O3<br />
operando na faixa de 400 – 500 o C, enquanto que atualmente os<br />
catalisadores do tipo Pt/zeólitas são capazes de operar a eleva<strong>da</strong>s taxas de<br />
reação em temperaturas <strong>da</strong> ordem de 200-250 o C, onde o equilíbrio<br />
termodinâmico mostra uma concentração muita baixa de alquenos (ex: na<br />
hidroisomerização do n-hexano a 250 o C, 45 Torr de n-hexano e 2.0x10 3 Torr<br />
de H2, tem-se uma pressão de n-hexeno de somente 4.9x10 -4 Torr). Estes<br />
autores estu<strong>da</strong>ram a isomerização do n-hexano sobre H-β e Pt/H-β e<br />
observaram diversos resultados contraditórios com a teoria clássica:<br />
• Observa-se que a zeólita H-β, mesmo na ausência <strong>da</strong> fase Pt, possui<br />
significativa ativi<strong>da</strong>de de isomerização (em torno de 10% do valor obtido<br />
com Pt/H-β com seletivi<strong>da</strong>de de 66% versus 99 % para Pt/H-β) (Figura<br />
<strong>II</strong>.6). Isto implicaria que os centros ácidos sozinhos teriam habili<strong>da</strong>de<br />
para isomerização (mecanismo monofuncional);<br />
14
Figura <strong>II</strong>.6: Conversão e seletivi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong>s durante a reação do n-hexano sobre a<br />
zeólita H-β. Temperatura de 250 o C, 45 Torr de n-hexano e 2.0 x 10 3 Torr de H2 [37].<br />
• A adição de 1-hexeno reduz a taxa de reação e a seletivi<strong>da</strong>de de<br />
isomerização do n-hexano sobre H-β;<br />
• Não se observa a formação de iso-hexenos na reação do 1-hexeno<br />
sobre Pt/H-β em condições utiliza<strong>da</strong>s para hidroisomerização do nhexano.<br />
Deve ser, no entanto citado, que Parlitz e<br />
colaboradores[38], observaram seletivi<strong>da</strong>des para iso-heptenos<br />
entre 34 a 56%p/p para conversões do n-hepteno sobre Pt/SAPO11<br />
e Pt/SAPO5 entre 58 e 45 %p/p, respectivamente, o que vai contra<br />
as observações de Lunsford e colaboradores[37].<br />
Estas observações, aparentemente contraditórias com o mecanismo<br />
bifuncional clássico de hidroisomerização de n-parafinas, têm levado alguns grupos a<br />
proporem modificações ou mesmo a sua substituição. Duas propostas recentes na<br />
literatura são:<br />
15
1)- Ocorrência de um mecanismo do tipo de “spillover de hidrogênio” [39][40]<br />
É proposto que o hidrogênio seja dissociado nos sítios metálicos e migre como<br />
próton (H + ), hidreto (H - ) ou mesmo espécies neutras (H*) para a superfície <strong>da</strong> zeólita.<br />
O próton regeneraria o sítio ácido <strong>da</strong> zeólita e o carbênio formado seria estabilizado<br />
como parafina pela incorporação do hidreto. A Figura <strong>II</strong>.7 apresenta uma<br />
representação do mecanismo tradicional e do baseado no conceito de “spillover” [39]:<br />
Figura <strong>II</strong>.7: Modelo de reação para a hidroisomerização do n-pentano sobre Pt/zeólita<br />
[39].<br />
Um dos pontos chaves do mecanismo acima é a ocorrência de “spillover” do<br />
hidrogênio <strong>da</strong> fase metálica para os sítios ácidos (Figura <strong>II</strong>.7). Evidências para esta<br />
ocorrência têm sido reporta<strong>da</strong>s na literatura:<br />
• Estu<strong>da</strong>ndo a troca hidrogênio-deutério em Pt/USY e USY por IR,<br />
Nakamura e colaboradores[39] observaram que a amostra de Pt/USY<br />
exposta ao deutério apresenta uma redução <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> de 3650 cm -1 ,<br />
correspondente aos grupos OH, e o aparecimento de uma ban<strong>da</strong> em<br />
2680 cm -1 , correspondente aos novos grupos OD. Por outro lado, não se<br />
observa, nas mesmas condições, a troca com a amostra de USY sem a<br />
presença de Pt.<br />
• Foi observado por FTIR que a piridina previamente adsorvi<strong>da</strong> é<br />
hidrogena<strong>da</strong> sobre Pt/HZSM5 ou sobre misturas mecânicas de Pt/SiO2 e<br />
HZSM5 para piperidina o que, segundo os autores, fornece uma<br />
evidência direta <strong>da</strong> participação de espécies de hidrogênio em<br />
mecanismos via “spillover” [40].<br />
16
2) Ocorrência de um mecanismo em cadeia sobre os sítios ácidos<br />
Este mecanismo foi proposto por Chu e colaboradores [37] e parte <strong>da</strong><br />
concepção de que os sítios ácidos podem catalisar a isomerização de n-parafinas com<br />
base nas reações de transferência de hidrogênio e de deslocamento de grupos metila<br />
(Figura <strong>II</strong>.8). Segundo estes autores, a principal função <strong>da</strong> Pt é hidrogenar as olefinas,<br />
mantendo sua concentração estacionária suficientemente baixa, de forma a impedir<br />
que estas terminem a reação em cadeia (Figura <strong>II</strong>.8).<br />
O efeito observado <strong>da</strong> maior ativi<strong>da</strong>de de Pt/H-β em relação à mistura<br />
mecânica Pt/SiO2 + H-β, foi explicado por Chu e colaboradores [37] com base na<br />
concentração local de hexenos. Segundo estes autores, quando as funções metálicas<br />
e áci<strong>da</strong>s estão separa<strong>da</strong>s, como no caso de misturas mecânicas, os alquenos<br />
formados terão mais chance de reagir na etapa de terminação <strong>da</strong> reação (equação<br />
16a e 16b). O modelo bifuncional clássico assume um transporte eficiente entre os<br />
sítios metálicos. Por sua vez, Hochtl e colaboradores [41] não observaram diferenças<br />
de ativi<strong>da</strong>de ou seletivi<strong>da</strong>de na reação de hidroisomerização do n-heptano entre<br />
Pd/SAPO11 e misturas mecânicas de Pd/SiO2 + SAPO11 (mistura<strong>da</strong>s manualmente<br />
ou após compressão mecânica). No entanto, estes autores observaram uma que<strong>da</strong><br />
acentua<strong>da</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de quando utilizaram leitos catalíticos<br />
seqüenciais com Pd/SiO2 seguido de SAPO/11.<br />
Segundo os autores[37], o mecanismo em cadeia sobre os sítios ácidos pode<br />
explicar as seguintes observações experimentais: a) O efeito negativo <strong>da</strong> introdução<br />
de alquenos sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão de n-hexano sobre H-β, em atmosfera de<br />
N2, ou <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros em atmosfera de H2; b) A ordem negativa com<br />
relação ao H2; c) O fato <strong>da</strong> zeólita (H-β), sem a presença de fase metálica, apresentar<br />
razoável seletivi<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>de para isomerização do n-hexano; d) O efeito positivo<br />
<strong>da</strong> Pt e e) O efeito negativo em separar a fase metálica dos sítios ácidos[37] .<br />
17
Iniciação:<br />
Propagação<br />
Terminação<br />
n-CnH2n+2 + H + -B - → n-CnH + 2n+3-B - (<strong>II</strong>.8)<br />
n-CnH + 2n+3-B - → n-CnH + 2n+1 + H2 (<strong>II</strong>.9)<br />
CnH2n + H + -B - → CnH + 2n+1-B -<br />
n-C2n+2 + n-CnH + 2n+1-B - → CnH2n+2 + n-CnH + 2n+1-B -<br />
(<strong>II</strong>.10)<br />
(<strong>II</strong>.11)<br />
n-CnH + 2n+1-B - → i-CnH + 2n+1-B - (<strong>II</strong>.12)<br />
n-C2n+2 + i-CnH + 2n+1-B - → i-CnH2n+2 + n-CnH + 2n+1-B - (<strong>II</strong>.13)<br />
H2 + CnH + 2n+1-B - → CnH2n+2 + H + -B - (<strong>II</strong>.14)<br />
CnH + 2n+1-B - → CnH2n + H + -B -<br />
(<strong>II</strong>.15)<br />
CnH2n + CnH + 2n+1-B - → produtos de craqueamento (<strong>II</strong>.16.a)<br />
|----------→ H2 + C2nH + 4n-1-B - (coque) (<strong>II</strong>.16.b)<br />
Figura <strong>II</strong>.8: Mecanismo proposto para a hidroisomerização do n-hexano sobre Pt/Hβ<br />
[37] (onde B - = zeólita).<br />
Outros autores, reconhecendo que sítios ácidos podem isomerizar n-parafinas,<br />
propõem a mu<strong>da</strong>nça do mecanismo bifuncional tradicional pela incorporação de uma<br />
etapa de formação de íon carbônio pela protonação <strong>da</strong> parafina sobre os sítios ácidos,<br />
que formariam íons carbênios pela sua desidrogenação (idem reação <strong>II</strong>.1). A formação<br />
de íons carbênios pela protonação de olefinas forma<strong>da</strong>s sobre os sítios metálicos é<br />
considera<strong>da</strong>, no entanto, ocorrer de forma mais rápi<strong>da</strong> do que pela rota monofuncional<br />
sobre os sítios ácidos[42] .<br />
Recentes resultados reportados por Kuznetsov [36] suportam o modelo<br />
binfuncional clássico, com modificações para o papel <strong>da</strong> fase metálica, no que foi<br />
chamado de “modelo clássico não trivial”. Este autor estudou a reação de<br />
hidroisomerização do n-octano utilizando diversas configurações de reatores, incluindo<br />
uma uni<strong>da</strong>de de fluxo contínuo com alta taxa de recirculaçãos dos produtos e que<br />
possuía dois reatores em série, que podiam ser operados a temperaturas diferentes e<br />
carregados com representantes <strong>da</strong>s funcões metálicas e áci<strong>da</strong>s (Pt/Al2O3 e HY,<br />
respectivamente). A ativi<strong>da</strong>de individual dos componentes contendo função metálica e<br />
áci<strong>da</strong>, foi quantifica<strong>da</strong> pela hidrogenação do 1-hexeno e pelo craqueamento do noctano,<br />
respectivamente. Segundo o autor, a função metálica teria o papel de reduzir a<br />
18
taxa de craqueamento. Testes mostraram que a reativi<strong>da</strong>de do 1-octeno é ordens de<br />
magnitude superior ao do n-octano (> 4x 10 4 versus 39,6 l/g.h, respectivamente).<br />
Portanto, mais relevante do que evitar a desativação, o papel <strong>da</strong> fase metálica seria<br />
manter uma baixa concentração de olefinas, prevista pelo equilíbrio termodinâmico,<br />
reduzindo as taxas de craqueamento. A maior reativi<strong>da</strong>de de olefinas versus parafinas<br />
em condições similares já havia sido identifica<strong>da</strong> anteriormente (ex:[43]).<br />
Kuznetsov [36] levanta ain<strong>da</strong> importantes questões: a) Um completo equilíbrio<br />
<strong>da</strong>s reações de hidrogenação/desidrogenação <strong>da</strong>s olefinas ramifica<strong>da</strong>s pode não ser<br />
obti<strong>da</strong> devi<strong>da</strong> à baixa difusivi<strong>da</strong>de dos intermediários olefínicos dentro <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong>des<br />
zeolíticas, levando a um teor de olefinas superior ao previsto termodinamicamente e,<br />
conseqüentemente, a uma maior taxa de craqueamento devido a eleva<strong>da</strong> reativi<strong>da</strong>de<br />
destas olefinas. Aumentando-se a concentração <strong>da</strong> fase metálica no interior dos<br />
poros, e/ou reduzindo a distância entre a fase metálica e a fase áci<strong>da</strong>, auxiliaria em<br />
atingir o equilíbrio, reduzindo a taxa <strong>da</strong>s reações de craqueamento; b)<br />
Experimentalmente observou-se que aumentando a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica e<br />
reduzindo a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função áci<strong>da</strong>, pelo aumento e pela redução <strong>da</strong> temperatura<br />
dos reatores em série, respectivamente, acarreta-se o aumento na selevitivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros.<br />
O estudo do mecanismo de reação é importante para procurarmos explicar o<br />
efeito <strong>da</strong> acidez sobre a seletivi<strong>da</strong>de. Independente de considerarmos o mecanismo<br />
bifuncional (clássico ou modificado), ou os mecanismos alternativos, tais como<br />
“spillover” de hidrogênio ou em cadeia sobre os sítios ácidos, podemos ver que a<br />
acidez <strong>da</strong> zeólita desempenha um papel essencial no mecanismo. Analisando a<br />
consistente proposta formula<strong>da</strong> por Kuznetsov [36] de que a função metálica teria o<br />
papel de reduzir a taxa de craqueamento, por manter uma baixa concentração de<br />
olefinas, que são mais facilmente craqueaveis do que as parafinas, podemos<br />
questionar se o mesmo não poderia ocorrer com a função áci<strong>da</strong>, ou seja, uma acidez<br />
modera<strong>da</strong> poderia contribuir para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, pela<br />
redução <strong>da</strong>s taxas de craqueamento dos intermediários olefínicos (ou de parafinas<br />
mais facilmente craqueáveis) .<br />
19
<strong>II</strong>.1.2. Cinética de reação<br />
A cinética de hidroisomerização do n-octano, n-decano e do n-dodecano sobre<br />
Pt/Y foi intensivamente estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Froment e colaboradores na déca<strong>da</strong> de 80<br />
[44][45]. A modelagem cinética inicialmente foi efetua<strong>da</strong> considerando-se a ocorrência<br />
de um mecanismo monofuncional via íons carbênios (Figura <strong>II</strong>.9 [44]) e posteriormente<br />
com base no mecanismo clássico do tipo bifuncional (Figura <strong>II</strong>.10 [45]) com resultados<br />
similares. Ambas as modelagens foram desenvolvi<strong>da</strong>s considerando-se a<br />
isomerização do íon carbênio como sendo a etapa lenta <strong>da</strong> reação e tendo sido<br />
testados diversos modelos para a etapa de adsorção. Observou-se experimentalmente<br />
que a distribuição dos produtos foi função somente <strong>da</strong> conversão, independente <strong>da</strong><br />
temperatura ou <strong>da</strong> pressão parcial dos reagentes nas condições operacionais (130 –<br />
250 o C, 5 –100 bar). O modelo que apresentou o melhor ajuste dos <strong>da</strong>dos foi um<br />
mecanismo do tipo seqüencial (Figura <strong>II</strong>.11)[45] :<br />
n-alcano + H + ⇔ íon n-alquil + H2<br />
íon n-alquill ⇔ íon iso-alquil<br />
íon iso-alquil + H2⇔ isoalcano + H + , onde H + significa o próton do sitio ácido.<br />
Figura <strong>II</strong>.9: Esquema reacional utilizado para a modelagem <strong>da</strong> cinética de<br />
hidroisomerização [45].<br />
n-alcano (gás) ⇔ n-alcano (ads)<br />
n-alcano (ads) ⇔ n-alqueno (ads) + H2 Pt<br />
n-alqueno (ads) + H + ⇔ R +<br />
R+ ⇔ i-R +<br />
sítio ácido<br />
sítio ácido<br />
i-R + ⇔ i-alqueno (ads) + H + sítio ácido<br />
i-alqueno (ads) + H2 ⇔ i-alcano (ads) Pt<br />
i-alcano (ads) ⇔ i-alcano (gás)<br />
Figura <strong>II</strong>.10: Esquema reacional utilizado para a modelagem <strong>da</strong> cinética de<br />
hidroisomerização [45].<br />
20
n-A ⇔ MB ⇔ DB → CR ,<br />
onde: n-A = n-parafina<br />
MB = isômeros com uma ramificação<br />
DB = isômeros com duas ramificações<br />
CR = produtos de craqueamento<br />
Figura <strong>II</strong>.11: Esquema para hidroisomerização e hidrocraqueamento [45].<br />
O mecanismo seqüencial observado por Froment e colaboradores[44][45]<br />
(Figura <strong>II</strong>.11), pode variar em função do catalisador, <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de de craqueamento do<br />
reagente e produtos e <strong>da</strong>s condições utiliza<strong>da</strong>s. Um modelo mais geral é apresentado<br />
na Figura <strong>II</strong>.12 [18][46].<br />
n-parafina ⇔ mono-ramificados ⇔ bi-ramificados ⇔ tri-ramificados<br />
r1 r2 r3<br />
produtos de craqueamento<br />
r3 >> r2 >r1<br />
Figura <strong>II</strong>.12: Esquema reacional para a formação de isômeros e produtos de<br />
craqueamento na hidroisomerização de n-parafinas [18][46].<br />
A expressão <strong>da</strong> taxa utilizando isoterma de adsorção do tipo<br />
Langmuir/Hinshelwod , obti<strong>da</strong> por Froment e colaboradores [44][45], foi:<br />
rA = kA (pA – pB/K)<br />
pH2[1+KL(pA + pB)]) (<strong>II</strong>.17)<br />
onde: pa = pressão parcial do alcano (n-C8, n-C10 ou n-C12)<br />
pb= pressão parcial dos iso-alcanos<br />
pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />
KL = constante de adsorção para as n-parafinas<br />
K = constante de equilíbrio <strong>da</strong> reação<br />
ka = coeficiente <strong>da</strong> taxa de reação para a n-parafina<br />
21
A partir <strong>da</strong> equação I.I17 pode-se obter a expressão para a taxa inicial de<br />
hidroisomerização de uma n-parafina (pb→ 0 - equação <strong>II</strong>.18):<br />
rAo = kApA /( pH2 (1+ KLpA)) (<strong>II</strong>.18)<br />
Outra simplificação <strong>da</strong> expressão 18 ocorre quando se tem o termo KLpA >>> 1.<br />
Neste caso tem-se a ordem de reação de –1 para o hidrogênio e 0 para a nparafina<br />
(equação <strong>II</strong>.19):<br />
rAo = kA/KLPH2 (<strong>II</strong>.19)<br />
A modelagem acima assume que os microporos <strong>da</strong> zeólita estão<br />
completamente saturados pela molécula reagente, o que tende a acontecer com o uso<br />
de eleva<strong>da</strong>s pressões e/ou o uso de alcanos de cadeia longa. Segundo Ollo e<br />
colaboradores [47], esta condição ocorre para o sistema Pt/Mordenita com pressões<br />
de hidrogënio ≥ 20 bar ou <strong>da</strong> parafina ≥ 5bar) e com parafinas maiores do que npentano.<br />
Em condições onde isto não ocorre, Runstraat e colaboradores[48] propõem<br />
o uso <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.20. Esta modelagem foi desenvolvi<strong>da</strong> assumindo-se que a etapa<br />
de isomerização é a etapa determinante <strong>da</strong> taxa de reação (comportamento<br />
denominado de “bifuncional ideal”) e que a concentração dos hidrocarbonetos dentro<br />
dos poros <strong>da</strong> zeólita está em equilíbrio com a fase gasosa. A tabela <strong>II</strong>.2 resume as<br />
condições recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para uso <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.17, ou <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.20, bem como<br />
as diversas ordens de reação obti<strong>da</strong>s [48]:<br />
R = kiso __Kdesidro . Kprot. (pnC6/pH2) ≅ kiso (Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)) α (<strong>II</strong>.20)<br />
1 + Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)<br />
onde: R = taxa de reação global de isomerização<br />
Kdesidro = constante de equilíbrio para a desidrogenação<br />
Kprot = constante de equilíbrio para a protonação<br />
kiso = constante <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />
pnC6 = pressão parcial do hidrocarboneto (n-hexano)<br />
pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />
α = ordem de reação, ≤ 1<br />
22
Tabela <strong>II</strong>.2: Ordem de reação espera<strong>da</strong> com base nas equações <strong>II</strong>.17 e <strong>II</strong>.20 [48]<br />
Equação <strong>II</strong>.20 Equação <strong>II</strong>.17<br />
Pressão do n-alcano Pressão H2 n m n m<br />
Alta Alta Inváli<strong>da</strong> Inváli<strong>da</strong> 0 -1<br />
Alta Baixa Inváli<strong>da</strong> Inváli<strong>da</strong> 0 0<br />
Baixa Alta α - α 1 -1<br />
Baixa Baixa 1 -1 - -<br />
Onde: n= ordem de reação no n-alcano, m= ordem de reação do hidrogênio.<br />
Mais recentemente, Chavaria e colaboradores [49] estu<strong>da</strong>ram a situação onde<br />
a etapa lenta <strong>da</strong> reação não ocorre sobre os sítios ácidos, caracterizando um<br />
comportamento “não ideal”. Estes autores utilizaram um catalisador com fraca função<br />
hidrogenante (Mo/Hβ(20%)-Alumina) na reação de hidroisomerização do nhexadecano<br />
(com 150 ppm de S como CS2). Sem a hipótese de que a etapa lenta <strong>da</strong><br />
reação ocorreria sobre os sítios ácidos, foi necessário introduzir equações cinéticas<br />
para as reações de hidrogenação e de desidrogenação. Segundo os autores, o<br />
comportamento não ideal é favorecido por um baixo teor de fase metálica (ou uma<br />
baixa ativi<strong>da</strong>de desidrogenante), baixa pressão e a de presença de parafinas com<br />
cadeia longa. Os resultados experimentais mostram uma menor seletivi<strong>da</strong>de para<br />
isômeros para o catalisador “não ideal” versus o catalisador “ideal” (Figura <strong>II</strong>.13).<br />
Figura <strong>II</strong>.13: Conversão do n-hexadecano sobre catalisadores “ideais” (curva superior)<br />
e “não ideais” (curva inferior - Mo/Hβ(20%)-Alumina) – Xtot = conversão do nhexadecano;<br />
Xiso = conversão para isômeros [49]<br />
23
Na literatura podemos encontrar uma ampla gama de formas de comparação<br />
<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de catalisadores de hidroisomerização, dentre elas: a) Constante cinética<br />
com base na equação <strong>II</strong>.23 [50]; b) “Turnover” baseado nos sítios ácidos [ex: [16]]; c)<br />
Ativi<strong>da</strong>de (mol/g.h) extrapola<strong>da</strong> para tempo zero de reação [ex:[51]]; d ) Taxa de<br />
reação no regime diferencial (Ri = Xi. V/m.cat onde X= conversão, V=fluxo volumétrico<br />
(mol/seg) e m.cat= massa do catalisador (g)) [ex: [52]]; e) Valor <strong>da</strong> conversão <strong>da</strong> nparafina<br />
manti<strong>da</strong> as condições constantes (temperatura; pressão; razão molar H2/Nparafina,<br />
WHSV) [ex:[18][53][54] ou variando-se a temperatura [ex: [55]]; f) Cinética de<br />
primeira ordem aparente. Utiliza<strong>da</strong> para comparação de ativi<strong>da</strong>de entre Pt/SAPO-5 e<br />
Pt/SAPO-11 na hidroisomerização do n-heptano[56] ou g)Temperatura necessária<br />
para se obter uma determina<strong>da</strong> conversão [ex: [57]]. No presente texto, a ativi<strong>da</strong>de<br />
dos catalisadores é compara<strong>da</strong> com base no valor de conversão e/ou <strong>da</strong> constante<br />
aparente de reação.<br />
<strong>II</strong>.1.3. Efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />
<strong>II</strong>.1.3.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
Os estudos mais recentes sobre a cinética de hidroisomerização de n-parafinas<br />
têm reforçado o papel dos efeitos difusivos, que por sua vez, são fortemente<br />
influenciados pela estrutura <strong>da</strong> zeólita. Duas propostas recentes são as denomi<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
adsorção competitiva e “single file diffusion” :<br />
• Adsorção competitiva - Denayer e colaboradores [58] estu<strong>da</strong>ram a<br />
hidroisomerização/hidroconversão de uma mistura de n-C6, n-C7, n-C8 e n-<br />
C9 sobre Pt-HY com pH2/Phidrocabornetos de 13.1 e pressão total de 4,1 atm.<br />
Segundo os autores a conversão preferencial <strong>da</strong>s n-parafinas longas,<br />
(Figura <strong>II</strong>.14), ocorre devido ao aumento <strong>da</strong> taxa de adsorção com o<br />
aumento <strong>da</strong> cadeia, ao invés de diferenças intrínsecas nas taxas de reação.<br />
Foi calculado que os parâmetros de adsorção de Lamgmuir aumentam<br />
exponencialmente, enquanto as constantes cinéticas aumentam de maneira<br />
aproxima<strong>da</strong>mente linear com o aumento do comprimento <strong>da</strong> cadeia do<br />
hidrocarboneto (Figura <strong>II</strong>.15).<br />
24
Figura <strong>II</strong>.14: Conversão de uma mistura de n-alcanos sobre Pt/H-Y a 233 o C em<br />
função <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial [58] .<br />
Figura <strong>II</strong>.15 : Constantes cinéticas para formação de mono- (kMB) e multi-ramificados<br />
(kMTB), constantes de Henry (K’) e constantes de Langmuir (L) como função do<br />
número de átomos de carbono na molécula [58].<br />
25
• “Single file diffusion” – Este mecanismo é proposto ocorrer em zeólitas com<br />
sistemas de poros unidimensionais, especialmente operando a baixas<br />
temperaturas. Segundo esta proposta, a baixas temperaturas a adosorcão<br />
nos poros <strong>da</strong>s zeólitas é eleva<strong>da</strong>, ocasionando que somente os sítios<br />
localizados na boca dos poros contribuem de maneira significativa para a<br />
taxa de reação observa<strong>da</strong>. A temperaturas eleva<strong>da</strong>s, a adosorcão é menos<br />
significativa e conseqüentemente aumenta a contribuição dos sítios ácidos<br />
localizados no interior dos poros. Segundo Liu e co-autores [59] a redução<br />
na energia de ativação aparente para a hidroisomerização do n-pentano<br />
sobre Pt/mordenita com o aumento <strong>da</strong> temperatura, pode ser explica<strong>da</strong> com<br />
base neste mecanismo. No entanto, Runstraat e colaboradores[60]<br />
questionam esta interpretação. Segundo estes autores a redução <strong>da</strong><br />
energia de ativação, observa<strong>da</strong> com o aumento <strong>da</strong> temperatura, pode ser<br />
explica<strong>da</strong> pela redução do recobrimento superficial <strong>da</strong>s olefinas sobre os<br />
sítios ácidos. Este efeito pode ser visto por exemplo, analisando-se a taxa<br />
de reação do tipo “Hougen-Watson (eq. <strong>II</strong>.21 e <strong>II</strong>.22)”:<br />
R = kRDS. K ads,A . θvazios. PA = KRDS. θA (<strong>II</strong>.21)<br />
R = kRDS . K ads,A . PA/ (1 + K ads,A PA) (<strong>II</strong>.22)<br />
Onde R é a taxa de reação, k rds é a constante <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> etapa determinante,<br />
Kads,A é a constante de equilíbrio de adsorção, θvazios é a fração de sítios vacantes, PA é<br />
pressão do reagente A e, θA a fração de recobrimento superficial do intermediário<br />
reativo. A baixas temperaturas tem-se que K ads,A . PA >>1, o que leva a se ter R = k rds<br />
e obteremos a energia de ativação ver<strong>da</strong>deira (Ereal). Com o aumento <strong>da</strong> temperatura o<br />
termo K adsA acaba por ficar
<strong>II</strong>.1.3.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de<br />
hidroisomerização<br />
Weitkamp e colaboradores [26][29][44][61] foram os pioneiros em comparar as<br />
zeólitas ZSM5 e Y em reações de hidroisomerização de n-parafinas (nC7 a nC17),<br />
tendo observado que:<br />
• Sobre Pt/Y não ocorre nenhum efeito significativo de seletivi<strong>da</strong>de de forma,<br />
sendo a distribuição de produtos dita<strong>da</strong> pelas taxas relativas dos íons<br />
carbênios [29] e influencia<strong>da</strong> por variáveis, como a razão entre o número de<br />
sítios metálicos e número de sítios ácidos (ver seção I.5). Sobre Pt/Y<br />
observa-se a formação de produtos com múltiplas ramificações e com<br />
grupamentos etil ou propil que não são observados sobre Pt/ZSM5.<br />
• Sobre Pt/ZSM5 forma-se preferencialmente mono-metil-isômeros[26]. Este<br />
mesmo comportamento é observado para outras estruturas de poros<br />
médios, sendo atribuído à ocorrência de restrições estéricas e/ou<br />
difusionais [31][48][56] .<br />
A comparação detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong> distribuição dos diversos isômeros, permitiu ain<strong>da</strong><br />
a proposição do uso <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-decano como reação<br />
modelo para caracterizar o espaço intracristalino de estruturas zeolíticas<br />
desconheci<strong>da</strong>s, conforme os critérios revisados por Martens e Jacobs[17]:<br />
• A distribuição relativa dos isômeros mono-ramificados versus os<br />
isômeros bi-ramificados, ao máximo valor de rendimento em isômeros<br />
totais, permite a identificação de estruturas de poros médios (como<br />
ZSM5), uma vez que estas estruturas produzem um rendimento menor<br />
de isômeros bi-ramificados e, praticamente, ausência de isômeros do<br />
tipo tri-ramificados (Figura <strong>II</strong>.16).<br />
27
Figura <strong>II</strong>.16: Distribuição relativa de isômeros mono-ramificados e bi-ramificados na<br />
hidroisomerização do n-decano sobre varias zeólitas[18].Detalhes <strong>da</strong>s estruturas<br />
podem ser obti<strong>da</strong>s no Atlas de estruturas zeolític<strong>da</strong>s [62]<br />
• A ausência de etil-ramificados a 5% de conversão indica a presença de<br />
estrutura de poros médios, desde que os sítios ácidos externos tenham<br />
sido convenientemente neutralizados.<br />
• O rendimento absoluto de iso-pentano a 35 % de conversão permite<br />
identificar estruturas de poros grandes, uma vez que reflete a extensão<br />
do craqueamento central de um iso-decano com múltiplas ramificações.<br />
• A razão entre 3-etil e 4-etil-octanos à conversão de 5% é cineticamente<br />
controla<strong>da</strong> sobre estruturas faujasíticas e pode ser usa<strong>da</strong> para<br />
classificar tais estruturas.<br />
• Valores elevados para a razão entre os isômeros 2-metil-nonamo e 5metil-nonamo<br />
a 5% de conversão, denominado de “modified constraint<br />
index” (Ci*), indicam a presença de estruturas com poros poros médios.<br />
Valores baixos indicam a presença de estruturas com poros grandes e<br />
valores intermediários indicam a presença de estruturas com poros<br />
pequenos (Figura <strong>II</strong>.17).<br />
28
O parâmetro denominado “modified constraint index (Ci*)” origina-se do fato de<br />
que, em zeólitas de poros grandes (ex: PtCaY, PtY), observa-se que a taxa de<br />
formação do isômero 2-metil-nonano é cineticamente limita<strong>da</strong> quando compara<strong>da</strong> às<br />
taxas de formação de outros iso-nonamos, só ocorrendo o equilíbrio termodinâmico<br />
entre os diversos isômeros após valores de conversão elevados do n-decano.<br />
Entretanto, observa-se que em zeólitas de poros médios (como PtZSM5) ocorre<br />
formação preferencial do 2-metil-octano ou do 2-metil-nonano a partir <strong>da</strong><br />
hidroisomerização do n-nonano e do n-decano respectivamente. Estes resultados tem<br />
sido explicados pela ocorrência do mecanismo via ciclopropanos protonados (PCP),<br />
que evita a formação de carbocátions primários sobre zeólitas de poros grandes e a<br />
ocorrência de seletivi<strong>da</strong>de de forma ao estado de transição quando <strong>da</strong> formação dos<br />
intermediários “PCP” sobre zeólitas de poros médios[17]. Um valor intermediário para<br />
o “modified constraint index” (Ci*), observado para estruturas com poros pequenos, é<br />
atribuído à ocorrência de efeitos difusionais além de possíveis efeitos de seletivi<strong>da</strong>de<br />
ao estado de transição [17]. O parâmetro Ci* é independente <strong>da</strong>s condições<br />
experimentais, no entanto se observa sua variação em função de alguns parâmetros,<br />
tais como: a) O valor do Ci* diminui com a diminuição do tamanho do cristalito e com<br />
o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita e b) O valor do Ci* diminui com o aumento do teor<br />
do metal nobre, devido ao favorecimento <strong>da</strong> ocorrência de reações sobre a fase<br />
metálica no exterior dos cristalitos[63] .<br />
Figura <strong>II</strong>.17: Valores de CI* (“modified constraint index”) para algumas estruturas<br />
seleciona<strong>da</strong>s [63].<br />
Um conceito muitas vezes reportado na literatura diz respeito ao papel que a<br />
zeólita exerce sobre a difusão dos produtos e/ou intermediários. Considera-se que<br />
estruturas, que favoreçam um longo tempo de residência no interior dos poros, tendem<br />
a favorecer as reações de craqueamento. Como exemplos do uso deste conceito,<br />
temos:<br />
29
• Meriaudean e colaboradores [53] observaram que a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
hidroisomerização do n-octano diminuiu na seqüência: Pt-SAPO-41 ><br />
Pt-SAPO-31 > Pt-SAPO-11 > Pt-SAPO-5. Estas diferenças foram<br />
explica<strong>da</strong>s considerando-se efeitos de restrições estéricas e difusionais.<br />
Na peneira molecular de poros grandes (SAPO5) ocorre a formação de<br />
parafinas contendo várias ramificações, conheci<strong>da</strong>s por apresentarem<br />
maior tendência ao craqueamento. Por sua vez, os canais mais restritos<br />
<strong>da</strong>s peneiras SAPO-31 e SAPO-11, embora impeçam a formação de<br />
parafinas multi-ramifica<strong>da</strong>s, levam a tempos de residências mais<br />
elevados para as monoparafinas forma<strong>da</strong>s devido às limitações<br />
difusionais, o que contribui para o seu craqueamento [53]. A tabela <strong>II</strong>.3<br />
apresenta as proprie<strong>da</strong>des estruturais <strong>da</strong>s peneiras testa<strong>da</strong>s e a Figura<br />
<strong>II</strong>.18 os resultados de conversão e seletivi<strong>da</strong>de observados:<br />
Tabela <strong>II</strong>.3: Proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s peneiras moleculares utiliza<strong>da</strong>s [53].<br />
Peneira Estrutura Dimensões Tipo de canais<br />
SAPO-11 AEL 0.39 x 0.63 nm Unidimensionais<br />
SAPO-31 ATO 0.54 x 0.54 nm Unidimensionais<br />
SAPO-41 AFO 0.43 x 0.70 nm Unidimensionais<br />
SAPO-5 AFI 0.73 nm Unidimensional<br />
Figura <strong>II</strong>.18: Hidroisomerização do n-octano sobre diferentes tipos de SAPOs[53]. (T=<br />
200 a 400 o C; P= 1 atm; H2/n-C8= 54 mol/mol; SV = 0.4-7 h -1 ).<br />
• O catalisador Pt/mordenita, mesmo contendo eleva<strong>da</strong> área metálica,<br />
apresenta um comportamento intermediário entre o observado de<br />
craqueamento <strong>da</strong> zeólita sem adição de metal (Pt) e o observado na<br />
ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização de um catalisador ideal típico (como<br />
30
Pt/Y) na conversão de n-parafinas ≥ n-heptano. Este comportamento<br />
tem sido associado a limitações difusionais <strong>da</strong>s olefinas intermediárias<br />
nos canais unidimensionais <strong>da</strong> mordenita[64] .<br />
• Vários autores têm observado que a zeólita ZSM5 apresenta uma baixa<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, como exemplos: 1) A ordem observa<strong>da</strong> do<br />
máximo rendimento em isômeros na hidroconversão do n-hexano foi<br />
PtHY > PtHM > PtHZSM5 [65] e a do n-heptano foi PtUSY ≈ Ptβ ><br />
PtZSM5 [55]; 2) As zeólitas ZSM5 apresentaram também os menores<br />
valores de seletivi<strong>da</strong>de a isômeros dentre o conjunto de Pt/Na-β, HY,<br />
SiO2-Al2O3 e SAPO11 para a hidroisomerização do n-octano (Tabela<br />
<strong>II</strong>.4) [57] ou entre as zeólitas Y, USY, Beta, mordenita e ZSM22 para a<br />
hidroisomerização do n-heptano [66].<br />
Tabela <strong>II</strong>.4: Isomerização do n-octano sobre catalisadores contendo 1% p/p de Pt a<br />
1000 psig, WHSV de 2.8 h -1 , 16 H2/Hc mol/mol e 30% de conversão [57] .<br />
SiO2-Al2O3 HY ZSM5 SAPO5 SAPO11<br />
T( o C) 371 257 260 304 331<br />
Selet. i-C8 %p/p 96.4 96.8 56.6 49.3 94.8<br />
Selet. D-MC6 8.5 12 1.8 9.0 2.3<br />
Nota: i-C8 = isômeros com 8 átomos de carbono; D-MC6= di-metil-hexanos<br />
A baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, observa<strong>da</strong> quando do uso de ZSM5, é<br />
explica<strong>da</strong> por alguns autores como sendo devido às limitações difusionais impostas<br />
pela estrutura desta zeólita. Alguns autores [67][66] propõem que isômeros biramificados<br />
podem ser formados nos espaços maiores oriundos <strong>da</strong> interseção dos<br />
canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5, mas estes isômeros não poderiam se difundir para fora dos<br />
poros devido a restrições estéricas sendo, conseqüentemente, craqueados. Segundo<br />
Gopal e Smirniotis [66], a formação de quanti<strong>da</strong>des equimoleculares de propano e<br />
isobutano confirmaria que a maioria dos produtos leves é oriun<strong>da</strong> do craqueamento (βcisão)<br />
de isômeros bi-ramificados sobre HZSM5. Alternativamente, outros autores<br />
propõem que um longo tempo de residência dos intermediários na zeólita ZSM5, o que<br />
ocasionaria uma baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, é provocado pela maior força áci<strong>da</strong><br />
desta zeólita [17][18]. A interseção dos canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5 (comparativamente<br />
com a zeólita ZSM11) pode ser visualiza<strong>da</strong> no trabalho de Maesen e colaboradores<br />
[68] (Figura <strong>II</strong>.19).<br />
31
Figura <strong>II</strong>.19: Representação <strong>da</strong> interseção dos canais <strong>da</strong>s zeólitas ZSM5 (MFI) –A e<br />
ZSM11 (MEL) – B. A zeólita MFI apresenta canais circulares e elípticos e somente um<br />
tipo de interseção, enquanto a zeólita do tipo MEL apresenta canais circulares e dois<br />
tipos de interseção: maior (topo) e menor (fundo) que a do tipo MFI. Os canais em<br />
ambas as zeólitas tem dimensões similares ( ≅ 0.55 nm) [68].<br />
• Chica e Corma[69] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do n-pentano, nhexano<br />
e do n-heptano sobre diversas zeólitas contendo 0.5 %p/p de Pt<br />
prepara<strong>da</strong> por impregnação ao volume de poros com H2PtCl6. As<br />
condições utiliza<strong>da</strong>s nos testes catalíticos foram: razão molar<br />
H2/hidrocarboneto de 15; WHSV de 5.13 h -1 ; pressão de 20 bar e<br />
temperaturas de reação entre 240 o C e 380 o C. As zeólitas<br />
tridimensionais (Y (FAU) e β (BEA)) apresentaram maior seletivi<strong>da</strong>de a<br />
isômeros do que as zeólitas unidimensionais testa<strong>da</strong>s (mordenita<br />
(MOR) e SSZ-24 (AFI)). Dentre as zeólitas unidimensionais testa<strong>da</strong>s, a<br />
melhor seletivi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi para a zeólita SSZ-24 (AFI) de poros<br />
mais largos. Segundo os autores, uma maior seletivi<strong>da</strong>de a isômeros<br />
pode ser obti<strong>da</strong> em estruturas que permitam uma rápi<strong>da</strong> difusão dos<br />
produtos, em especial dos produtos mais ramificados, o que é<br />
conhecido, apresentam uma maior tendência ao craqueamento. O<br />
mesmo argumento foi utilizado para explicar a maior seletivi<strong>da</strong>de<br />
observa<strong>da</strong> para zeólitas Beta de menor tamanho de cristalito (tabela<br />
<strong>II</strong>.5).<br />
32
Tabela <strong>II</strong>.5: Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano sobre zeólitas HBeta de<br />
diferentes tamanhos de cristalito. A<strong>da</strong>ptado dos gráficos de Chica e Corma [69]<br />
considerando-se uma conversão fixa de ≈ 72 % molar.<br />
Zeólita Estrutura t. crist. (µm) Si/Al Acidez Temp.<br />
( o C)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de<br />
(%molar)<br />
B-PQ BEA 0.15 16 15 280 45<br />
Beta (50) BEA 0.15 50 3 326 18<br />
LCB BEA 0.05x10 13 20 265 30<br />
SCB BEA >0.030 16 10 260 60<br />
Acidez mensura<strong>da</strong> pelo teor de piridina dessorvi<strong>da</strong> a 400 o C (micromol py/g<br />
catalisador)<br />
Um importante papel <strong>da</strong> estrutura tem sido observado recentemente para a<br />
hidroisomerização de n-parafinas sobre a zeólita ZSM22 [70][71][72]. A zeólita ZSM22<br />
é uma zeólita de poros médios paralelos e ligeiramente elípticos (0.45 x 0.55nm) [71].<br />
Esta zeólita se destaca por apresentar uma eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para formação de<br />
isômeros, em particular mono-ramificados, quando compara<strong>da</strong> com outras zeólitas em<br />
condições similares, como pode ser visto dos resultados <strong>da</strong> hidroisomerização de n-<br />
C17 sobre Pt/HZSM22 e Pt/Y (Figura <strong>II</strong>.20) [71] ou n-heptano [70] (Tabela <strong>II</strong>.6).<br />
Figura <strong>II</strong>.20: Distribuição de produtos na hidroisomerização do n-C17 sobre Pt/HY e<br />
Pt/HZSM22 [71].<br />
A distribuição de produtos <strong>da</strong> hidroisomerização de n-parafinas C10-C24 sobre<br />
Pt/ZSM22 foi investiga<strong>da</strong> por Martens e colaboradores [71][72]. Foi observa<strong>da</strong> a<br />
ocorrência de um máximo na distribuição para a formação de isômeros com<br />
ramificações no segundo átomo de carbono <strong>da</strong> cadeia (2-metil-) e outro máximo<br />
ocorrendo entre C5-C11, dependendo <strong>da</strong> n-parafina utiliza<strong>da</strong>. Foi observa<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> a<br />
33
ocorrência de um mínimo na distribuição para isômeros com ramificações no quarto<br />
átomo de carbono <strong>da</strong> cadeia (4-metil-) (Figura <strong>II</strong>.21). Estes resultados foram<br />
explicados por Martens e colaboradores [71][72] com base na proposição dos<br />
mecanismos denominados “catálise na boca dos poros” (pore mouth catalysis) e<br />
“chave-fechadura” (“key lock catalysis”).<br />
Segundo o mecanismo de “catálise na boca dos poros”, não ocorreria a<br />
difusão de reagentes ou produtos através dos microporos <strong>da</strong> zeólita. O n-alcano<br />
penetraria somente parcialmente nos poros, levando a uma formação de isômeros do<br />
tipo 2-metil-. Num segundo modo de adsorção favorável, denominado de tipo “chavefechadura”,<br />
as duas extremi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> n-parafina penetrariam em poros diferentes,<br />
favorecendo a ocorrência de ramificações no centro <strong>da</strong> molécula. As propostas de<br />
mecanismo foram suporta<strong>da</strong>s por cálculos teóricos de formas preferenciais de<br />
adsorção de n-parafinas sobre a zeólita ZSM22 (Figura <strong>II</strong>.22).<br />
Figura <strong>II</strong>.21: Distribuição (%molar) de metil-alcanos obtidos a 25-30% de conversão<br />
[72].<br />
34
Figura <strong>II</strong>.22: Estimativa do potencial Lennard-Jones (kj/mol) para a interação de<br />
isômeros metil-uncosano de acordo com os modelos denominados de boca dos poros<br />
(“pore mouth”) ou chave-fechadura (“key-lock”) [72].<br />
• Patrigeon e colaboradores [31] estu<strong>da</strong>ram a reação de<br />
hidroisomerização do n-heptano à pressão atmosférica e temperaturas<br />
entre 190 a 260 o C sobre diversas zeólitas contendo 1% p/p de Pt.<br />
Dentre as zeólitas testa<strong>da</strong>s, a H-Eu teve menor seletivi<strong>da</strong>de, o que foi<br />
associado à sua estrutura mais restrita (tabela <strong>II</strong>.6). Os bons resultados<br />
observados sobre a zeólita ZSM22 foram explicados com base na<br />
proposição do mecanismo “pore mouth catalysis”, como descrito<br />
anteriormente.<br />
Tabela <strong>II</strong>.6: Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano ao máximo rendimento em<br />
isômeros [70]. Catalisadores contendo 1% p/p de Pt. Detalhes <strong>da</strong>s estruturas podem<br />
ser vistas no Atlas de estruturas zeolíticas [62].<br />
Zeólita Dimensões<br />
( o T<br />
A) ( o X i-C7 Craq. Mono.<br />
C) (%) (%p/p) (%p/p) (%p/p)<br />
H-Y 7.4 210 83 73 10 50.5<br />
H-Beta 7.6*6.4 + 5.5*5.5 230 83 73 10 53<br />
HZSM22 4.4*5.5 240 84 78 6 73<br />
H-EU 4.1*5.7 220 82 59 23 49<br />
As proprie<strong>da</strong>des estruturais <strong>da</strong>s zeólitas podem ser altera<strong>da</strong>s pela criação de<br />
mesoporosi<strong>da</strong>de, através de tratamentos térmicos, hidrotérmicos ou ácidos (ex:<br />
[73][74]), no entanto, existem poucos estudos relatados. Tromp e colaboradores [75]<br />
observaram o aumento na ativi<strong>da</strong>de e na seletivi<strong>da</strong>de na hidroisomerização do nhexano<br />
com a remoção do Al estrutural de mordenitas por tratamento ácido (Tabela<br />
35
<strong>II</strong>.7). Segundo os autores, a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização de n-parafinas em<br />
mordenitas é limita<strong>da</strong> por efeitos de transferência de massa. A dessaluminação<br />
contribuiria para formação de mesoporos tornando os sítios ácidos mais acessíveis e<br />
facilitando a dessorção dos produtos. Gopal e colaboradores [66] postulam que a<br />
criação de mesoporos pode contribuir para a redução de restrições difusionais em<br />
estruturas de poros médios (como ZSM5) levando a um aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros, mas teria pouco efeito sobre estruturas de poros grandes (como Beta e Y).<br />
Tabela <strong>II</strong>.7: Efeito <strong>da</strong> desaluminação (HCl 1M, 1h) na hidroisomerização do n-hexano<br />
(250 o C, p=1 bar, X≅ 1%) [75] .<br />
Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%molar)<br />
. mono-ramificados<br />
. bi-ramificados<br />
. leves (craqueamento)<br />
Proprie<strong>da</strong>des texturais<br />
. Área mesoporosa (m 2 /g)<br />
. Volume de microporos (cm 3 /g)<br />
Acidez<br />
. TPD n-propilamina (mmol/g)<br />
. TPD iso-propilamina (mmol/g)<br />
<strong>II</strong>.1.4. Efeito <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />
Al = 5.7 %p/p Al = 2.6%p/p<br />
1.0<br />
7,5<br />
70<br />
11<br />
19<br />
30<br />
0,19<br />
2,1<br />
1,4<br />
82<br />
7<br />
13<br />
89<br />
0,18<br />
1,1<br />
1,1<br />
<strong>II</strong>.1.4.1. Efeito <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos e sítios ácidos<br />
<strong>II</strong>.1.4.1.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
O efeito do balanço entre a função áci<strong>da</strong> e a função metálica sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> hidroisomerização de n-parafinas, pode ser discutido com base no mecanismo<br />
bifuncional clássico (seção <strong>II</strong>.1.1 - figura <strong>II</strong>.2). Resumi<strong>da</strong>mente, temos que, sobre um<br />
suporte de determina<strong>da</strong> acidez, a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização aumenta com o<br />
aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação até atingir um máximo, quando então a etapa<br />
limitante passa a ser as reações que ocorrem sobre os sítios ácidos [24][25]. Este<br />
comportamento pode ser visto experimentalmente, por exemplo, dos <strong>da</strong>dos reportados<br />
nas Figuras <strong>II</strong>.23 a <strong>II</strong>.25 [76][77][78]. Desvios podem acontecer para elevados teores<br />
metálicos e são atribuídos ao aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise [77], ao bloqueio<br />
dos poros, em especial de zeólitas unidimensionais pelas partículas metálicas ou a<br />
efeitos <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita ex: ([78] – Figura <strong>II</strong>.25).<br />
36
Figura <strong>II</strong>.23: Influência do conteúdo de Pt sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do nhexano<br />
sobre Pt/SAPO 11 e Pt/SAPO31 (Temperatura = 100 o C, WHSV = 1h -1 , H2/nhexano<br />
= 5 mol, tempo de corri<strong>da</strong> = 1h). I/C = razão entre a fração de produtos<br />
isômeros e de produtos craqueados [76]<br />
Figura <strong>II</strong>.24: Ativi<strong>da</strong>de (taxa mol/s.g) de hidroisomerização do n-heptano (T=300 o C,<br />
P=3 bar, Pparafina = 25 mbar) sobre Pd/SAPO com diversos níveis de acidez (medido<br />
por TPD de amômia) [41]<br />
37
<strong>II</strong>.1.4.1.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
O efeito do balanço entre as funções áci<strong>da</strong> e metálica sobre a seletivi<strong>da</strong>de nas<br />
reações de hidroisomerização, também já foi bastante investigado na literatura:<br />
• Estu<strong>da</strong>ndo a conversão do n-heptano a 250 o C sobre uma série de PtHY,<br />
Guisnet e colaboradores [79][80]] determinaram quantitativamente a<br />
variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em função <strong>da</strong> razão entre os sítios<br />
metálicos (nPt) e os sítios ácidos (nA2). O número de sítios ácidos foi<br />
definido como sendo os sítios que apresentaram calor de adsorção de<br />
amônia superior a 100 kJ/mol, sendo que os sítios com calor de adsorção<br />
inferior a este valor foram considerados como não contribuindo<br />
significativamente para as reações de isomerização estrutural ou de<br />
craqueamento dos alquenos (etapa c do mecanismo tradicional na seção<br />
<strong>II</strong>.1.1). Como pode ser visto na tabela <strong>II</strong>.8, o esquema reacional se mostrou<br />
fortemente dependente <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />
(denominado de: nPt/nA2). O rendimento máximo em isômeros foi<br />
alcançado para valores de nPt/nA2 > 0.10 (Tabela <strong>II</strong>.8) correspondendo a<br />
um rendimento em torno de 65% p/p e uma conversão de 75%. Para uma<br />
razão nPt/nA2 >0.10 (Tabela <strong>II</strong>.8) observa-se a sucessiva formação dos<br />
isômeros mono-ramificados, bi-ramificados e os produtos de craqueamento.<br />
Catalisadores com este tipo de comportamento, segundo os autores,<br />
mostrariam um ótimo balanço entre as funções desidrogenante e áci<strong>da</strong>,<br />
sendo denominados de “catalisador ideal de hidroisomerização” [79]. O<br />
mesmo comportamento foi observado pelos autores utilizando-se n-decano<br />
sobre Pt/HY (Tabela <strong>II</strong>.9) [81]. Mais recentemente, Hochtl e colaboradores<br />
[41] obtiveram para o sistema Pd/SAPO 11 um aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
(Figura <strong>II</strong>.24) e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano com o<br />
aumento <strong>da</strong> razão entre sítios metal/ácido até se atingir um valor constante<br />
em torno de razão metal/ácido entre 0.02 a 0.03, semelhante ao observado<br />
por Guisnet e colaboradores sobre Pt/HY [79][80].<br />
38
Tabela <strong>II</strong>.8: Esquema reacional do n-heptano em função <strong>da</strong> razão entre os sítios<br />
ácidos e os sítios metálicos [79]. Onde: M= isômeros mono-ramificados; B= isômeros<br />
bi-ramificados; C= produtos de craqueamento; nPt = número de sítios metálicos; nA2=<br />
número de sítios ácidos com calor de adsorção de amônia superior a 100 kJ /mol .<br />
nPt/nA2 Esquema reacional<br />
< 0.028<br />
n-C7 C<br />
I (M+ B)<br />
0.028 - 0.10 nC7 ⇔ I (M+B) → C<br />
> 0.10 nC7 ⇔ M ⇔ B → C<br />
Tabela <strong>II</strong>.9: Esquema reacional do n-decano em função <strong>da</strong> razão entre os sítios ácidos<br />
e os sítios metálicos [81]. Simbologia idêntica ao <strong>da</strong> tabela <strong>II</strong>.7.<br />
nPt /nA2 >0.10 0.10 - 0.03 0.015 (Figura <strong>II</strong>.25).<br />
Este comportamento “anômalo” <strong>da</strong> mordenita foi atribuído ao bloqueio parcial dos<br />
poros <strong>da</strong> zeólita pela fase metálica ou por coque. Em termos de seletivi<strong>da</strong>de, sobre<br />
Pt/mordenita e Pt/Y, o aumento <strong>da</strong> razão nPt/nA2 favorece a formação de isômeros<br />
em relação aos produtos de craqueamento (Figura <strong>II</strong>.26). No entanto, sobre Pt-HZSM5<br />
C<br />
39
as reações de craqueamento se tornaram as reações principais sobre to<strong>da</strong> a faixa de<br />
nPt/nA2. Segundo estes autores haveria duas possibili<strong>da</strong>des para explicar o baixo<br />
rendimento em isômeros sobre Pt-HZSM5: a) uma maior ativi<strong>da</strong>de dos sítios ácidos<br />
fortes <strong>da</strong> HZSM5 ou b) uma migração mais lenta dos intermediários olefínicos nos<br />
poros <strong>da</strong> zeólita ZSM5, o que permitiria um maior tempo de residência e,<br />
conseqüentemente, maior tendência ao craqueamento. Este parâmetro foi<br />
considerado como sendo o mais significativo.<br />
Figura <strong>II</strong>.25: Ativi<strong>da</strong>de inicial de hidroisomerização do n-heptano sobre Pt/zeólitas<br />
versus a razão entre os sítios metálicos (nPt)e os sítios ácidos(nA2) [78].<br />
Figura <strong>II</strong>.26: Razão entre isômeros e produtos de craqueamento na hidroisomerização<br />
(I/C) do n-heptano sobre Pt/HY, PtZSM5 e Pt/MOR versus a razão entre os sítios<br />
metálicos (nPt)e os sítios ácidos nA2) [78].<br />
40
Degnan e Kennedy [24] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios ácidos e os<br />
sítios metálicos na hidroisomerização do n-heptano, utilizando misturas mecânicas de<br />
Pt/Al2O3 e de zeólita H-β. Os resultados foram modelados com base na teoria clássica<br />
de reações bifuncionais (seção I.2). O rendimento máximo em isômeros se mostrou<br />
dependente <strong>da</strong> razão entre sítios ácidos e sítios metálicos (Figura <strong>II</strong>.27) e pode ser<br />
expresso pela equação abaixo :<br />
Onde:<br />
Y max = νλ λ/1-λ (<strong>II</strong>.23)<br />
λ = kc e / ki e (<strong>II</strong>.24)<br />
ν = 1 / (1 + σ kc/PHkdi) (<strong>II</strong>.25)<br />
kc e = constante aparente <strong>da</strong> taxa de craqueamento<br />
ki e = constante aparente <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />
kc = constante intrínseca <strong>da</strong> taxa de craqueamento<br />
kdi = constante intrínseca <strong>da</strong> taxa de desidrogenação<br />
σ = representa o balanço entre sítios ácidos / sítios metálicos<br />
Figura <strong>II</strong>.27: Resultados do máximo rendimento em isômeros na conversão do n-<br />
heptano sobre misturas mecânicas de Pt/Al2O3 e de zeólita H-β [24].<br />
41
O impacto <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos e sítios ácidos, sobre o mecanismo<br />
de reação, pode ser avaliado com base no parâmetro ν <strong>da</strong> equação 23 [24]:<br />
• Quando a ativi<strong>da</strong>de metálica é alta (ν≅ 1) o esquema racional aparente é<br />
descrito como sendo de reações consecutivas e temos o denominado<br />
“catalisador ideal” [31][79]:<br />
Pn (parafinas) → Pi (parafinas isomeriza<strong>da</strong>s) → produtos craqueados<br />
• Quando a ativi<strong>da</strong>de metálica é baixa (ν
• Vaudry e colaboradores [82] observaram a ocorrência de um máximo na<br />
ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-hexano e <strong>da</strong> adsorção de piridina, em<br />
função <strong>da</strong> razão Si/Al (m=Al/(Si+Al) = 0.08) sobre Pt/β. Este valor é bem<br />
mais baixo do que o valor teórico de m=0.161 onde se deveria observar<br />
uma força máxima dos sítios ácidos de Bronsted na zeólita β. Segundo<br />
estes autores, a aparente contradição decorreria <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong>de em se ter<br />
uma homogenei<strong>da</strong>de dos sítios ácidos pelo processo de desaluminização,<br />
fazendo com que, na prática, a razão Si/Al, onde se observa o valor<br />
máximo de ativi<strong>da</strong>de, represente um valor ótimo de estabili<strong>da</strong>de dos sítios<br />
ácidos (Figura <strong>II</strong>.28):<br />
Figura <strong>II</strong>.28: ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-hexano a 200 o C versus a fração<br />
molar de Al <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita H-β em mistura mecânica com Pt/Al2O3 [82].<br />
• Tarrit e colaboradores [83] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> razão Si/Al sobre<br />
Pt/mordenita. A razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita foi varia<strong>da</strong> entre 12 e 22 através <strong>da</strong><br />
síntese, ciclos sucessivos de tratamento hidrotérmico e lavagem com ácido<br />
clorídrico. Observou-se um valor máximo de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroconversão do<br />
n-octano e <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> piridina adsorvi<strong>da</strong>, correspondendo a 3<br />
Al/célula unitária (Figura <strong>II</strong>.29). Este valor difere do valor teórico de 4.6 Al<br />
por célula unitária, a partir do qual os sítios ácidos estariam isolados e<br />
apresentariam a força máxima. Com base nos resultados de TPD de<br />
amônia, os autores concluíram que os catalisadores teriam a mesma força<br />
43
áci<strong>da</strong> e que, portanto, o máximo de ativi<strong>da</strong>de não estaria relacionado com<br />
alterações na força áci<strong>da</strong>. É proposto que o máximo de ativi<strong>da</strong>de ocorreria<br />
devido a modificações na capaci<strong>da</strong>de de adsorção <strong>da</strong> zeólita. Segundo os<br />
autores, o aumento do conteúdo de Al acarretaria o aumento dos sítios de<br />
adsorção do n-hexano até que, para valores acima de 3.5 Al/célula unitária,<br />
a zeólita mu<strong>da</strong> de lipofílica para hidrofílica, resultando na maior retenção<br />
dos intermediários olefínicos, o que por seu lado resulta na inibição <strong>da</strong><br />
adsorção <strong>da</strong>s parafinas.<br />
Figura <strong>II</strong>.29: Variação na conversão ( ), hidroisomerização ( ) e craqueamento ( )<br />
sobre uma série de mordenitas sintetiza<strong>da</strong>s (símbolos abertos) e desaluminiza<strong>da</strong>s<br />
(símbolos cheios) em função do teor de Al na célula unitária [83].<br />
Os trabalhos de Vaudry e colaboradores [82] e Tarrit e colaboradores [83],<br />
descritos anteriormente, mostram valores de razão Si/Al <strong>da</strong> rede onde se observa um<br />
máximo de ativi<strong>da</strong>de diferente do esperado teoricamente. Segundo a teoria [84][85] ,<br />
a força máxima dos sítios ácidos de Bronsted de uma zeólita seria alcança<strong>da</strong> quando<br />
ca<strong>da</strong> sítio AlO4 estivesse isolado,ou seja, sem outros sítios AlO4 na vizinhança<br />
imediata. Por sua vez, o valor de razão Si/Al, em que os sítios ácidos se encontrariam<br />
isolados, seria função do tipo de zeólita (densi<strong>da</strong>de topológica <strong>da</strong> zeólita). O máximo<br />
<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos de Bronsted, com o aumento <strong>da</strong><br />
razão Si/Al, ocorreria devido à seqüência: Inicialmente o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al<br />
acarreta a redução do número e o aumento <strong>da</strong> força dos sítios ácidos levando no<br />
balanço final ao aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Após se atingir o valor de força máxima dos<br />
sítios ácidos (grupos AlO4 isolados), o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al acarretaria tão somente<br />
a redução do número dos sítios e conseqüentemente, a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de.<br />
44
Estes resultados discor<strong>da</strong>ntes podem ocorrer, em parte, devido ao uso do<br />
tratamento hidrotérmico para modificar a acidez, ocasionarem outras modificações<br />
nem sempre considera<strong>da</strong>s na análise dos resultados (ex: alteração <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des<br />
de adsorção). Bokhoven e colaboradores [86] estu<strong>da</strong>ram mordenitas submeti<strong>da</strong>s ao<br />
tratamento hidrotérmico na reação de hidroisomerização do n-hexano e no<br />
craqueamento do n-hexano e do n-butano, tendo observado o já conhecido efeito de<br />
que o tratamento hidrotérmico brando aumenta a ativi<strong>da</strong>de. Estes autores questionam<br />
as propostas anteriores, formação de sítios superácidos e participação de sítios de<br />
Lewis, para explicar o aumento de ativi<strong>da</strong>de através dos argumentos abaixo listados:<br />
• Formação de sítios superácidos: Estes sítios deveriam ter uma energia de<br />
ativação significativamente menor. No entanto os autores obtiveram uma<br />
energia de ativação para o craqueamento do n-hexano de 157 kJ/mol para uma<br />
mordenita com razão Si/Al = 26 e de 153 kJ/mol para mordenita submeti<strong>da</strong> a<br />
tratamento hidrotérmico com razão Si/Al de 400, valores considerados<br />
idênticos dentro do erro experimental.<br />
• Participação dos sítios de Lewis gerados sobre espécies de alumínio fora <strong>da</strong><br />
rede: A formação de espécies olefínicas, através <strong>da</strong> transferência de hidreto<br />
sobre os sítios de Lewis formados, não deveria influenciar a taxa <strong>da</strong>s reações<br />
de hidroisomerização, uma vez que as olefinas são rapi<strong>da</strong>mente forma<strong>da</strong>s<br />
sobre os sítios metálicos e estão em equilíbrio com o alcano correspondente<br />
(pela teoria clássica bifuncional). No entanto os autores observaram um<br />
aumento de cerca de 8 vezes na constante aparente <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> reação de<br />
hidroisomerização do n-hexano sobre a amostra de mordenita submeti<strong>da</strong> ao<br />
tratamento hidrotérmico.<br />
Bokhoven e colaboradores [86] propuseram então que o aumento na taxa de<br />
reação de craqueamento e hidroisomerização, <strong>da</strong> mordenita submeti<strong>da</strong> a tratamento<br />
hidrotérmico, ocorre devido ao aumento <strong>da</strong> entalpia de adsorção dos n-alcanos sobre<br />
as espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede (aproxima<strong>da</strong>mente 5kJ/mol como verificado por<br />
medi<strong>da</strong>s de calorimetria). Nas condições de reação, o recobrimento superficial é baixo<br />
e o aumento na entalpia de adsorção ocasionaria um maior concentração superficial e<br />
conseqüentemente uma taxa mais eleva<strong>da</strong>. Matematicamente este efeito pode ser<br />
visto considerando-se:<br />
45
• As reações de craqueamento monomolecular ou de hidroisomerização<br />
de alcanos podem ser descritas por uma expressão do tipo Langmuir-<br />
Henshelwood (onde: Kint= contanste intrínseca de reação , Kads=<br />
constante de adsorção do reatente e PHc=pressão parcial do<br />
hidrocarboneto):<br />
d(pHc)/dt = -Kint x Kads x PHc/[a+ Kads*PHc] (<strong>II</strong>.26 = eq.<strong>II</strong>.22)<br />
• Para temperaturas eleva<strong>da</strong>s e baixa concentração do alcano a<br />
expressão 26 pode ser simplifica<strong>da</strong> para:<br />
d(PhHc)/dt = - Kint x Kads x PHc (<strong>II</strong>.27)<br />
Podemos ver que nestas condições de vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> expressão <strong>II</strong>.27 a constante<br />
aparente de reação será expressa por Kapp = Kint x Kads e a energia aparente de<br />
ativação será <strong>da</strong><strong>da</strong> por Eapp = Eint + ∆Hads. Um aumento na ativi<strong>da</strong>de após<br />
tratamento hidrotérmico poderia ocorrer devido ao aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (aumento<br />
do valor de Kint) ou ao aumento <strong>da</strong> constante de equilíbrio de adsorção (Kads). Da<br />
mesma forma, alterações na energia aparente de ativação poderiam ocorrer devido a<br />
mu<strong>da</strong>nças no calor de adsorção (∆Hads).<br />
A utilização <strong>da</strong> expressão <strong>II</strong>.27 para obtenção dos valores <strong>da</strong> energia de<br />
ativação intrínseca pode ser vista nos resultados de Hochtl e colaboradores [41]. Estes<br />
autores estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do n-heptano (T=300 o C, Ptotal = 3 bar, Phc=<br />
25 mmbar, X=5%) sobre Pt/SAPO 11 e Pt/SAPO5, tendo observado uma maior<br />
ativi<strong>da</strong>de para a amostra SAPO11. Na faixa de temperatura de 225 o C a 300 o C a<br />
energia aparente de ativação (Eapp) foi de 115 kJ/mol para SAPO11 e 135 kJ/mol<br />
para SAPO5. Considerando-se o valor de ∆Hads medido por outros autores, obtem-se<br />
um mesmo valor para a energia de ativação intrínseca (Eint) sobre as duas peneiras<br />
moleculares. Por sua vez, o decréscimo na Eapp acima de 300 o C para a amostra<br />
SAPO11 indica a presença de efeitos de transferência de massa (Figura <strong>II</strong>.30).<br />
46
Figura <strong>II</strong>.30: Gráfico <strong>da</strong> expresão de Arhenius para a hidroconversão do n-heptano<br />
sobre amostras Pd/SAPO11 e Pd/SAPO5 contendo 1% de Pd [41].<br />
Mais recentemente Hochtl e colaboradores [87] apresentaram uma correlação<br />
entre força áci<strong>da</strong> (IR após adsorção de benzeno) e a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização<br />
do n-heptano (Figura <strong>II</strong>.31).<br />
Figura <strong>II</strong>.31: Correlação entre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano e o<br />
deslocamento dos grupos hidroxilas, medido por FTIR, após adsorção de benzeno<br />
[87].<br />
47
<strong>II</strong>.1.4.2.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
Existe atualmente uma grande controvérsia na literatura, com autores<br />
defendendo o conceito de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> favorece a seletivi<strong>da</strong>de;<br />
outros, que não influencia significativamente; ou ain<strong>da</strong> que reduz a seletivi<strong>da</strong>de, como<br />
descrito a seguir:<br />
1) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> acarreta<br />
o aumento de seletivi<strong>da</strong>de para isômeros:<br />
Hochtl e colaboradores [87] estu<strong>da</strong>ram as peneiras moleculares SAPO (11 e 5)<br />
e CoAPO (5 e 11) na hidroisomerização do n-heptano (pressão total de 3 bar, pressão<br />
do n-heptano de 25 mbar, veloci<strong>da</strong>de espacial entre 2 e 20 h -1 ). A caracterização <strong>da</strong><br />
acidez foi efetua<strong>da</strong> por TPD (amônia e piridina) e pelo espectro de infravermelho com<br />
transforma<strong>da</strong> de Fourier (FTIR) <strong>da</strong> região OH com e sem adsorção de benzeno. Os<br />
resultados obtidos a 300 o C e com conversão de 5% (Tabela <strong>II</strong>.10) mostram que: a) a<br />
distribuição de produtos sobre Pd/SAPO-11 e Pd/CoAPO-11 é similar; b) isômeros biramificados<br />
foram formados sobre Pd/SAPO-5 e Pd/CoAPO-5, o que foi associado ao<br />
maior diâmetro dos poros destas peneiras e c) Pd/CoAPO-5 apresentam uma maior<br />
seletivi<strong>da</strong>de para bi-ramificados do que Pd/SAPO-5, o que foi associado a sua maior<br />
força áci<strong>da</strong> (Tabela <strong>II</strong>.10 e Figura <strong>II</strong>.31).<br />
Tabela <strong>II</strong>.10:Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano a 5% de conversão [87].<br />
Pd/SAPO-5 Pd/CoAPO-5 Pd/SAPO-11 Pd/CoAPO-11<br />
Seletivi<strong>da</strong>des (%)<br />
< C6 8.12 17.05 4,98 4,85<br />
2,2 DMC5 0,61 1,27 0,00 0,00<br />
2,3 DMC5 2,26 4,27 0,64 1,18<br />
2,4 DMC5 1,36 2,17 0,33 0,60<br />
3,3, DMC5 0,37 0,62 0,00 0,00<br />
2-MC6 38,42 35,93 57,11 53,91<br />
3-MC6 45,16 35,44 36,15 39,07<br />
3-EC5 3,46 0,89 0,00 0,00<br />
outros 0,00 1,83 0,00 0,09<br />
Caract. Acidez<br />
mmol/g NH3 0,24 0,16 0,23 0,14<br />
Tmax TPD NH3 ( o C) 200 265 225 285<br />
√ benzeno (cm -1 ) 280 315 310 345<br />
48
Num artigo recente, Zhang e Smirniotis [16] estu<strong>da</strong>ram a hidroconversão do noctano<br />
sobre zeólitas ZSM12, Beta, mordenita, USY e zeólita L de várias razões Si/Al<br />
e contendo 0.5% p/p de Pt. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> por TPD de amônia acoplado<br />
com FT-IR. A força áci<strong>da</strong> foi compara<strong>da</strong> com base na temperatura média de<br />
dessorção (TB), defini<strong>da</strong> como sendo:<br />
TB ( o C) = [350 (área do terceiro pico) + 440 (área do quarto pico) + 540 (área do<br />
quinto pico) ]/[Área total do terceiro, quarto e quinto picos]<br />
Com base neste parâmetro (TB) os autores classificaram a força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
amostras de mesma estrutura como sendo:<br />
USY-2.6 (TB=419.6) > USY-28 (TB=414.8) > USY-5.8 (TB=409.0);<br />
Beta-132 (TB=448.7) > Beta-85 (TB=439.4) > Beta-15 (TB=436.1)<br />
ZSM12-35 (TB=404.4) > ZSM12-54 (TB=403.5) > ZSM12-69 (TB=395.9)<br />
Com base na seletivi<strong>da</strong>de a isômeros (ex: Figura <strong>II</strong>.32), é proposto que o<br />
aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita (<strong>da</strong>do por TB) acarreta o aumento na seletivi<strong>da</strong>de e<br />
o grau de ramificação dos isômeros. Segundo os autores, um pequeno número de<br />
experimentos (não apresentados) foi efetuado a mesma temperatura (290 o C) e<br />
confirmou que as diferenças de seletivi<strong>da</strong>de se devem a diferenças nas proprie<strong>da</strong>des<br />
áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s zeólitas e não a efeitos oriundos de diferença de temperatura [16].<br />
Figura <strong>II</strong>.32: Hidroisomerização do n-octano sobre Pt/Hβ, Pt/USY e Pt/ZSM12 [16]<br />
(WHSV = 7 h-1; H2/n-C8 = 16 mol/mol; P= 100 psi; temperatura entre 195 - 415 o C)<br />
49
2) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> reduz a<br />
seletivi<strong>da</strong>de para isômeros:<br />
Jacobs e colaboradores [88] estu<strong>da</strong>ram a hidroconversão do n-decano sobre<br />
zeólitas do tipo ZSM5 contendo heteroelementos em sua estrutura (M= B, Fe e Be)<br />
tendo observado que a ordem de ativi<strong>da</strong>de foi: Al > B > Fe > Be. Por outro lado, a<br />
ordem de seletivi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi o inverso: Be > Fe > B > Al (Figura <strong>II</strong>.33). Os<br />
resultados de seletivi<strong>da</strong>de observados foram explicados pelos autores considerando<br />
que, se todos os outros fatores forem mantidos constantes (como as proprie<strong>da</strong>des de<br />
adsorção-dessorção), a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão bifuncional do n-decano é<br />
governa<strong>da</strong> pela força áci<strong>da</strong>. Da mesma forma que o trabalho anterior (Corma [18]), os<br />
resultados foram explicados considerando-se que quanto maior a força áci<strong>da</strong>, maior<br />
será o tempo de vi<strong>da</strong> dos carbocátions, intermediários de reação, e conseqüentemente<br />
maior será a taxa de craqueamento.<br />
Figura <strong>II</strong>.33: Seletivi<strong>da</strong>de para isômeros na conversão do n-decano sobre estruturas<br />
do tipo MFI contendo Al e Be substituído na rede (Al/ Be) [88].<br />
Corma e colaboradores [18] compararam catalisadores do tipo Pt/sílica-alumina<br />
e Pt-Y na reação de hidroisomerização do n-decano. Os resultados mostraram que: a)<br />
A seletivi<strong>da</strong>de para isômeros foi maior sobre sílica-aluminas (Figura <strong>II</strong>.34) e b) A<br />
seletivi<strong>da</strong>de foi função somente <strong>da</strong> conversão na faixa de temperatura entre 240 – 300<br />
o<br />
C. Foi sugerido que a menor força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s sílica-aluminas proporciona um menor<br />
tempo de vi<strong>da</strong> dos carbocátions adsorvidos, levando a uma menor ativi<strong>da</strong>de de<br />
craqueamento.<br />
50
Figura <strong>II</strong>.34: Seletivi<strong>da</strong>de a isômeros na conversão do n-decano (P=30 bar; H2/n-<br />
C10=4 mol; WHSV= 1.46 h -1 (n-C10)). Catalisadores: a) CBV 500, 712 e 760 = zeólitas<br />
USY (PQ Corporation); b) CROSS = sílica-alumina (Crossfield) e c) MAS = sílicaalumina<br />
mesoporosa [18].<br />
O conceito de que a razão entre as seletivi<strong>da</strong>des de craqueamento e de<br />
isomerização é influencia<strong>da</strong> pelo tempo de vi<strong>da</strong> médio dos carbocátions [18][88] é<br />
também compartilha<strong>da</strong> por outros autores [17][80]. Considera-se que tempos de<br />
residência longos, que podem ser ocasionados por uma maior força áci<strong>da</strong>[17] ou por<br />
restrições difusionais aos intermediários [80], favorecem as reações indesejáveis de<br />
craqueamento.<br />
Chao e colaboradores [54] realizaram a troca iônica de Hβeta e H-mordenita<br />
com Mg 2+ seguido <strong>da</strong> impregnação com 0.5% de Pt. Sobre H-Mordenita a troca iônica<br />
com Mg 2+ levou a uma redução <strong>da</strong> acidez total (visto por TPD de amônia) e ao<br />
aumento do rendimento em isômeros na hidroconversão do n-heptano, de 10% p/p<br />
para cerca de 30% p/p. No entanto, sobre Pt/Hβ a troca iônica com Mg 2+ não afetou o<br />
valor do máximo rendimento em isômeros, tendo reduzido as taxas de isomerização e<br />
de craqueamento na mesma proporção (Figura <strong>II</strong>.35).<br />
51
Figura <strong>II</strong>.35: Rendimentos em isômeros (curva superior) e produtos leves na<br />
hidroconversão do n-heptano sobre Hβ ( ); MgHβ ( ), HM ( ), MgHM ( ) e Mg<br />
HM ( ) com maior grau de troca iônica. Catalisadores contendo 0.5% p/p de Pt [54].<br />
Jacobs [85] estudou a hidroconversão do n-decano sobre diversas zeólitas<br />
modifica<strong>da</strong>s com teores de Pt suficiente para que a taxa limitante ocorresse sobre os<br />
sítios ácidos. A ativi<strong>da</strong>de (“turnover) pode ser correlaciona<strong>da</strong> linearmente com o<br />
parâmetro denominado “Eletronegativade de Sanderson”. Este parâmetro, por sua<br />
vez, se correlaciona com a freqüência de vibração <strong>da</strong>s hidroxilas estruturais,<br />
caracterizando uma correlação entre o “turnover” <strong>da</strong> hidroconversão do n-decano com<br />
a força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s zeólitas. O máximo rendimento em isômeros se mostrou dependente<br />
<strong>da</strong> eletronegativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> zeólita, ou seja, <strong>da</strong> força dos sítios ácidos (Figura <strong>II</strong>.36). No<br />
entanto, esta correlação falhou para as estruturas do tipo ERI, RHO, HEU, FER e STI,<br />
tendo sido explicado pela dificul<strong>da</strong>de de se conseguir uma fase metálica<br />
suficientemente dispersa dentro <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong>des destas zeólitas.<br />
52
Figuras <strong>II</strong>.36: Correlação entre o máximo rendimento em isômeros na conversão do<br />
n-decano sobre Pt/zeólitas em função <strong>da</strong> eletronegativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> estrutura [85].<br />
Park e colaboradores [42] investigaram diversos catalisadores contendo 0.5<br />
% de Pt preparados por impregnação de ZSM5, ZSM22, SAPO11, Al-MCM-41, HY e<br />
Hβ na reação de hidroisomerização do n-hexadecano. A reação foi conduzi<strong>da</strong> em<br />
reator em batela<strong>da</strong> operando a 103 bar e 350 o C. As amostras de Pt/SAPO11, Pt/HY<br />
e especialmente Pt/MCM-41 apresentaram valores elevados de seletivi<strong>da</strong>de para<br />
isômeros (Tabela <strong>II</strong>.11), o que foi explicado devido a menor força áci<strong>da</strong> como indicado<br />
pelo TPD de amônia (Figura <strong>II</strong>.37). Assim como outros autores [17][18], Park e<br />
colaboradores [42] sugerem que uma menor força áci<strong>da</strong> leva a uma vi<strong>da</strong> mais curta<br />
dos carbocátions sobre os sítios ácidos, favorecendo sua dessorção como alquenos<br />
(que seriam posteriormente hidrogenados sobre os sítios metálicos) ao invés de<br />
sofrerem reações de hidrocraqueamento.<br />
Tabela <strong>II</strong>.11: Hidroisomerização do n-hexadecano (350 o C, 103 bar) [42].<br />
Pt/ZSM5 Pt/ZSM22 Pt/SAPO11 Pt/AlMCM-41 Pt/HY Pt/H-β<br />
Conversão (%) 31.7 41.3 44.0 44.7 39.2 42.5<br />
Iso – C16 (%p/p) 15.6 31.2 66.6 88.9 75.7 50.7<br />
Mono-C16 (%p/p) 14.2 29.3 61.8 63.6 55.3 22.6<br />
Di-C16 (%p/p) 1.4 1.9 4.5 20.8 15.3 17.5<br />
Tri-C16 (%p/p) 0.0 0.0 0.3 4.6 5.1 10.6<br />
leves < C15 (%p/p) 84.4 68.8 33.4 11.1 24.3 49.3<br />
Onde: Mono C16 = isômeros mono-ramificados do n-C16 ; di-C16 = isômeros biramificados<br />
do n-C16 e tri-C16 = isômeros tri-ramificados do n-C16.<br />
53
Figura <strong>II</strong>.37: Perfis de TPD de amônia sobre diversas zeólitas testa<strong>da</strong>s na<br />
hidroisomerização do n-hexadecano (Tabela <strong>II</strong>.10) [42].<br />
3) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> não afeta<br />
a relação entre as seletivi<strong>da</strong>des de craqueamento e isomerização:<br />
Marin e colaboradores [89] investigaram a conversão de n-octano, n-decano e<br />
n-dodecano, na faixa de temperatura de 220 a 260 o C e pressões entre 10 a 50 bar<br />
utilizando um reator do tipo Berty. Foram testados dois catalisadores do tipo Pt/USY<br />
que apresentaram uma grande diferença na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano,<br />
o que foi associado à diferença de força áci<strong>da</strong> (Tabela <strong>II</strong>.12). Os catalisadores<br />
apresentaram valores distintos de ativi<strong>da</strong>de de hidroconversão do n-octano, mas não<br />
se observou diferença na seletivi<strong>da</strong>de o que, segundo os autores, confirma que a<br />
seletivi<strong>da</strong>de é independente <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. Um modelo cinético foi desenvolvido,<br />
incluindo parâmetros relacionados ao número de sítios ácidos (derivado <strong>da</strong><br />
concentração de alumínio na rede) e à diferença de entalpia de protonação (que<br />
refletiria a força áci<strong>da</strong>).<br />
54
Tabela <strong>II</strong>.12: Catalisadores Pt/USY investigados por Marin e colaboradores [89].<br />
Catalisador MC-301 MC-389<br />
Teor de Pt (%p/p) 0.5 0.64<br />
Teor de ligante (%p/p) 0 35<br />
Craqueamento do n-hexano (teste α ) 53 < 10<br />
Teor de Na (ppm) - 130<br />
Concentração de sítios ácidos (mmol/g) 0.237 0.145<br />
Teor de Al a rede (mmol/g) 0.425 0.276<br />
Denayer e colaboradores [90] investigaram a hidroisomerização de misturas de<br />
n-hexano, n-heptano, n-octano e n-nonano (10, 30, 35 e 25 %p/p, respectivamente) à<br />
temperatura de 233 o C sobre Pt (0.5%p/p)/USY de razões Si/Al 2.7, 13 e 30 (zeólitas<br />
comerciais: Zeocat; PQ(CBV720) e PQ(CBV760, respectivamente). Os resultados<br />
obtidos mostram que a seletivi<strong>da</strong>de não foi influencia<strong>da</strong> pela razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita<br />
(Figura <strong>II</strong>.38) indicando que a taxa <strong>da</strong>s diferentes reações não foi influencia<strong>da</strong> pela<br />
acidez <strong>da</strong> zeólita.<br />
Figura <strong>II</strong>.38: Rendimento de mono-ramificados (MB), multi-ramificados (MTB) e<br />
produtos craqueados (CR) na hidroconversão de uma mistura de n-hexano, n-heptano,<br />
n-octano e n-nonano sobre zeólitas Pt/Y de diferentes razões Si/Al [90].<br />
55
Segundo Denayer e colaboradores [90], isto é uma forte evidência para um<br />
mecanismo de reação em que os estados de transição não são influenciados pela<br />
natureza <strong>da</strong> zeólita, tal como no mecanismo clássico de hidroisomerização, que<br />
considera íons alquil-carbenios como intermediários de reações e o seu rearranjo<br />
como sendo a etapa determinante. De acordo com estes autores, a acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />
influenciaria a taxa de formação dos íons alquil-carbênio, mas não influenciariam as<br />
taxas relativas <strong>da</strong>s diferentes moléculas, ou seja, não influenciaria a seletivi<strong>da</strong>de. Um<br />
mecanismo menos provável, segundo os autores, considera a formação de uma<br />
espécie alcóxido com ligação de natureza covalente entre o átomo de carbono e o<br />
oxigênio <strong>da</strong> rede, como proposto por outros autores [35]. Segundo cálculos quânticos,<br />
a transformação do alcóxido em produtos de reação, seria afeta<strong>da</strong> pela basici<strong>da</strong>de dos<br />
átomos de oxigênio <strong>da</strong> rede, o que, por sua vez, seria dependente <strong>da</strong> composição<br />
química <strong>da</strong> zeólita [90].<br />
Em um excelente e recente artigo, Gopal e Smirniotis [66] estu<strong>da</strong>ram zeólitas<br />
Y, USY, Beta, mordenita, ZSM12 e ZSM5 com diferentes razões Si/Al e zeólitas Y e<br />
ZSM12 após tratamento térmico, na reação de hidroisomerização do n-heptano (P =<br />
6,9 bar, WHSV de 7h -1 , H2/nC7=16 e temperaturas entre 210 o C a 360 o C). A acidez<br />
<strong>da</strong>s amostras foi caracteriza<strong>da</strong> por TPD de NH3 e pelo craqueamento do n-hexano<br />
(420 o C). Os resultados obtidos mostram que:<br />
• A ordem de ativi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> para razões Si/Al similares (entre 30 e 40) foi:<br />
ZSM5 > Beta > Mordenita > ZSM12 > Y30. Os autores levantam as<br />
hipóteses de que as diferenças em ativi<strong>da</strong>de poderiam estar relaciona<strong>da</strong>s<br />
potencialmente a dois fatores: a) diferenças na acidez intrínseca; b) maior<br />
entalpia de adsorção <strong>da</strong>s n-parafinas em zeólitas de poros pequenos,<br />
levando a uma maior concentração de reagentes nos poros e<br />
consequentemente a uma maior ativi<strong>da</strong>de.<br />
• O rendimento em isômeros não foi afetado pela variação <strong>da</strong> razão Si/Al<br />
para as estruturas testa<strong>da</strong>s (Y, Beta e ZSM12) (ex: Figura <strong>II</strong>.39). O máximo<br />
rendimento obtido, no entanto, foi função <strong>da</strong> estrutura : ZSM12 (66% molar<br />
ou 73%p/p) > Y ≅ Beta (61% molar). Segundo os autores, para zeólitas de<br />
poros grandes e sólidos não zeolíticos (como sílica-aluminas), com<br />
suficiente ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica (catalisador bifuncional “ideal”), não<br />
existe efeito de seletivi<strong>da</strong>de de forma e o máximo rendimento em isômeros<br />
é limitado pela cinética de reação.<br />
56
• As zeólitas Y e ZSM12 submeti<strong>da</strong>s ao tratamento térmico apresentaram<br />
espécies de Al fora <strong>da</strong> rede. O efeito foi um aumento na ativi<strong>da</strong>de de<br />
hidroisomerização e uma redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros. Pelo<br />
aumento do teor metálico (de 0.5 para 1.5%p/p) e modificações na<br />
introdução <strong>da</strong> fase metálica (uso de Pt(NH3)4Cl2 ao invés de H2PtCl6) foi<br />
possível obter valores de seletivi<strong>da</strong>de semelhantes entre as amostras<br />
sujeitas ao tratamento térmico (com conseqüente eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de) e as<br />
amostras originais. Estes resultados sugerem, segundo os autores, que a<br />
acidez não afeta diretamente a seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, quando as<br />
funções metálica e áci<strong>da</strong> estão bem balancea<strong>da</strong>s.<br />
• Os autores concluem que não é possível obter uma seletivi<strong>da</strong>de superior a<br />
obti<strong>da</strong> quando o catalisador está com as funções metálicas e áci<strong>da</strong>s bem<br />
balancea<strong>da</strong>s (catalisador “ideal”) pela variação <strong>da</strong> acidez.<br />
Figura <strong>II</strong>.39: Rendimento em isômeros C7 como função <strong>da</strong> conversão do n-heptano.<br />
Catalisadores contendo 0.5%p/p de Pt (usando H2PtCl6). Resultados semelhrantes<br />
foram obtidos para Y (Si/Al entre 2.5 e 30) e H-Beta (Si/Al de 15 e 30) [66].<br />
57
<strong>II</strong>.1.5. Efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis<br />
É bem conhecido na literatura que a troca iônica com metais alcalinos leva a<br />
uma drástica redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas, desfavorecendo as reações de<br />
hidroisomerização em favor de reações de aromatização, como demonstrado por<br />
Zham e colaboradores [91] e mais recentemente por Maldonado e colaboradores [92]:<br />
• Zham e colaboradores [91] estu<strong>da</strong>ram a conversão do n-hexano a 330<br />
o<br />
C sobre PtHY, PtNaHY, PtNaY e PtNaX. Para as amostras de baixa<br />
acidez (PtNaY e PtNaX) observou-se uma acentua<strong>da</strong> formação de<br />
aromáticos, o que foi explicado pela possível interação entre os sítios<br />
metálicos e os sítios básicos <strong>da</strong> zeólita (Tabela <strong>II</strong>.13).<br />
Tabela <strong>II</strong>.13: Hidroconversão do n-hexano (pnC6/pH2 = 10:120, T=330 o C, 0.8 p/p de<br />
Pt) – A<strong>da</strong>ptado de Zham e colaboradores [91].<br />
Seletivi<strong>da</strong>de %p/p<br />
catalisador X(%) < C6 Iso-C6 MCP Benzeno Hexenos<br />
HY 3.6 82 16 2 0 0<br />
Pt-HY 5.1 17 53 1 0 29<br />
Pt-NaHY 4.2 5 51 9 15 20<br />
PtNaY 5.2 6 11 34 32 17<br />
PtNaX 3.8 7 14 45 15 19<br />
Notação:
PtRbβ). A maior seletivi<strong>da</strong>de para reações de aromatização sobre<br />
PtCsβ foi associa<strong>da</strong> ao menor tamanho <strong>da</strong>s partículas de Ptβ.<br />
Figura <strong>II</strong>.40: Seletivi<strong>da</strong>de para craqueamento (A), isomerização (B) e aromatização (C)<br />
na conversão do n-hexano sobre diversas zeólitas troca<strong>da</strong>s com cátions alcalinos [92].<br />
A análise dos produtos de isomerização mostrou a ausência de produtos biramificados<br />
(dimetil-butanos), indicando que as reações de isomerização estariam<br />
ocorrendo predominantemente sobre os sítios metálicos e não sobre os sítios ácidos.<br />
Utilizando o parâmetro denominado Mf = (Σ C2-C5)/C1 também pode ser determinado<br />
que os produtos leves eram oriundos de reações de hidrogenólise ocorrendo sobre os<br />
sítios metálicos e não de reações de craqueamento que ocorreriam sobre os sítios<br />
ácidos.<br />
59
Em um recente trabalho Mao e Saberi [93] investigaram o efeito <strong>da</strong><br />
incorporação de espécies de Al, Zn ou Cd em posições de troca iônica em<br />
catalisadores Pt/Y na reação de hidroisomerização do n-heptano. Os catalisadores<br />
foram preparados por troca iônica simultânea ou seqüencial. Observou-se que no caso<br />
<strong>da</strong> troca iônica com alumínio, o rendimento em isômeros passa por um máximo em<br />
função do teor incorporado (Figura <strong>II</strong>.41 e Tabela <strong>II</strong>.16). Resultados similares foram<br />
obtidos pela incorporação de Zn, Cd, Ni ou Cr em posições de troca iônica sobre Pt/Y.<br />
Para explicar estes resultados, os autores consideraram duas hipóteses:<br />
1. A incorporação do Al poderia estar modificando o tamanho de poros <strong>da</strong><br />
zeólita – No entanto, segundo os autores, na região onde acontece o<br />
máximo de rendimento (Figura <strong>II</strong>.41 e Tabela <strong>II</strong>.14) o tamanho dos poros <strong>da</strong><br />
zeólita Y não é significativamente alterado pela introdução de Al ou outros<br />
cátions (como sugerido pelos resultados de adsorção de nitrogênio).<br />
2. Poderia estar ocorrendo um aumento <strong>da</strong> taxa de dessorção dos<br />
intermediários (carbocátions), diminuindo seu tempo de residência sobre os<br />
sítios ácidos, reduzindo assim as reações de craqueamento. Este conceito é<br />
bem difundido na literatura, como apresentado anteriormente (seção <strong>II</strong>.3).<br />
Segundo os autores, três mecanismos poderiam contribuir para uma maior<br />
taxa de dessorção dos intermediários:<br />
• Modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita – Esta hipótese foi<br />
considera<strong>da</strong> menos provável, uma vez que não foram<br />
detecta<strong>da</strong>s variações na densi<strong>da</strong>de áci<strong>da</strong> utilizando-se FT-IR de<br />
piridina adsorvi<strong>da</strong>.<br />
• A formação de “pontes catiônicas” entre os sítios ácidos e os<br />
sítios de Pt (equivalente à proposta de sítios colapsados de<br />
Sachtler [94][95]).<br />
• A formação de uma “configuração triangular de sítios”, do tipo:<br />
sítio ácido (zeólita)/sítio de hidrogenação-desidrogenação<br />
(Pt)/sítio promotor de dessorção (Al). Esta hipótese foi<br />
considera<strong>da</strong> a mais provável e constitui-se num novo conceito<br />
proposto na literatura.<br />
60
Figura <strong>II</strong>.41: Variação no rendimento de isômeros C5-C7 com o teor de Al incorporado<br />
na estrutura <strong>da</strong> zeólita [93]: a = incorporação seqüencial de Pt e Al; b= incorporação<br />
simultânea de Pt e Al.<br />
Tabela <strong>II</strong>.14: Ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano versus o teor<br />
de Al em Pt/Y [93]- a<strong>da</strong>ptado. Condições (T=225 o C; 2.0 g de catalisador; 15.4 ml/min<br />
de H2). Valores de conversão e seletivi<strong>da</strong>de expressos em base carbono.<br />
Catalisadores com 1% Pt.<br />
Incorporação simultânea Incorporação seqüencial<br />
Al S<br />
(%p/p) (m 2 Acidez<br />
/g) 10 -3 X Seletivi<strong>da</strong>de X Seletivi<strong>da</strong>de<br />
mol/g ( %) (%) (%) (% C)<br />
0.0 381 82.9 46.2<br />
0.5 83.4 75.6<br />
1.0 367 2.5 81.4 79.6 79.4 52.4<br />
1.5 82.1 79.2 74.5 54.5<br />
2.0 363 2.6 71.7 84.1 75.1 56.2<br />
3.0 319 50.7 87.5 64.3 50.1<br />
5.0 280 38.4 86.4 58.4 54.5<br />
7.0 265 26.5 88.4<br />
61
<strong>II</strong>.1.4.3 Efeito comparativo entre a estrutura e a acidez <strong>da</strong><br />
zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de<br />
hidroisomerização<br />
Vários autores defendem o ponto de vista de que os fatores estruturais, e não a<br />
acidez, governam a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização:<br />
Patrigeon e colaboradores [96][97] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do nheptano<br />
sobre catalisadores HY, H-beta, sílica-alumina, ZSM22, EU-1 e argilas<br />
contendo 1% de Pt. Com base nas curvas de rendimento versus conversão, o<br />
mecanismo foi identificado como sendo consecutivo (n-C7 ↔ mono-ramificados ↔<br />
multiramificados → produtos de craqueamento) , o que, segundo os autores, indicaria<br />
que a função áci<strong>da</strong> era a função limitante e, conseqüentemente, a ativi<strong>da</strong>de seria uma<br />
boa medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez global (número e força dos sítios ácidos). A maior acidez <strong>da</strong>s<br />
zeólitas, quando compara<strong>da</strong> com sílica-aluminas, permitiu obter a mesma conversão a<br />
temperaturas inferiores, sem no entanto reduzir a formação de produtos de<br />
craqueamento (tabela <strong>II</strong>.15). Segundo os autores, este fato mostraria que a acidez não<br />
é um parâmetro chave para obter eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de na hidroisomerização do nheptano.<br />
Tabela <strong>II</strong>.15: Perfornance de diversos catalisadores na hidroisomerização do nheptano<br />
comparados no valor máximo de rendimento em isômeros [96].<br />
catalisador T( o C) X(%) iC7 (%p/p) CP (%p/p) MB (%p/p)<br />
HY<br />
250 83<br />
73<br />
10 50,5<br />
Hβ (Si/Al=13) 210 83<br />
73<br />
10<br />
53<br />
Hβ (Si/Al=94) 260 83<br />
72<br />
11<br />
52<br />
Silica-alumina 320 82<br />
65<br />
11<br />
49<br />
Argila<br />
260 87<br />
76<br />
11<br />
53<br />
ZSM22<br />
240 84<br />
78<br />
6<br />
73<br />
EU-1<br />
220 79<br />
58<br />
21<br />
47<br />
Notação: iC7, CP e MB = seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, produtos de craqueamento e<br />
mono-ramificados, respectivamente. Catalisadores contendo 1% p/p de Pt.<br />
Chica e colaboradores [98] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização de n-pentano, nhexano<br />
e n-heptano sobre Pt/Mordenita (0.65 x 0.72 nm) e Pt/ITQ-4 (zeólita<br />
unidirecional de poros grandes 0.62 x 0.72 nm). Os resultados de adsorção de piridina<br />
a diversas temperaturas sugerem que a zeólita ITQ-4 apresenta sítios ácidos mais<br />
fortes, o que favoreceria uma maior vi<strong>da</strong> média dos carbocátions e conseqüentemente<br />
uma maior taxa de craqueamento. No entanto, esta zeólita apresentou uma maior<br />
62
seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização (40% de rendimento em isômeros do n-heptano a<br />
≈70% de conversão versus 10% de rendimento ao mesmo nível de conversão para a<br />
mordenita), o que, segundo os autores, seria comprovação de que a acidez não é o<br />
fator que governa a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, mas sim a topologia <strong>da</strong>s zeólitas.<br />
Apesar <strong>da</strong>s dimensões dos poros entre as duas zeólitas serem bem próximas, haveria<br />
diferenças na geometria dos poros que afetariam a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />
Meriaudeau e colaboradores [99] estu<strong>da</strong>ram as peneiras moleculares<br />
Pd/SAPO31 (estrutura ATO, com canais não interconectados de seção reta de<br />
0.54nm) e Pd/ZSM48 (canais de poros médios lineares não interconectados de seção<br />
reta 0.53 nm x 0.56 nm) na hidroisomerização de n-octano, 2-metil-heptano e 2,2,4<br />
trimetilpentano a 250 o C e 1 bar. A amostra Pd/ZSM48 mostrou uma maior acidez<br />
medi<strong>da</strong> IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> (temperatura de dessorção de 100 o C, 200 o C, 300 o C,<br />
400 o C e 500 o C). Experimentalmente, foi obtido um rendimento similar para a<br />
hidroisomerização do n-octano em ambos os catalisadores (Tabela <strong>II</strong>.16), indicando<br />
que para estas peneiras moleculares, a seletivi<strong>da</strong>de para isomerização não é<br />
controla<strong>da</strong> pela força áci<strong>da</strong>. A maior acidez <strong>da</strong> zeólita ZSM48 teve o efeito benéfico de<br />
aumentar a ativi<strong>da</strong>de na conversão do n-octano e <strong>da</strong>s demais parafinas testa<strong>da</strong>s<br />
(Tabela <strong>II</strong>.17).<br />
Tabela <strong>II</strong>.16: Distribuição de produtos na hidroisomerização do n-octano (250 o C, 1<br />
atm, H2/Hc=60). [99].<br />
Pd/SAPO31 Pd/ZSM48<br />
X %<br />
Seletivi<strong>da</strong>des %<br />
80,3<br />
82,8<br />
81,6<br />
83,3<br />
. leves<br />
6,2<br />
7,3<br />
8,1<br />
9,9<br />
. isômeros<br />
93,7<br />
92,6<br />
91,9<br />
90,0<br />
. MC8<br />
77,6<br />
73,7<br />
79,9<br />
79,9<br />
. DMC8 16,1<br />
18,9<br />
10,2<br />
10,2<br />
Rendimento % 75,2<br />
76,7<br />
75,0<br />
75,0<br />
Notação: MC8= isômeros monorafimicados e DMC8 = bi-ramificados<br />
Tabela <strong>II</strong>.17: Taxa de reação (X% x WHSV) obti<strong>da</strong>s a 250 o C, 1 atm, H2/HC=60 [99].<br />
Pd/ZSM48 Pd/SAPO31<br />
n-octano 22,2 5,3<br />
2-metil-heptano 75,8 11,6<br />
2,2,4, trimetil-heptano 12,3 2,7<br />
63
Meriaudeau e colaboradores [99] argumentam ain<strong>da</strong> que, considerando que as<br />
dimensões do 2,2,4 trimetil-pentano impedem o acesso aos sítios ácidos internos, a<br />
sua taxa de reação (tabela <strong>II</strong>.17) refletiria a acidez externa <strong>da</strong>s peneiras testa<strong>da</strong>s. Uma<br />
vez que é bem conhecido que parafinas multiramifica<strong>da</strong>s têm uma eleva<strong>da</strong> taxa de<br />
craqueamento (ver seção <strong>II</strong>.1.7), para se obter um elevando rendimento em<br />
isomerização deve-se procurar minimizar a acidez externa (ex: através do<br />
envenenamento seletivo).<br />
Um fator que pode influenciar na análise do efeito <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> sobre a<br />
seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização, diz respeito ao efeito do metal<br />
incorporado ao catalisador sobre a natureza dos sítios ácidos. Como mostrado por<br />
Sachtler em sua revisão <strong>da</strong> literatura [94][95], existem fortes evidências <strong>da</strong> interação<br />
de sítios ácidos de Bronsted com partículas metálicas dentro de cavi<strong>da</strong>des zeolíticas,<br />
resultando na formação de sítios “metal-proton”, denominados “sítios bifuncionais<br />
colapsados”. É proposto que a formação destes sítios metal-prótons levaria a fase<br />
metálica a ter um caráter “eletro-deficiente” influenciando varias proprie<strong>da</strong>des, tais<br />
como [94][95]:<br />
• Supressão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de quimissorção do hidrogênio, significando<br />
por exemplo, que o método de quimissorção de hidrogênio freqüentemente<br />
utilizado para obter uma estimativa <strong>da</strong> dispersão de catalisadores metálicos<br />
levaria a valores errôneos.<br />
• Aumento <strong>da</strong> resistência ao envenenamento por compostos de enxofre.<br />
• Aumento na taxa de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios metálicos, tais como<br />
a isomerização e a hidrogenólise do neopentano.<br />
• Redução <strong>da</strong> taxa de sinterização <strong>da</strong> fase metálica.<br />
64
<strong>II</strong>.1.5. Efeito do tipo de metal<br />
Os metais tradicionalmente utilizados em formulações de catalisadores de<br />
hidroisomerização são a Pt e o Pd (ou combinações destes elementos) e mais<br />
raramente o Ni. A ativi<strong>da</strong>de do Ni tem sido reporta<strong>da</strong> ora como sendo inferior a <strong>da</strong> Pt<br />
[52] [100] e Pd [52], ora como sendo superior [46]. No entanto, os estudos concor<strong>da</strong>m<br />
que o Ni apresenta uma eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise, responsável por reduzir a<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros [52]. Segundo Sachtler [95], dentre os metais do grupo V<strong>II</strong>I,<br />
Ru, Ni, Co e Ir têm eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise próxima a 100 o C, enquanto que<br />
Pd e Pt requerem cerca de 300 o C para atingir ativi<strong>da</strong>des similares. Os metais nobres<br />
apresentam uma limita<strong>da</strong> tolerância à presença de compostos de enxofre. Quando a<br />
alimentação contém teores de enxofre consideráveis, opta-se pelo uso de sulfetos dos<br />
metais de transição, como os sulfetos de Ni, Co, Mo, W (ou combinações destes) [46].<br />
O uso de catalisadores bimetálicos para reações de hidroisomerização<br />
utilizando zeólitas foi reportado na déca<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> por Henriques e colaboradores<br />
[101]. Estes autores mostraram que a introdução de Sn em Pt/HY aumenta a<br />
resistência a desativação por deposição de coque na hidroisomerização do n-heptano<br />
(230-290 o C, 6MPa). Os resultados obtidos foram explanados pela proprie<strong>da</strong>de do Sn<br />
em promover a formação de espécies altamente reativas de hidrogênio, que se<br />
difundiriam por “spillover”. Curiosamente, estes autores propunham a participação do<br />
mecanismo de “spillover”, com base em experiências utilizando leitos separados em<br />
série. Recentemente o mesmo tipo de experiência tem sido utilizado para questionar o<br />
mecanismo tradicional de hidroisomerização propondo-se mecanismos alternativos<br />
com base no “spillover” de hidrogênio (como descrito na seção <strong>II</strong>.1.1).<br />
Mais recentemente surgiram estudos mostrando as vantagens do uso de fases<br />
bimetálicas, em especial Pd/Pd, suporta<strong>da</strong>s em zeólitas em reações de<br />
hidroisomerização:<br />
Chang e colaboradores [102] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> adição de Ni a<br />
Pt/mordenita para a hidroisomerização de n-heptano e de nafta leve. Para as cargas<br />
isentas de S a presença de Ni foi benéfica em suprimir a formação de gás leve e<br />
favorecer a formação de isômeros mais ramificados, apesar de reduzir ligeiramente a<br />
taxa de reação. No entanto, na presença de tiofeno, o efeito <strong>da</strong> introdução de Ni se<br />
mostrou prejudicial, levando ao aumento <strong>da</strong> formação de gás leve e uma maior taxa de<br />
desativação. Estes autores explicaram o efeito do Ni, como sendo oriundo <strong>da</strong><br />
65
transferência de elétrons do Ni para a Pt, o que promoveria a adsorção eletrofílica de<br />
H2S sobre a superfície <strong>da</strong> Pt. A formação de liga metálica foi sugeri<strong>da</strong> pela redução<br />
<strong>da</strong> temperatura de redução do Ni com o aumento do teor de Pt, até se formar um único<br />
pico como visto pela técnica de TPR.<br />
Cardoso e colaboradores [100] investigaram o efeito do teor metálico e <strong>da</strong><br />
razão Pt/(Pt + Ni) em uma amostra de HUSY na hidroisomerização do n-hexano (T=<br />
250 o C, p=1atm, H2/Hc= 9 mol/mol). O aumento <strong>da</strong> razão Pt/(Pt + Ni) acarretou o<br />
aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (com máximo em torno de Pt/(Pt+Ni) de 0.4 a 0.6) (Figura <strong>II</strong>.42)<br />
e para os catalisadores com baixo teor de fase metálica (provavelmente com a etapa<br />
limitante ocorrendo sobre os sítios metálicos) a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para biramificados.<br />
A estabili<strong>da</strong>de (defini<strong>da</strong> como a razão entre a ativi<strong>da</strong>de inicial e após 6<br />
horas de reação) aumentou com o aumento do teor metálico e com o aumento <strong>da</strong><br />
razão Pt/(Pt+Ni).<br />
Figura <strong>II</strong>.42: Ativi<strong>da</strong>de inicial dos catalisadores bimetálicos Ni-Pt HUSY na<br />
hidroisomerização do n-hexano em função <strong>da</strong> razão Pt/(Pt+Ni) e a diversos teores <strong>da</strong><br />
fase metálica [100].<br />
66
Martens e colaboradores [103] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> adição de Pd a Pt/USY e<br />
Pt/Hβ na hidroisomerização do n-heptano. Com uma concentração total de 0.5%p/p de<br />
metais nobres pode ser observado um máximo no rendimento em isômeros para<br />
razões atômicas Pd/(Pt+Pd) entre 0.3-0.4 (Figura <strong>II</strong>.43). O benefício <strong>da</strong> introdução de<br />
Pd foi associado ao aumento <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase de Pt.<br />
Figura <strong>II</strong>.43: Efeito <strong>da</strong> razão Pd/(Pd+Pt) sobre o rendimento em isômeros na<br />
conversão do n-heptano sobre PdPt/ Hβ (1) e PdPt/USY (2) [103].<br />
Elangovan e colaboradores [104] investigaram o uso de Pt-Pd em MCM-41 na<br />
conversão do n-decano. Estes autores observaram que a ativi<strong>da</strong>de de<br />
hidroisomerização do catalisador bimetálico é superior; e a ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise,<br />
inferior a dos catalisadores monometálicos.<br />
O renovado interesse do estudo de catalisadores bimetálicos para reações de<br />
hidroisomerização e/ou hidrogenação ocorre, principalmente, <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de<br />
identifica<strong>da</strong> de várias destas ligas apresentarem maior resistência ao envenenamento<br />
por compostos de enxofre, como revisado na próxima seção (<strong>II</strong>.1.6).<br />
67
<strong>II</strong>.1.6. Efeito <strong>da</strong> presença de compostos de S e N na carga<br />
As cargas reais a serem submeti<strong>da</strong>s aos processos de hidroisomerização<br />
contêm contaminantes, em especial compostos de enxofre e nitrogênio. Estes<br />
contaminantes podem alterar o balanço entre os sítios ácidos e metálicos e,<br />
conseqüentemente, entre as reações de hidroisomerização e hidrocraqueamento.<br />
Tanto do ponto de vista de desenvolvimento de novos processos, como do ponto de<br />
vista fun<strong>da</strong>mental, é necessário investigar o efeito destes contaminantes sobre a<br />
ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de dos catalisadores de hidroisomerização. Segundo a<br />
literatura, temos:<br />
Orkin [105] na déca<strong>da</strong> de 60 investigou o efeito <strong>da</strong> introdução de compostos<br />
sulfurados, nitrogenados e aromáticos na hidroisomerização de n-parafinas C11 a C14<br />
sobre catalisadores do tipo Pt/F/Al2O3 na faixa de 360 o C. A presença de 1% de S<br />
(como di-n-propil-dissulfeto) surpreendentemente não ocasionou redução na ativi<strong>da</strong>de<br />
(medi<strong>da</strong> como rendimento de produtos líquidos). A introdução de 240 ppm de N (como<br />
indol) reduziu significativamente o rendimento em isômeros.<br />
Miller em 1994 [9] reportou os resultados <strong>da</strong> adição de 2 ,20 e 200 pmm de N<br />
(como butil-amina) ou 200 ppm de S (como tiofeno) sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-hexadecano sobre Pt/SAPO11 (1000 psig,<br />
3.1WSV, 30 H2/HC). Estes autores observaram que (Figura <strong>II</strong>.44): a) A adição de 20<br />
ppm de N na carga reduziu o grau de ramificação do produto e a ativi<strong>da</strong>de do<br />
catalisador (ex: tendo sido necessário aumentar em 17 o C a temperatura para se obter<br />
uma iso-conversão de 90%) sem no entanto alterar a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros; b) A<br />
adição de 200 ppm de S (como tiofeno) na carga reduziu a ativi<strong>da</strong>de mas,<br />
diferentemente <strong>da</strong> presença de N, acarretou uma significativa per<strong>da</strong> <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros.<br />
68
Figura <strong>II</strong>.44: Efeito <strong>da</strong> adição de S e N sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroisomerização do nhexadecano<br />
sobre Pt/SAPO11 (1000 psig; WHSV = 3.1 h -1 ; H2/nC16= 30 mol/mol) [9].<br />
Embora a presença de enxofre na carga (no teor de 200 ppm – Figura <strong>II</strong>.45)<br />
ocasione a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de, o uso de um procedimento de pré-sulfetação do<br />
catalisador Pt/SAPO11 (com 1% de H2S no H2 antes <strong>da</strong> introdução <strong>da</strong> carga) propiciou<br />
um aumento significativo <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de (Tabela <strong>II</strong>.18), o que foi explicado devido à<br />
redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise <strong>da</strong> fase metálica.<br />
Tabela <strong>II</strong>.18: Efeito do procedimento de sulfetação do catalisador Pt/SAPO11 na<br />
hidroisomerização do n-octano [9].<br />
Com sulfetação Sem sulfetação<br />
Temperatura 331 326<br />
Conversão 30 30<br />
Seletivi<strong>da</strong>de em isômeros C8 94.8 78.9<br />
Obs: Reação conduzi<strong>da</strong> a 1000 psig, 2.8 WHSV, 16 H2/HC mol/mol<br />
O estudo mais amplo do efeito <strong>da</strong> presença de compostos de enxofre e<br />
nitrogênio nas reações de hidroisomerização foi efetuado por Galperin e<br />
colaboradores [106][107][108]. Estes autores investigaram o efeito <strong>da</strong> adição de 1000<br />
ppm de H2S e 770 ppm de nitrogenados (N) (como t-butil-amina) sobre a ativi<strong>da</strong>de e<br />
seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-decano (500 psig; H2/HC=1.4<br />
mol/mol; WHSV = 5 hr -1 ) sobre MAPSO-31 e sobre zeólitas HZSM5 com razões Si/Al<br />
de 38, 100 e 400, tendo observado que:<br />
69
• Sobre 0.4%Pt-MAPSO-31 a ordem de ativi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi: carga<br />
pura > n-decano com 1000 ppm H2S > n-decano com 770 ppm N > ndecano<br />
com 1000 ppm H2S e 770 ppm de nitrogenados. Variando-se a<br />
temperatura pode-se obter a mesma conversão na presença de S e/ou<br />
N, tendo sido observado a seguinte ordem de seletivi<strong>da</strong>de para<br />
formação de isômeros: carga pura (85-87%) > 1000 ppm H2S + 770<br />
ppm N (80-85%) > 770 ppm N (70%) > 1000 ppm H2S (50-55%)<br />
(Figuras <strong>II</strong>.45 e <strong>II</strong>.46);<br />
• Sobre 0.4% Pt-MAPSO-31 foi observado que o aumento do teor de<br />
nitrogenados entre 10 a 770 ppm, na presença de 1000 ppm de H2S,<br />
reduziu progressivamente a ativi<strong>da</strong>de catalítica sem, no entanto, afetar<br />
significativamente a seletivi<strong>da</strong>de de isomerização. Foi, entretanto,<br />
observa<strong>da</strong> uma significativa redução do teor de di-metil-octanos com o<br />
aumento do teor de N. Uma vez que o aumento do teor de N<br />
correspondeu a um aumento <strong>da</strong> temperatura para se manter o mesmo<br />
nível de conversão, a redução do teor de bi-ramificados foi explica<strong>da</strong>,<br />
do ponto de vista termodinâmico, como oriun<strong>da</strong> do fato dos metilnonamos<br />
serem favorecidos termodinamicante a temperaturas<br />
eleva<strong>da</strong>s.<br />
• Zeólitas ZSM5 com razão Si/Al de 38, 100 e 400 contendo 0.4-0.5% Pt<br />
foram testa<strong>da</strong>s na presença de 1000 ppm de H2S e 770 ppm, de N<br />
tendo sido observado que a seletivi<strong>da</strong>de aumentou com o aumento <strong>da</strong><br />
razão Si/Al (Figuras <strong>II</strong>.47 e <strong>II</strong>.48). Utilizando TPD de amônia, os autores<br />
concluíram que a zeólita ZSM5 com razão Si/Al de 38, apresenta um<br />
maior número de sítios ácidos fortes.<br />
Os resultados foram explicados por Galperim e colaboradores [106][107][108]<br />
com base na proposição de que a adição de nitrogenados na carga neutralizaria os<br />
sítios ácidos fortes, reduzindo conseqüentemente a acidez e a ativi<strong>da</strong>de. Para<br />
compensar a baixa ativi<strong>da</strong>de, a temperatura de reação deve ser significativamente<br />
eleva<strong>da</strong>, o que faz com que os sítios ácidos de força intermediária se tornem ativos o<br />
suficiente para se obter uma alta conversão. Por efeito <strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> temperatura, as<br />
reações de hidrogenção/desidrogenação, que ocorrem sobre a fase metálica, também<br />
seriam favoreci<strong>da</strong>s. Desta forma haveria um balanço adequado entre as funções<br />
metálicas e áci<strong>da</strong>s do catalisador. Segundo os autores, o catalisador mais adequado,<br />
70
para realizar as reações de hidroisomerização na presença de compostos de enxofre e<br />
nitrogênio, deveria ter uma acidez fraca e uma eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fase metálica.<br />
Figuras <strong>II</strong>.45 e <strong>II</strong>.46: Efeito do teor de S e N na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />
0.4%Pt-MAPSO-31[106].<br />
Figuras <strong>II</strong>.47 e <strong>II</strong>.48: Efeito do teor de S e N em zeólitas MFI de diferentes razões Si/Al<br />
na hidroisomerização do n-heptano [106].<br />
71
Gopal e colaboradores [109] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização de uma mistura de<br />
n-parafinas C5 a C7 e benzeno sobre Pt/HZSM12, Pt/H-mordenita e Pt/H-Beta com a<br />
alimentação isenta de enxofre e contendo 200 ppm de tiofeno. Na ausência de<br />
enxofre, o catalisador Pt/HZSM12 deu o melhor desempenho (maior seletivi<strong>da</strong>de para<br />
isômeros e maior hidrogenação do benzeno). No entanto, na presença de enxofre o<br />
catalisador à base de zeólita Beta apresentou a melhor resistência a enxofre,<br />
mantendo a ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação do benzeno. Arribas e Martinez [110] também<br />
observaram uma eleva<strong>da</strong> resistência ao enxofre durante a simultânea<br />
hidroisomerização do n-heptano e hidrogenação do benzeno. Os testes foram<br />
conduzidos com a carga de n-heptano/benzeno contendo 200 ppm de S como 2-metiltiofeno.<br />
A maior resistência ao envenenamento foi observa<strong>da</strong> para a zeólita com o<br />
menor tamanho de cristalito, o que foi associado a uma maior dispersão <strong>da</strong> fase<br />
metálica.<br />
Merece ser citado o fato, já bem documentado na literatura, de que a<br />
resistência <strong>da</strong> fase de metal nobre (Ex: Pt ou Pd) ao envenenamento por compostos<br />
de enxofre é significativamente aumenta<strong>da</strong> quando se deposita o metal em um suporte<br />
com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s. É proposto, que esta maior resistência aos compostos de<br />
enxofre estaria relaciona<strong>da</strong> à transferência de elétrons <strong>da</strong> fase metálica para os sítios<br />
ácidos adjacentes, prevenindo a fase metálica de interagir fortemente com moléculas<br />
aceptoras de elétrons, como os átomos de enxofre [103][111]. Num catalisador do tipo<br />
Pd/Y esta interação é visualiza<strong>da</strong> pela formação de “complexos” do tipo [PdnHm] m+<br />
[86][94][112]. Esta teoria, associando a transferência de elétrons com a resistência<br />
ao envenenamento por S, tem sido utiliza<strong>da</strong> para explicar diversos resultados na<br />
literatura:<br />
• A Pt suporta<strong>da</strong> em aluminoborato é mais resistente à desativação por<br />
compostos de enxofre do que quando suporta<strong>da</strong> em alumina. Uma <strong>da</strong>s<br />
razões é que a acidez do aluminoborato é maior do que a <strong>da</strong> alumina,<br />
facilitando a transferência de elétrons do metal para o suporte [113].<br />
Generalizando o conceito, quando mais ácido for o suporte, maior será<br />
a transferência eletrônica do metal e a conseqüente deficiência<br />
eletrônica, reduzindo a adsorção de compostos aceptores de elétrons<br />
como o enxofre [94].<br />
72
• A adição de Pd (ou Ag) sobre Pt/δ-Al2O3 aumenta a resistência a<br />
compostos de S, uma vez que estes metais são eletrofílicos e reduzem<br />
a densi<strong>da</strong>de eletrônica <strong>da</strong> Pt. Por outro lado, metais como Re, Co, Mo<br />
e Ni aumentam a densi<strong>da</strong>de eletrônica e, conseqüentemente, reduzem<br />
a resistência a compostos de enxofre [114].<br />
• Pequenas partículas metálicas são mais resistentes à desativação por S<br />
do que partículas grandes, devido a maior interação com os sítios<br />
ácidos adjacentes presentes nos suportes [113][115]. A remoção de S<br />
<strong>da</strong>s partículas metálicas de menor tamanho também é favoreci<strong>da</strong><br />
devido ao maior caráter de elétron-deficiência [115].<br />
• A redução <strong>da</strong> acidez do suporte (ex: troca com cátions como o sódio)<br />
ou pelo envenenamento com moléculas doadoras de elétrons, como a<br />
NH3, acarretam uma drástica redução na taxa de hidrogenação em<br />
presença de compostos de enxofre [115].<br />
<strong>II</strong>.1.7. Efeito do tipo e tamanho <strong>da</strong> cadeia de hidrocarboneto<br />
De maneira geral, a literatura mostra vários exemplos que comprovam que o<br />
aumento <strong>da</strong> cadeia e/ou do número de ramificações <strong>da</strong> parafina, acarreta a uma maior<br />
ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização mas, por outro lado, aumenta a tendência para a<br />
ocorrência de reações indesejáveis de hidrocraqueamento:<br />
Guisnet e co-autores [81] determinaram as constantes relativas <strong>da</strong> taxa de<br />
reação de hidroisomerização do n-decano sobre um catalisador PtY, considerado<br />
como sendo “catalisador bifuncional ideal”, ou seja onde as reações são limita<strong>da</strong>s<br />
pela função áci<strong>da</strong>. Estes autores determinaram que a taxa de craqueamento dos<br />
isômeros triramifacados é bem mais eleva<strong>da</strong> do que a dos produtos mono e biramificados<br />
(Figura <strong>II</strong>.49):<br />
73
10 13.8 13.2<br />
nC10 → mono-rafimicados → bi-ramificados → tri-ramificados<br />
← ← ←<br />
1.25 5.6 4 25.3 220<br />
prod. craqueados 1 prod. Craqueados 2<br />
Figura <strong>II</strong>.49: Taxas relativas de hidroisomerização e hidrocraqueamento do n-decano<br />
sobre Pt/Y (“catalisador ideal”) a 200 o C, 0.9 bar, p n-C10 = 0.1 bar, referência: KnC10 → M<br />
= 10 [81]<br />
Wang e Chang [55] determinaram a ordem de reativi<strong>da</strong>de de n-parafinas com<br />
base na temperatura requeri<strong>da</strong> para 50% de conversão como sendo: n-C8>n-C7>n-<br />
C6>n-C5 (Tabela <strong>II</strong>.19). A ordem de máxima seletivi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> foi inversa à ordem de<br />
ativi<strong>da</strong>de, ou seja: C8
Figura <strong>II</strong>.50: Curva de seletiviade x conversão na hidroisomerização de n-C16, n-C28 e<br />
n-C36 a 345 o C sobre Pt/sílica-alumina [46].<br />
O efeito observado, do aumento <strong>da</strong> reativi<strong>da</strong>de para<br />
hidroisomerização/hidrocraqueamento com o aumento do tamanho de cadeia, foi<br />
explicado por Sie [116] com base na formação de um íon carbônio do tipo<br />
ciclopropano (PCP). Com base nesta teoria, a reativi<strong>da</strong>de relativa entre dois<br />
hidrocarbonetos seria proporcional ao total de átomos de carbono menos seis (como<br />
exemplo, a reativi<strong>da</strong>de relativa entre o n-C10 e o n-C7 seria de 4 1 ) o que corresponde<br />
bem aos valores experimentais observados (Tabela <strong>II</strong>.22). A redução do máximo<br />
rendimento em isômeros, quando se aumenta o tamanho <strong>da</strong> cadeia do hidrocarboneto,<br />
poderia ser explica<strong>da</strong> considerando-se que a taxa relativas de hidrocraqueamento<br />
seria proporcional a N-6 e a taxa de isomerização como sendo proporcional a N-4.<br />
Tabela <strong>II</strong>.22: Influência do comprimento <strong>da</strong> cadeia na reativi<strong>da</strong>de de n-parafinas[116].<br />
Valores experimentais obtidos utilizando-se Pt/CaY (275 o C e 1 atm).<br />
Alimentação Taxa obs. Hidroisomer. Hidrocraq. Taxa calc. Selet. Calc.<br />
n-C6 0.13 0.13 0 0.13 100<br />
n-C7 0.38 0.20 0.18 0.38 53<br />
n-C8 0.53 0.26 0.36 0.62 42<br />
n-C9 1.10 0.33 0.54 0.87 38<br />
n-C11 1.30 0.46 0.90 1.36 34<br />
Notação: Taxa obs = taxa de reação observa<strong>da</strong> experimentalmente; taxa calc.= taxa<br />
relativa calcula<strong>da</strong> com base no mecanismo do tipo PCP.<br />
1 Taxa relativa n-C10/n-C7 = (10-6)/(7-6) = 4<br />
75
Num elegante artigo, Haag e colaboradores [43] estu<strong>da</strong>ram a taxa de<br />
craqueamento de n-parafinas C6-C9 sobre zeólitas HZSM5. Estes autores observaram<br />
que: a) a taxa de craqueamento aumenta com o aumento <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong> n-parafina<br />
utiliza<strong>da</strong> (tabela <strong>II</strong>.23); b) a taxa de craqueamento diminui com o aumento do número<br />
de ramificações: n-parafina>metil-parafina > dimetil-parafina. Foi proposto a ocorrência<br />
do mecanismo de seletivi<strong>da</strong>de ao estado de transição, devido às restrições impostas<br />
pela estrutura de poros médios <strong>da</strong> zeólita HZSM5, para explicar a maior taxa de<br />
craqueamento <strong>da</strong>s n-parafinas em relação aos seus isômeros ramificados. Na<br />
ausência de restrições estéricas a ordem encontra<strong>da</strong> foi ramificados > n-parafinas; c)<br />
nas condições testa<strong>da</strong>s observou-se a presença de efeitos difusivos para o<br />
craqueamento <strong>da</strong>s dimetil-parafinas e d) as olefinas possuem taxas de craqueamento<br />
entre 260 a 412 vezes a taxa de craqueamento <strong>da</strong>s n-parafinas correspondentes, nas<br />
mesmas condições testa<strong>da</strong>s (tabela <strong>II</strong>.23), sendo fortemente sujeitos a efeitos<br />
difusivos. Interessante esta observação experimental uma vez que, no mecanismo<br />
bifuncional tradicional (seção <strong>II</strong>.1.1), considera-se a existência de intermediários<br />
olefínicos.<br />
Tabela <strong>II</strong>.23: Taxas intrínsecas de craqueamento sobre HZSM5 a 538 o C [43].<br />
Hidrocarboneto Constante intrínseca <strong>da</strong> taxa<br />
n-hexano 29<br />
3-metil-pentano 19<br />
2.2 dimetilbutano 12<br />
1-hexeno 7530<br />
3-metil-2-penteno 7420<br />
3.3 dimetil-1-buteno 4950<br />
Nonano 93<br />
2.2 dimetilheptano 63<br />
A conversão de olefinas em condições mais próximas às utiliza<strong>da</strong>s nas reações<br />
de hidroisomerização tem sido relata<strong>da</strong> na literatura [117] [118]. Taluk<strong>da</strong>r e<br />
colaboradores [117] estu<strong>da</strong>ram a reação de isomerização do 1-hexeno (240 o C a<br />
370 o C, p.atm) sobre HMCM22 e HZSM5 (Si/Al=21.5). À baixa temperatura os isômeros<br />
de posição (ex: trans-2-hexeno) foram os produtos predominantes. O aumento de<br />
temperatura favoreceu a formação dos isômeros de cadeia (ex: 2-metil-2-penteno, 2metil-1-penteno,<br />
3-metil-2-penteno) bem como os produtos de craqueamento (Figura<br />
<strong>II</strong>.51).<br />
76
Figura <strong>II</strong>.51: Distribuição de produtos na conversão do 1-hexeno sobre HMC22<br />
(símbolos brancos) e HZSM5 (símbolos escuros) [117].<br />
<strong>II</strong>.1.8. Efeito <strong>da</strong>s condições operacionais<br />
O efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> pressão e <strong>da</strong> temperatura de reação sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />
e, principalmente, a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros é de grande importância para a correta<br />
escolha dos testes dos catalisadores e/ou desenvolvimento de novos processos.<br />
<strong>II</strong>.1.8.1. Efeito <strong>da</strong> Temperatura<br />
Do ponto de vista termodinâmico, a redução <strong>da</strong> temperatura favorece a<br />
formação de isômeros bi e triramifacados. Este comportamento pode ser visto nos<br />
cálculos apresentados por Chica e Corma [69] (Figura <strong>II</strong>.52).<br />
77
Figura <strong>II</strong>.52: Distribuição termodinâmica para a hidroisomerização do n-pentano, nhexano<br />
e n-heptano [69].<br />
O efeito <strong>da</strong> temperatura sobre a seletivi<strong>da</strong>de de reações de hidroisomerização<br />
tem sido reportado na literatura:<br />
• Patrigeon e colaboradores [70] observaram que o aumento <strong>da</strong><br />
temperatura (em 10 o C) reduz o rendimento em isômeros na<br />
hidroisomerização do n-heptano sobre Pt(1%)HZSM22 e Pt(1%)HEU-1<br />
(Tabela <strong>II</strong>.24), mas não afetam o rendimento sobre Pt/HY, Pt/Hβ ou<br />
Pt/clay.<br />
Tabela <strong>II</strong>.24: Efeito <strong>da</strong> temperatura sobre o rendimento dos produtos na<br />
hidroisomerização do n-heptano [70].<br />
H-EU-1 H-ZSM-22<br />
Temperatura ( o C) 210 220 240 250<br />
Conversão ao máximo rendimento em isômeros (%p/p) 83 82 84 83<br />
Rendimento de isômeros (%p/p) 66 59 78 73<br />
Rendimento em produtos craqueados (%p/p) 17 23 6 10<br />
Rendimento em isômeros mono-ramificados (%p/p) 53 49 73 69<br />
78
Para explicar estes resultados Patrigeon e colaboradores [70] propuseram que,<br />
em estruturas de poros mais restritos (EU-1 e ZSM22), a redução <strong>da</strong> temperatura<br />
favoreceria o mecanismo de transferência do grupo metila (2-metil-hexano ⇔ 3-metilhexano)<br />
versus o de formação de isômeros multiramificados pelo mecanismo PCP,<br />
reduzindo conseqüentemente os produtos craqueados que são considerados oriundos<br />
preferencialmente de produtos multiramificados. Em estruturas de poros grandes não<br />
haveria competição entre os mecanismos de transferência do grupo metila (“metilshfit”)<br />
ou via rearranjo do ciclopropano protonado (“PCP”).<br />
• Sobre zeólitas Y tem sido reportado que a seletivi<strong>da</strong>de para formação<br />
de isômeros é função somente <strong>da</strong> conversão, não sendo influencia<strong>da</strong><br />
pela temperatura ou pela pressão (Figura <strong>II</strong>.53) [94].<br />
• Sobre Pt/sílicas-aluminas, Corma e colaboradores [18] observaram<br />
que o máximo rendimento em isômeros, na conversão do n-decano,<br />
diminuiu com o aumento <strong>da</strong> temperatura de reação (Figura <strong>II</strong>.54).<br />
Os resultados relatados indicam que a influência <strong>da</strong> temperatura sobre o<br />
rendimento em isômeros é fortemente dependente <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita.<br />
Figura <strong>II</strong>.53: Rendimento em isômeros como função <strong>da</strong> conversão do n-decano sobre<br />
Pt/Y (temperaturas entre 180 – 240 o C e pressão entre 7 a 100 bar) [94].<br />
79
Figura <strong>II</strong>.54: Seletivi<strong>da</strong>de de isomerização na conversão do n-decano sobre Pt/sílicaalumina<br />
a várias temperaturas e teores de Pt [18].<br />
<strong>II</strong>.1.8.2. Efeito <strong>da</strong> Pressão<br />
É bem conhecido o que o aumento <strong>da</strong> pressão acarreta a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
de hidroisomerização sobre M/zeólitas [ex: [119]]. Por sua vez, o efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong><br />
pressão sobre a seletivi<strong>da</strong>de é menos investigado:<br />
Chao e colaboradores [119] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> pressão entre 1<br />
a 40.8 atm na reação de hidroconversão do n-heptano sobre Pt (0.36 – 1.0<br />
%p/p)/MOR (com razão Si/Al de 5, 17.5 e 112) e Pt (0.36 – 1.0%)/Beta (com razão<br />
Si/Al=11 e 200). A temperatura de operação variou entre 210 a 340 o C e a relação<br />
H2/hidrocarboneto foi de 15 ou 8 mol/mol. Os resultados obtidos foram:<br />
• Sobre Pt/MOR o aumento <strong>da</strong> pressão reduziu a ativi<strong>da</strong>de e aumentou a<br />
seletivi<strong>da</strong>de para isômeros. No entanto, o efeito foi pouco pronunciado<br />
para o caso <strong>da</strong> zeólita de menor densi<strong>da</strong>de de sítios ácidos (Si/Al =37)<br />
(Tabela <strong>II</strong>.25). Segundo os autores, o efeito <strong>da</strong> pressão poderia estar<br />
associado com a ativação dos sítios ácidos em promover reações de<br />
transferência de H para os íons carbênios adsorvidos.<br />
80
• O aumento <strong>da</strong> pressão de hidrogênio de 1 atm para 30.6 atm reduziu o<br />
teor de coque após 11 horas de reação sobre Pt/MOR (Si/Al=14) de<br />
16.7 %p/p para 1.0 %p/p, o que foi explicado pelo possível<br />
favorecimento <strong>da</strong> remoção de espécies olefínicas precursoras de coque<br />
com o aumento <strong>da</strong> pressão.<br />
Tabela <strong>II</strong>.25: Efeito <strong>da</strong> pressão sobre a distribuição de produtos na conversão do nheptano<br />
sobre Pt/zeólitas [119].<br />
0.5 Pt/MOR (14) 0.5 Pt/MOR (37)<br />
Pressão 1.0 30.6 1 30.6<br />
Temperatura ( o C) 260 260 230 270<br />
WHSV (h -1 ) 3.4 1.2 1.0 3.5<br />
Conversão (%p/p) 31.1 30.6 63.5 58.3<br />
Seletivi<strong>da</strong>de i-C7 (%p/p) 57.7 94.3 90.1 92.2<br />
ZSM5<br />
<strong>II</strong>.2. Métodos de modificação <strong>da</strong> acidez de zeólitas<br />
<strong>II</strong>.2.1 Variação <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural<br />
A zeólita ZSM5 pode ser sintetiza<strong>da</strong> numa ampla faixa de razão Si/Al (Tabela<br />
<strong>II</strong>.26). É bem conhecido que a redução <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural acarreta a redução do<br />
número de sítios ácidos. Como mostrado por Lago e colaboradores [120], a taxa de<br />
reação do craqueamento do n-hexano a 538 o C (denominado teste α) é linearmente<br />
dependente do conteúdo de alumínio tetraédrico presente na estrutura, levando a<br />
conclusão de que os sítios ácidos na zeólita H-ZSM-5 têm a mesma ativi<strong>da</strong>de. Esta<br />
observação experimental foi explica<strong>da</strong> por Barthomeuf [121] utilizando os conceitos de<br />
densi<strong>da</strong>de topológica e de eletronegativade de Sanderson, para determinar os limites<br />
de concentração de Al na estrutura de várias zeólitas, de tal forma que os<br />
grupamentos AlO 4- estariam isolados, o que levaria a uma força constante e máxima<br />
para os sítios ácidos de Bronsted. Os cálculos mostram a ocorrência de uma curva do<br />
tipo Vulcano para a ativi<strong>da</strong>de de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos de Bronsted<br />
81
versus o teor de Al na estrutura. Segundo Barthomeuf o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al<br />
acarretaria sempre a redução do número de sítios ácidos. No entanto para baixos<br />
valores <strong>da</strong> razão Si/Al, o aumento desta razão levaria ao aumento <strong>da</strong> força dos sítios,<br />
de tal forma que no balanço global ocorreria o aumento <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> reação. A partir de<br />
um determinado valor de razão Si/Al, a força dos sítios ácidos seria constante e o<br />
aumento <strong>da</strong> razão Si/Al acarretaria somente a redução <strong>da</strong> taxa de reação pela redução<br />
do número de sítios. Os valores calculados para a razão Si/Al, onde se observaria a<br />
força máxima dos sítios, foi: ZSM5 (MFI) > 9.5; MOR >9.4; OFF > 8.3 e FAU > 6.8<br />
(Figura <strong>II</strong>.55).<br />
Tabela <strong>II</strong>.26: Composição típica de várias zeólitas Mx/n (AlO2) x (SiO2)y, onde n=<br />
valência do cátion M. A<strong>da</strong>ptado de Sato [129] e Meier e Olson [62]. Obs: Abertura<br />
dos poros = número de átomos de oxigênio na boca de entra<strong>da</strong> dos poros.<br />
Zeólita Estrutura Si/Al Abertura dos<br />
poros<br />
Diâmetro dos poros<br />
( o A)<br />
Canais<br />
A FAU 1.0 8 3 - 5 Tridimensionais<br />
X FAU 1.0 – 1.5 12 9 – 10 “<br />
Y FAU 1.5 – 6.0 12 8 – 10 “<br />
L LTL 2.5 – 5.5 12 7 – 8 Unidimensional<br />
ZSM5 MFI 6.0 - ∞ 10 5.4 – 5.6 Tridimensional<br />
Figura <strong>II</strong>.55: Taxa de reação estima<strong>da</strong> para reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos fortes<br />
como função <strong>da</strong> fração molar de Al (m=Al/(Al+Si)) para a= MFI; b=MOR; c=OFF e<br />
D=FAU [121].<br />
82
A lineari<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> sobre zeólitas HZSM5, entre o teor de alumínio<br />
estrutural e a taxa de craqueamento do n-hexano [120], desaparece quando a amostra<br />
é submeti<strong>da</strong> a tratamento hidrotérmico (“steaming”), seja intencionalmente ou durante<br />
as etapas de calcinação ou regeneração em condições denomina<strong>da</strong>s de “deep bed”.<br />
Lago e colaboradores [120] observaram um aumento de ativi<strong>da</strong>de de craqueamento<br />
do n-hexano dos sítios ácidos entre 45 a 75 vezes com a realização de “steaming”,<br />
tendo explicado seus resultados pela interação de espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede<br />
com os sítios ácidos remanescentes na estrutura (Figura <strong>II</strong>.58). Outros autores<br />
observaram o mesmo comportamento em outras reações:<br />
Figura <strong>II</strong>.58: Dependência <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (α-test) com o<br />
teor de Al em zeólitas ZSM5 (Si/Al=35) trata<strong>da</strong>s com vapor (2 h a 538 o C e p pressão<br />
de vapor <strong>da</strong> água entre 0 – 700 torr) [120].<br />
• Sendo<strong>da</strong> e Ono[122] estu<strong>da</strong>ram a ativi<strong>da</strong>de de zeólitas NH4ZSM5 para a<br />
conversão do propano, pentano, hexano e heptano, e a isomerização do oxileno<br />
em função <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento <strong>da</strong> amostra. Um<br />
máximo na ativi<strong>da</strong>de de reação para o propano foi observado a 580 o C e<br />
para as outras reações observou-se à ocorrência de máximos na taxa de<br />
reação para as temperaturas em torno de 400 o C e de 580 o C (Figura <strong>II</strong>.59).<br />
Foi sugerido que o máximo observado a 580 o C se deve a grupos hidroxilas<br />
interagindo com as espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> estrutura,<br />
produzindo sítios ácidos extremamente fortes.<br />
83
Figura <strong>II</strong>.59: Efeito <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento de NH4ZSM5 para o<br />
craqueamento do n-hexano ( 240 o C, 36 kPa, W/F=12.7 g.h.mol -1 e do propano (450<br />
o -1<br />
C, 101.3 kPa, W/F= 7.0 g.h.mol ) [122].<br />
• Topsoe e colaboradores [123] estu<strong>da</strong>ram por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> a<br />
força dos sítios ácidos de uma série de amostras de HZSM5 submeti<strong>da</strong>s ao<br />
tratamento hidrotérmico (“steaming”). O decréscimo na ban<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> a<br />
1545 cm -1 com o progressivo aumento <strong>da</strong> temperatura de evacuação, foi<br />
utilizado como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força dos sítios ácidos de Bronsted. Com base<br />
neste critério foi observado que a amostra trata<strong>da</strong> a condições bran<strong>da</strong>s de<br />
“steaming” (350 o C) apresentou um aumento na força dos sítios ácidos.<br />
Embora seja bem estabelecido que o tratamento hidrotérmico moderado de<br />
zeólitas HZSM5 possa aumentar a ativi<strong>da</strong>de para reações de craqueamento,<br />
permanece em debate o exato papel <strong>da</strong>s espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
estrutura (semelhantes a AlO + ou espécies poliméricas [19]). Enquanto vários autores<br />
associam o aumento na taxa de reação ao aumento <strong>da</strong> força dos sítios ácidos, devido<br />
à interação <strong>da</strong>s espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> estrutura (NFA) com os sítios<br />
ácidos remanescentes [120][122], outros autores têm explicações diversas:<br />
• Brunner e colaboradores [124] estu<strong>da</strong>ram o craqueamento do n-hexano<br />
sobre amostras de HZSM5 submeti<strong>da</strong>s a tratamento hidrotérmico a 540 o C<br />
e caracteriza<strong>da</strong>s por N.M.R. Estes autores sugerem que o aumento <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de se deve à interação <strong>da</strong> molécula do n-hexano com um<br />
84
grupamento hidroxila <strong>da</strong> rede (OH) e com espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede<br />
(NFA).<br />
• Outros autores sugerem que o NFA possa formar novos sítios ácidos de<br />
Lewis ou mesmo uma fase do tipo sílica-alumina amorfa alterando a taxa de<br />
reação, bem como as proprie<strong>da</strong>des de adsorção-dessorção de parafinas e<br />
olefinas que afetariam a seletivi<strong>da</strong>de de craqueamento [125].<br />
<strong>II</strong>.2.2. Troca iônica<br />
É conhecido que grupamentos ácidos podem ser produzidos em zeólitas pela<br />
troca iônica com cátions polivalentes, tais como Ca 2+ , Mg 2+ ou La 3+ . O<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> acidez pode ser expressa pela expressão abaixo [126]:<br />
Ou de maneira genérica:<br />
[Ca(OH2)] 2+ → [Ca(OH)] + + H + (<strong>II</strong>.28)<br />
M(H2O) n 2+ ⇔ MOH + + H + (<strong>II</strong>.29)<br />
M(H2O)n 3+ ⇔ M(OH)2 + + 2H + (<strong>II</strong>.30)<br />
Ou seja, a acidez seria origina<strong>da</strong> pela dissociação de moléculas de água<br />
coordena<strong>da</strong>s a cátions polivalentes como mostrado por IR [126].<br />
A comparação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s zeólitas e HY e HX com suas análogas<br />
troca<strong>da</strong>s com diversos cátions para as reações de isomerização (1-buteno,<br />
ciclopropano, propileno, o-xileno), alquilação (benzeno com propeno ou eteno) e<br />
craqueamento (cumeno) foram revisa<strong>da</strong>s por Rabo e colaboradores [127]. A ordem de<br />
ativi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi:<br />
H + > RE 3+ > Grupo <strong>II</strong>A 2+ > Grupo IA + (<strong>II</strong>.31)<br />
85
Por sua vez, a ativi<strong>da</strong>de de isomerização do n-hexano e de craqueamento do<br />
cumeno aumentou com a diminuição do raio iônico do cátion [128]:<br />
MgY > CaY > SrY > BaY > NaY ≈ sílica-alumina (<strong>II</strong>.32)<br />
A literatura reporta poucos estudos do efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions sobre<br />
a acidez de zeólitas do tipo HZSM5. Tynjala e colaboradores estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong><br />
troca iônica com Ba 2+ , Al 3+ e La 3+ sobre as proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> zeólita HZSM5,<br />
utilizando o craqueamento do n-hexano e FTIR na região de OH e de piridina<br />
adsorvi<strong>da</strong>. A ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano diminuiu gradualmente até zero<br />
com o aumento do grau de troca iônica com Ba 2+ , refletindo a redução dos sítios<br />
ácidos fortes de Bronsted. Com a introdução do La 3+ e do Al 3+ observou-se que a<br />
ativi<strong>da</strong>de inicialmente se reduz e depois aumenta com o grau de troca iônica (Figura<br />
<strong>II</strong>.60). Com base nos estudos de IR os autores concluíram que não ocorreram<br />
modificações marcantes na acidez de Bronsted com a troca iônica com La 3+ ou Al 3+ .<br />
Figura <strong>II</strong>.60: Ativi<strong>da</strong>de no craqueamento do n-hexano em função do grau de troca<br />
iônica com La, Al ou Ba [128].<br />
Poucos estudos são reportados <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s<br />
com Li + . Sato [129] observou que a introdução de Li + por troca iônica na zeólita ZSM5<br />
produz um catalisador com acidez média, enquanto que a troca com Na (ou K ou Cs)<br />
produz um catalisador com acidez bem mais fraca (Figura <strong>II</strong>.61).<br />
86
Figura <strong>II</strong>.61: Perfis de TPD de amônia para zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s com Li, Na ou<br />
troca<strong>da</strong>s com Li e a seguir impregna<strong>da</strong>s com MgO [129].<br />
Accardi e Lobo [130] investigaram por 7 Li MAS NMR a localização de cátions<br />
de lítio em zeólitas ZSM5 e β. Por esta técnica pode ser mostrado que a maior parte<br />
dos cátions de Li (aproxima<strong>da</strong>mente 85 % em ZSM5 com Si/Al = 50) são acessíveis a<br />
moléculas de oxigênio, por outro lado estes cátions são inacessíveis ao oxigênio em<br />
zeólitas β (Si/Al = 18 e 8). Esta diferença indica um ambiente de coordenação do Li +<br />
bastante diferente nas duas zeólitas.<br />
A zeólita HZSM5 é normalmente sintetiza<strong>da</strong> na forma NaZSM5 e transforma<strong>da</strong><br />
na forma áci<strong>da</strong> por troca iônica com soluções áci<strong>da</strong>s ou, mais comumente, com<br />
solução amoniacal segui<strong>da</strong> de tratamento térmico. Choudhary e colaboradores [131]<br />
observaram que a acidez (força e número) é fortemente reduzi<strong>da</strong> em função do teor de<br />
Na + presente na amostra. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> pela técnica de TPD de piridina<br />
sob condições cromatográficas e pelas reações de craqueamento do cumeno e de<br />
isomerização do o-xileno. Beran e Klinowski [132] utilizando modelagem molecular<br />
confirmou do ponto de vista teórico que a presença de Na + reduz a força dos sítios<br />
ácidos adjacentes.<br />
A troca iônica com cátions redutíveis (metais como Cu, Pt, Pd, etc ) também dá<br />
origem a sítios ácidos após sua redução, como exemplificado abaixo [126]:<br />
Cu 2+ + H2 → Cu o + 2H + (<strong>II</strong>.33)<br />
87
Ag + + 1/2H2 → Ag o + H + (<strong>II</strong>.34)<br />
É proposto que a interação de partículas metálicas com os sítios ácidos de<br />
Bronsted <strong>da</strong>s zeólitas pode originar os chamados “sítios híbrido metal-próton”, onde se<br />
observa uma transferência de elétrons do metal para a zeólita, podendo ser<br />
representado para o caso de Pd em zeólita Y como sendo do tipo [PdnHz] z+ [28].<br />
Sachtler e Zhang [28] revisaram as evidências <strong>da</strong> formação destes sítios “híbridos<br />
metal-próton”:<br />
• Existe uma correlação entre a concentração de prótons <strong>da</strong> zeólita Pt/NaHY<br />
e a deficiência de elétrons <strong>da</strong> Pt, medi<strong>da</strong> pela linha Pt L<strong>II</strong>I utilizando<br />
absorção de raios X.<br />
• Utilizando FTIR, observa-se que a freqüência do CO adsorvido sobre<br />
Pt/NaHY se desloca de 2090 cm -1 para 2068 cm -1 com neutralização dos<br />
sítios ácidos com NaOH.<br />
• Utilizando EPR e XPS observa-se a formação de Pd + ou uma significativa<br />
diferença na energia de ligação para Pd 3d5/2 entre Pd/NaHY e Pd/NaY,<br />
associado a diferença entre Na + e H + como ligante as partículas metálicas<br />
de Pd.<br />
A formação dos sítios híbridos entre o sítio ácido de Bronsted e o metal é<br />
postula<strong>da</strong> como afetar a ativi<strong>da</strong>de catalítica. Como exemplo, temos :<br />
• Bou<strong>da</strong>rt e Betta [133] observaram uma alta ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação do<br />
eteno e de isomerização e hidrogenólise do neopentano sobre Pt<br />
suporta<strong>da</strong> em zeólita Y troca<strong>da</strong> com Ca, Mg ou terras raras, quando<br />
compara<strong>da</strong> com a Pt suporta<strong>da</strong> sobre SiO2 ou Al2O3 (Tabela <strong>II</strong>.27).<br />
Tabela <strong>II</strong>.27: “Turnover” para a hidrogenação do eteno a –84 o C, 1 atm [133]<br />
Catalisador H/Pt (total) N (x10 3 ) s -1<br />
0.54 % Pt/NaY 1.41 5.34<br />
0.59% Pt/CaY 1.34 25.0<br />
0.5% Pt/MgY 1.4 20.3<br />
0.53 % Pt/SiO2 0.56 6.31<br />
88
• Gallezot [112] reporta que o Pd em PdNaNH4Y exibe uma grande resistência ao<br />
envenenamento por S, que é drasticamente reduzi<strong>da</strong> quando os sítios ácidos são<br />
trocados com Na. A correlação entre resistência <strong>da</strong> fase metálica ao<br />
envenenamento por S e o caráter elétron deficiente também é utiliza<strong>da</strong> para<br />
explicar os efeitos oriundos de ligas metálicas.<br />
<strong>II</strong>.2.3. Impregnação com compostos de fósforo ou boro<br />
Vários estudos mostram que a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 pode ser reduzi<strong>da</strong> por<br />
modificação com compostos de fósforo ou de boro. Como exemplo, temos:<br />
• Lercher e Rumplmayr [134] caracterizaram por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> e<br />
por TPD de amônia (Figura <strong>II</strong>.62), piridina e água de uma zeólita HZSM5 (Si/Al=<br />
84) impregna<strong>da</strong> com teores de 1,2,5 e 8 % p/p de H3PO4. A comparação dos perfis<br />
de dessorção com os espectros de IR obtidos a várias temperaturas, permitiu<br />
concluir que a deposição de ácido fosfórico sobre HZSM5 acarreta a redução dos<br />
sítios ácidos de Bronsted fortes e a criação de novos sítios ácidos de Bronsted<br />
fracos. Os autores propuseram o modelo <strong>da</strong> Figura <strong>II</strong>.63 para a interação entre o<br />
ácido fosfórico e os sítios ácidos de Bronsted <strong>da</strong> zeólita.<br />
• Vedrine e colaboradores [135] estu<strong>da</strong>ram por calorimetria e MAS-NMR uma<br />
zeólita HZSM5 impregna<strong>da</strong> com teores de H3BO3 entre 0.3 a 1.6 %p/p. Foi<br />
observa<strong>da</strong> uma redução <strong>da</strong> acidez devido a reação do boro com os grupos OH <strong>da</strong><br />
estrutura e, em menor extensão, devido a substituição do Al <strong>da</strong> rede por B<br />
89
Figura <strong>II</strong>.62: TPD de amônia sobre zeólita HZSM5 com teores entre 1 a 8 %p/p de<br />
H3PO4 [134]<br />
Figura <strong>II</strong>.63: Modelo sugerido para a interação entre o H3PO4 e os sítios ácidos [134]<br />
90
<strong>II</strong>.2.4. Incorporação de heteroátomos na estrutura<br />
A substituição isomórfica do alumínio por outros elementos, tais como: Be, B,<br />
Ti, Cr, Fe, Zn, Ga, Ge ou V leva a formação de metalosilicatos de estrutura similar a<br />
<strong>da</strong> zeólita ZSM5 com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s modifica<strong>da</strong>s. A força áci<strong>da</strong> de vários<br />
metalosilicados foi estima<strong>da</strong> com base na temperatura máxima de dessorção por TPD<br />
de amônia [126][136], por FTIR [136] ou através de cálculos teóricos [137]. A ordem<br />
encontra<strong>da</strong> foi:<br />
[Al]ZSM5 > [Ga]ZSM5 > [Fe]ZSM5 > [B]ZSM5<br />
Gorte e colaboradores [138], com base na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do nhexano<br />
e <strong>da</strong> oligomerização do propeno, concluíram que a reativi<strong>da</strong>de dos sítios<br />
ácidos de Bronsted na substituição estrutural com Fe (H[Fe]ZSM5) é muito menor<br />
sobre H[Ga]ZSM5 e H[Al]ZSM5, que por sua vez apresentam acidez muito similar<br />
(Tabela <strong>II</strong>.28). No entanto, estas diferenças não se refletiram no calor de adsorção<br />
utilizando amônia ou piridina, o que levou os autores a questionarem o uso de<br />
microcalorimetria como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>.<br />
Tabela <strong>II</strong>.28: Resultados do craqueamento do n-hexano sobre metalosilicados<br />
[138]<br />
Amostra TOF x 10 -3 (700K)<br />
H[Al]ZSM5 1.3<br />
H[Ga]ZSM5 1.48<br />
H[Fe]ZSM5 0.048<br />
Enquanto as formas H[Ga]ZSM5 e H[Al]ZSM5 possuem proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s<br />
similares [138] é conhecido que a substituição com bora (H[B]ZSM5) acarreta uma<br />
acidez extremamente baixa, sendo proposto, inclusive, que a ativi<strong>da</strong>de destas<br />
peneiras moleculares seja oriun<strong>da</strong> de impurezas de Al presentes nos reagentes e<br />
incorporados à estrutura [126].<br />
91
<strong>II</strong>.2.5. Envenenamento seletivo dos sítios ácidos com<br />
uso de bases nitrogena<strong>da</strong>s.<br />
Em uma zeólita (ou outro sólido ácido) podem ser encontrados sítios ácidos de<br />
diferentes forças. A contribuição de ca<strong>da</strong> tipo de sítio para a ativi<strong>da</strong>de pode ser<br />
modela<strong>da</strong> com base na metodologia denomina<strong>da</strong> de “análise regional”, como sendo<br />
[168] :<br />
k = Σ ki. ni (<strong>II</strong>.35)<br />
Onde: k = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação<br />
ki = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação para um sítio do tipo i<br />
i = número de sítios do tipo i<br />
Teoricamente, existe a possibili<strong>da</strong>de de, escolhendo-se as condições<br />
adequa<strong>da</strong>s de reação (ex: temperatura) e uma base nitrogena<strong>da</strong> de força adequa<strong>da</strong>,<br />
envenenar seletivamente os sítios ácidos mais fortes permitindo, no entanto, que as<br />
reações ocorram sobre os sítios ácidos de menor força. Tal abor<strong>da</strong>gem é a base de<br />
um método de determinação <strong>da</strong> acidez denominado “titulação catalítica” [139][140].<br />
No método de “titulação catalítica” [140] determina-se o teor de uma base<br />
requeri<strong>da</strong> para envenenar os sítios ácidos que catalisam uma reação modelo<br />
escolhi<strong>da</strong>. Por meio do gráfico <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de versus o teor de base adiciona<strong>da</strong>,<br />
determina-se o número de sítios ácidos, enquanto a força áci<strong>da</strong> é determina<strong>da</strong> pelo<br />
tipo de base nitrogena<strong>da</strong> utiliza<strong>da</strong>. Um exemplo desta técnica de caracterização <strong>da</strong><br />
acidez é apresentado na Figura <strong>II</strong>.64, onde se utiliza<strong>da</strong> a reação de craqueamento do<br />
cumeno a 425 o C com teores crescentes de diferentes bases nitrogena<strong>da</strong>s [140].<br />
Um outro efeito decorrente <strong>da</strong> presença de aminas na carga de reação é o<br />
sugerido por Beran e Klinowski [167]. Estes autores, utilizando modelagem molecular,<br />
concluíram que a adsorção de NH3 em um sítio ácido reduz a acidez dos grupos OH -<br />
adjacentes. No entanto o efeito seria cerca de 5 vezes menor do que a redução de<br />
força áci<strong>da</strong> associa<strong>da</strong> a introdução de cátions Na + .<br />
92
Figura <strong>II</strong>.64 Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do cumeno a 425 o C para diversos teores de<br />
bases nitrogena<strong>da</strong>s adiciona<strong>da</strong>s (1=quinolina; 2=quinaldina; 3=pirol; 4=piperidina; 5=<br />
decil-amina e 6=anilina) [140].<br />
<strong>II</strong>.3. Métodos para caracterização <strong>da</strong> acidez<br />
Na presente seção é feito um breve resumo <strong>da</strong> literatura sobre dois métodos de<br />
caracterização <strong>da</strong> acidez de zeólitas, utilizados na presente tese (TPD de amônia e<br />
craqueamento do n-hexano).<br />
<strong>II</strong>.3.1. Temperatura programa<strong>da</strong> de dessorção de NH3 (TPDA).<br />
Uma completa descrição <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s superficiais de um sólido<br />
envolve a determinação <strong>da</strong> força, do número e do tipo de sítio ácido (Bronsted ou<br />
Lewis). A literatura apresenta várias revisões sobre métodos de determinação <strong>da</strong><br />
acidez e proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s de numerosos sólidos [126][141][142][143]. Dentre os<br />
diversos métodos existentes para medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez, os mais utilizados para zeólitas<br />
são a espectroscopia de IR, medi<strong>da</strong>s calorimétricas e a temperatura programa<strong>da</strong> de<br />
dessorção de bases, especialmente amônia (TPDA).<br />
93
A importância <strong>da</strong> técnica de TPDA pode ser avalia<strong>da</strong> considerando-se que: a)<br />
A publicação de aproxima<strong>da</strong>mente 1500 artigos entre 1967 e 1989 utilizando a técnica<br />
de TPDA [144]; b) Sua padronização com uma <strong>da</strong>s técnicas fun<strong>da</strong>mentais para<br />
caracterização de catalisadores no Japão [145]; c) Sua padronizaçã pela ASTM<br />
[D4824-88].<br />
Embora amplamente utiliza<strong>da</strong>, para obtenção do número e <strong>da</strong> força dos sítios<br />
ácidos na literatura, a técnica de TPDA é sujeita a inúmeras restrições. Alguns pontos<br />
que merecem destaque são:<br />
• A técnica de TPDA não permite a distinção entre sítios ácidos de Bronsted ou<br />
Lewis, uma vez que a amônia adsorve sobre ambos os sítios. Para<br />
discriminação entre os dois tipos de sítios, pode-se usar a técnica de<br />
espectroscopia de infravermelho (IR) de piridina adsorvi<strong>da</strong> [141] ou, como mais<br />
recentemente reportado, utilizar a 2,6-dimetil-piridina que é assumido adsorver<br />
seletivi<strong>da</strong>mente sobre os sítios ácidos de Bronsted [143].<br />
• Dependendo <strong>da</strong>s condições do TPDA ou <strong>da</strong> zeólita utiliza<strong>da</strong>, é esperado a<br />
saí<strong>da</strong> de água <strong>da</strong> estrutura cristalina. O uso de espectroscopia de massas para<br />
detecção e identificação dos compostos dessorvidos permite a determinação<br />
quantitativa do teor de amônia dessorvido, mas não evita a possível<br />
modificação na distribuição e na natureza dos sítios ácidos pela conversão de<br />
sítios de Bronsted em Lewis com a saí<strong>da</strong> de água. Uma possível solução é o<br />
uso de condições no TPDA que favoreçam a dessorção <strong>da</strong> NH3 a temperaturas<br />
bran<strong>da</strong>s, como o uso de bomba de vácuo sugeri<strong>da</strong> por Niwa e Kata<strong>da</strong> [145].<br />
• Usualmente obtém-se um pico de dessorção de amônia numa região de baixa<br />
temperatura (ex: 190 o C – 210 o C) que tem sido associado na literatura à<br />
presença de amônia fissisorvi<strong>da</strong> ou fracamente adsorvi<strong>da</strong> [145] sobre<br />
complexos do tipo Na(NH 3 )s + (s=1-6) para NaZSM5 [146]. Do ponto de vista de<br />
catálise, este teor dessorvido não tem significado físico como medi<strong>da</strong> de acidez<br />
e deve ser descontado do total de amônia dessorvido.<br />
• O valor <strong>da</strong> temperatura do máximo do perfil de dessorção não deve ser<br />
utilizado como uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita, uma vez que pode ser<br />
afetado pelo número de sítios ácidos, dentre outras variáveis [144][147].<br />
94
Uma abor<strong>da</strong>gem para determinação <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> em zeólitas, com o uso <strong>da</strong><br />
técnica de TPDA, parte do modelo básico para análise de experimentos de TPD<br />
desenvolvido originalmente por Cvetanovic e Amenomiya [148]. Este modelo assume<br />
que a readsorção <strong>da</strong> amônia ocorra livremente, o que tem sido confirmado por outros<br />
autores [141][144][145]. Com base neste modelo a temperatura máxima do pico [Tm<br />
(K)] é expressa pela equação (<strong>II</strong>.36):<br />
ln (Tm 2 / β) = (∆ H/RTm) + ln (∆H(1-θm) 2 VmVc/RAF) (<strong>II</strong>.36)<br />
onde: F = fluxo volumétrico do gás carreador (m 3 /s)<br />
Vc = volume total do sólido no reator (m 3 )<br />
Vm = moles de sítios superficiais por volume do sólido (mol/m 3 )<br />
R = constante do gás ideal (J/mol.K)<br />
∆ H = calor de adsorção (Ed - Ea) J/mol<br />
A = fator pré-exponencial para a dessorção<br />
β = taxa de aquecimento (K/s )<br />
θm<br />
= recobrimento <strong>da</strong> amônia no valor de Tm<br />
Realizando-se vários ensaios de TPDA com diferentes taxas de aquecimento e<br />
com as demais condições constantes, pode-se obter um gráfico de ln(Tm 2 /β) versus<br />
1/Tm, o que permite obter o valor do calor de adsorção (∆H ), que por sua vez pode<br />
ser considerado como um valor médio <strong>da</strong> força de adsorção <strong>da</strong> amônia, ou seja, <strong>da</strong><br />
força áci<strong>da</strong> [149].<br />
Niwa e Kata<strong>da</strong> [145] propuseram a determinação <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> média com<br />
uma única medi<strong>da</strong> de TPDA. Numa modificação <strong>da</strong> expressão (<strong>II</strong>.36) obtém-se:<br />
lnTm – ln(AoW/F) = ∆ H/RTm + ln β[(1-θm) 2 (∆ H-RTm)]/ [Poexp(∆S/R)] (<strong>II</strong>.37)<br />
Onde o valor de ∆S (variação na entropia de adsorção) pode ser assumido<br />
como sendo de 150 J/K.mol, uma vez que este valor não difere significativamente<br />
utilizando-se zeólitas HZSM5 com várias razões Si/Al, mordenita ou ferrierita. Desta<br />
forma, num único experimento determina-se ∆H com base na equação <strong>II</strong>.37.<br />
95
Mais freqüentemente o TPDA é utilizado para determinação relativa <strong>da</strong><br />
distribuição de força dos sítios ácidos entre diversos catalisadores, decompondo-se o<br />
perfil de dessorção em sítios “arbitrariamente” definidos como fracos, médios e fortes<br />
e medindo-se a área dos picos ao invés <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> temperatura máxima do pico.<br />
A área do perfil completo permite obter o número de sítios ácidos totais. Alguns<br />
exemplos desta abor<strong>da</strong>gem são apresentados na literatura:<br />
Taylor e Petty [150] utilizaram o TPDA para a comparação de zeólitas SAPO11,<br />
USY, mordenita, SDUSY, Beta e ZSM-5 utilizando as seguintes condições: a) As<br />
amostras foram equilibra<strong>da</strong>s com a umi<strong>da</strong>de ambiente antes do teste e o valor de<br />
per<strong>da</strong> de água a 538 o C foi utilizado para corrigir a massa <strong>da</strong>s amostras; b) Amostras<br />
contendo 100-130 mg foram pré-trata<strong>da</strong>s em fluxo de hélio (20 cm 3 /min) com taxa de<br />
10 o C/min <strong>da</strong> temperatura ambiente até 538 o C e manti<strong>da</strong>s nesta temperatura por uma<br />
noite. As amostras foram então resfria<strong>da</strong>s até 175 o C e satura<strong>da</strong>s com amônia pela<br />
passagem de uma mistura de 5% de NH3 em hélio por 30 minutos. A seguir a amostra<br />
foi purga<strong>da</strong> por 1 hora a 175 o C com fluxo de hélio (20 cm 3/ min). A seguir a<br />
temperatura <strong>da</strong> amostra foi reduzi<strong>da</strong> para 75 o C e a amônia foi dessorvi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
superfície utilizando-se programação linear com 10 o C/min até 650 o C. A área sobre a<br />
curva entre 75 o C- 500 o C foi utiliza<strong>da</strong> para a determinação <strong>da</strong> acidez total. Para a<br />
obtenção <strong>da</strong> distribuição de força áci<strong>da</strong>, o perfil de dessorção foi ajustado utilizando-se<br />
3 picos com máximos entre 269-280 o C, 345-387 o C, 442-539 o C assinalados como<br />
sendo sítios fracos, médios e fortes respectivamente.<br />
Ratnasamy et alii [151] utilizaram o TPDA para caracterização de HZSM-5 e de<br />
HBZSM-5 (incorporação de B na estrutura de ZSM-5). Três picos centrados em<br />
100 o C, 200 o C e 450-500 o C foram observados para HZSM-5. Correlações entre o<br />
número de sítios ácidos fortes (máximo a 450 - 500 o C) e ativi<strong>da</strong>de para isomerização<br />
de o-xileno e craqueamento de n-hexano foram reporta<strong>da</strong>s na literatura. O perfil de<br />
TPDA sobre as amostras de HBZSM-5 mostrou ausência do pico entre 450-500 o C e o<br />
aparecimento de um pico com máximo entre 300-350 o C.<br />
Um perfil de TPDA típico de uma zeólita HZSM5 apresenta ao menos dois<br />
picos, um denominado de baixa temperatura (LT) em torno de 100 o C e outro<br />
denominado de alta temperatura (400 – 500 o C).<br />
96
<strong>II</strong>.3.2. Uso de reações modelo<br />
Como mostrado por Benesi e Winquist [143], a acidez superficial de um<br />
catalisador pode ser obti<strong>da</strong> <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> taxa de uma reação modelo que seja<br />
catalisa<strong>da</strong> por sítios ácidos. A justificativa é basea<strong>da</strong> na relação de Arrhenius:<br />
R = Ae -E/RT (<strong>II</strong>.38)<br />
Em condições adequa<strong>da</strong>s, o fator de freqüência (A) será diretamente<br />
proporcional à concentração de sítios ácidos e à energia de ativação (E) incluirá um<br />
termo de energia que representará a força áci<strong>da</strong>. Se a cinética for suficientemente<br />
simples, o número de sítios ativos por uni<strong>da</strong>de de área poderá ser calculado a partir do<br />
fator de freqüência (A) por meio <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> taxa absoluta. Considerando-se uma<br />
reação unimolecular de ordem zero catalisa<strong>da</strong> por sítios ácidos, a taxa de reação será<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
R = Cs (kT/h) e -E/RT (<strong>II</strong>.39)<br />
Onde Cs é a concentração de sítios ativos por uni<strong>da</strong>de de área, k é a constante<br />
de Boltzmann e h é a constante de Planck. Das equações <strong>II</strong>.38 e <strong>II</strong>.39 teremos a<br />
concentração absoluta dos sítios ácidos <strong>da</strong>do por:<br />
Cs= hA/kT (<strong>II</strong>.40)<br />
Freqüentemente no entanto, as taxas de reação de compostos modelos são<br />
utiliza<strong>da</strong>s para determinar a acidez relativa, ao invés do valor absoluto de acidez<br />
superficial.<br />
Num caso geral, tanto o número, como a força dos sítios ácidos, varia de um<br />
catalisador para outro. Um método elegante para determinação tanto do número como<br />
<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>, utilizando-se reações com compostos modelos, é o método<br />
denominado de titulação catalítica [143]. Este método se baseia na obtenção <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de catalítica de uma reação modelo enquanto a concentração superficial de um<br />
composto fortemente adsorvido sobre os sítios ácidos (usualmente uma amina, como<br />
a quinolina) é aumenta<strong>da</strong> progressivamente (através de pulsos ou de forma contínua).<br />
97
A densi<strong>da</strong>de de sítios ácidos pode ser obti<strong>da</strong> quantificando-se o total do “veneno”<br />
injetado, necessário para obter uma ativi<strong>da</strong>de nula (ou estacionária em certas<br />
circunstâncias). Por sua vez, a força dos sítios ácidos pode ser obti<strong>da</strong> repetindo-se o<br />
procedimento com o uso de diferentes aminas.<br />
O método de titulação catalítica é recomen<strong>da</strong>do por Benesi e Winquist [143]<br />
como método prático de estu<strong>da</strong>r, em condições próximas a real, tanto o número como<br />
a força dos sítios ácidos. No entanto, o método é sujeito a várias dificul<strong>da</strong>des<br />
experimentais, tais como: a) A base pode adsorver sobre sítios ativos bem como sítios<br />
inativos para a reação (ex: Bronsted e Lewis) e b) É necessário utilizar técnicas para<br />
otimizar a redistribuição <strong>da</strong> molécula básica nos sítios ácidos, como utilizando um<br />
tempo adequado entre os pulsos ou a elevação <strong>da</strong> temperatura por um tempo curto<br />
após o pulso do veneno.<br />
Um método mais simples, do que o <strong>da</strong> titulação catalítica para determinação <strong>da</strong><br />
acidez de Bronsted, baseia-se na medi<strong>da</strong> de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão de um reagente<br />
escolhido (composto modelo), seguindo-se alguns critérios, tais como [152][153] :<br />
• A reação deve ocorrer somente sobre sítios de Bronsted sem a<br />
participação de sítios básicos, de sítios ácidos de Lewis ou outros<br />
mecanismos, como os via radicais livres.<br />
• Os reagentes, ou os produtos não devem causar modificação na acidez<br />
do catalisador nas condições testa<strong>da</strong>s. Como exemplos temos as<br />
reações de desidratação de álcoois, onde a água, que é produto <strong>da</strong><br />
reação, pode afetar a acidez. Outro exemplo seriam as reações onde a<br />
taxa de formação de coque seja eleva<strong>da</strong>.<br />
• O reagente deve ser escolhido em função <strong>da</strong> força do sítio que se<br />
deseja medir (Tabela <strong>II</strong>.29).<br />
98
Tabela <strong>II</strong>.29: reações utiliza<strong>da</strong>s para caracterização <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> em sólidos ácidos.<br />
a= reações bimoleculares [152].<br />
Reagente T. ( o C) Reação<br />
3,3- dimetil-1-buteno 200 isomerização estrutural<br />
Ciclohexeno 200 isomerização estrutural, transferência de hidrogênio (a)<br />
2,2,4-trimetilpentanto 350 craqueamento<br />
2,4-dimetilpentano 350 isomerização, craqueamento<br />
2-metilpentano 400 isomerização, craqueamento<br />
n-hexano 400 isomerização, craqueamento<br />
o-xileno 350 isomerização, desproporcionamento (a)<br />
1,2,4-trimetilbenzeno 350 isomerização, desproporcionamento (a)<br />
De maneira ideal, uma reação modelo, utiliza<strong>da</strong> para caracterizar a acidez de<br />
um catalisador, deveria apresentar uma correlação entre a ativi<strong>da</strong>de catalítica média<br />
em condições similares às utiliza<strong>da</strong>s na reação de interesse e o número total de sítios<br />
ácidos. Algumas <strong>da</strong>s limitações e dificul<strong>da</strong>des que a técnica apresenta seriam:<br />
• A ativi<strong>da</strong>de mensura<strong>da</strong> de uma reação é influencia<strong>da</strong> pelo número e<br />
pela força dos sítios ácidos, o que acarreta a dificul<strong>da</strong>de de isolar os<br />
efeitos associados à variação <strong>da</strong> força dos efeitos oriundos <strong>da</strong> variação<br />
do número de sítios ácidos. Um método geral, para verificar a<br />
importância <strong>da</strong> força em relação ao número de sítios, é medir a energia<br />
de ativação <strong>da</strong> reação. “Mu<strong>da</strong>nças significativas” na energia de<br />
ativação, correspondem a mu<strong>da</strong>nças na natureza dos sítios, isto é, a<br />
alterações na força áci<strong>da</strong>;<br />
• As reações podem estar sendo controla<strong>da</strong>s pela etapa de difusão,<br />
levando a desvios significativos em relação a media intrínseca <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de.<br />
• A taxa de reação pode ser afeta<strong>da</strong> pela estrutura zeolítica, fazendo<br />
com que o efeito <strong>da</strong> acidez seja mascarado.<br />
Dentre as diversas reações reporta<strong>da</strong>s na literatura para caracterização <strong>da</strong><br />
acidez temos:<br />
99
• A Isomerização do n-butano para iso-butano é normalmente utiliza<strong>da</strong> como<br />
critério de verificação se um sólido possui superacidez, uma vez que esta<br />
reação não é catalisa<strong>da</strong> por ácido sulfúrico 100%. Com base neste critério<br />
considera-se que ZrO2-SO4 2- , TiO2-SO4 2- e Fe2O3-SO4 2- sejam superácidos,<br />
pois estes sólidos podem catalisar a reação de butano para isobutano em<br />
temperaturas entre 20 a 50 o C [126].<br />
• O craqueamento do n-hexano é uma <strong>da</strong>s reações mais utiliza<strong>da</strong>s para<br />
caracterização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e seletevi<strong>da</strong>de em catalisadores de FCC. Em<br />
zeólitas do tipo ZSM-5 a taxa de reação medi<strong>da</strong> a 538 o C (denominado teste α)<br />
é linearmente dependente do conteúdo de alumínio tetraédrico, levando a<br />
conclusão que os sítios ácidos na zeólita H-ZSM-5 têm a mesma ativi<strong>da</strong>de. No<br />
entanto, quando submeti<strong>da</strong> a “steaming”, a ativi<strong>da</strong>de destes sítios aumenta na<br />
ordem de 45 a 75 vezes, sendo este fato explicado pela interação de espécies<br />
de alumínio fora <strong>da</strong> rede com os sítios ácidos restantes [120]. Foi observado<br />
que a formação destes sítios de força áci<strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> na zeólita H-ZSM-5 é<br />
dependente <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento em atmosfera de ar seco,<br />
ocorrendo um máximo na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano e do<br />
propano na temperatura de pré-tratamento de 580 o C [122]. Com base no<br />
mecanismo reacional, Lukyanov [153][154] propôs o uso <strong>da</strong> taxa de formação<br />
do isobutano com valores de conversão do n-hexano inferiores a 4% e a 400<br />
o<br />
C como sendo um método quantitativo para determinação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de<br />
transferência de hidrogênio em zeólitas.<br />
• A conversão do metil-ciclo-hexeno foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por vários pesquisadores<br />
como reação modelo para caracterização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de transferência de<br />
hidrogênio em catalisadores de FCC. Uma limitação é que, para evitar a rápi<strong>da</strong><br />
desativação, a temperatura escolhi<strong>da</strong> para os experimentos se situa em torno<br />
de 250 o C, que é uma temperatura bem mais baixa do que as temperaturas<br />
tipicamente utiliza<strong>da</strong>s no processo de FCC [155].<br />
• O craqueamento do cumeno tem sido utilizado desde 1956 para<br />
caracterização <strong>da</strong> acidez [156]. Apesar de muito utiliza<strong>da</strong>, esta reação está<br />
sujeita a numerosa controvérsia na literatura para o seu uso como reação<br />
modelo de caracterização <strong>da</strong> acidez, como por exemplos: a) Corma e<br />
Wojwechowski [156] relatam 17 expressões cinéticas para esta reação<br />
100
ocorrendo sobre zeólitas e sílica-aluminas, o que coloca em dúvi<strong>da</strong> o uso de<br />
expressões simplifica<strong>da</strong>s para determinação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ; b) Alguns autores<br />
observam a formação de vários produtos primários, além de benzeno e<br />
propeno, defendendo a participação de sítios ácidos de Lewis na formação de<br />
alguns destes produtos [156]; c) A reação parece ser específica para<br />
caracterizar uma pequena fração dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong> [157].<br />
• A ativi<strong>da</strong>de catalítica de desidratação do álcool isopropílico para propileno (Rp)<br />
é proporcional à acidez do catalisador (Taxa = K1. Acidez) , enquanto que a<br />
ativi<strong>da</strong>de de desidrogenação do álcool isopropílico para acetona (Ra) é<br />
proporcional à acidez e à basici<strong>da</strong>de do catalisador ( Taxa = K2. Acidez .<br />
Basici<strong>da</strong>de) [141]. Desta forma pode se obter tanto a acidez do catalisador<br />
(Acidez = Rp/K1) quanto a sua basici<strong>da</strong>de (Basici<strong>da</strong>de = K2 . Ra/Rp). Este<br />
método não é recomen<strong>da</strong>do para a caracterização de sólidos com eleva<strong>da</strong><br />
basici<strong>da</strong>de, como La2O3 e ThO2, uma vez que os sítios básicos fortes catalisam<br />
a desidratação dos álcoois [141] ou quando utilizando catalisadores sensíveis à<br />
modificação <strong>da</strong> acidez pela água produzi<strong>da</strong> durante a reação.<br />
O uso de reações modelo para caracterização de acidez encontra ain<strong>da</strong><br />
aplicações em casos específicos, tais como a determinação <strong>da</strong> acidez externa de<br />
zeólitas. Neste caso, faz-se uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de de seletivi<strong>da</strong>de de forma, utilizando-se<br />
um reagente que, devido as suas dimensões, não penetre no interior dos poros. Como<br />
exemplo tem-se o uso do 1,3,5-trimetilbenzeno (TMB) para a caracterização <strong>da</strong> acidez<br />
externa de zeólitas do tipo ZSM5 [158].<br />
Uma <strong>da</strong>s grandes dificul<strong>da</strong>des para a determinação <strong>da</strong> acidez de catalisadores<br />
bifuncionais utilizando compostos modelos é eliminar o efeito <strong>da</strong> função metálica.<br />
Guisnet [153] revisa algumas reações propostas: a) O desproporcionamento do<br />
etilbenzeno em presença de hidrogênio apresenta a questão controversa do efeito<br />
inibidor do hidrogênio na ativi<strong>da</strong>de, existindo a proposta desta ação ser devido à<br />
diminuição <strong>da</strong> acidez ou <strong>da</strong> redução do teor de intermediários carbênios e b) O<br />
craqueamento do n-hexano em ausência de hidrogênio apresenta a questão<br />
controversa <strong>da</strong> possível participação de espécies olefínicas gera<strong>da</strong>s sobre os sítios<br />
metálicos. O envenenamento dos sítios metálicos (ex: com S) por sua vez, pode<br />
alterar a acidez, uma vez que é conheci<strong>da</strong> que ocorre uma forte interação entre os<br />
sítios metálicos e os sítios ácidos de catalisadores zeolíticos.<br />
101
<strong>II</strong>.4. Síntese e proprie<strong>da</strong>des de [Fe]HZSM5<br />
De forma a fun<strong>da</strong>mentar a síntese e a caracterização <strong>da</strong> zeólita do tipo ZSM5<br />
contendo ferro em sua estrutura (representado como sendo H[Fe]ZSM5 – seção<br />
<strong>II</strong>I.1.4.), realizou-se uma breve revisão sobre suas proprie<strong>da</strong>des e condições de<br />
síntese.<br />
Brabec e colaboradores [159] utilizaram as técnicas de TPD de amônia, TPR,<br />
FTIR de acetonitrila, ESR e as reações de desidrogenação oxi<strong>da</strong>tiva do etano e<br />
aromatização do etano e do eteno para caracterizar amostras de H[Fe]ZSM5 e<br />
Fe/ZSM5 prepara<strong>da</strong>s por síntese direta, por modificação <strong>da</strong> boralita, por troca iônica<br />
ou impregnação em meio aquoso e por reação em estado sólido de HZSM5 com<br />
compostos de ferro. Segundo os autores:<br />
• Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para o TPR observou-se a redução do ferro<br />
presente na estrutura como Fe 3+ em temperaturas acima de 800 o C e de<br />
espécies de óxido de ferro presentes fora <strong>da</strong> estrutura na faixa de 400 a<br />
800 o C (Figura <strong>II</strong>.65).<br />
• Por TPR e EPR foi visto que o Fe foi introduzido na estrutura somente pela<br />
rota de síntese direta em meio isento de álcalis ou em meio contendo<br />
fluoreto. O perfil de TPR indica uma maior quanti<strong>da</strong>de de Fe fora <strong>da</strong><br />
estrutura para rota fluoreto (Figura <strong>II</strong>.65 – consumo de hidrogênio abaixo de<br />
800 o C).<br />
• Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para o TPD, as amostras de HZSM5 troca<strong>da</strong>s ou<br />
impregna<strong>da</strong>s com Fe 3+ apresentaram um máximo a baixa temperatura<br />
(
Figura <strong>II</strong>.65: Perfis de TPR para amostras de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s em meio isento de<br />
álcalis (1B) ou em meio contendo fluoreto (3C). São ain<strong>da</strong> apresentados os perfis para<br />
uma amostra de HZSM5 troca<strong>da</strong> no estado sólido com nitrato de ferro (5Db), do oxido<br />
de ferro puro e de uma boralita (Si/B=11) aquecido em autoclave com solução aquosa<br />
de nitrato de ferro (10A) [159].<br />
Figura <strong>II</strong>.66: Perfis de TPD para amostras de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s em meio isento de<br />
álcalis (1C) e em meio contendo fluoreto (3C) [159].<br />
103
Gusman e colaboradores [160] estu<strong>da</strong>ram o efeito do uso de uma fonte de<br />
sílica coloi<strong>da</strong>l (Ludox AS) ou em forma de pó sobre as proprie<strong>da</strong>des de [Fe]ZSM5<br />
(Si/Fe=30.0). A cristalização foi efetua<strong>da</strong> em condições hidrotérmicas a 190 o C por 24<br />
horas utilizando uma mistura de NH4OH, Fe(NO3)3.9H2O, TPA-Br e a fonte de sílica<br />
(Ludox ou SiO2). Não foram observa<strong>da</strong>s diferenças no difratograma de raios X<br />
utilizando as duas fontes de sílica (Figura <strong>II</strong>.67). Ambas as amostras foram<br />
identifica<strong>da</strong>s como sendo do tipo ZSM5. No entanto, por microscopia de transmissão<br />
eletrônica (TEM), observou-se que a amostra prepara<strong>da</strong> com sílica coloi<strong>da</strong>l era<br />
constituí<strong>da</strong> de uma fase pura de [Fe]ZSM5, enquanto a amostra prepara<strong>da</strong> com o uso<br />
de SiO2 era constituí<strong>da</strong> de uma mistura de silicalite e zeólita do tipo [Fe]ZSM5.<br />
Figura <strong>II</strong>.67: DRX de amostras de ZSM5 (c) e de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s com sílica<br />
coloi<strong>da</strong>l (Cs) e sílica em pó (SP) [160]<br />
Borade [161] estudou a cinética de cristalização de [Fe]ZSM5. As amostras<br />
foram prepara<strong>da</strong>s pela adição de uma solução aquosa de Fe2(SO4)3.6H2O sobre uma<br />
solução de silicato de sódio e TPABr. O pH foi ajustado pela adição de H2SO4 diluído.<br />
A mistura foi agita<strong>da</strong> por 30 minutos e a seguir leva<strong>da</strong> autoclava<strong>da</strong> em diversas<br />
temperaturas de 140, 160 e 180 o C. O tempo de síntese para se obter cristalinili<strong>da</strong>de<br />
em torno de 100% variou com a temperatura de síntese, tendo sido de 24, 16 e 10 h<br />
104
para temperaturas de 140, 160 e 180 o C, respectivamente. O autor observou ain<strong>da</strong><br />
que: a) a estabili<strong>da</strong>de térmica dos ferrosilicatos é superior a 600 o C nas condições<br />
testa<strong>da</strong>s por TG e DTA e b- a força dos sítios ácidos dos ferrosilicados (Tmax ≈ 357 o C)<br />
é inferior a <strong>da</strong> zeólita ZSM5 (Tmax ≈ 527 o C) por TPD de amônia.<br />
Kim e Ahn [162] investigaram o efeito <strong>da</strong> razão Si/Fe, <strong>da</strong> temperatura de<br />
reação, do tempo de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional e do tempo de cristalização.<br />
Estes autores observaram que:<br />
• Ocorre um aumento na taxa de cristalização com o aumento <strong>da</strong> razão<br />
SiO2/Fe2O3 de síntese (na faixa estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de SiO2/Fe2O3 foi entre 50 a 300<br />
(molar)).<br />
• Observa-se um rápido aumento na taxa de cristalização e uma redução no<br />
tamanho dos cristalitos, quando se envelhece a mistura reacional a<br />
temperatura ambiente (30 o C) por 1 a 2 dias.<br />
Szostak e colaboradores [163] observaram que a estabili<strong>da</strong>de térmica e<br />
hidrotérmica do ferro é inferior a estabili<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> para o alumínio na estrutura<br />
<strong>da</strong> zeólita ZSM5. Devido a baixa estabili<strong>da</strong>de do ferro na estrutura, vários autores<br />
sugerem que uma amostra de [Fe]ZSM5 cui<strong>da</strong>dosamente calcina<strong>da</strong> em fluxo de ar<br />
apresenta coloração branca, enquanto o aparecimento de tonali<strong>da</strong>des marrons indica<br />
a presença de espécies de óxido de ferro fora <strong>da</strong> rede [ex:[159].<br />
Segundo a literatura várias técnicas de caracterização podem ser utiliza<strong>da</strong>s<br />
para evidenciar a presença de Fe na estrutura <strong>da</strong> zeólita ZSM5 e/ou espécies de Fe<br />
não estruturais:<br />
• Por TPR o Fe presente na estrutura se reduz a temperaturas mais<br />
eleva<strong>da</strong>s (> 800 o C) do que espécies de óxido de ferro eventualmente<br />
presentes [160] (Figura <strong>II</strong>.66).<br />
• A introdução de Fe na estrutura causa uma expansão <strong>da</strong> célula unitária<br />
vista por DRX devido ao comprimento de ligação Fe-O (1.84 o A) ser<br />
maior do que o comprimento de ligação Al-O (1.60 o A) [162][163]<br />
(Figura <strong>II</strong>.68). No entanto para baixos teores de ferro presentes este<br />
105
comportamento pode não ser observado, como indicado por Ribera e<br />
colaboradores com o uso de FeZSM5 com Fe/Si = 152 [164].<br />
Figura <strong>II</strong>.68: Expansão do volume <strong>da</strong> célula unitária de estruturas [Fe]ZSM5 com a<br />
razão molar SiO2/Fe2O3 ο= silicalite (com SiO2/Al2O3 = 1600) [163].<br />
Por ESR observa-se: a- um sinal a g ≅ 4.3 associado a presença de Fe na<br />
estrutura; b- um sinal intenso centrando em g ≅ 2.0 - 2.3 associado a presença de Fe<br />
3+ em coordenação octaédrica relacionado a presença de espécies de hidróxido/óxido<br />
ou como íons isolados em posições de troca iônica [165][166].<br />
106
<strong>II</strong>I. Materiais e Métodos<br />
<strong>II</strong>I.1. Preparo de catalisadores<br />
Os catalisadores estu<strong>da</strong>dos no presente trabalho podem ser agrupados nas<br />
categorias abaixo:<br />
• Zeólita HZSM5 modifica<strong>da</strong> por cátions (Li + , Ca 2+ e La 3+ );<br />
• Zeólitas H-βeta e HUSY modifica<strong>da</strong>s por Li + ;<br />
• zeólitas HZSM5 e H-βeta modifica<strong>da</strong>s por fósforo;<br />
• Zeólita H[Fe]ZSM5;<br />
• Pt/Al2O3;<br />
• Catalisadores comerciais.<br />
Os respectivos métodos de preparo são descritos a seguir:<br />
<strong>II</strong>I.1.1. Preparo de Ca-HZSM5, Li-HZSM5 e La-HZSM5<br />
A amostra Ca-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> por troca iônica de uma amostra de<br />
HZSM5 comercial (Degussa, KM 607, SiO2 = 95.4 %p/p; Al2O3 = 4.46 %p/p; Na2O <<br />
0.05% p/p), utilizando-se uma solução aquosa 1M de Ca(NO3)2.4H2O (Aldrich, ><br />
99%p/p) sob refluxo por 4 horas e com razão massa <strong>da</strong> solução/ massa de zeólita de<br />
10. Seguiu-se a lavagem com água desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 horas a 130 -<br />
140 o C e calcinação em ar estático a 450 o C por 4.5 horas. O pH inicial <strong>da</strong> suspensão<br />
foi de 7.10 e o final de 2.90 mostrando a ocorrência de troca iônica.<br />
A amostra La-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> amostra de HZSM5 comercial<br />
(Degussa KM 607) descrita acima. A introdução de lantânio foi efetua<strong>da</strong> por 4 trocas<br />
iônicas sucessivas sob refluxo com duração de 4h ca<strong>da</strong> uma, utilizando-se uma<br />
solução aquosa 0.23 M de La(NO3)3.6H2O (Aldrich) e razão entre a massa de<br />
solução/massa de zeólita de 20. Seguiu-se a etapa de lavagem com água<br />
desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 h a 130-140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5 horas.<br />
107
O pH inicial <strong>da</strong> suspensão foi de aproxima<strong>da</strong>mente 4.0 e o pH final ficou na faixa de<br />
2.5 a 3.5.<br />
A amostra de Li-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> também a partir <strong>da</strong> amostra de HZSM5<br />
comercial (Degussa KM 607) descrita acima. A introdução de lítio foi efetua<strong>da</strong> por 2<br />
(ou 4) trocas iônicas sucessivas à temperatura ambiente com duração de 2 horas<br />
ca<strong>da</strong>, utilizando-se solução aquosa 1M de LiNO3 (VETEC; > 95 %p/p) com razão entre<br />
a massa de solução/massa de zeólita de 10. Seguiu-se a etapa de lavagem com água<br />
desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 h a 130-140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5h. O<br />
pH inicial <strong>da</strong> suspensão foi de 2.9 e o pH final de aproxima<strong>da</strong>mente 3.0<br />
As condições de troca iônica utiliza<strong>da</strong>s se basearam em alguns critérios<br />
qualitativos: a) O Li por ser um cátion pequeno tem boa facili<strong>da</strong>de de troca iônica. Uma<br />
vez que o pH <strong>da</strong> suspensão inicial observado foi significativamente ácido (2.9), optouse<br />
por realizar as trocas iônicas a temperatura ambiente para evitar possíveis<br />
alterações na amostra (ex: dessaluminização); b) O La por ser um cátion grande tem<br />
maior dificul<strong>da</strong>de de troca iônica, neste caso optou-se por realizar as trocas iônicas<br />
sobre refluxo, mas utilizando uma concentração molar do cátion de somente 0.23 M<br />
(versus 1 M para as trocas iônicas com Ca e Li) de forma a se ter um pH moderado (o<br />
pH <strong>da</strong> suspensão inicial foi 4.0); c) Uma vez que o pH <strong>da</strong> suspensão inicial com a<br />
solução contendo a zeólita e o cátion Ca foi próximo a neutrali<strong>da</strong>de (7.10), optou-se<br />
pelo uso de refluxo para se ter um maior nível de troca. Estas condições obviamente<br />
não estão otimiza<strong>da</strong>s e como sugestão para futuros trabalhos (seção VI) sugere-se o<br />
estudo sistemático do efeito do grau de troca iônica sobre a ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong>s reações de hidroisomerização.<br />
<strong>II</strong>I.1.2. Preparo de Li-Hβ e Li-HUSY<br />
O método utilizado foi idêntico à preparação de Li-HZSM5. Utilizou-se amostras<br />
comerciais de Hβ (SudChemie H-β25) e HUSY (Zeolyst, CBV 720, SiO2/Al2O3 = 30,<br />
Na2O < 0.03 %p/p, 780 m 2 /g e tamanho de célula unitário de 24,28 o A).<br />
108
<strong>II</strong>I.1.3. Preparo de P-HZSM5 e P-Hβeta<br />
Foram utiliza<strong>da</strong>s as amostras comerciais (HZSM5 - Degussa, KM 607 e H-β -<br />
SudChemie H-β25). A introdução do fósforo foi efetua<strong>da</strong> por impregnação com uma<br />
solução aquosa de ácido fosfórico (Grupo Química; H3PO4, > 85 %p/p, PA ), utilizandose<br />
razão entre a massa de solução/massa de zeólita de 1.0 e as concentrações<br />
necessárias para se obter os teores de P desejados no produto final. A seguir tivemos<br />
a etapa de secagem do excesso de solução a 70 o C por 1 noite sob vácuo, secagem<br />
por 24 horas a 130 - 140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5 h. Foram prepara<strong>da</strong>s<br />
amostras de HZSM5 contendo 1, 2 e 4% de P e H-βeta contendo 0.5; 1.5; 3.0; 6.0 e<br />
8.0 %p/p de P.<br />
<strong>II</strong>I.1.4. Preparo de H[Fe]HZSM5<br />
A amostra de Na[Fe]ZSM5 foi sintetiza<strong>da</strong> com o uso de silicato de sódio<br />
(CENPES, 27.50 %p/p de SiO2; 8.54 % de Na2O, 63,96 %p/p de H2O); sulfato férrico<br />
(VETEC, Fe2(SO4)3.xH2O, > 22.4 %p/p de Fe); brometo de tetra-propil-amônio<br />
(MERCK; TPA-Br, C12H28NBr; > 99%p/p); ácido sulfúrico (Merck, 95-97%p/p) e água<br />
desmineraliza<strong>da</strong>. A composição do gel reacional em base molar foi de: Fe2O3 = 0.01;<br />
SiO2= 1; OH - = 0.26; TPABr = 0.2 e H2O = 32.<br />
Num preparo típico (para SiO2/Fe2O3 = 100) a quanti<strong>da</strong>de dos diversos<br />
reagentes utilizados foi de: 118,76 g de silicato de sódio; 28.90 g de TPABr; 2.71 g de<br />
sulfato de férrico; 311.81 g de água desmineraliza<strong>da</strong> e 7.83 g de ácido sulfúrico,<br />
obtendo-se um produto de, aproxima<strong>da</strong>mente, 25 gramas após a calcinação.<br />
Os reagentes foram adicionados a temperatura ambiente sob contínua<br />
agitação, sendo a mistura reacional envelheci<strong>da</strong> a temperatura ambiente por 24 horas<br />
sob agitação e, a seguir, leva<strong>da</strong> para autoclave revesti<strong>da</strong> com teflon durante 50 horas<br />
a 160 o C. Após este período as amostras foram filtra<strong>da</strong>s e lava<strong>da</strong>s com água<br />
desmineraliza<strong>da</strong> e, a seguir secas a 120 o C por aproxima<strong>da</strong>mente 16 horas. A<br />
calcinação para a retira<strong>da</strong> do direcionador foi efetua<strong>da</strong> com secagem prévia a 150 o C<br />
por 30 minutos, segui<strong>da</strong> de calcinação em ar estático a 450 o C por 5 h. Para obtenção<br />
<strong>da</strong> forma áci<strong>da</strong> (H-[Fe]ZSM5) foram efetua<strong>da</strong>s 3 trocas iônicas sucessivas com<br />
109
solução aquosa 10 %p/p de NH4Cl (VETEC). Ao término <strong>da</strong>s trocas, a zeólita foi<br />
lava<strong>da</strong> com água desmineraliza<strong>da</strong>, seca a 110 o C por 24 h e calcina<strong>da</strong> em ar estático<br />
por 550 o C durante 5 horas.<br />
<strong>II</strong>I.1.5. Preparo de Pt/Al2O3<br />
A mostra de Pt/Al2O3 foi prepara<strong>da</strong> por impregnação de uma alumina comercial<br />
(CCI 331-3, 230 m 2 /g, 0.7 cm3/g) com H2PtCl6.6H2O dissolvido em solução 0.2 N de<br />
ácido clorídrico, seguido de secagem em rotavapor a 50 o C por 4 horas e em estufa a<br />
100 o C por 24 horas. A calcinação foi efetua<strong>da</strong> a 450 o C (com taxa de 1 o Cmin a partir<br />
<strong>da</strong> temperatura de 100 o C) por 2 horas em ar estático. O teor final de Pt obtido por<br />
absorção atômica e a dispersão obti<strong>da</strong> por quimissorção de hidrogênio foram<br />
respectivamente, 1.2 %p/p e 43 %. A área específica <strong>da</strong> amostra foi de 215 m 2 /g com<br />
volume de poros de 0.7 cm 3 /g determinados por adsorção de nitrogênio.<br />
Esta amostra foi utiliza<strong>da</strong> para a maioria dos experimentos de<br />
hidroisomerização em mistura mecânica com o sólido ácido (zeólitas ou sólidos<br />
amorfos). As misturas mecânicas foram realiza<strong>da</strong>s por moagem manual utilizando<br />
grau e pistilo durante 15 minutos aproxima<strong>da</strong>mente.<br />
<strong>II</strong>I.1.6. Outros catalisadores<br />
Nesta seção são reportados os preparos de catalisadores que não foram<br />
estu<strong>da</strong>dos sistematicamente pelas reações de hidroisomerização (n-heptano ou ndecano),<br />
tendo sido preparados para auxiliar na discussão de algum item específico.<br />
a) Fe/HZSM5 (I): Uma amostra contendo 3% de Fe2O3 foi prepa<strong>da</strong> por<br />
impregnação ao volume de poros <strong>da</strong> zeólita HZSM5 comercial Degussa KM607,<br />
utiliza<strong>da</strong> nos preparos anteriores (<strong>II</strong>.1.1 a <strong>II</strong>.1.3), utilizando solução aquosa de<br />
Fe(NO3)3.9H2O (Merck > 99%). Após a impregnação, a amostra foi seca por 1 noite<br />
a 130 – 140 o C em estufa e, a seguir, calcina<strong>da</strong> ao ar estático a 150 o C por 1 h<br />
seguido por 4.5 h a 450 o C.<br />
110
) Fe/HZSM5 (T): Uma amostra de HZSM5 comercial (Degussa KM607) foi<br />
submeti<strong>da</strong> a troca iônica com uma solução 1 M de Fe(NO3)3.9H2O (Merck > 99%),<br />
com razão entre massa de solução/massa de zeólita de 10. Foram efetua<strong>da</strong>s 4<br />
trocas iônicas a temperatura ambiente, com duração de 2 horas em ca<strong>da</strong> etapa.<br />
hexano<br />
<strong>II</strong>I.2. Caracterização de catalisadores<br />
<strong>II</strong>I.2.1. Caracterização <strong>da</strong> acidez pelo craqueamento do n-<br />
O craqueamento do n-hexano (Aldrich, > 99.3 % com presença de metilpentano-3,<br />
metil-pentano-2 e metil-ciclo-pentano) foi realizado em uni<strong>da</strong>de de microativi<strong>da</strong>de<br />
operando a pressão atmosférica e temperaturas entre 450 e 500 o C, como<br />
ferramenta de caracterização <strong>da</strong> acidez. O n-hexano foi alimentado ao reator pela<br />
passagem de nitrogênio como gás de arraste em um saturador mantido a 2 o C.<br />
Utilizaram-se massas de catalisadores entre 0.04 a 0.2 g previamente moídos para<br />
100-150 mesh. Antes <strong>da</strong> reação os catalisadores foram pré-tratados em fluxo de<br />
nitrogênio a 150 o C por 30 minutos, seguido de patamar de 500 o C por 40 minutos. A<br />
constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação foi obti<strong>da</strong> considerando-se cinética de 1 a ordem,<br />
com os valores normalizados pela área específica obtido por adsorção de nitrogênio<br />
(BET) (Detalhes dos cálculos e estimativa do erro experimental são apresentados na<br />
seção IV.1). As curvas de iso-conversão foram obti<strong>da</strong>s pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de<br />
espacial.<br />
Experimentos típicos utilizando-se zeólitas do tipo HZSM5 foram realizados de<br />
maneira contínua e tiveram duração aproxima<strong>da</strong> de 4 horas, com a desativação sendo<br />
inferior a 5% de conversão. Experimentos utilizando-se zeólitas do tipo H-β ou HUSY<br />
tiveram duração aproxima<strong>da</strong> de 1 hora, utilizando-se o procedimento de interromper o<br />
fluxo de reagentes durante o tempo de análise cromatográfica, de forma a minimizar a<br />
desativação.<br />
111
Reagente e produtos foram analisados em linha por cromatografia gasosa. O<br />
equipamento utilizado foi um cromatógrafo HP 4890 operando com software de<br />
controle "Chemistation". As condições utiliza<strong>da</strong>s para as análises foram: a) coluna<br />
PONA (HP) de 50 m x 0.2 mm x 0.5 µm de espessura de fase; b) programação de<br />
temperatura de -20 o C por 1.40 minutos, taxa de 50 o C/min e patamar de 170 o C por 7<br />
min; c) detector de ionização de chama operando a 200 o C; d) injetor a 150 o C; e)<br />
hidrogênio como gás de arraste na pressão de 20 psi. A tabela <strong>II</strong>I.1 apresenta os<br />
tempos de retenção dos diversos produtos identificados.<br />
Tabela <strong>II</strong>I.1 - Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />
observados na reação de craqueamento do n-hexano<br />
Componente Tempo de retenção (min)<br />
Metano 2,22<br />
Eteno 2,29<br />
Etano 2,33<br />
Propeno 2,69<br />
Propano 2,73<br />
Iso-butano 3,36<br />
1buteno/iso-buteno 3,67<br />
n-butano 3,79<br />
t-buteno-2 3,93<br />
c-buteno-2 4,12<br />
Iso-pentano 4,54<br />
Pentenos 5,1-5,6<br />
2,2 dimetil-butano 5,62<br />
2,3 dimetil-butano 5,73<br />
2-metil-pentano 5,78<br />
3-metil-pentano 6,00<br />
Hexenos 6,10<br />
n-hexano 6,12<br />
Hexenos 6,13-6,3<br />
Metil-ciclo-pentano 6,34<br />
C 6+ 6.4-6.5<br />
Benzeno 6.53<br />
C 6+ 6.6-7.25<br />
Tolueno 7,31<br />
Etil-benzeno 7,98<br />
M/p-xilenos 8,03<br />
σ-xileno 8,22<br />
Aromaticos > C 9+ >8,3<br />
112
<strong>II</strong>I.2.2. Caracterização <strong>da</strong> acidez por TPDA<br />
A técnica de dessorção de amônia a temperatura programa<strong>da</strong> (TPDA) foi<br />
realiza<strong>da</strong> no equipamento TPD/TPR 2900 <strong>da</strong> Micromeritics, utilizando-se as seguintes<br />
condições: a) massa de 0.2 g e fluxo de 60 cm 3 /min de He em to<strong>da</strong>s as etapas; b) prétratamento<br />
“in-situ” a 150 o C/1h, taxa de 10 o C/min e patamar de 500 o C/1h; c)<br />
adsorção de amônia por injeção de pulsos a 150 o C; d) purga a 150 o C/1h; e)<br />
dessorção com taxa de 10 o C/min entre 150 o C até 600 o C (mantido por 1h). A<br />
deconvolução dos perfis de dessorção foi efetua<strong>da</strong> com o auxilio do programa Peak-<br />
Solve (Galactic), definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios ou fortes em<br />
função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre 200 a 300 o C,<br />
300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente.<br />
<strong>II</strong>I.2.3. Caracterização <strong>da</strong> acidez por IR de piridina<br />
Utilizou-se um espectrômetro FTIR Nicolet modelo Magma 650 com detetor do<br />
tipo MCT empregando-se pastilhas auto-suporta<strong>da</strong>s pesando entre 10 e 15 mg/cm 2 .<br />
As condições utiliza<strong>da</strong>s foram: a)pré-tratamento "in-situ" a temperatura de 480 o C sob<br />
vácuo de 10 -6 Torr por 4 h; b) obtenção do espectro de referência à temperatura<br />
ambiente; c) adsorção de piridina (4 Torr) por 15 min a temperatura ambiente, seguido<br />
de vácuo a 200 o C por 2 h e obtenção do espectro após o retorno a temperatura<br />
ambiente ; d) elevação <strong>da</strong> temperatura para 350 o C manti<strong>da</strong> por 2 horas e registro do<br />
espectro de adsorção após o retorno a temperatura ambiente. Após subtração do<br />
espectro de referência, as áreas integra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s dos sítios ácidos de Bronsted<br />
e Lewis são calcula<strong>da</strong>s usando-se o programa de computador OMNIC <strong>da</strong> Nicolet. Os<br />
cálculos são normalizados para pastilhas de 10 mg/cm 2 e a seguir corrigidos pela área<br />
específica <strong>da</strong>s amostras.<br />
113
<strong>II</strong>I.2.4.. Caracterização por TPR<br />
As amostras de H[Fe]ZSM5 foram caracteriza<strong>da</strong>s pela técnica de reduçao a<br />
temperatura programa<strong>da</strong> (TPR) utilizando o equipamento TPD/TPR 2900 <strong>da</strong><br />
Micromeritics e as seguintes condições: a) massa de 0.1 g; b) pré-tratamento em fluxo<br />
de ar sintético a 150 o C por 30 minutos seguido de patamar a 550 o C por 1; c) redução<br />
<strong>da</strong> temperatura ambiente até 1000 o C (mantido por 1hora) com taxa de 10 o C/min em<br />
fluxo de 20 ml/min de H2 (5%v/v em argônio).<br />
<strong>II</strong>I.2.5. Outras caracterizações (DRX, FRX, BET)<br />
• Os difratogramas de raios X foram obtidos em difratômetro Phillips PW<br />
1820, com radiação Cu Kα utilizando-se o método do pó (granulometria<br />
menor que 100 mesh).<br />
• A quantificação dos elementos foi obti<strong>da</strong> por fluorescência de raios X (FRX)<br />
usando-se um espectrômetro Philips PW 1407.<br />
• A análise textural <strong>da</strong>s amostras foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por adsorção-dessorção de N2<br />
a 77 K em um equipamento ASAP 2400 <strong>da</strong> Micromeritics. Antes <strong>da</strong>s<br />
análises as amostras foram submeti<strong>da</strong>s a vácuo na temperatura de 450 o C.<br />
O modelo BET (Brunauer, Emmett e Teller) foi utilizado na faixa de pressão<br />
relativa entre 0.06 a 0.20 para calcular a área específica total. Embora a<br />
vali<strong>da</strong>de do modelo BET aplicado a isotermas do tipo I (típica de materiais<br />
microporosos como zeólitas) é questionável, considera-se adequado o seu<br />
uso para propósitos comparativos [171][172]. A distribuição de poros foi<br />
calcula<strong>da</strong> com base na isoterma de adsorção usando os métodos BJH e tplot.<br />
O volume de microporos e a área específica microporosa foram<br />
calculados utilizando-se o método t-plot.<br />
• A área metálica foi obti<strong>da</strong> por adsorção de hidrogênio em equipamento<br />
ASAP 2000 C <strong>da</strong> Micromeritics.<br />
• A análise de superfície por espectroscopia XPS, foi efetua<strong>da</strong> em um<br />
espectrômetro Escalab MK <strong>II</strong>, excitando-se as amostras com fótons de<br />
1486,6 eV de energia <strong>da</strong> transição K de um anodo de Al operado a 10kV e<br />
10 mA. Foram analisados os elementos O, C, Al, Si e Fe através de suas<br />
linhas O1s, C1s, Al2p, Si2s, Fe2p1/2 e Fe2p3/2.<br />
114
<strong>II</strong>I.3. Testes catalíticos<br />
<strong>II</strong>I.3.1. Hidroisomerização do n-heptano<br />
A hidroisomerização do n-heptano (VETEC, >99%p/p) foi realiza<strong>da</strong> em uni<strong>da</strong>de<br />
de microativi<strong>da</strong>de, operando a pressão atmosférica, temperaturas entre 230 a 300 o C<br />
e razão molar H2/n-C7 de 56. O n-heptano foi alimentado via saturador mantido na<br />
temperatura de 2 o C por banho termostático. A massa dos catalisadores ficou entre<br />
0.04 a 0.5 g, previamente moídos para faixa granulométrica menor do que 150 mesh.<br />
Antes <strong>da</strong> reação os catalisadores foram pré-tratados em fluxo de hidrogênio a 150 o C<br />
por 30 minutos, seguido de patamar a 350 o C por 2 horas. As curvas de iso-conversão<br />
foram obti<strong>da</strong>s pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial. Para minimizar a desativação<br />
utilizou-se o procedimento de interromper o fluxo de reagentes durante o tempo de<br />
análise cromatográfica. A análise foi efetua<strong>da</strong> em linha por cromatografia gasosa (HP<br />
4890) nas seguintes condições: a) coluna PONA (HP) de 50 m x 0.2 mm x 0.5 µm de<br />
espessura de fase; b) programação de temperatura de 35 o C por 8.0 minutos, taxa de<br />
30 o C/min e patamar de 220 o C por 14 min; c) detetor de ionização de chama<br />
operando a 200 o C; d) injetor a 170 o C; e) hidrogênio como gás de arraste na pressão<br />
de 15 psi. Na tabela <strong>II</strong>I.2 podemos ver os tempos de retenção dos diversos produtos,<br />
identificados por injeção de padrões e/ou espectrometria de massas. Na maioria <strong>da</strong>s<br />
discussões, os produtos foram agrupados nas frações: a) leves ≤ C7; b) monoramificados;<br />
c) bi-ramificados e d) tri-ramificados e e) outros (não identificados).<br />
Tabela <strong>II</strong>I.2- Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />
observados na reação de hidroisomerização do n-heptano nas condições testa<strong>da</strong>s.<br />
Componente Tempo de retenção (min)<br />
C1-C2 < 3,3<br />
Propano 3,40<br />
Butanos 3,6 – 4,1<br />
Parafinas C5 4,2-5,5<br />
Parafinas C6 5,6-8,8<br />
2,2 di-metil-pentano 8,87<br />
2,4 di-metil-pentano 9,13<br />
2,3,3, tri-metil-butano 9,34<br />
3,3 di-metil-pentano 9,97<br />
2 metil-hexano 10,28<br />
2,3 di-metil-pentano 10,36<br />
3-metil-hexano 10,54<br />
3 etil-propano 10,90<br />
n-heptano 11,22<br />
> C7 >11,3<br />
115
<strong>II</strong>I.3.2. Hidroisomerização do n-decano<br />
A hidroisomerização do n-decano (Aldrich, >99%) foi realiza<strong>da</strong> a pressão<br />
atmosférica, temperaturas entre 200 a 300 o C e razão molar H2/n-C10 de 759<br />
utilizando-se os mesmos procedimentos e condições de análise cromatográficas<br />
descritos para a hidroisomerização do n-heptano (item anterior). O n-decano foi<br />
alimentado via saturador mantido na temperatura de 16,5 o C por banho termostático. O<br />
valor elevado <strong>da</strong> razão H2/n-C10 utilizado foi devido a limitações <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de<br />
microativi<strong>da</strong>de utiliza<strong>da</strong>. Uma vez que as linhas após o saturador não eram aqueci<strong>da</strong>s,<br />
optou-se pelo uso de temperatura no saturador abaixo <strong>da</strong> temperatura ambiente, de<br />
forma a garantir que não haveria condensação do reagente antes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> no<br />
reator. Na tabela <strong>II</strong>I.3 podemos ver os tempos de retenção dos diversos produtos<br />
identificados por espectrometria de massas. Nas discussões os produtos foram<br />
agrupados nas frações: a- leves ≤ C9 e b- iso-decanos.<br />
Tabela <strong>II</strong>I.3 - Tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />
identificados na hidroisomerização do n-decano.<br />
Componente<br />
< parafinas C3<br />
Butanos<br />
Tempo de retenção (min)<br />
Parafinas C5 4,2-5.5<br />
Parafinas C6 5,6-8,8<br />
Parafinas C7 9,1- 11,2<br />
Parafinas C8 11,8-13,4<br />
Parafinas C9 13,5-14,9<br />
3-metil-nonano 15,1<br />
Tri-metil-nonanos 15,22<br />
Di-metil-octanos 15,3-15,7<br />
4-etil-octano + 4-metil-nonano 15,74<br />
3-etil-octano 15,8<br />
n-decano 16,14<br />
> C10 > 16,14<br />
hepteno<br />
<strong>II</strong>I.3.3. Craqueamento seqüencial do n-heptano e do 1-<br />
Algumas corri<strong>da</strong>s exploratórias foram realiza<strong>da</strong>s com as zeólitas na forma<br />
protônica e troca<strong>da</strong>s com Li + na reação de craqueamento do n-heptano (VETEC,<br />
>99%p/p) segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> reação de craqueamento do 1-hepteno (Merck, > 96%). O<br />
procedimento adotado foi: a -pré-tratar as amostras em fluxo de 40 ml/min de H2 com<br />
patamar de 150 o C por 30 minutos e 350 o C por 2 horas; b- reduzir a temperatura para<br />
116
230 o C e alimentar o n-heptano com razão molar H2/n-C7 de 56 por 10 minutos; c-<br />
purgar o reator com hidrogênio durante aproxima<strong>da</strong>mente 30 minutos com hidrogênio;<br />
d- reduzir a temperatura para 200 o C; e e- alinhar o 1-hepteno com o saturador<br />
mantido a 2 o C por 10 minutos (correspondendo a uma razão molar H2/n-hepteno de<br />
45 mol/mol). As analises cromatográficas foram efetua<strong>da</strong>s na mesma condição<br />
descrita no item <strong>II</strong>I 3.2. Os produtos, identificados por espectometria de massas, foram<br />
agrupados nas categorias abaixo (tabela <strong>II</strong>I.4):<br />
Tabela <strong>II</strong>I.4 - Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />
observados na conversão do 1-hepteno (condições cromatográficas descritas no item<br />
<strong>II</strong>I.2).<br />
Categoria Tempo de retenção (min)<br />
Leves < C7
onde: x= conversão ( 0 ≤ x ≤ 1)<br />
Kapp= constante aparente de reação (ml/g.min)<br />
w = massa de catalisador (g)<br />
v= vazão volumétrica do gás de arraste (ml/min) 2<br />
Quando determina<strong>da</strong> em várias temperaturas, pode-se ain<strong>da</strong> obter a energia<br />
aparente de reação (Eap) utilizando-se a equação de Arhenius (eq. IV.2).<br />
Ln Kapp = lnko – (Eap/R) . (1/T) (IV.2)<br />
onde: T= temperatura (K)<br />
Eap = energia aparente de ativação (J/mol)<br />
R = constante universal dos gases ideais (J/mol.K)<br />
A obtenção dos parâmetros Kapp e Eap são problemas típicos de estimação de<br />
parâmetros presentes no estudo <strong>da</strong> cinética heterogênea, mas no entanto,<br />
freqüentemente é negligenciado o efeito dos erros experimentais. Para se estimar o<br />
erro experimental <strong>da</strong> reação de craqueamento do n-hexano foi realizado um<br />
planejamento fatorial em três níveis de temperatura e com réplicas em diversas<br />
condições. Os catalisadores utilizados foram: 1) zeólita HZSM5 comercial (SM27 – Alsi<br />
Penta - Catalisador A) 2) a zeólita HZSM5 (SM27) modifica<strong>da</strong> por troca iônica com Zn<br />
(Catalisador B) e 3) a zeólita HZSM5 (SM27) modificados por troca iônica com Zn e Li<br />
(Catalisador C). A análise completa dos resultados pode ser vista na referência [173].<br />
As figuras IV.1.1 a IV.1.3 mostram, de acordo com a equação IV.1, os gráficos<br />
de ln(1/(1-X) em função <strong>da</strong> “veloci<strong>da</strong>de espacial (w/v)” e <strong>da</strong> temperatura de reação<br />
para as zeólitas HZSM5 testa<strong>da</strong>s na reação de craqueamento do n-hexano. Um<br />
primeiro ajuste dos resultados apresentados nas figuras IV.1.1 a IV.1.3 foi efetuado<br />
utilizando-se o método dos mínimos quadrados. Os resultados são apresentados na<br />
tabela IV.1.1. Para valores de até 50% de conversão, observa-se um bom ajuste<br />
baseado na cinética de 1ª ordem (equação IV.1) para a faixa de temperatura testa<strong>da</strong><br />
(430 a 480 o C). Estes resultados estão de acordo com a literatura, que mostra a<br />
vali<strong>da</strong>de do uso de cinética de primeira ordem para a reação de craqueamento do nhexano,<br />
especialmente para baixos valores de conversão e de temperatura de reação<br />
(< 10% e 400 o C) [174].<br />
118
Tabela IV.1.1: Ajuste pelo método dos mínimos quadrados <strong>da</strong> reação de<br />
craqueamendo do n-hexano forçando-se a passagem pela origem<br />
Cat. T. ( o C) Equação * R 2 Faixa de X<br />
%<br />
430 322 w/v 0,82 25 – 72<br />
A 450 398 w/v 0,86 22 – 73<br />
480 487 w/v 0,81 22 – 80<br />
430 193 w/v 0.98 12 – 53<br />
B 450 265 w/v 0.92 13 – 44<br />
480 365 w/v 0.90 22 – 50<br />
430 11 w/v 0,34 6 – 12<br />
C 450 22 w/v 0,67 7 – 18<br />
480 54 w/v 0,65 15 – 36<br />
* y= ln(1/(1-x) e x = w/v, coeficiente angular = Kapp<br />
ln (1/(1-X))<br />
Equação * R 2 Faixa de X<br />
%<br />
426 w/v 0,90 25 - 37<br />
498 w/v 0,95 22 - 44<br />
684 w/v 0,97 22 - 51<br />
- - -<br />
- - -<br />
- - -<br />
- - -<br />
- - -<br />
- - -<br />
1,80<br />
1,60<br />
1,40<br />
1,20<br />
1,00<br />
0,80<br />
0,60<br />
0,40<br />
0,20<br />
0,00<br />
0,0E+00 1,0E-03 2,0E-03 3,0E-03 4,0E-03 5,0E-03<br />
w/v (g/ml.min)<br />
T= 430oC T=450oC T=480oC<br />
Figura IV.1.1: Craqueamento do n-hexano – Catalisador A (HZSM5)<br />
ln (1/(1-X))<br />
1,00<br />
0,90<br />
0,80<br />
0,70<br />
0,60<br />
0,50<br />
0,40<br />
0,30<br />
0,20<br />
0,10<br />
0,00<br />
0,0E+00 1,0E-03 2,0E-03 3,0E-03 4,0E-03 5,0E-03<br />
w/v (g/ml.min)<br />
T= 430oC T=450oC T=480oC<br />
Figura IV.1.2: Craqueamento do n-hexano – Catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>)<br />
2 No caso do reagente alimentado via saturador<br />
119
ln (1/(1-X))<br />
0,70<br />
0,60<br />
0,50<br />
0,40<br />
0,30<br />
0,20<br />
0,10<br />
0,00<br />
0,0E+00 5,0E-03 1,0E-02 1,5E-02 2,0E-02 2,5E-02<br />
w/v (g/ml.min)<br />
T= 430oC T=450oC T=480oC<br />
Figura IV.1.3: Craqueamento do n-hexano – Catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>)<br />
Uma estimativa mais rigorosa dos valores de ativi<strong>da</strong>de e dos erros<br />
experimentais envolvidos foi efetua<strong>da</strong> considerando-se inicialmente os valores <strong>da</strong><br />
variância e do teste F <strong>da</strong> variável conversão (Tabelas IV.1.2 a IV.1.4). Considerando<br />
um intervalo de confiança de 97,5% com os respectivos valores de F para 3 ou 4<br />
experimentos (Tabela IV.1.5), podemos observar que erro associado a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
conversão não pode ser diferenciado, ou seja, pode ser considerado constante em<br />
relação a variação de temperatura e do catalisador. A estimativa do erro pode ser<br />
então obti<strong>da</strong> considerando a média pondera<strong>da</strong> dos valores obtidos nas réplicas (eq.<br />
IV.3). Análise similar pode ser efetua<strong>da</strong> para os valores de seletivi<strong>da</strong>de aos diversos<br />
produtos. Os resultados são sumarizados na tabela IV.1.6.<br />
s 2 (global) = ∑µ s 2 x/ ∑µ , onde µ = número de réplicas na condição i (IV.3)<br />
s 2 x = variância para o conjunto i<br />
Tabela IV.1.2: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />
catalisador A (HZSM5)<br />
Experimento 1 2 3<br />
N o de réplicas 4 4 3<br />
T.( o C) 430 450 480<br />
V. (ml/min) 40 40 40<br />
s 2 s 2 s 2 F12 F13 F23<br />
X. (%p/p) 1,4 11,8 6,3 0,12 0,23 1,88<br />
120
Tabela IV.1.3: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />
catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>s com Zn)<br />
Experimento 6 7 8 9 10 11<br />
N o de réplicas 4 4 4 3 4 3<br />
T.( o C) 430 450 480 430 450 480<br />
V.(ml/min) 40 40 40 20 20<br />
s 2 s 2 s 2 F67 F68 F78 s 2 s 2 s 2 F9-10 F 9-11 F 10-11<br />
X. (%p/p) 0,8 0,9 5,3 0,93 0,15 0,16 2,9 10,9 9,1 0,26 0,31 1,20<br />
Tabela IV.1.4: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />
catalisador C (HZSM5 modifica<strong>da</strong> com Zn e Li)<br />
Experimento 12 13 13 14<br />
N o de réplicas 4 4 3 4<br />
T.( o C) 450 480 430 450<br />
V.(ml/min) 40 40 20 20<br />
s 2 s 2 F12-13 s 2 s 2 F 13-14<br />
X. (%p/p) 1.39 2.64 0.53 2.70 2.39 1.13<br />
Tabela IV.1.5: Valores de F<br />
N o de experimentos (N1 e N2) Faixa de variação do parâmetro F<br />
3 e 3 0.0256 < F < 39.00<br />
4 e 4 0.0648 < F < 15.439<br />
3 e 4 0.0623 < F < 16.044<br />
4 e 3 0.0255 < F < 39.165<br />
Tabela IV.1.6: Variância observa<strong>da</strong> nos resultados experimentais<br />
Variável s 2 Observação<br />
Massa de catalisador (g) 0.01 Erro associado ao equipamento / leitura<br />
Temperatura ( o C) 2 “<br />
Vazão (ml/min) 1 “<br />
Conversão X. (%p/p) 8,06 Calculado a partir <strong>da</strong>s réplicas (tabelas IV.2-4)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
. metano 0.008 “<br />
. eteno 0.381 “<br />
. etano 0.243 “<br />
. propeno 2.233 “<br />
. propano 0.767 “<br />
. butanos 0.487 “<br />
. butenos 0.326 “<br />
. C5+ 0.377 “<br />
. Aromáticos 4.171 “<br />
Com as varianças determina<strong>da</strong>s (tabela IV.1.6) utilizou-se o programa<br />
“máxima” desenvolvido na COPPE/<strong>UFRJ</strong> para obtenção do valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de,<br />
considerando-se: a) expressão IV.1 rearranja<strong>da</strong> sob a forma <strong>da</strong> expressão IV.6 e b)<br />
variança na variável de saí<strong>da</strong> conversão fixa<strong>da</strong> em 8.06 (tabela IV.1.6); c) erros nas<br />
variáveis de entra<strong>da</strong> w, v e T considerados desprezíveis. Os resultados <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
121
são apresentados na tabela IV.1.7 e são similares aos obtidos utilizando-se o<br />
procedimento mais simples de regressão via o método dos mínimos quadrados (tabela<br />
IV.1.1). A inclusão dos erros associados as demais váriaveis (tabela IV.1.6) não<br />
alterou significativamente os resultados [173].<br />
X = 100 (1 - e –w/v. k ) X = conversão percentual ( 0 ≤ x ≤ 100) (IV.6)<br />
Tabela IV.1.7: Estimação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp) utilizando-se o programa “máxima”<br />
Catalisador Temp.<br />
( o Kapp Desvio Dp/Kapp C.<br />
C)<br />
padrão (dp) *100 correlação<br />
430 409 31<br />
7 1.000<br />
A 450 457 17<br />
4 1.000<br />
480 630 39<br />
6 1.000<br />
430 203<br />
6<br />
3 1.000<br />
B 450 291 10<br />
3 1.000<br />
480 385 15<br />
4 1.000<br />
430 12<br />
0.6<br />
5 1.000<br />
C 450 23<br />
1.5<br />
6 1.000<br />
480 51<br />
4.0<br />
8 1.000<br />
Baseado nestes resultados, adotou-se as seguintes considerações e<br />
simplificações para a comparação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do craqueamento do n-hexano,<br />
utiliza<strong>da</strong> como ferramenta de caracterização <strong>da</strong> acidez “forte”:<br />
• Obter valores de conversão entre 5 a 50% (preferencialmente entre<br />
entre 5 a 15%) pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial (w/v) na<br />
temperatura de 450 o C;<br />
• Obter o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp) baseado na eq. IV.1 utilizando-se o<br />
método dos mínimos quadrados;<br />
• Dividir o valor obtido de ativi<strong>da</strong>de em base mássica (Kapp) pelo valor <strong>da</strong><br />
área especifíca determinado pela adsorção de nitrogênio (BET) para se<br />
obter o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de em base superficial.<br />
• Considerar o desvio padrão como sendo de ± 8% no valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
medi<strong>da</strong>.<br />
Uma vez que se utilizou a mesma uni<strong>da</strong>de de avaliação de catalisadores<br />
utiliza<strong>da</strong> na reação de craqueamento do n-hexano, bem como procedimentos<br />
similares de operação, adotou-se para as reações de hidroisomerização do nheptano<br />
e do n-decano os seguintes critérios para o erro experimental:<br />
122
• Desprezar os erros associados a massa do catalisador, a<br />
temperatura de reação e a vazão de gás de arraste;<br />
• Considerar erros constantes no valor <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />
conversão. Estimou-se então o erro experimental com base na<br />
média pondera<strong>da</strong> dos valores obtidos na repetição de alguns<br />
experimentos (eq. IV.3), obtendo-se o valor <strong>da</strong> variança de 4 e 3,8<br />
para o erro associado a conversão e a seletivi<strong>da</strong>de,<br />
respectivamente. Por simplicia<strong>da</strong>de adotou-se colocar um valor de ±<br />
2 (um desvio padrão aproxima<strong>da</strong>mente) como barra de erros nos<br />
gráficos do capítulo IV.3;<br />
• Utilizar cinética de 1ª ordem e método dos mínimos quadrados para<br />
se determinar o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp). Esta abor<strong>da</strong>gem é<br />
justifica<strong>da</strong> com base na modelagem desenvolvi<strong>da</strong> por Runstraat e<br />
colaboradores[48]. Estes autores determinaram que para a reação<br />
de hidroisomerização do n-hexano efetua<strong>da</strong> a baixa pressão de<br />
hidrogênio e de hidrocarboneto (tabela <strong>II</strong>.2), têm-se que a taxa de<br />
reação pode ser expressa como:<br />
R = kiso __Kdesidro . Kprot. (pp/pH2) ≅ kiso. Kdesidro. Kprot. (pp/pH2) (<strong>II</strong>.20)<br />
1 + Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)<br />
onde:<br />
R = taxa de reação global de isomerização<br />
Kdesidro = constante de equilíbrio para a desidrogenação<br />
Kprot = constante de equilíbrio para a protonação<br />
kiso = constante <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />
pp = pressão parcial <strong>da</strong> n-parafina<br />
pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />
Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para os experimentos (seção <strong>II</strong>I.3) a pressão<br />
parcial do hidrogênio e a temperatura foi manti<strong>da</strong> constante, logo a taxa de reação<br />
pode ser expressa por:<br />
R = (kiso. Kdesidro.Kprot/pH2) pnc6 = cte. kiso. Kprot . pnc6 = Kapp. pp (IV.7)<br />
123
Kapp = constante aparente de reação<br />
Podemos ver o que o valor de Kapp, mesmo nesta modelagem simplifica<strong>da</strong>,<br />
engloba constantes de equilíbrio e de pressão parcial do hidrogênio, não podendo ser<br />
tomado como uma medi<strong>da</strong> direta <strong>da</strong> acidez dos catalisadores.<br />
Os resultados experimentais, mostram que a cinética de 1ª ordem permite uma<br />
representação aceitável do sistema (ex: tabela IV.1.8). O uso de eleva<strong>da</strong>s conversões<br />
foi necessário para se obter uma melhor discriminação de seletivi<strong>da</strong>de entre os<br />
catalisadores. No entanto, do ponto de vista <strong>da</strong> obtenção do valor de ativi<strong>da</strong>de seria<br />
preferível se trabalhar com baixas conversões (< 10%) obtendo a taxa de reação em<br />
condições diferenciais.<br />
Tabela IV.1.8: Valores do coeficiente de correlação (R 2 ) para o ajuste utilizando o<br />
método dos mínimos quadrados na reação de hidroisomerização do n-decano e do nheptano<br />
sobre zeólitas HBeta modifica<strong>da</strong>s a 230 o C e 1 atm modela<strong>da</strong> como cinética<br />
de 1ª ordem.<br />
n-decano n-heptano<br />
Catalisador Faixa de R<br />
conversão<br />
2 Faixa de R<br />
conversão<br />
2<br />
HBeta 55 - 97 0,99 7 – 54 0,98<br />
P(0,5)HBeta 68 - 99 0,90 37 – 64 0,92<br />
P(1,5)HBeta 68 - 99 0,95 30 – 90 0,82<br />
P(3)HBeta 55 - 99 0,76 20 – 85 0,90<br />
P(6)HBeta 41 - 93 0,97 9 – 63 0,91<br />
P(8)HBeta 30 - 88 0,96 4 – 17 0,93<br />
LiHBeta 47 - 86 0,96 30 - 60 0,81<br />
De forma a facilitar a discussão, os valores de ativi<strong>da</strong>de para a reação de<br />
hidroisomerização do n-heptano e do n-decano foram expressos como ativi<strong>da</strong>de<br />
relativa (Krel – eq. IV.8), considerando-se a ativi<strong>da</strong>de do catalisador baseado na<br />
zeólita HZSM5 como sendo igual a 100.<br />
Krel = Kapp do catalisador / Kapp do catalisador baseado na zeólita HZSM5 * 100 (IV.8)<br />
124
IV.2. Catalisadores<br />
IV.2.1. Síntese e caracterização de H[Fe]ZSM5<br />
Metalosilicatos, de estrutura similar à <strong>da</strong> zeólita ZSM5 podem ser preparados<br />
pela substituição isomórfica do alumínio por diversos elementos, tais como Be, B, Ti,<br />
Cr, Fe, Zn, Ga, Ge ou V. Conforme mostrado por vários autores [126] [136] [137], a<br />
substituição do alumínio de rede pelo ferro (formando os denominados ferrosilicatos)<br />
acarreta a redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita (como revisado na seção <strong>II</strong>.2.4).<br />
Nas condições experimentais de síntese descritas na seção <strong>II</strong>I.1.4 observou-se<br />
por difração de raios X (DRX) a formação de uma estrutura do tipo ZSM5 (Figura<br />
IV.2.1 e Figura IV.2.2). A boa cristanili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra foi confirma<strong>da</strong> pelos resultados<br />
de caracterização textural, que mostram um elevado volume de microporos (Tabela<br />
IV.2.1). A zeólita HZSM5 utiliza<strong>da</strong> como comparação (Figura IV.2.1 e tabela IV.2.1) foi<br />
uma amostra comercial (KM 607) forneci<strong>da</strong> pela Degussa (SiO2 = 95.4 %p/p, Al2O3 =<br />
4.46 p/p, e Na2O < 0.05 %p/p).<br />
A etapa de envelhecimento utiliza<strong>da</strong> no método de preparo (seção <strong>II</strong>I.1.4) se<br />
mostrou essencial para obtenção de um produto cristalino nas condições de síntese<br />
adota<strong>da</strong>s. Sem esta etapa obtém-se um produto de baixa cristanili<strong>da</strong>de (amostra A -<br />
tabela IV.2.1). Kim e Ahn [162] também observaram um aumento na taxa de<br />
cristalização adotando-se uma etapa de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional a<br />
temperatura ambiente (30 o C por 1 a 2 dias).<br />
Tabela IV.2.1: Dados de caracterização <strong>da</strong>s amostras de H[Fe]ZSM5<br />
Amostra DRX (%) S(m 2 /g) Smicro (m 2 /g) V.m. (cm 3 /g)<br />
HZSM5 100 363 346 0,164<br />
AFe 3 102 - -<br />
H[Fe]ZSM5 70 396 353 0,177<br />
Obs: Amostra “AFe” obti<strong>da</strong> sem a etapa de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional;<br />
V.m. = volume de microporos. Valor de DRX para a amostra de H[Fe]ZSM5 sem<br />
correção para o teor de Fe.<br />
125
Figura IV.2.1: Difratograma <strong>da</strong> amostra de H[Fe]ZSM5 (tabela IV.2.1)<br />
Figura IV.2.2: Difratograma <strong>da</strong> amostra de HZSM5 toma<strong>da</strong> como referência (tabela<br />
IV.2.1)<br />
126
Dados de caracterização por XPS (X-Ray photoelectron spectroscopy) nas<br />
amostras de alta cristanili<strong>da</strong>de (H[Fe]ZSM5), de baixa cristanili<strong>da</strong>de (AFe) e em<br />
amostras onde se incorporou ferro sobre a zeólita HZSM5 por impregnação (código<br />
Fe/HZSM5-I) e por troca iônica (código Fe/HZSM5-TC), conforme metodologia descrita<br />
na seção <strong>II</strong>I.1.6, são apresentados na tabela IV.2.2. Os valores de energia de ligação<br />
para o nível Fe 2p3/2 (tabela IV.2.2) e a análise do espectro de XPS (Figura IV.2.3)<br />
indicam a presença predominante de ferro no estado de coordenação trivalente (Fe 3+ )<br />
em to<strong>da</strong>s as amostras. Valores similares, de 711,6 eV e de 711.0 eV para o nível Fe<br />
2p3/2 em amostras de ferrosilicato e impregna<strong>da</strong> (contendo Fe2O3), respectivamente,<br />
foram obtidos por Borade [161]. Os resultados, no entanto, não permitem afirmar se as<br />
espécies de Fe 3+ se encontram incorpora<strong>da</strong>s à rede cristalina <strong>da</strong> zeólita.<br />
Tabela IV.2.2: Resultados de caracterização por XPS <strong>da</strong>s amostras contendo Fe<br />
(tomando como padrão interno o nível C1s).<br />
735,0<br />
Amostra método<br />
Fe 2p3/2<br />
(eV)<br />
O1s<br />
(eV)<br />
Fe/HZSM5-TC troca iônica 711,5 532,5<br />
Fe/HZSM5-I impregnação 710,7 532,4<br />
H[Fe]ZSM5 síntese 711,7 532,7<br />
AFe amorfo 710,6 531,9<br />
730,0<br />
725,0<br />
720,0 715,0<br />
Energia de Ligação (eV)<br />
Figura IV.2.3: Espectro de XPS para as amostras contendo Fe prepara<strong>da</strong>s por<br />
diversos métodos (tabela IV.2.2).<br />
710,0<br />
705,0<br />
AFe<br />
Fe/HZSM5-I<br />
H[Fe]ZSM5<br />
Fe/HZSM5-TC<br />
700,0<br />
127
O perfil de TPR mostra a redução de espécies de ferro em três regiões distintas<br />
para a amostra de alta cristanili<strong>da</strong>de (H[Fe]HZSM5), com máximos em torno de 400<br />
o o o o<br />
C, 700 C e 970 C (parcial) e uma única região entre 400 e 870 C com máximo em<br />
torno de 750 o C, para a amostra de baixa cristanili<strong>da</strong>de (AFe) (Figuras IV.2.4 e<br />
IV.2.5). Por sua vez, a amostra impregna<strong>da</strong> (contendo 3% de Fe2O3) mostra um perfil<br />
complexo de redução, mas com consumo de hidrogênio finalizando abaixo de 600 o C<br />
(Figura IV.2.6).<br />
SINAL[u.a]<br />
48<br />
47<br />
46<br />
45<br />
44<br />
43<br />
42<br />
Figura IV.2.4: Perfil de TPR para a amostra H[Fe]ZSM5<br />
SINAL[u.a]<br />
82<br />
72<br />
62<br />
52<br />
42<br />
PERFIL TPR - H[Fe]ZSM5<br />
0 200 400 600 800 1000<br />
TEMPERATURA[°C]<br />
AFe<br />
0 200 400 600 800 1000<br />
TEMPERATURA[°C]<br />
Figura IV.2.5: Perfil de TPR para a amostra AFe (Tabela IV.2)<br />
128
SINAL[u.a]<br />
49<br />
48<br />
47<br />
46<br />
45<br />
44<br />
43<br />
Fe/HZSM5-I<br />
0 200 400 600 800 1000<br />
TEMPERATURA[°C]<br />
Figura IV.2.6: Perfil de TPR para a amostra Fe/HZSM5-I<br />
A comparação dos perfis de redução <strong>da</strong>s figuras IV.2.4 a IV.2.6 mostra que: a)<br />
espécies de óxido de ferro deposita<strong>da</strong>s sobre a zeólita HZSM5 (ou outras espécies de<br />
óxidos gera<strong>da</strong>s no processo de redução) se reduzem abaixo de 600 o C (Figura IV.2.4);<br />
b) espécies de ferro presentes no material de baixa cristanili<strong>da</strong>de se reduzem entre<br />
600 e 800 o C (Figura IV.2.5) e c) existem espécies de ferro no material de alta<br />
cristanili<strong>da</strong>de que se reduzem somente a temperaturas superiores a 900 o C (Figura<br />
IV.2.4). Brabec e colaboradores [159], combinando técnicas de TPR e EPR,<br />
identificaram que a redução de espécies de ferro fora <strong>da</strong> rede de ferrosilicatos na<br />
região entre 400 o C e 800 o C e de espécies de ferro presentes na estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />
em uma região de maior temperatura (acima de 800 o C nas condições utiliza<strong>da</strong>s por<br />
estes autores – seção <strong>II</strong>.4). Baseado nos trabalhos de Brabec e colaboradores [159], e<br />
na análise <strong>da</strong>s figuras IV.2.4 a IV.2.6, o consumo de hidrogênio acima de 900 o C<br />
indicaria a incorporação de ferro na estrutura cristalina <strong>da</strong> zeólita do tipo ZSM5 (Figura<br />
IV.2.1) formando um ferrosilicato (H[Fe]ZSM5).<br />
Embora as análises de TPR forneçam fortes evidências para a presença de<br />
ferro na estrutura zeolítica, seria recomen<strong>da</strong>do o uso de técnicas como EPR (“Electron<br />
paramagnetic resonance spectroscopy”), em que existe boa concordância na literatura<br />
(ex: [170]) do seu uso na identificação de íons Fe 3+ presentes na estrutura cristalina,<br />
diferenciando-os de íons Fe 3+ eventualmente presentes, sob a forma de óxidos,<br />
hidróxidos ou em sítios de troca iônica.<br />
129
A caracterização por TPD de NH3 mostra que a zeólita H[Fe]ZSM5 apresenta<br />
uma maior concentração de sítios ácidos de força média e uma significativa redução<br />
dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong> (Tabela IV.2.3 e Figura IV.2.7). Os resultados de IR<br />
de piridina confirmam que a amostra de H[Fe]ZSM5 apresenta uma significativa<br />
redução <strong>da</strong> acidez forte (de Bronsted, como mostrado pela dessorção de piridina a<br />
350ºC) mas, por outro lado, apresenta um aumento <strong>da</strong> acidez de Lewis. Consistente<br />
com a redução dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong>, como mostrado pelo TPD de<br />
amônia e indicado pelo IR de piridina, observa-se uma drástica redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
de craqueamento do n-hexano, reação que é associa<strong>da</strong> à presença de sítios ácidos<br />
fortes (Tabela IV.2.3). Estes resultados estão de acordo com a literatura, que indicam<br />
uma menor força áci<strong>da</strong> para ferrosilicatos quando comparados com seus análogos<br />
aluminosilicatos [137][136][159].<br />
SINAL[u.a]<br />
46<br />
45<br />
44<br />
43<br />
PERFIL TPDA<br />
100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600<br />
TEMPERATURA[°C]<br />
HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />
Figura IV.2.7: Perfis de TPD de amônia para as amostra HZSM5 e H[Fe]ZSM5<br />
Tabela IV.2.3. Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />
e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />
TPD de amônia IR de piridina<br />
Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />
fraca média forte total<br />
o C T= 200<br />
Bronsted<br />
o C T= 350<br />
Lewis<br />
o C T= 350<br />
Bronsted<br />
o C Kapp<br />
Lewis l/s.m 2 x 10E 7<br />
HZSM5 1,14 0,39 1,51 3,0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />
H[Fe]ZSM5 0,21 0,72 - 0,9 0,52 0,43 0,40 0,21 2<br />
Obs: a) TPD de amônia: Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo<br />
fracos, médios ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia<br />
ocorrer entre 200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente; b)<br />
Kapp = constante aparente <strong>da</strong> taxa de 1ª ordem <strong>da</strong> reação do craqueamento do nhexano<br />
em l/s.m 2 x 10E 7 . Desvio padrão no valor de Kapp de 8%.<br />
130
Em resumo, podemos concluir que foi sintetiza<strong>da</strong> uma zeólita de eleva<strong>da</strong><br />
cristalini<strong>da</strong>de e de estrutura similar a <strong>da</strong> zeólita ZSM5, muito provavelmente com ferro<br />
incorporado na sua estrutura. Esta zeólita apresenta uma menor concentração de<br />
sítios ácidos fortes quando compara<strong>da</strong> com a amostra HZSM5 toma<strong>da</strong> como<br />
refêrencia.<br />
IV.2.2. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por impregnação com ácido fosfórico<br />
A acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Degussa KM 607 - SiO2 = 95.4 %p/p, Al2O3 =<br />
4.46%p/p, Na2O < 0.05%p/p) foi altera<strong>da</strong> por impregnação com ácido fosfórico, como<br />
descrito na seção <strong>II</strong>I.1.3. Os resultados de caracterização textural e de acidez podem<br />
ser vistos nas Tabelas IV.2.4 e IV.2.5, respectivamente.<br />
Tabela IV.2.4: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s com ácido fosfórico<br />
Amostra Preparo DRX (%) Área específica<br />
(m 2 Volume microporos<br />
/g)<br />
(cm 3 /g)<br />
HZSM5 Comercial 100 363 0,164<br />
P(1%)HZSM5 Impregnação 91 276 0,125<br />
P(2%)HZSM5 Impregnação 88 247 0,111<br />
P(4%)HZSM5 Impregnação 50 102 0,044<br />
Tabela IV.2.5. Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />
e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />
TPD de amônia 1 IR de piridina<br />
Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />
fraca média forte total<br />
o C T= 200<br />
Bronsted<br />
o C T= 350<br />
Lewis<br />
o C T= 350<br />
Bronsted<br />
o C<br />
Lewis<br />
HZSM5 1.14 0.39 1.51 3.0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />
P(1%)HZSM5 0.71 0.77 0.18 1.8 0,53 0,10 0,46 0,03 25<br />
P(2%)HZSM5 0.72 0.94 0.09 1.7 0,71 0.13 0,30 0.05 13<br />
P(4%)HZSM5 - - - - 0.06 0.01 0.01 0.00 1<br />
Obs: 1= Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios<br />
ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre<br />
200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente ; 2= Kapp =<br />
constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano a 450 o C em<br />
l/s.m 2 x 10E 7 (corrigindo-se os valores mássicos pela área específica determina<strong>da</strong> por<br />
adsorção de nitrogênio – tabela IV.2.4). Desvio padrão no valor de Kapp estimado em<br />
8%.<br />
Kapp 2<br />
131
Com base nas tabelas IV.2.4 e IV.2.5 podemos ver que a introdução de fósforo<br />
por impregnação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 com ácido fosfórico, acarretou:<br />
a) A redução <strong>da</strong> cristanili<strong>da</strong>de, com a amostra contendo 4% de fósforo tendo<br />
apresentado uma drástica que<strong>da</strong> <strong>da</strong> cristanili<strong>da</strong>de (coerente com a<br />
significativa per<strong>da</strong> de volume de microporos);<br />
b) Uma redução linear na área específica e no volume de microporos com o<br />
aumento do teor de fósforo (Figuras IV.2.8 e IV.2.9);<br />
Área superficial (m2/g)<br />
400<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />
Teor de P (%p/p)<br />
Figura IV.2.8: Efeito <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico sobre a área específica <strong>da</strong><br />
zeólita HZSM5 .<br />
Volume de microporos (cm3/g)<br />
0,180<br />
0,160<br />
0,140<br />
0,120<br />
0,100<br />
0,080<br />
0,060<br />
0,040<br />
0,020<br />
0,000<br />
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />
Teor de P (%p/p)<br />
Figura IV.2.9: Efeito <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico sobre o volume de<br />
microporos <strong>da</strong> zeólita HZSM5 .<br />
132
acidez (u.a)<br />
c) A redução no número de sítios ácidos “fortes” e o aumento do número de<br />
sítios ácidos com força “média” como quantificado por TPD de NH3 (Tabela<br />
IV.2.5 e figura IV.2.10). A redução <strong>da</strong> acidez forte ocorreu principalmente pela<br />
redução <strong>da</strong> acidez de Bronsted, como visto por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong><br />
(tabela IV.2.5) e figuras IV.2.11 e IV.2.12.<br />
u.a.<br />
44,0<br />
43,5<br />
43,0<br />
42,5<br />
42,0<br />
41,5<br />
41,0<br />
0 200 400 600 800<br />
Temperatura (oC)<br />
HZSM5 P(1%)HZSM5 P(2%)HZSM5<br />
Figura IV.2.10: Perfis de TPD de amônia para as amostras contendo fósforo.<br />
1,20<br />
1,00<br />
0,80<br />
0,60<br />
0,40<br />
0,20<br />
0,00<br />
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />
Teor de P (%p/p)<br />
Bronsted Lewis<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />
Teor de P (%p/p)<br />
Bronsted/Lewis (350oC)<br />
Figuras IV.2.11: Teor de sítios ácidos de Bronsted e de Lewis e Figura IV.2.12: razão<br />
entre sítios de Bronsted e de Lewis, em função do teor de P por IR de piridina<br />
adsorvi<strong>da</strong> (tempetura de dessorção de 350 o C).<br />
133
d) A ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano se reduziu com o aumento do<br />
teor de fósforo (Tabela IV.2.5), podendo ser bem correlaciona<strong>da</strong> com a<br />
redução <strong>da</strong> acidez forte medi<strong>da</strong> por TPD de amônia (Figura IV.2.12) ou por<br />
IR de piridina (Figura IV.2.13).<br />
Kapp (l/s.m2) x 10E7<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00<br />
Acidez forte (umol/m2)<br />
T = 450oC T = 400oC<br />
Figura IV.2.12: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (1 atm, 400 e 450 o C)<br />
versus o teor de sítios ácidos fortes determinados por TPD de amônia em<br />
amostras <strong>da</strong> zeólita HZSM5 contendo 0, 1 e 2% p/p de P.<br />
Kapp (l/s.m2) x 10E7<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20<br />
Acidez forte (u.a)<br />
T = 450oC T = 400oC<br />
Figura IV.2.13: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (1 atm, 400 e 450 o C)<br />
versus o teor de sítios ácidos fortes determinados por IR de piridina (dessorvi<strong>da</strong><br />
a 350 o C).<br />
134
A redução observa<strong>da</strong> no número de sítios ácidos de Bronsted “fortes” e o<br />
aumento do número de sítios ácidos de Bronsted de “força média” com a introdução<br />
de P na zeólita HZSM5 está de acordo com a literatura [134] (conforme revisado na<br />
na seção <strong>II</strong>.2.3).<br />
e) A introdução de fósforo acarretou mu<strong>da</strong>nças na seletivi<strong>da</strong>de aos diversos<br />
produtos, tendo sido observado o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para metano, etano,<br />
propeno e butenos e a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para propano e butanos. A fração C 5+ e<br />
os aromáticos não foram significativamente alterados. Estes resultados puderam ser<br />
explicados com base no mecanismo de reação, como publicado pelos presentes<br />
autores anteriormente ([169]).<br />
IV.1.3. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica com cálcio ou lantânio<br />
Procurou-se alterar a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Degussa KM 607 - SiO2 = 95.4<br />
%p/p, Al2O3 = 4.46%p/p, Na2O < 0.05%p/p) pela troca iônica (em solução aquosa com<br />
nitrato de Ca 2+ ou La 3+ , conforme metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.1). Os resultados<br />
de caracterização textural e de acidez podem ser vistos nas Tabelas IV.2.6 IV.2.7<br />
respectivamente.<br />
Tabela IV.2.6 Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s por troca iônica.<br />
Amostra Preparo DRX<br />
(%)<br />
Área<br />
específica<br />
(m 2 /g)<br />
Volume<br />
microporos<br />
(cm 3 /g)<br />
Teor do<br />
elemento<br />
%p/p<br />
HZSM5 Comercial 100 363 0.164 -<br />
LaHZSM5 (1x) Troca iônica 100 364 0,166 0,26<br />
LaHZSM5 (2x) Troca iônica 94 368 0,167 0,36<br />
LaHZSM5 (3x) Troca iônica 94 331 0,150 0,36<br />
LaHZSM5 (4x) Troca iônica 102 342 0,155 0,34<br />
CaHZSM5 Troca iônica 98 343 0.155 0,50<br />
Obs: (1 a 4x) nas amostras LaHZSM5 representam o número de trocas iônicas<br />
realiza<strong>da</strong>s. Teores do elemento introduzido (% La ou % Ca p/p) obtido por FRX.<br />
135
Tabela IV.2.7 Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />
e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />
TPD de amônia 1 IR de piridina<br />
Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />
fraca média forte total<br />
o C T= 200<br />
Bronsted<br />
o C T= 350<br />
Lewis<br />
o C T= 350<br />
Bronsted<br />
o C<br />
Lewis<br />
HZSM5 1.14 0.39 1.51 3.0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />
LaHZSM5(4x) 1.18 0.43 1.60 3.2 1,18 0,27 1,08 0,11 134<br />
CaHZSM5 1.22 0.31 1.75 3.3 1,34 0,87 1,23 0,30 50<br />
Obs: 1= Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios<br />
ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre<br />
200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente; 2= Kapp = constante<br />
aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2 x 10E 7 a 450 o C<br />
(corrigindo-se os valores mássicos pela área específica determina<strong>da</strong> por adsorção de<br />
nitrogênio – tabela IV.2.6). Desvio padrão no valor de Kapp estimado em 8%.<br />
O teor de La introduzido na zeólita HZSM5 se mostrou constante após 2 trocas<br />
iônicas (0,35 ± 0,1 %p/p – tabela IV.2.6). A amostra que foi submeti<strong>da</strong> a 4 trocas<br />
iônicas (LaHZSM5(4x)), designa<strong>da</strong> a partir de agora somente por LaHZSM5 foi<br />
seleciona<strong>da</strong> para a caracterização de acidez (tabela IV.2.7) e para os experimentos de<br />
hidroisomerização. Podemos ver <strong>da</strong> tabela IV.2.7 que a introdução de La não<br />
acarretou uma alteração significativa na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano, o<br />
que estaria de acordo com a pequena variação dos sítios ácidos fortes vistos por TPD<br />
(Lewis + Bronsted) e por IR de piridina (Bronsted) (tabela IV.2.7). Estes resultados<br />
permitem concluir que não ocorreram modificações marcantes na acidez de Bronsted<br />
<strong>da</strong> zeólita HZSM5, com a troca iônica com La 3+ , o que estaria de acordo com a<br />
literatura [128].<br />
A introdução de cálcio acarretou uma significativa redução na ativi<strong>da</strong>de de<br />
craqueamento do n-hexano, o que indicaria uma redução na acidez forte de Bronsted.<br />
No entanto, o mesmo não pode ser concluído analisando-se a acidez pelas pelas<br />
técnicas de TPD de amônia e por IR de piridina (tabela IV.2.7). Para conciliar estas<br />
observações podemos considerar que:<br />
• O TPD de amônia quantifica sítios ácidos de Bronsted e de Lewis. Esta<br />
técnica portanto não seria adequa<strong>da</strong> para quantificar a modificação na<br />
acidez de Bronsted, quando introduzindo cátions alcalinos por troca iônica<br />
nas zeólitas, uma vez que estes cátions geram acidez de Lewis, como pode<br />
ser visto pelos resultados de IR de piridina (tabela IV.2.7);<br />
Kapp 2<br />
136
• A técnica de IR de piridina permite distinguir entre sítios ácidos de Bronsted<br />
e de Lewis. Para as amostras de HZSM5 impregna<strong>da</strong>s com fósforo, os<br />
resultados de ativi<strong>da</strong>de do n-hexano versus a acidez de Bronsted<br />
determina<strong>da</strong> por IR de piridina mostram uma boa correlação (Figura<br />
IV.2.13), indicando que a temperatura de dessorção utiliza<strong>da</strong> (350 o C)<br />
permite quantificar os sítios ácidos de Bronsted “fortes”. No entanto,<br />
podemos especular que sítios ácidos de menor força áci<strong>da</strong>, oriundos <strong>da</strong><br />
presença do Ca, possam também ser quantificados nesta temperatura de<br />
dessorção. Estes sítios, devido a menor força áci<strong>da</strong>, não estariam<br />
influenciando significativamente a ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano<br />
nas condições testa<strong>da</strong>s.<br />
Uma segun<strong>da</strong> hipótese para explicar as diferenças nos resultados de acidez<br />
obti<strong>da</strong>s por IR e pelo craqueamento do n-hexano, é considerar a presença de<br />
restrições difusionais na amostra contendo Ca (devido ao tamanho e/ou teor do<br />
cátion), o que favoreceria uma menor ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano. Para<br />
procurar verificar esta hipótese foi realiza<strong>da</strong> a reação de craqueamento do 2-metilpentano<br />
(nas mesmas condições descritas na seção <strong>II</strong>I.2.1 para o n-hexano).<br />
Podemos ver na tabela IV.2.8 que a introdução do cálcio acarreta a redução <strong>da</strong> taxa<br />
de craqueamento do 2-metil-pentano, a semelhança do observado para o<br />
craqueamento do n-hexano. No entanto, a razão entre as duas taxas não é altera<strong>da</strong><br />
significativamente.<br />
Tabela IV.2.8: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (Kapp) e do 2-metil-pentano<br />
(K2mp) sobre zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s (450 o C e 1 atm)<br />
HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5<br />
Kapp 126 134 50<br />
K2mp 52 48 22<br />
Kapp/K2mp 2.4 2.8 2.3<br />
Kapp e K2mp= constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano e<br />
do 2-metil-pentano, respectivamente, em l/s.m 2 x 10E 7<br />
Haag e colaboradores [89] observaram que sobre a zeólita HZSM5, a taxa de<br />
craqueamento <strong>da</strong>s parafinas ramifica<strong>da</strong>s é menor do que <strong>da</strong>s parafinas lineares<br />
(Tabela <strong>II</strong>.23), o que foi explicado devido a imposição de restrições estéricas pelos<br />
poros. Estes autores propuseram a comparação entre as taxas de craqueamento do nhexano<br />
e do 3-metil-pentano (no teste denominado de “constraint index”) como uma<br />
ferramenta de caracterização <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de seletivi<strong>da</strong>de de forma e de largura<br />
de poros <strong>da</strong>s zeólitas. Este teste foi largamente adotado por duas déca<strong>da</strong>s,<br />
137
especialmente em literatura de patentes (Ex:[175] ), embora mais recentemente tenha<br />
sido identificado limitações para o seu uso [176].<br />
O fato <strong>da</strong> razão entre as taxas de craqueamento do n-hexano e do 2-metilpentano<br />
na zeólita HZSM5 se manter constante após a introdução de La e do Ca<br />
(tabela IV.2.8), sugere que não ocorreu uma variação significativa nas restrições<br />
difusionais. Podemos então considerar como sendo mais provável, que a diferença de<br />
resultados <strong>da</strong> acidez utilizando as técnicas de IR de piridina e do craqueamento do nhexano,<br />
seja devido a quantificação pelo IR de piridina (a temperatura de dessorção<br />
de 350 o C) de sítios ácidos de Bronsted que não tem ativi<strong>da</strong>de significativa para o<br />
craqueamento do n-hexano. Foi então adotado para os demais catalisadores<br />
(baseados em zeólita Beta e Y) o uso somente o uso <strong>da</strong> reação de craqueamento do<br />
n-hexano para monitorar as modificações na acidez forte.<br />
IV.2.4. Modificação <strong>da</strong> zeólita Beta por impregnação com ácido fosfórico<br />
Uma amostra de zeólita Beta comercial (SudChemie H-β25 – difratograma na<br />
figura IV.2.14) foi modifica<strong>da</strong> pela impregnação com ácido fosfórico, segundo<br />
metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.3, em teores entre 0,5 a 8,3%p/p. Os resultados de<br />
caracterização textural por adsorção de nitrogênio e de acidez pela reação de<br />
craqueamento do n-hexano são apresentados na tabela IV.2.9. Podemos ver <strong>da</strong> tabela<br />
IV.2.9 e figura IV.2.15, que a introdução de fósforo na zeólita Beta acarretou uma<br />
significativa redução na área específica, no volume de microporos e na acidez “forte”<br />
para as amostras contendo P ≥ 6%. Para amostras contendo até 3% de P, não houve<br />
variação significativa nas proprie<strong>da</strong>des texturais ou na acidez “forte”, mensura<strong>da</strong> pela<br />
ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano.<br />
138
Figura IV.2.14: Difratograma <strong>da</strong> amostra comercial de zeólita Beta utiliza<strong>da</strong><br />
Tabela IV.2.9: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas H-Beta modifica<strong>da</strong>s por impregnação com<br />
ácido fosfórico.<br />
Amostra Área<br />
específica<br />
(m 2 /g)<br />
Área<br />
microporos<br />
(m 2 /g)<br />
Volume<br />
microporos<br />
(cm 3 /g)<br />
Kapp<br />
l/s.m 2 x 10E 7<br />
H-Beta 575 382 0,173 74<br />
P (0,5%) H-Beta 543 360 0,161 76<br />
P (1,5%) H-Beta 545 371 0,173 70<br />
P (3,0%) H-Beta 516 357 0,161 78<br />
P (6,0%) H-Beta 418 302 0,138 0,9<br />
P (8,3%) H-Beta 202 144 0,066 0,5<br />
volum e de m icroporos (cm 3/g)<br />
0,20<br />
0,18<br />
0,16<br />
0,14<br />
0,12<br />
0,10<br />
0,08<br />
0,06<br />
0,04<br />
0,02<br />
0,00<br />
0 2 4 6 8 10<br />
Teor de P (%p/p)<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
0 2 4 6 8 10<br />
Teor de P (%p/p)<br />
Figura IV.2.15: Efeito do teor de P sobre as proprie<strong>da</strong>des texturais <strong>da</strong> zeólita Beta<br />
Á rea su p erficial ( m2/g)<br />
139
Podemos observar que sobre a zeólita HZSM5 houve uma que<strong>da</strong> linear na<br />
área superficial e no volume de microporos com o aumento do teor de P entre 1 a 4<br />
%p/p (figuras IV.2.8 e IV.2.9, respectivamente). Por outro lado, somente para teores<br />
acima de 6% se observa uma modificação significativa nas proprie<strong>da</strong>des texturais <strong>da</strong><br />
zeólita H-Beta utiliza<strong>da</strong> (tabela IV.2.9). Podemos ver na tabela IV.2.10 que a zeólita<br />
HBeta utiliza<strong>da</strong> (amostra comercial) contém uma eleva<strong>da</strong> mesoporosi<strong>da</strong>de, indicando<br />
que foi submeti<strong>da</strong> a procedimentos de dessaluminização. Podemos especular que<br />
esta mesoporosi<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong> contribua (por exemplo, reduzindo os efeitos do<br />
bloqueio dos poros por compostos de P) para que somente a elevados teores de P se<br />
observe redução do volume de microporos sobre a zeólita Hbeta utiliza<strong>da</strong>. Outra<br />
hipótese que não pode ser descarta<strong>da</strong> é que os teores de Al na rede e fora <strong>da</strong> rede<br />
afetem a distribuição e/ou natureza do P e conseqüentemente modifiquem os seus<br />
efeitos sobre as proprie<strong>da</strong>des texturais.<br />
Tabela IV.2.10: Caracterização comparativa entre as zeólitas HZSM5 e H-Beta<br />
utiliza<strong>da</strong>s<br />
Amostra Área<br />
específica<br />
(m 2 /g)<br />
Área<br />
microporos<br />
(m 2 /g)<br />
Volume<br />
microporos<br />
(cm 3 /g)<br />
Kapp<br />
l/s.m 2 x 10E 7<br />
HZSM5 363 346 0,164 126<br />
H-Beta 575 382 0,173 74<br />
IV.1.6. Modificação de zeólitas HZSM5, Beta e USY por troca iônica<br />
com lítio<br />
Zeólitas comerciais do tipo HZSM5 (Degussa KM 607), Beta (SudChemie H-<br />
β25) e HUSY (Zeolyst CBV 720) foram submeti<strong>da</strong>s a troca iônica com solução aquosa<br />
de nitrato de lítio, conforme metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.2 e <strong>II</strong>I.1.3.<br />
A tabela IV.2.11 reporta os resultados de caracterização textural por adsorção<br />
de nitrogênio e de acidez pela reação de craqueamento do n-hexano. Podemos ver,<br />
que, a introdução de lítio nas zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY, tendeu a reduzir o<br />
volume de microporos e em to<strong>da</strong>s as zeólitas testa<strong>da</strong>s acarretou a redução <strong>da</strong> acidez<br />
forte, como medido pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano. Existem poucos<br />
estudos na literatura sobre troca iônica de zeólitas com sais de lítio. Em zeólitas<br />
HZSM5, têm sido reportado que a introdução de lítio reduz a acidez “forte” e aumenta<br />
a “acidez média” [129].<br />
140
Tabela IV.2.11: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas troca<strong>da</strong>s com lítio.<br />
Amostra Área<br />
específica<br />
(m 2 /g)<br />
Área<br />
microporos<br />
(m 2 /g)<br />
Volume<br />
microporos<br />
(cm 3 /g)<br />
Kapp<br />
l/s.m 2 x 10E 7<br />
HZSM5 363 346 0,164 126<br />
LiHZSM5 290 274 0,130 0,4<br />
HBeta 575 382 0,173 74<br />
LiHBeta 561 365 0,164 22<br />
HUSY 767 692 0,331 4,4<br />
LiHUSY 739 664 0,319 1,6<br />
Kapp = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2<br />
x 10E 7 a 450 o C. Desvio padrão no valor de Kapp estimado em 8%.<br />
IV.3. Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />
Testes iniciais foram conduzidos para se definir as condições <strong>da</strong> reação de<br />
hidroisomerização do n-heptano e, em menor extenção, do n-decano:<br />
• Testes com o reator contendo somente lã de vidro (teste em branco) não<br />
mostraram conversão do n-heptano na faixa de temperatura de 230 a 290 o C,<br />
ou do n-decano na faixa de 230 a 260 o C, indicando ausência de craqueamento<br />
térmico;<br />
• A possibili<strong>da</strong>de de ocorrência de limitação difusional, para as reações de<br />
hidroisomerização do n-heptano e do n-decano, foi investiga<strong>da</strong> utilizando-se<br />
um catalisador comercial à base de metal nobre/mordenita, nas faixas<br />
granulométricas de -115 + 150 mesh e de -32 + 115 mesh e temperatura de<br />
230 o C. Optou-se pelo uso deste catalisador devido a sua eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de, o<br />
que faria com que fosse mais níti<strong>da</strong> a eventual presença de limitações<br />
difusionais. Os resultados não mostraram diferenças significativas de ativi<strong>da</strong>de,<br />
entre as duas faixas granulométricas testa<strong>da</strong>s, indicando ausência de<br />
restrições difusionais nestas condições. Foi padronizado o uso <strong>da</strong> fração<br />
menor do que 150 mesh nos demais experimentos.<br />
141
• Não se observou desativação significativa (assumi<strong>da</strong> como sendo uma que<strong>da</strong><br />
superior a 5% no valor de conversão após 1 hora de reação) durante os<br />
experimentos nos catalisadores preparados no presente trabalho à base de<br />
zeólitas HZSM5, Beta ou USY. A amostra comercial à base de mordenita<br />
(zeólita unidirecional), apresentou no entanto, forte desativação (per<strong>da</strong> média<br />
de 40% no valor <strong>da</strong> conversão após 30 minutos de reação).<br />
IV.3.1. Efeito <strong>da</strong> razão Pt/H + utilizando a zeólita HZSM5<br />
O efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos foi testado na<br />
reação de hidroisomerização do n-heptano (condições descritas na seção <strong>II</strong>I.3.1.)<br />
variando-se o teor <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 em mistura mecânica com a zeólita HZSM5 (tabela<br />
IV.3.1 e figura IV.3.1). Os resultados mostram que:<br />
• A amostra de Pt/Al2O3 apresenta uma conversão de aproxima<strong>da</strong>mente 0.4%<br />
nas condições testa<strong>da</strong>s. Testes adicionais realizados, até a temperatura de<br />
350 o C, mostraram que a conversão do n-heptano é inferior a 1%.<br />
Conseqüentemente, a contribuiçao <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 foi desconsidera<strong>da</strong> na<br />
análise dos resultados.<br />
• Na ausência <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3, a zeólita HZSM5 apresenta uma conversão<br />
significativa, mas com baixa seletivi<strong>da</strong>de para formação de isômeros do nheptano.<br />
Os produtos principais foram parafinas e olefinas leves, oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />
reações de craqueamento;<br />
• Com a adição de somente 5% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3, não se observa variações<br />
significativas na ativi<strong>da</strong>de, no entanto, não se detecta mais a presença de<br />
olefinas nos produtos de reação;<br />
• A ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano passou por um máximo em<br />
torno de 50% do teor <strong>da</strong> fase desidrogenante (Pt/Al2O3), condizente com o<br />
mecanismo bifuncional [24]. Podemos então considerar que, acima de 50% p/p<br />
de fase desidrogentante (Pt/Al2O3) na mistura com a zeólita HZSM5, a etapa<br />
limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os sítios ácidos <strong>da</strong> zeólita.<br />
142
Tabela IV.3.1. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de a isômeros na hidroisomerização do nheptano<br />
sobre misturas mecânicas de Pt/Al2O3 com a zeólita HZSM5 (230 o C, 1 atm e<br />
W/Fao entre 32 e 38 g.h.gmol -1 ).<br />
Teor de Pt/Al2O3 0 5 50 70 90 100<br />
Conversão (%p) 7.4 6.5 23.6 20.3 9.3 0,4<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p) 4.6 24.3 44.4 56.1 58.0 21,8<br />
Rendimento (%p/p) 0.2 1.6 10.5 11.4 5.4 0,1<br />
Obs: A amostra de Pt/Al2O3 apresenta conversão inferior a 1% até a temperatura de<br />
350 o C.<br />
Conversão %<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Pt/Al2O3 % (p/p)<br />
Figura IV.3.1: Conversão do n-heptano em função do teor de Pt/Al2O3 em mistura<br />
mecânica com a zeólita HZSM5 (T=230 o C, P= 1 atm, W/Fao = 32 a 38 g.h/mol)<br />
• Acima de 50% <strong>da</strong> fase desidrogenante (Pt/Al2O3), a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />
não é mais afeta<strong>da</strong> significativamente pela proporção entre a fase desidrogente<br />
e a fase áci<strong>da</strong>, ou seja, pela razao entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />
(Figura IV.3.2).<br />
Como podemos ver na tabela IV.3.2., a zeólita HZSM5 apresenta um dos valores<br />
mais elevados de acidez dentre as amostras testa<strong>da</strong>s (mensura<strong>da</strong> pela ativi<strong>da</strong>de de<br />
craqueamento do n-hexano). Com base nos resultados mostrados na figura IV.3.1 e<br />
tabela IV.3.1, podemos assumir que, para teores em torno de 50% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 na<br />
mistura mecânica com a zeólita HZSM5, a etapa limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os<br />
sítios ácidos. Desta forma, podemos assumir que, mantendo a mesma proporção de<br />
143
fase desidrogenante na mistura mecânica para as demais amostras de menor acidez,<br />
a etapa limitante tenderia a ocorrer sobre os sítios ácidos. Como mostrado na figura<br />
IV.3.2, acima de 50% <strong>da</strong> fase desidrogenante também não se observa diferenças na<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, o que nos permite supor, que possíveis diferenças na razão<br />
entre os sítios metálicos e os sítios ácidos existente entre a zeólita HZSM5 e as<br />
amostras de menor acidez (ex: CaHZSM5, LiHZSM5 e H[Fe]ZSM5) não afetariam os<br />
resultados <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Adotou-se então a padronização para os<br />
experimentos de conversão do n-heptano e do n-decano, o uso <strong>da</strong> mistura mecânica<br />
contendo 50% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 e 50% <strong>da</strong> fase zeolítica.<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 20 40 60<br />
Conversão nC7 (%p/p)<br />
Figura IV.3.2: Influência do teor <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 (entre 5 e 90%p p/) em mistura<br />
mecânica com a zeólita HZSM5 na seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do nheptano<br />
(230 o C, 1 atm).<br />
A estratégia <strong>da</strong> utilização de misturas mecânicas entre a fase desidrogenante e<br />
a fase áci<strong>da</strong> foi utiliza<strong>da</strong> de forma evitar a variação <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase metálica entre<br />
os diversos catalisadores ou uma possível interação <strong>da</strong> Pt outros elementos presentes<br />
(ex: P) o que dificultaria a interpretação dos resultados. Degnam e Kennedy [24]<br />
utilizaram esta mesma abor<strong>da</strong>gem para estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos<br />
de uma fase Pt/Al2O3 com os sítios ácidos de uma zeólita H-Beta.<br />
5<br />
50<br />
70<br />
90<br />
144
Tabela IV.3.2. Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (T=450 o C, P=1atm)<br />
Zeólitas do tipo ZSM5 Zeólitas do tipo Beta Zeólitas do tipo Y<br />
HZSM5<br />
126 H-Beta<br />
74 HUSY<br />
4,4<br />
LaHZSM5 (4x) 134 P(0,5%)H-Beta 76 LiHUSY<br />
1,6<br />
CaHZSM5<br />
50 P(1,5%)H-Beta 70<br />
P(1%)HZSM5 25 P(3,0%)H-Beta 78<br />
P(2%)HZSM5 13 LiH-Beta<br />
22<br />
H[Fe]ZSM5 2 P(6,0%)H-Beta 0,9<br />
P(4%)HZSM5 1 P(8,3%)H-Beta 0,5<br />
LiHZSM5<br />
0,4<br />
Obs: Ativi<strong>da</strong>de representa<strong>da</strong> pela constante aparente (Kapp) <strong>da</strong> taxa de 1ª ordem <strong>da</strong><br />
reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2 x 10E 7 . Desvio padrão no valor de<br />
Kapp estimado em 8%.<br />
IV.3.2. Efeito <strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />
As zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY em misturas mecânicas com Pt/Al2O3 (50%<br />
p/p) foram testa<strong>da</strong>s na hidroisomerização do n-heptano e do n-decano. Comparandose<br />
os resultados de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais (mono-ramificados + biramificados<br />
+ triramifacados + etil-ramificados) observa-se que a zeólita HZSM5<br />
apresenta a menor seletivi<strong>da</strong>de em isômeros dentre as zeólitas testa<strong>da</strong>s (com a ordem<br />
sendo HUSY > HBeta > HSM5) (Figura IV.3.3). Diversos autores tem observado o<br />
mesmo comportamento, ou seja, uma baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros quando<br />
utilizando a zeólita HZSM5 [[55] [57] [65] [66]), o que tem sido atribuído a presença de<br />
fortes restrições difusionais aos compostos biramificados [67][66] ou a eleva<strong>da</strong> acidez<br />
desta zeólita que favoreceria as reações de craqueamento[17][18].<br />
Para se investigar o papel <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5, na baixa seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros observa<strong>da</strong> na hidroisomerização de n-heptano e de n-decano (Figura<br />
IV.3.3), realizou-se a troca iônica <strong>da</strong> zeólita com soluções aquosas de cálcio, lantânio<br />
e lítio. Os efeitos <strong>da</strong> troca iônica sobre a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 já foram discutidos<br />
anteriormente (seção IV.2). Com base na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano<br />
(tabela IV.3.2) podemos afirmar que: a) A introduçao de lântanio acarretou uma<br />
pequena variação na acidez forte de Bronsted; b) A introdução de cálcio e<br />
principalmente de lítio ocasionaram uma acentua<strong>da</strong> redução na acidez forte de<br />
Bronsted.<br />
145
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
HZSM5-nC10 Hbeta-nC10 HUSY-nC10<br />
HZSM5-nC7 Hbeta-nC7 HUSY-nC7<br />
Figura IV.3.3.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros na reação de hidroisomerização do<br />
n-heptano e do n-decano (230 o C e 1 atm) sobre zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY em<br />
mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 . Barra de erro em ± 2 não representa<strong>da</strong> em<br />
to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />
Os resultados de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-heptano e do<br />
n-decano (estima<strong>da</strong>s pela constante aparente de 1ª ordem – seção IV.1) são<br />
apresentados na tabela IV.3.3. A ativi<strong>da</strong>de de conversão do n-decano foi superior a<br />
observa<strong>da</strong> para o n-heptano, o que está de acordo com a literatura que mostra o<br />
aumento <strong>da</strong> taxa de hidroisomerização com o aumento do tamanho <strong>da</strong> cadeia de<br />
hidrocarboneto (seção <strong>II</strong>.1.7) [46][55][116].<br />
A ordem de ativi<strong>da</strong>de para a hidroisomerização do n-heptano seguiu a ordem<br />
de acidez forte mensura<strong>da</strong> pelo craqueamento do n-hexano:<br />
LaHZSM5 > HZSM5 > CaHZSM5 > LiHZSM5<br />
Por outro lado a ordem de ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-decano mostrou<br />
alteração na posição relativa <strong>da</strong> amostra modifica<strong>da</strong> com cálcio, que apresentou<br />
ativi<strong>da</strong>de superior a amostra original <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Tabela IV.3.3).<br />
LaHZSM5 ≅ CaHZSM5 > HZSM5 > LiHZSM5<br />
146
Tabela IV.3.3: ativi<strong>da</strong>des relativas de craqueamento do n-hexano (450 o C, 1atm) e<br />
hidroisomerizaçao do n-heptano e do n-decano (230 o C, 1 atm). Ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra<br />
HZSM5 defini<strong>da</strong> como sendo 100.<br />
HZSM5<br />
LaHZSM5<br />
CaHZSM5<br />
LiHZSM5<br />
H[Fe]ZSM5<br />
Ativ. relat. n-C6 Ativ. relat. n-C7 Ativ. Relat. n-C10 Ativ. n-C10/n-C7<br />
100<br />
106<br />
40<br />
0,3<br />
1,6<br />
100<br />
133<br />
68<br />
35<br />
1,3<br />
100<br />
225<br />
217<br />
45<br />
18<br />
Obs: erros médios estimados em 20% para os valores de ativi<strong>da</strong>de relativa.<br />
A redução <strong>da</strong> acidez por troca iônica com lítio na zeólita HZSM5, e em menor<br />
extenção com cálcio, acarretou o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros totais (monoramificados<br />
+ bi-ramificados + triramifacos + etil-ramificados) na reação de<br />
hidroisomerização do n-heptano (Figura IV.3.4) e do n-decano (Figura IV.3.5.). Por<br />
outro lado, a introdução de lantânio que não afetou em grande extensão a acidez <strong>da</strong><br />
zeólita HZSM5 tendeu a reduzir a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Podemos concluir que a<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros <strong>da</strong> zeólita HZSM5 pode ser substancialmente incrementa<strong>da</strong><br />
pela redução <strong>da</strong> acidez forte.<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão do n-C7(%p/p)<br />
HZSM5 CaHZSM5 LaHZSM5 LiZSM5<br />
Figura IV.3.4.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HZSM5 em mistura mecânica<br />
(50% p/p) com Pt/Al2O3 . Obs: Para a amostra de LiZSM5 os valores correspondem a<br />
temperaturas entre 230 a 260 o C.<br />
4<br />
6<br />
11<br />
4<br />
49<br />
147
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10(%p/p)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão n-C10(%p/p)<br />
HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />
Figura IV.3.5.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas ZSM5 em mistura mecânica<br />
(50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
A redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 também foi investiga<strong>da</strong> substituindo-se<br />
o Al <strong>da</strong> rede por Fe. Conforme discutido na seção IV.2.1., a amostra contendo ferro<br />
(H[Fe]HZSM5) apresenta uma significativa redução <strong>da</strong> acidez “forte” de Bronsted<br />
(medido por IR de piridina após dessorção a temperatura de 350 o C e pela ativi<strong>da</strong>de de<br />
craqueamento do n-hexano a 450 o C – Tabela IV.2.3) em acordo com a literatura, que<br />
reporta uma menor força áci<strong>da</strong> para ferrosilicatos, quando comparados com seus<br />
análogos aluminosilicatos [137][136][159].<br />
Os resultados de seletivi<strong>da</strong>de para a hidroisomerização do n-heptano e do ndecano<br />
sobre misturas mecânicas contendo 50% p/p de Pt/Al2O3 e 50% <strong>da</strong> zeólita<br />
HZSM5 ou do ferrosilicato H[Fe]ZSM5 são apresentados nas figuras IV.3.6 e IV.3.7,<br />
respectivamente. Podemos observar que a amostra H[Fe]ZSM5 de menor força áci<strong>da</strong>,<br />
apresenta um significativo aumento na seletivi<strong>da</strong>de em iso-heptanos e iso-decanos.<br />
148
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7 (%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão n-C7 (%p/p)<br />
HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />
Figura IV.3.6.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão para as zeólitas<br />
HZSM5 (T=230 o C, P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) e para a zeólita H[Fe]ZSM5<br />
(230 o C ≤ T ≤.290 o C) em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso - C10 (%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C10 (%p/p)<br />
HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />
Figura IV.3.7.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
149
A análise <strong>da</strong> curva de distribuição de produtos (Figuras IV.3.8 a IV.3.10), na<br />
hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s com Ca, La ou Li e<br />
sobre H[Fe]ZSM5, mostra que os isômeros mono-ramificados (2-metil-hexano e 3metil-hexano)<br />
são formados preferencialmente. Têm sido observado que sobre<br />
Pt/ZSM5 forma-se preferencialmente mono-metil-isômeros[26]. Este mesmo<br />
comportamento é observado para outras estruturas de poros médios, sendo tão<br />
característico que foi incluído em um dos critérios para identificação de estruturas<br />
zeóliticas por Martens e Jacobs (Figura <strong>II</strong>.16) [17]. A baixa formação de bi-ramificados<br />
sobre zeólitas de poros médios, como a HZSM5, é atribuí<strong>da</strong> à ocorrência de restrições<br />
estéricas e/ou difusionais [31][48][56]. É proposto por alguns autores, que os isômeros<br />
bi-ramificados podem ser formados na interseção dos canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5<br />
(representa<strong>da</strong> na figura <strong>II</strong>.18 [68]), mas sofreriam forte restrição para se difundir para<br />
fora dos poros, sendo conseqüentemente, craqueados [67][66]). Outros autores<br />
propõem que o favorecimento <strong>da</strong>s reações de craqueamento ocorre devido a eleva<strong>da</strong><br />
força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita HZSM5, o que levaria a um maior tempo de residência dos<br />
intermediários olefínicos [17][18].<br />
Seletivi<strong>da</strong>de monor.(%p/p)<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7(%p/p)<br />
H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />
Figura IV.3.8. Seletivi<strong>da</strong>de para mono-ramificados na hidroisomerização do n-heptano<br />
(230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura mecânica (50% p/p) com<br />
Pt/Al2O3 . A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a<br />
leitura.<br />
150
Seletivi<strong>da</strong>de biram.(%p/p)<br />
20<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7 (%p/p)<br />
H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />
Figura IV.3.9. Seletivi<strong>da</strong>de para produtos bi-ramificados observados na<br />
hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em<br />
mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3. A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em<br />
to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />
Seletivi<strong>da</strong>de leves(%p/p)<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7 (%p/p)<br />
H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />
Figura IV.3.10. Seletivi<strong>da</strong>de para produtos leves na hidroisomerização do n-heptano<br />
(230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura mecânica (50% p/p) com<br />
Pt/Al2O3. A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a<br />
leitura.<br />
151
A análise detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong> distribuição de produtos em valores de conversão<br />
similares (Tabela IV.3.4) mostra que os principais produtos de craqueamento são<br />
propano e isobutano, formados em quanti<strong>da</strong>des equimoleculares.<br />
Tabela IV.3.4.: Resultados observados na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />
HSM5 modifica<strong>da</strong>s (zeólita HBeta incluí<strong>da</strong> para facilitar a comparação).<br />
T=230 o C, P=1atm HZSM5 LaZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5 H[Fe]ZSM5 HBeta<br />
Conversão (%)<br />
Seletivi<strong>da</strong>des (%molar)<br />
55,1 54,9 56,5 63,8 68.8 54,2<br />
. metano<br />
. etano<br />
. propano<br />
. iso-butano<br />
. n-butano<br />
. outros leves < C7<br />
. 2,2-DMP<br />
. 2,4-DMP<br />
. 2,3-DMP<br />
. 3,3-DMP<br />
. 2,3,3-TMP<br />
. 2MH<br />
. 3MH<br />
. 3EP<br />
. não identificados<br />
- razão C3/I-C4<br />
- razão 2MH/3MH<br />
Seletivi<strong>da</strong>des (%p/p)<br />
. leves (< C7)<br />
. mono-ramificados<br />
. bi-ramificados<br />
. tri-ramificados<br />
. etil-ramificados<br />
. outros<br />
0,4<br />
0,4<br />
49,9<br />
49,6<br />
0,4<br />
0,3<br />
0,03<br />
1,2<br />
0,6<br />
0,0<br />
0,0<br />
25,3<br />
20,6<br />
0,7<br />
0,9<br />
1,0<br />
1,2<br />
48,0<br />
51,3<br />
45,9<br />
1,8<br />
0,0<br />
0,3<br />
0,9<br />
0,6<br />
0,9<br />
56,4<br />
55,5<br />
0,4<br />
0,2<br />
0,04<br />
0,8<br />
0,4<br />
0,0<br />
0,0<br />
22,8<br />
17,7<br />
0,1<br />
0,7<br />
1,0<br />
1,3<br />
41,8<br />
57,8<br />
40,5<br />
1,2<br />
0,0<br />
0,1<br />
0,7<br />
0,0<br />
0,1<br />
44,9<br />
44,3<br />
0,5<br />
0,2<br />
0,04<br />
1,1<br />
0,0<br />
0,0<br />
0,0<br />
29,5<br />
21,5<br />
0,2<br />
2.0<br />
1,0<br />
1,4<br />
52.3<br />
45,9<br />
51,0<br />
1,1<br />
0,0<br />
0,2<br />
2,1<br />
1,5<br />
0,2<br />
35,5<br />
34,1<br />
0,3<br />
0,1<br />
0,02<br />
2,4<br />
1,0<br />
0,0<br />
0,0<br />
30,4<br />
29,4<br />
0,3<br />
0,5<br />
1,0<br />
1,0<br />
63.5<br />
36,0<br />
59,8<br />
3,5<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,5<br />
2,1<br />
1,1<br />
7,5<br />
5,0<br />
2,6<br />
3,0<br />
3,0<br />
6,8<br />
6,1<br />
0,7<br />
0,0<br />
32,9<br />
34,5<br />
2,0<br />
4,0<br />
1,5<br />
0,9<br />
86.0<br />
10,8<br />
67,4<br />
16,6<br />
0,0<br />
2,0<br />
4,2<br />
Com base no mecanismo de craqueamento do tipo β-cisão (Figura <strong>II</strong>.3), a<br />
formação de quanti<strong>da</strong>des equimoleculares de propano e isobutano é atribuí<strong>da</strong> ao<br />
craqueamento dos isômeros bi-ramificados [66]. Com base neste mecanismo,<br />
podemos concluir que a redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica com Ca<br />
e principalmente com lítio, ou por substituição isomórfica do Al por Fe na rede,<br />
ocasiona a redução <strong>da</strong>s taxas de craqueamento dos compostos bi-ramificados. Desta<br />
forma, estes isômeros teriam um maior tempo de residência para se difundirem para o<br />
exterior dos poros ou se converterem em isômeros mono-ramificados, que possuem<br />
uma menor tendência a sofrerem reações de craqueamento (Figura <strong>II</strong>.49 [81]). A<br />
reação de conversão entre mono-ramificados e bi-ramificados é reversível, como<br />
152<br />
0,2<br />
0,1<br />
18,1<br />
17,9<br />
0,4<br />
0,7<br />
3,5<br />
6,0<br />
7,4<br />
1,1<br />
0,4<br />
29,1<br />
30,7<br />
2,3<br />
0,3<br />
1,0<br />
0,9<br />
80,4<br />
19,1<br />
59,7<br />
18,0<br />
0,4<br />
2,3<br />
0,7
mostrado por exemplo por Guisnet e colaboradores [81] (Figura <strong>II</strong>.49). O efeito global<br />
seria portando uma redução na seletivi<strong>da</strong>de a produtos leves e um aumento na<br />
formação de mono-ramificados, o que estaria de acordo com o observado<br />
experimentalmente (Figuras IV.3.8 e IV.3.10, respectivamente).<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão n-C7 (%p/p)<br />
LiHBeta H-Beta<br />
Figura IV.3.11.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HBeta e LiHBeta em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
Os resultados (Figuras IV.3.11 a IV.3.13) mostram que a a redução <strong>da</strong> acidez<br />
pela introdução do lítio, também pode se constituir num método eficiente para o<br />
aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização para zeólitas de poros grandes. O fato<br />
<strong>da</strong> introdução do lítio ter aumentado a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros sobre a zeólita HBeta<br />
e ter tido pouco efeito sobre a zeólita HUSY, pode estar relacionado a baixa acidez<br />
inicial (Tabela IV.3.5) e excelente perfomance <strong>da</strong> zeólita HUSY testa<strong>da</strong> (Figura<br />
IV.3.13), o que a tornaria pouco sensível a modificações na acidez e/ou melhores na<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />
153
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão n-C10 (%)<br />
HBeta H-LiBea<br />
Figura IV.3.12.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HBeta e LiHBeta em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7 (%)<br />
USY LiUSY<br />
Figura IV.3.13.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HUSY e LiHUSY em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
154
O próximo passo <strong>da</strong> investigação do efeito <strong>da</strong> acidez foi modificar a s zeólitas<br />
HZSM5 e HBeta pela impregnação com ácido fosfórico. O efeito sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />
(medi<strong>da</strong> como Kapp de reação – seção IV.1) é apresentado na tabela IV.3.5. Podemos<br />
ver que:<br />
• A introdução do fósforo na zeólita HZSM5 acarretou a redução significativa na<br />
ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano, que é associa<strong>da</strong> à presença de sítios<br />
ácidos fortes. A ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano foi pouco<br />
influencia<strong>da</strong> pelo teor de fósforo, enquanto a reação de hidroisomerização do<br />
n-decano passa por um máximo em torno de 2% p/p de fósforo (Figura<br />
IV.3.14);<br />
• Sobre a zeólita HBeta, a introduçao de fósforo, em teores acima de 6%,<br />
acarreta a drástica redução <strong>da</strong> acidez forte (medi<strong>da</strong> pelo craqueamento do nhexano),<br />
o que se refletiu na redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do nheptano<br />
e do n-decano. Para esta zeólita fica bem nítido a ocorrência de um<br />
máximo de ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano e do n-decano para<br />
teores de P em torno de 0,5 e 1,5 %p/p (Figura IV.3.14), respectivamente.<br />
Tabela IV.3.5: ativi<strong>da</strong>des relativas de craqueamento do n-hexano (450 o C, 1atm) e<br />
hidroisomerizaçao do n-heptano e do n-decano (230 o C, 1 atm). Ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra<br />
HZSM5 defini<strong>da</strong> como sendo 100.<br />
HZSM5<br />
P(1,0)HZSM5<br />
P(2,0)HZSM5<br />
P(4,0)HZSM5<br />
HBeta<br />
P(0,5)HBeta<br />
P(1,5)HBeta<br />
P(3,0)HBeta<br />
P(6,0)HBeta<br />
P(8,3)HBeta<br />
Ativ. relat. n-C6 Ativ. relat. n-C7 Ativ. relat. n-C10 Ativ. n-C10/n-C7<br />
100<br />
20<br />
10<br />
0,8<br />
59<br />
60<br />
56<br />
62<br />
0,7<br />
0,4<br />
100<br />
102<br />
55<br />
79<br />
90<br />
154<br />
129<br />
64<br />
58<br />
2<br />
100<br />
84<br />
166<br />
112<br />
224<br />
300<br />
360<br />
219<br />
105<br />
67<br />
Obs: erros médios estimados em 20% para os valores de ativi<strong>da</strong>de relativa<br />
4<br />
3<br />
10<br />
5<br />
9<br />
7<br />
10<br />
12<br />
6<br />
124<br />
155
Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
0 2 4 6<br />
Teor de P (%p/p)<br />
n-C6<br />
n-c7<br />
c-c10<br />
Figura IV.3.14.: Ativi<strong>da</strong>de relativa <strong>da</strong> conversão do n-hexano (450 o C, 1 atm) e <strong>da</strong><br />
hidroisomerização do n-heptano (230 o C, 1 atm) e do n-decano (230 o C, 1 atm) para<br />
zeólitas HZSM5 contendo diversos teores de P em mistura mecânica (50% p/p) com<br />
Pt/Al2O3 .<br />
Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />
500<br />
450<br />
400<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
0 2 4 6 8 10<br />
Teor de P (%p/p)<br />
n-C6<br />
n-c7<br />
c-c10<br />
Figura IV.3.15.: Ativi<strong>da</strong>de relativa <strong>da</strong> conversão do n-hexano (450 o C, 1 atm) e <strong>da</strong><br />
hidroisomerização do n-heptano (230 o C, 1 atm) e do n-decano (230 o C, 1 atm) para<br />
zeólitas HBeta contendo diversos teores de P em mistura mecânica (50% p/p) com<br />
Pt/Al2O3 .<br />
156
Considerando-se que a etapa limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os sítios ácidos<br />
em todos os catalisadores utilizados (conforme discussão efetua<strong>da</strong> na seção IV.1.1),<br />
poderíamos correlacionar a variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização com variações<br />
na acidez <strong>da</strong>s zeólitas. Sobre a zeólita HZSM5, por exemplo, a introdução de fósforo<br />
tende a reduzir a acidez forte e aumentar o número de sítios ácidos médios (Tabela<br />
IV.2.5). No entanto, a introduçao de fósforo, muito provavelmente, pode acarretar<br />
mu<strong>da</strong>nças nas proprie<strong>da</strong>des de adsorção <strong>da</strong>s zeólitas. Como enfatizado em várias<br />
propostas recentes para explicar a diferença de ativi<strong>da</strong>de entre zeólitas, uma maior<br />
entalpia de adsorção resulta num aumento <strong>da</strong> concentração dos reagentes dentro dos<br />
poros e conseqüentemente leva a uma maior ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização [58][90].<br />
Com nas figuras IV.3.14 e IV.3.15 podemos afirmar que é possível se ter uma eleva<strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização, mesmo após uma substancial redução <strong>da</strong> acidez forte.<br />
O efeito do teor do fósforo sobre a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros variou em função<br />
<strong>da</strong> zeólita estu<strong>da</strong><strong>da</strong> (Figuras IV.3.16 a IV.3.19):<br />
• Para a zeólita HZSM5, a introdução de 1% de P não afetou a seletivi<strong>da</strong>de para<br />
isômeros. No entanto, para teores mais elevados (2 e 4%p/p), observa-se a<br />
redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para as reações de hidroisomerização do n-heptano e<br />
do n-decano (Figuras IV.3.16 e IV.3.17, respectivamente);<br />
• Para a zeólita HBeta, podemos concluir que os diversos teores de fósforo<br />
testados acarretam um aumento similar na seletivi<strong>da</strong>de em iso-heptanos<br />
(Figura IV.3.18). Para a hidroisomerização do n-decano, o aumento na<br />
seletivi<strong>da</strong>de foi influenciado pelo teor de P, segundo a sequência abaixo<br />
(Figura IV.3.19):<br />
P(8,3)HBeta > P(6)HBeta > P(3,0) HBeta ≅ (1,5)HBeta > P(0,5)HBeta ≅ Hbeta<br />
157
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
10 30 50 70 90<br />
Conversão do n-C7 (%p/p)<br />
HZSM5 P(1)HZSM5 P(2)HZSM5 P(4)HZSM5<br />
Figura IV.3.16.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HZSM5 com diversos teores de<br />
fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C10 (%p/p)<br />
HZSM5 P(1)HZSM5 P(2)HZSM5 P(4)HZSM5<br />
Figura IV.3.17.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HZSM5 com diversos teores de<br />
fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
158
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7 (%p/p)<br />
100<br />
95<br />
90<br />
85<br />
80<br />
75<br />
70<br />
65<br />
60<br />
55<br />
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão n-C7 (%p/p)<br />
HBeta P(0,5)HBeta P(1,5)HBeta<br />
P(3)HBeta P(6)HBeta P(8)HBeta<br />
Figura IV.3.18.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HBeta com diversos teores de<br />
fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3.<br />
Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />
Conversão iso-C10(%)<br />
P(0,5)HBeta P(1,5)HBeta P(3)HBeta<br />
P(6)HBeta P(8)HBeta HBeta<br />
Figura IV.3.19.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HBeta com diversos teores de<br />
fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />
159
Os resultados mostram que a modificação <strong>da</strong> acidez, pela introdução de fósforo<br />
na zeólita HBeta, acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros nas reações de<br />
hidroisomerização do n-heptano e do n-decano. O exato efeito do teor de fósforo se<br />
mostrou, no entanto, dependente <strong>da</strong> reação estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Em contraste, sobre a zeólita<br />
HZSM5, o efeito <strong>da</strong> presença de fósforo foi o de não alterar os valores de seletivi<strong>da</strong>de<br />
para baixos teores de fósforo (1%p/p) e de reduzir a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, para<br />
teores mais elevados (>2% p/p) para ambas as reações. Para racionalizar estes<br />
efeitos, temos de considerar na discussão o papel <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita sobre a<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />
Os resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano e do n-decano sobre<br />
HZSM5, HBeta e HUSY (Figura IV.3.3) mostram que as zeólitas de poros grandes<br />
HBeta e HUSY apresentam uma maior seletivi<strong>da</strong>de para isômeros do que a observa<strong>da</strong><br />
para a zeólita HZSM5 de poros médios. Segundo vários autores [53] [66][67][69],<br />
conforme revisado na seção <strong>II</strong>.1.3.2 em detalhes, uma maior seletivi<strong>da</strong>de a isômeros é<br />
atribuí<strong>da</strong> a estruturas que permitam uma rápi<strong>da</strong> difusão dos produtos, em especial dos<br />
produtos mais ramificados, o que é conhecido, apresentam uma maior tendência ao<br />
craqueamento (Figura <strong>II</strong>.49 [81]). De acordo com esta proposição, se observa sobre a<br />
zeólita HBeta (tabela IV.3.4) uma significativa formação de produtos bi-ramificados,<br />
incluindo os isômeros contendo o grupamento metil no mesmo átomo de carbono, que<br />
tendem a apresentar maiores restrições difusionais [31].<br />
Da mesma forma que observado sobre a zeólita HZSM5 (tabela IV.3.4.), sobre<br />
a zeólita HBeta observa-se a formação equimolecular de propano e isobutano como<br />
produtos principais de craqueamento (tabela IV.3.4), o que pelo mecanismo de<br />
craqueamento do tipo β-cisão (Figura <strong>II</strong>.3) indica que a maioria dos produtos leves é<br />
oriun<strong>da</strong> do craqueamento dos produtos bi-ramificados [66].<br />
Analisando a distribuição de produtos na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />
HBeta, LiHBeta e P(6)HBeta (Figura IV.3.20), podemos observar que o efeito <strong>da</strong><br />
redução <strong>da</strong> acidez forte por lítio e por fósforo são semelhantes. Observa-se um<br />
aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de total em isômeros, embora ocorra a redução na formação de<br />
compostos bi- e tri-ramificados.<br />
160
Seletivi<strong>da</strong>de leves (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de monoramif. (%p/p)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7(%p/p)<br />
LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7(%p/p)<br />
LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />
Seletivi<strong>da</strong>de biramificados (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de triramificados (%p/p)<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
0,8<br />
0,7<br />
0,6<br />
0,5<br />
0,4<br />
0,3<br />
0,2<br />
0,1<br />
0<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7(%p/p)<br />
LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão n-C7(%p/p)<br />
LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />
Figura IV.3.20: Distribuição dos principais produtos na hidroisomerização do<br />
n-heptano sobre zeólitas HBeta modifica<strong>da</strong>s por lítio (LiHBeta) e por fósforo<br />
(P(6)HBeta) (T= 230 o C, P= 1 atm) com diversos teores de fósforo em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 . A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as<br />
curvas para facilitar a leitura.<br />
O comportamento observado <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez forte acarretar a redução<br />
<strong>da</strong> formação de isômeros bi- e tri-ramificados (Figura IV.3.20) foi reportado<br />
anteriormente na literatura por Zhang e Smimiotis [16]. Estes autores estu<strong>da</strong>ram a<br />
hidroisomerização do n-octano sobre HBeta com diferentes razões Si/Al, chegaram à<br />
conclusão de que a redução <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (medido somente por TPD de amônia)<br />
acarreta a redução no grau de ramificação dos isômeros. No entanto, contrariamente a<br />
estes autores, os resultados presentes mostram que a redução <strong>da</strong> acidez “forte”<br />
161
contribui para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais (mono-ramificados + biramificados<br />
+ tri-ramifacados). Uma vez que é bem conhecido que os isômeros biramificados<br />
e principalmente os tri-ramificados tem uma maior taxa de craqueamento<br />
[81], a redução <strong>da</strong> taxa de formação destes isômeros contribui para o aumento <strong>da</strong><br />
seletivi<strong>da</strong>de total. Na zeólita de poros médios HZSM5, esta última rota para o aumento<br />
<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de toal em isômeros não seria significativa, uma vez que a seletivi<strong>da</strong>de<br />
para produstos bi-ramificados é pouco altera<strong>da</strong> para CaHZSM5 e LiHZSM5 ou mesmo<br />
aumenta significativamente para a amostra H[Fe]ZSM5 (Figura IV.3.9).<br />
Um fato que merece destaque é o significativo aumento <strong>da</strong> fração de biramificados<br />
sobre a amostra H[Fe]ZSM5 na hidroisomerização do n-heptano (Figura<br />
IV.3.9) , sugerindo que para esta zeólita a difusão dos compostos bi-ramificados é<br />
favoreci<strong>da</strong>. Uma evidência <strong>da</strong> redução <strong>da</strong>s restrições difusionais na amostra<br />
H[Fe]ZSM5 é forneci<strong>da</strong> pela análise <strong>da</strong> razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3metil-hexano<br />
(2-MH/3-MH) nos produtos <strong>da</strong> reação (Figura IV.3.21):<br />
• Para a zeólita de poros grandes HBeta o valor <strong>da</strong> razão entre os<br />
isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) se aproxima do<br />
equilíbrio termodinâmico a baixos valores de conversão (Figura<br />
IV.3.21). Resultados semelhantes foram obtidos por Patrigeon e<br />
colaboradores na hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas de<br />
poros grandes Y e HBeta [96]. Este comportamento tem sido explicado,<br />
considerando-se que a transferência de grupamentos alquil ocorre<br />
rapi<strong>da</strong>mente entre íons carbênio secundários (Figura <strong>II</strong>.3 [16])<br />
estabelecendo o equilíbrio termodinâmico entre os isômeros 2-metilhexano<br />
e 3-metil-hexano [96].<br />
• Para a zeólita de poros médios HZSM5 forma-se preferencialmente o<br />
isômero 2-metil-hexano e somente a valores elevados de conversão, a<br />
razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano se aproxima<br />
do valor previsto pelo equilíbrio termodinâmico (Figura IV.3.21).<br />
Resultados semelhantes <strong>da</strong> formação preferencial em zeólitas de poros<br />
médios do 2-metil-octano ou do 2-metil-nonano na hidroisomerização do<br />
n-nonano e do n-decano, respectivamente, têm sido observados na<br />
literatura e explicados pela ocorrência de seletivi<strong>da</strong>de de forma ao<br />
estado de transição dos intermediários “PCP” (seção <strong>II</strong>.1.1) sobre estas<br />
zeólitas [17]. Os resultados são tão característicos que serviram de<br />
base para o estabelecimento de critérios de identificação de estruturas<br />
162
zeolíticas [17] (ver seção <strong>II</strong>.1.3.2 para uma revisão sobre este item<br />
específico). Mais recentemente, surgiram fortes controvérsias na<br />
literatura para explicar a formação preferencial de isômeros com<br />
grupamentos metila na posição terminal em algumas peneiras<br />
moleculares de poros médios, tais como a ZSM22, ZSM23 e SAPO11.<br />
Uma nova proposição seria a ocorrência dos mecanismos denominados<br />
“catálise na boca dos poros” (pore mouth catalysis) e “chave-fechadura”<br />
(“key lock catalysis”). Segundo estes mecanismos o n-alcano penetraria<br />
somente parcialmente nos poros, levando a uma formação preferencial<br />
de isômeros do tipo 2-metil- [71][72].<br />
razão 2-MH/3-MH mol/mol<br />
1,8<br />
1,7<br />
1,6<br />
1,5<br />
1,4<br />
1,3<br />
1,2<br />
1,1<br />
1,0<br />
0,9<br />
0,8<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%)<br />
HZSM5 H[Fe]ZSM5 LiHZSM5<br />
LaHZSM5 CaHZSM5 HBeta<br />
Figura IV.3.21. Razão entre os isômeros 2-metil-hexano (2-MH) e 3-metil-hexano (3-<br />
MH) observados na hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre diferentes<br />
zeólitas em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3. (valor de equilíbrio estimado em<br />
1,1 a 230 o C e 1 atm – anexo V<strong>II</strong>.2.1)<br />
Podemos observar que sobre a amostra H[Fe]ZSM5 a razão entre os isômeros<br />
2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) é idêntica ao observado sobre a zeólita<br />
HBeta de poros grandes (Figura IV.3.21), indicando uma menor restrição estérica e/ou<br />
difusional na amostra H[Fe]ZSM5 quando compara<strong>da</strong> com a amostra HZSM5. Esta<br />
menor restrição difusional, provavelmente se deve a formação de mesoporos durante<br />
as etapas de preparo e/ou ativação, facilita<strong>da</strong> pela grande tendência de saí<strong>da</strong> do Fe<br />
<strong>da</strong> estrutura, como reportado por vários autores [159][163]. Esta hipótese será<br />
163
verifica<strong>da</strong> em próximos estudos, com a criação intencional de mesoporosi<strong>da</strong>de e a<br />
verificação do seu efeito na seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização.<br />
Os resultados apresentados na figura IV.3.21 mostram também que a razão<br />
entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) pode ser influencia<strong>da</strong><br />
pela acidez <strong>da</strong> zeólita. Comparando-se os resultados para as amostras HZSM5,<br />
LaHZSM5, CaHZSM5 e LiHZSM5, podemos ver que sobre a amostra LiHZSM5 que<br />
teve a sua acidez reduzi<strong>da</strong> significativamente (tabela IV.3.2), o valor do equilíbrio<br />
termodinâmico entre os isômeros tende a ser atingido mais rapi<strong>da</strong>mente, enquanto as<br />
amostra LaHZSM5 e HZSM5 de acidez similares (tabela IV.3.2) tendem também a ter<br />
também valores similares para a razão 2-MH/3-MH. A redução <strong>da</strong> acidez forte <strong>da</strong><br />
amostra CaHZSM5, por outro lado, aparentemente não foi suficiente para alterar a<br />
razão entre os isômeros. A acidez forte <strong>da</strong> amostra H[Fe]ZSM5 medi<strong>da</strong> pela reação de<br />
craqueamento do n-hexano é similar a <strong>da</strong> amostra LiHZSM5 (tabela IV.3.2),<br />
conseqüentemente esta menor acidez poderia estar contribuindo para uma menor<br />
razão 2-MH/3-MH. No entanto, se observarmos que a amostra H[Fe]ZSM5 atinge o<br />
valor de equilíbrio entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano mesmo a baixos<br />
valores de conversão, num comportamento típico de zeólitas de poros grandes<br />
(HBeta), podemos concluir que o fator determinante para este comportamento é a<br />
presença de menores restrições estéricas e/ou difusionais.<br />
A análise <strong>da</strong> distribuição de produtos sugere que a redução <strong>da</strong>s restrições<br />
difusionais, a semelhança <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez forte, é fator significativo para o<br />
aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros sobre a amostra H[Fe]ZSM5. Por outro lado, é<br />
de se esperar que modificações na zeólita, em especial em zeólitas de poros médios,<br />
que aumentem as restrições difusionais, irão contribuir para o aumento <strong>da</strong> taxa de<br />
craqueamento. Podemos propor que, sobre a zeólita HZSM5 de poros médios, a<br />
redução <strong>da</strong> acidez “forte” por impregnação por ácido fosfórico não propiciou o aumento<br />
<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros observa<strong>da</strong> para a amostra HBeta, devido a ocasionar o<br />
aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais. O aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais<br />
contrabalancearia o efeito benéfico <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez, com o resultado final sendo<br />
a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de. Sobre a zeólita HBeta, devido ao maior tamanho dos poros,<br />
não ocorreu um aumento significativo <strong>da</strong>s restrições difusionais e o resultado final <strong>da</strong><br />
redução <strong>da</strong> acidez foi o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. A análise <strong>da</strong><br />
distribuição de produtos <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas HZSM5<br />
modifica<strong>da</strong>s por ácido fosfórico fornece indícios <strong>da</strong> vali<strong>da</strong>de desta proposta:<br />
164
• A razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano é mais eleva<strong>da</strong><br />
para a amostra de HZSM5 contendo 4% de fósforo (Figura IV.3.22). Como<br />
discutido anteriormente um aumento nesta razão sugere um aumento nas<br />
restrições estéricas na zeólita;<br />
• Em valores similares de conversão, as amostras de HZSM5 contendo<br />
fósforo tendem a ter uma menor seletivi<strong>da</strong>de para os isômeros biramificados<br />
(Tabela IV.3.5), sugerindo o aumento nas restrições difusionais.<br />
razão 2-MH/3-MH mol/mol<br />
2,0<br />
1,8<br />
1,6<br />
1,4<br />
1,2<br />
1,0<br />
0,8<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%)<br />
HZSM5 P(1%)HZSM5 P(2%)HZSM5 P(4%)HZSM5<br />
Figura IV.3.22: Razão entre os isômeros 2-metil-hexano (2-MH) e 3-metil-hexano (3-<br />
MH) observados na hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre zeólitas<br />
modifica<strong>da</strong>s por ácido fosfórico em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3<br />
O efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> temperatura sobre a distribuição de produtos foi<br />
estu<strong>da</strong>do para a série de zeólitas HZM5 com a acidez modifica<strong>da</strong> por troca iônica (com<br />
cálcio, lantânio e lítio) e por impregnação com ácido fosfórico. O aumento de<br />
temperatura acarretou a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para as amostras de<br />
HZSM5, CaHZSM5 e LaHZSM5, enquanto não afetou significativamente a seletivi<strong>da</strong>de<br />
para as amostras impregna<strong>da</strong>s com fósforo ou submeti<strong>da</strong>s a troca iônica com lítio<br />
(Figura IV.3.23). Têm sido reportado na literatura que a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros é<br />
função somente <strong>da</strong> conversão, não sendo influencia<strong>da</strong> pela temperatura ou pela<br />
pressão para zeólitas para Pt/HY (180 a 240 o C, 7 a 130 bar) [61] [79] e Pt/HBeta [61].<br />
Por outro lado é reportado que o aumento <strong>da</strong> temperatura acarreta a redução <strong>da</strong><br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para Pt/HZSM22 e Pt/HEU-1 (210 a 250 o C) [61] e para<br />
Pt/sílica-aluminas (250 a 300 o C)[18].<br />
165
Tabela IV.3.5.: Resultados observados na hidroisomerização do n-heptano.<br />
T=230 o C, P=1atm HZSM5 P(1)HZSM5 P(4)HZSM5<br />
Conversão (%) 55,1 56,4 54,1<br />
Seletivi<strong>da</strong>des (%molar)<br />
. metano<br />
. etano<br />
. propano<br />
. iso-butano<br />
. n-butano<br />
. outros leves < C7<br />
. 2,2-DMP<br />
. 2,4-DMP<br />
. 2,3-DMP<br />
. 3,3-DMP<br />
. 2,3,3-TMP<br />
. 2MH<br />
. 3MH<br />
. 3EP<br />
. não identificados<br />
- razão C3/I-C4<br />
- razão 2MH/3MH<br />
Seletivi<strong>da</strong>des (%p/p)<br />
. leves (< C7)<br />
. mono-ramificados<br />
. bi-ramificados<br />
. tri-ramificados<br />
. etil-ramificados<br />
. outros<br />
0,4<br />
0,4<br />
49,9<br />
49,6<br />
0,4<br />
0,3<br />
0,03<br />
1,2<br />
0,6<br />
0,0<br />
0,0<br />
25,3<br />
20,6<br />
0,7<br />
0,9<br />
1,0<br />
1,2<br />
48,0<br />
51,3<br />
45,9<br />
1,8<br />
0,0<br />
0,3<br />
0,9<br />
0,2<br />
0,1<br />
35,5<br />
34,1<br />
0,3<br />
0,1<br />
0,02<br />
0,9<br />
0,4<br />
0,0<br />
0,0<br />
28,1<br />
23,3<br />
0,2<br />
0,3<br />
1,0<br />
1,2<br />
50,9<br />
48,6<br />
49,4<br />
1,4<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,6<br />
0,1<br />
0,5<br />
72,6<br />
72,1<br />
0,2<br />
0,2<br />
0,0<br />
0,5<br />
0,2<br />
0,0<br />
0,0<br />
14,0<br />
10,7<br />
0,1<br />
0,2<br />
1,0<br />
1,3<br />
25,4<br />
74,2<br />
24,7<br />
0,7<br />
0,0<br />
0,1<br />
0,6<br />
166
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
HZSM5<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
T=230oC T = 260oC T = 290oC<br />
LaHZSM5<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
T=230oC T=260oC T=290oC<br />
P(4)HZSM5<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
T=230oC T=260oC T=290oC<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
CaHZSM5<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
T=230oC T=260oC T=290oC<br />
P(1)HZSM5<br />
0 20 40 60 80 100 120<br />
Conversão (%p/p)<br />
T=230oC T=260oC T=290oC<br />
LiHZSM5<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%p/p)<br />
T=230oC T=260oC T=290oC<br />
Figura IV.3.23: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão em função <strong>da</strong><br />
temperatura de reação (P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para a zeólitas HZSM5<br />
com acidez modifica<strong>da</strong> em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3.<br />
167
Podemos racionalizar os resultados observados (Figura IV.3.23)<br />
considerando que sobre a zeólita HZSM5 o efeito <strong>da</strong> temperatura sobre a seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros é fortemente influenciado pela distribuição de força áci<strong>da</strong>. A redução<br />
significativa <strong>da</strong> acidez pela impregnação com ácido fosfórico ou pela troca iônica com<br />
lítio (tabela IV.3.2) faz com que a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros não seja mais influencia<strong>da</strong><br />
pela temperatura de reação (na faixa estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de 230 a 290 o C). Sobre a zeólita<br />
LaHZSM5, de acidez próxima a HZSM5, e sobre a amostra de CaHZM5 que ain<strong>da</strong><br />
conta uma acidez forte significativa (tabela IV.3.2), o aumento <strong>da</strong> temperatura acarreta<br />
a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Estes resultados sugerem que a energia de<br />
ativação para as reações de craqueamento e isomerização sejam similares sobre os<br />
sítios ácidos de força modera<strong>da</strong>.<br />
Os resultados do presente trabalho mostram claramente que a redução <strong>da</strong><br />
força áci<strong>da</strong> favorece o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais. Esta posição é<br />
defendi<strong>da</strong> por outros autores [17][18] [42][54][80] [85] [88]. É sugerido que uma menor<br />
força áci<strong>da</strong> acarreta uma menor vi<strong>da</strong> dos carbocátions sobre os sítios ácidos,<br />
favorecendo a sua dessorção como olefinas, que seriam a seguir hidrogena<strong>da</strong>s sobre<br />
os sítios metálicos, ao invés de sofrerem reações de hidrocraqueamento. No entanto,<br />
outros autores defendem a proposta de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> acarreta o<br />
aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de [16] [87] ou que este parâmetro não influencia a seletivi<strong>da</strong>de<br />
para formação de isômeros [89][90][66].<br />
Um levantamento <strong>da</strong> literatura (Tabela IV.3.6) permite identificar vários fatores<br />
que contribuem para a existência de propostas contraditórias sobre o efeito <strong>da</strong> força<br />
áci<strong>da</strong>, tais como:<br />
• A dificul<strong>da</strong>de ou a ausência de caracterização <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. Vários autores<br />
utilizam a temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia (TPDA) como medi<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. No entanto, é bem conhecido que a temperatura máxima do<br />
TPD de amônia é influencia<strong>da</strong> por vários fatores além <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (seção<br />
<strong>II</strong>.3.1). A técnica de TPDA também não permite distinguir entre sítios de<br />
Bronsted e de Lewis. Outros autores utilizam a própria ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de<br />
hidroisomerização como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez, quando esta pode ser influencia<strong>da</strong><br />
por vários fatores, tais como: a estrutura <strong>da</strong> zeólita, efeitos difusionais,<br />
diferença no número de sítios ácidos e mu<strong>da</strong>nça nas proprie<strong>da</strong>des de<br />
adsorção. No presente trabalho procurou-se caracterizar a acidez por váris<br />
técnicas de forma a se ter um quadro mais completo.<br />
168
• O método de alteração <strong>da</strong> razão Si/Al (e <strong>da</strong> acidez) por tratamento hidrotérmico<br />
<strong>da</strong> zeólita, muito empregado, pode gerar espécies de Al fora <strong>da</strong> rede, cujo<br />
papel na acidez ain<strong>da</strong> está sujeito a numerosa controvérsia (sítios superácidos,<br />
sítios de Lewis, alteração nas proprie<strong>da</strong>des de difusão, etc – ver seção<br />
<strong>II</strong>.2.1). No presente trabalho optou-se pela estratégia de reduzir a acidez por<br />
métodos bem aceitos na literatura;<br />
• A variação <strong>da</strong> conversão pela variação <strong>da</strong> temperatura de reação pode<br />
acarretar desvios, devido a diferenças nas energias de ativação para as<br />
reações de craqueamento e de hidroisomerização, como visto na figura<br />
IV.3.23. No presente trabalho, manteve-se para a maioria dos experimentos a<br />
temperatura fixa em 230 o C;<br />
• Dificul<strong>da</strong>de de se ter uma relação sítios metálicos/sítios ácidos que garanta que<br />
a etapa limitante ocorra sobre os sítios ácidos, devido à variação <strong>da</strong> estrutura<br />
e/ou <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita. O uso de misturas mecânicas <strong>da</strong> fase<br />
desidrogenante e <strong>da</strong> fase áci<strong>da</strong> (zeólita), utiliza<strong>da</strong> no presente trabalho,<br />
permitiu garantir que a etapa limitante ocorresse sobre os sítios ácidos para os<br />
catalisadores testados;<br />
• Conclusões basea<strong>da</strong>s na reação de um único tipo de parafina, que podem não<br />
ser uma regra geral quando se varia o tamanho <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong> parafina,<br />
especialmente se considerarmos que a reativi<strong>da</strong>de (seção <strong>II</strong>.1.7) e os<br />
mecanismos possíveis de craqueamento variam com o tamanho <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong><br />
n-parafina (Figura <strong>II</strong>.3). No presente trabalho utilizou-se o n-heptano e o ndecano<br />
que apresentam reativi<strong>da</strong>des bem distintas.<br />
Os resultados comparativos do efeito <strong>da</strong> impregnação por ácido fosfórico sobre<br />
a zeólita de poros médios HZSM5 e a de poros grandes HBeta, mostram que a<br />
estrutura <strong>da</strong> zeólita influência significativamente os efeitos <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> acidez<br />
sobre a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, sendo provavelmente um fator adicional para a<br />
controvérsia existente na literatura.<br />
169
Tabela IV.3.6.: Condições utiliza<strong>da</strong>s para investigação do efeito <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> sobre a<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />
Ref. ano O aumento <strong>da</strong> força<br />
áci<strong>da</strong>:<br />
Carac. <strong>da</strong> acidez condições zeólitas<br />
[88] 1982 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de Sugerem que a ordem n-decano [M]ZSM5<br />
em isômeros<br />
de ativi<strong>da</strong>de indica a<br />
(metasilicatos)<br />
força áci<strong>da</strong><br />
M=Al, B, Fe, Be<br />
[85] 1982 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de IR ban<strong>da</strong>s OH e teoria n-decano 13 diferentes<br />
em isômeros<br />
de eletronegativi<strong>da</strong>de<br />
zeólitas<br />
[54] 1996 Favorece a TPD de amônia n-heptano MgHbeta e<br />
seletivi<strong>da</strong>de em<br />
MgHmordenita<br />
isômeros sobre<br />
[18] 1997<br />
Mgmordenita e não tem<br />
efeito sobre MgHBeta<br />
Reduz a seletivi<strong>da</strong>de Assumido uma menor n-decano<br />
em isômeros<br />
acidez de sílica- 240 –<br />
alumina x USY 300 o Sílica-alumina<br />
USY<br />
C<br />
[87] 1999 Favorece a seletivi<strong>da</strong>de A - Tmax do TPD n-heptano<br />
em isômeros<br />
amônia; B-<br />
300<br />
deslocamento <strong>da</strong><br />
Ban<strong>da</strong> OH com<br />
benzeno adsorvido<br />
o SAPO-11 e 5<br />
C CoAPO-11 e 5<br />
X = 5%<br />
[16] 1999 Favorece a seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros<br />
[42] 2000 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros<br />
[89] 2000 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de<br />
em isômeros<br />
TPD de amônia (criou<br />
o conceito de T.média<br />
de dessorção)<br />
n-octano<br />
195-415 o C<br />
X=0 a<br />
100%<br />
TPD de amônia Hexadeca<br />
no<br />
350 o C,<br />
Craqueamento do nhexano<br />
[90] 2000 Não influencia Sem caracterização.<br />
Curvas x Si/Al<br />
[66] 2004 Não influencia desde<br />
que se tenha um<br />
balanço adequado <strong>da</strong><br />
função metálica<br />
TPD de amônia<br />
Craqueamento do nhexano<br />
(420 o C)<br />
103 bar<br />
n-octano,<br />
n-decano,<br />
n-<br />
dodecano<br />
n-hexano,<br />
n-heptano,<br />
n-octano e<br />
n-nonano<br />
233 o C<br />
n-heptano<br />
210 a<br />
360 o C<br />
ZSM12, Beta,<br />
mordenita, USY<br />
e L com<br />
diversas razões<br />
Si/Al<br />
ZSM5, ZSM22,<br />
SAPO-11, Al-<br />
MCM-41, HY e<br />
HBeta<br />
USY<br />
USY com varias<br />
razões Si/Al<br />
Y, USY, Beta,<br />
mordenita,<br />
ZSM12 e ZSM5<br />
com várias<br />
razões Si/Al<br />
170
Os catalisadores estu<strong>da</strong>dos foram ain<strong>da</strong> comparados com amostras<br />
comerciais, de forma a se estimar o potencial de aplicação. Os catalisadores<br />
comerciais testados foram à base de H-mordenita (catalisador 1) e à base de zeólita<br />
HUSY (catalisador 2), ambos promovidos por metais nobres. Os resultados<br />
comparativos <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano são apresentados na Figura IV.3.24.<br />
As amostras LiHBeta e H[Fe]ZSM5 ain<strong>da</strong> não otimiza<strong>da</strong>s (ex: pela introdução <strong>da</strong> fase<br />
metálica na zeólita) mostraram desempenho similar ao melhor catalisador comercial<br />
testado para esta reação.<br />
Seletivi<strong>da</strong>de em iso-C7 (%p/p)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
0 20 40 60 80 100<br />
Conversão (%)<br />
comercial 1 comercial 2 LiHBeta H[Fe]ZSM5<br />
Figura IV.3.24: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />
P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) obti<strong>da</strong> para a zeólita LiHBeta em mistura<br />
mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 e para dois catalisadores comerciais. A barra de<br />
erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />
171
V. Conclusões<br />
Uma série de zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY com a acidez modifica<strong>da</strong> por<br />
troca iônica com cátions não redutíveis (Ca, Li e La), por impregnação com ácido<br />
fosfórico e por substituição do Al <strong>da</strong> rede <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por Fe, foram testa<strong>da</strong>s na<br />
hidroisomerização do n-heptano e do n-decano em mistura mecânica com Pt/Al2O3 em<br />
temperaturas de 230ºC a 260 o C e 1 atm.<br />
Utilizando a reação de craqueamento do n-hexano foi observa<strong>da</strong> a redução <strong>da</strong><br />
acidez forte sobre a zeólita HZSM5 pela troca iônica com cálcio e principalmente lítio.<br />
Por outro lado, a troca iônica com lantânio acarreta um efeito pouco significativo no<br />
valor <strong>da</strong> acidez. A impregnação por ácido fosfórico <strong>da</strong> zeólita HZSM5 acarretou a<br />
redução <strong>da</strong> acidez forte e o aumento do número de sítios ácidos de força média (estes<br />
quantificados pela dessorção a temperatura programa<strong>da</strong> <strong>da</strong> amônia e por IR de<br />
piridina adsorvi<strong>da</strong>). A introdução de lítio por troca iônica nas zeólitas HBeta e HUSY<br />
ocasiona, <strong>da</strong> mesma forma que o observado para a zeólita HZSM5, a redução <strong>da</strong><br />
acidez forte quantifica<strong>da</strong> pela taxa de craqueamento do n-hexano. Sobre a zeólita<br />
HBeta, somente para teores acima de 3% p/p de fósforo, se observa uma redução<br />
significativa no valor <strong>da</strong> acidez forte.<br />
Acima de 50% p/p <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 em mistura mecânica com a zeólita HZSM5,<br />
observa-se que a etapa limitante ocorre sobre os sítios ácidos e a seletivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros é pouco afeta<strong>da</strong>. Nas condições testa<strong>da</strong>s, observa-se uma baixa formação<br />
de metano e etano, indicando que a fase Pt/Al2O3 possui baixa ativi<strong>da</strong>de de<br />
hidrogenólise.<br />
A redução <strong>da</strong> acidez forte por troca iônica com lítio acarretou nas três zeólitas<br />
testa<strong>da</strong>s (HZSM5, HBeta e HUSY) a redução <strong>da</strong> taxa de hidroisomerização do nheptano<br />
e do n-decano. O efeito <strong>da</strong> alteração <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 e HBeta<br />
por impregnação com ácido fosfórico sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização foi mais<br />
complexo. Para a zeólita HBeta observa-se a ocorrência de um máximo na ativi<strong>da</strong>de<br />
de hidroisomerização do n-heptano e do n-decano para teores de 0,5 e 1.5 %p/p de P,<br />
respectivamente. Para teores acima de 3% p/p de fósforo observa-se a redução <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização <strong>da</strong>s duas reações sobre a zeólita HBeta. Para a<br />
zeóllita HZSM5, a introdução do fósforo em teores entre 1 a 4% não acarretou a<br />
alteração significativa <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano, enquanto a<br />
172
conversão do n-decano passa por um máximo em torno de 2% p/p de fósforo. O efeito<br />
complexo do fósforo sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização pode estar relacionado a<br />
redistribuição do número de sítios ácidos fortes e médios e/ou alterações nas<br />
proprie<strong>da</strong>des de adsorção <strong>da</strong>s zeólitas.<br />
Sobre a zeolita HZSM5 de poros médio a acidez e os efeitos difusionais<br />
influenciam a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização do n-heptano e do ndecano.<br />
A redução <strong>da</strong> acidez forte por troca iônica com cálcio e lítio ou por<br />
substituição isomórfica do alumínio <strong>da</strong> rede por ferro, contribui significativamente para<br />
o aumento de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais, pela redução <strong>da</strong>s taxas de<br />
craqueamento dos isômeros bi-ramificados. Por sua vez, a troca iônica com lantânio<br />
não reduz a acidez forte e conseqüentemente não tem um impacto positivo sobre a<br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. A introdução do fósforo na zeólita HZSM5, apeasar de<br />
reduzir a acidez forte, ocasiona o aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais, levando a um<br />
maior tempo de residência dos isômeros bi-ramificados, o que facilita a ocorrência <strong>da</strong>s<br />
reações de hidrocraqueamento. Sobre H[Fe]ZSM5 também se observa uma<br />
significativa contribuição <strong>da</strong> redução <strong>da</strong>s restrições difusionais ao aumento <strong>da</strong><br />
seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Sobre a zeólita HZSM5 a força aci<strong>da</strong> influencia a taxa<br />
relativa de craqueamento e isomerização. Para zeólita HZSM5 com a acidez reduzi<strong>da</strong><br />
por fósforo e por lítio, a curva de seletivi<strong>da</strong>de versus conversão é independente <strong>da</strong><br />
temperatura, indicando que as reações de craqueamento e isomerização tem energia<br />
de ativação similares sobre estes sítios ácidos de força reduzi<strong>da</strong>.<br />
Sobre as zeólitas com poros grandes, onde os efeitos difusivos têm papel<br />
menos significativo, a redução <strong>da</strong> acidez forte, por troca iônica com lítio ou por<br />
impregnação com ácido fosfórico, acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />
totais na hidroisomerização do n-heptano e do n-decano, pela redução <strong>da</strong>s taxas de<br />
craqueamento dos isômeros bi-ramificados e pela redução <strong>da</strong> taxa de formação dos<br />
isômeros multi-ramificados.<br />
173
VI – Sugestões para futuros estudos<br />
1. Estu<strong>da</strong>r o efeito do grau de troca iônica sobre a ativi<strong>da</strong>de e a<br />
seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
Como continui<strong>da</strong>de ao presente trabalho, sugere-se a realização de diversos<br />
graus de troca iônica (ex: com La 3+ , Ca 2+ , Li + ou outros cátions) em zeólitas<br />
características de poros médios e de poros grandes (ex: ZSM5 e Beta,<br />
respectivamente) permitindo o estudo do efeito do grau de troca iônica sobre a acidez,<br />
a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização de n-parafinas maiores<br />
do que n-C6. Um dos poucos estudos abor<strong>da</strong>ndo a variação do grau de troca iônica<br />
em reações de hidroisomerização foi reporado por Mao e Saberi [81]. Estes autores<br />
estu<strong>da</strong>ram o efeito do grau de troca iônica de Al 3+ em Pt/Y, tendo observado um valor<br />
máximo de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para teores aproximados de 1% de Al 3+ (figura<br />
<strong>II</strong>.41). Os resultados foram explicados com base na formação de uma “configuração<br />
triangular” de sítios, como revisado na seção <strong>II</strong>.I.4.3. Estes resultados poderiam ser<br />
questionados com base na presente proposta de estudo.<br />
2. Estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> adição de compostos nitrogenados sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />
e seletivi<strong>da</strong>de dos catalisadores de hidroisomerização<br />
A idéia seria testar o conceito de que com o uso de compostos nitrogenados<br />
com diversos tamanhos moleculares e força básica (Ex: quinolina, propil-aminas, etc)<br />
poderia se envenenar seletivamente os sítios ácidos fortes e/ou os sítios ácidos<br />
externos, contribuindo para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. As zeólitas<br />
seleciona<strong>da</strong>s deveriam ter o mesmo tipo de estrutura e uma distribuição níti<strong>da</strong> de força<br />
áci<strong>da</strong>, tal como a zeólita HZSM5 promovi<strong>da</strong> por fósforo, discuti<strong>da</strong> presente trabalho.<br />
Os resultados <strong>da</strong> literatura utilizando compostos nitrogenados na alimentação foram<br />
revisados na seção <strong>II</strong>.1.6. O trabalho mais completo foi efetuado por Galperim e<br />
colaboradores [91][92][93] utilizando zeólitas HZSM5 com razões Si/Al entre 38 e 400<br />
e MAPSO-31, ambas promovi<strong>da</strong>s por Pt, mas sem estu<strong>da</strong>r em detalhes o efeito <strong>da</strong><br />
174
presença de nitrogenados em uma mesma estrutura zeolítica com diferentes<br />
distribuições de força áci<strong>da</strong>.<br />
3. Estu<strong>da</strong>r o efeito do tamanho de cristalito <strong>da</strong> zeólita HZSM5 e H[Fe]ZSM5<br />
sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />
Existem resultados esparsos na literatura mostrando que o aumento do<br />
tamanho do cristalito, em geral, acarreta uma menor seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Chica<br />
e Corma [69], por exemplo, estu<strong>da</strong>ram zeólitas HBeta com diferentes tamanhos de<br />
cristalito, tendo explicado a maior seletivi<strong>da</strong>de para as zeólitas de menor tamanho de<br />
cristalito, devido a maior facili<strong>da</strong>de de difusão dos produtos, em especial dos produtos<br />
mais ramificados que possuem maior tendência ao craqueamento. Uma comparação<br />
do efeito do tamanho de cristalito entre as zeólitas iso-estruturais HZSM5 e<br />
H[Fe]ZSM5, que possuem diferentes forças áci<strong>da</strong>s, poderia indicar qual é o fator mais<br />
importante para se ter uma eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de (efeitos difusivos ou força áci<strong>da</strong>) para<br />
este tipo de estrutura. Opcionalmente, um interessante estudo também poderia ser<br />
gerado, realizando-se como no presente trabalho a alteração <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> por troca<br />
iônica com cátions não redutíveis ou por impregnação com compostos de P (ou B) <strong>da</strong><br />
zeólita HZSM5 com diferentes tamanhos de cristalitos.<br />
4. Testar a reação de conversão de olefinas, considera<strong>da</strong>s intermediários de<br />
reação, tais como heptenos e decenos, como ferramenta de caracterização<br />
<strong>da</strong> acidez de catalisadores de hidroisomerização.<br />
Embora aceita na literatura e permitindo obter resultados coerentes no<br />
presente trabalho, o uso <strong>da</strong> reação de craqueamento do n-hexano para caracterizar a<br />
acidez tem o inconveniente de medir principalmente a acidez forte e de ser realiza<strong>da</strong><br />
em condições de temperatura (400 a 550 o C) bem acima <strong>da</strong> temperatura tipicamente<br />
utiliza<strong>da</strong> nas reações de hidroisomerização (200 a 350 o C). A conversão de olefinas<br />
como n-heptenos e n-decenos seria uma alternativa interessante para a<br />
caracterização <strong>da</strong> acidez, por ser conduzi<strong>da</strong> nas mesmas condições de temperatura<br />
utiliza<strong>da</strong> nas reações de hidroisomerização e pelo fato destas olefinas serem<br />
considera<strong>da</strong>s intermediários de reação na proposta de mecanismo bifuncional. Na<br />
175
seção <strong>II</strong>I.3.3 é descrita uma condição experimental utiliza<strong>da</strong> em caráter exploratório.<br />
Duas dificul<strong>da</strong>des experimentais observa<strong>da</strong>s foram a rápi<strong>da</strong> desativação do<br />
catalisador, o que dificulta a obtenção de <strong>da</strong>dos a iso-conversão e a grande<br />
quanti<strong>da</strong>de de produtos, o que dificulta a separação e a identificação cromatográfica.<br />
A tabela V1.1 reporta resultados iniciais segundo a metodologia descrita na seção<br />
<strong>II</strong>I.3.3.<br />
Tabela VI.1. Conversão do 1-hepteno a 200 o C e 1 atm sobre a zeólita HZSM5<br />
w/v (g.cat/ml.min) 1523 1205<br />
. leves 0,9 11,4<br />
. metil-hexenos 4,2 22,9<br />
. heptenos 87,9 52,3<br />
. oligômeros 3,7 11,5<br />
. 1-hepteno 2,2 1,9<br />
5. Aprimorar o teste de hidroisomerização do n-decano, identificando<br />
individualmente os diversos isômeros formados, permitindo aumentar o grau de<br />
interpretação do efeito <strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> acidez.<br />
6. Estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> pressão de hidrogênio sobre zeólitas com diferentes<br />
forças áci<strong>da</strong>s, buscando identificar efeitos sinérgicos entre estes dois fatores sobre as<br />
taxas de hidroisomerização e craqueamento de n-parafinas.<br />
7. Estu<strong>da</strong>r em maior profundi<strong>da</strong>de a zeólita H[Fe]ZSM5, variando-se<br />
parâmetros como a razão Si/Fe e caracterizando-se em detalhe os diversos tipos de<br />
ferro presentes na estrutura.<br />
176
V<strong>II</strong> – Anexos<br />
V<strong>II</strong>.1. Resumo de trabalhos publicados em congressos<br />
a) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., “Mecanismo de craqueamento do nhexano<br />
sobre zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s por fósforo, lantânio, cálcio ou pelo<br />
tratamento hidrotérmico”, 10º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.3, pp.82-89, 1999<br />
A conversão de n-hexano foi investiga<strong>da</strong> sobre zeólitas HZSM5, modifica<strong>da</strong>s<br />
por troca iônica com La ou Ca, impregna<strong>da</strong>s com teores de 1 e 2 p/p de P ou<br />
submeti<strong>da</strong>s ao tratamento hidrotérmico. Observou-se uma redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e um<br />
aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para olefinas (propeno e butenos) com o uso de P e Ca. A<br />
introdução de La não modificou sensivelmente a ativi<strong>da</strong>de ou seletivi<strong>da</strong>de, enquanto<br />
que o tratamento hidrotérmico aumentou a ativi<strong>da</strong>de, mas reduziu a seletivi<strong>da</strong>de para<br />
olefinas leves. O efeito sobre a ativi<strong>da</strong>de foi explicado com base na modificação sobre<br />
a acidez observa<strong>da</strong> por TPD de amônia. O efeito sobre a seletivi<strong>da</strong>de foi explicado<br />
considerando-se que a redução <strong>da</strong> acidez (número e/ou força) ocasiona o aumento <strong>da</strong><br />
participação relativa do mecanismo de craqueamento protolítico monomolecular<br />
versus o mecanismo de craqueamento bimolecular.<br />
b) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Monteiro, J.L., “Efeito <strong>da</strong> presença de<br />
compostos nitrogenados na hidroisomerização do n-hexano sobre Pt-USY”, 10º<br />
Congresso Brasileiro de Catálise, vol.3, pp.357-358, 1999<br />
Estu<strong>da</strong>ndo-se a hidroconversão do n-hexano, observou-se que tanto o<br />
aumento <strong>da</strong> razão Si/Al no catalisador Pt/USY, como o aumento <strong>da</strong> pressão de<br />
operação, acarretaram a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em<br />
isômeros. Na presença de 150 ppm de N como butil-amina, a ativi<strong>da</strong>de não pode ser<br />
correlaciona<strong>da</strong> com a razão Si/Al. Tem-se como hipótese, que a resistência a<br />
compostos nitrogenados esteja associa<strong>da</strong> à distribuição de força áci<strong>da</strong>. As amostras<br />
com maior número de sítios ácidos de força média, seriam mais resistentes ao<br />
envenenamento por nitrogenados.<br />
177
c) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Bittencourt, C.P., “Hidroisomerização de<br />
n-heptano sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5”, 11º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.2,<br />
pp. 984-988, 2001<br />
Misturas mecânicas de Pt/Al2O3 com HZSM5 ou H[Fe]ZSM5 foram testa<strong>da</strong>s<br />
para a hidroisomerização do n-heptano. A ordem de ativi<strong>da</strong>de foi HZSM5 ><br />
H[Fe]ZSM5, que está de acordo com a ordem de força áci<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> por TPD de<br />
amônia e craqueamento do n-hexano. H[Fe]ZSM5 apresenta eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de<br />
isomerização devido a sua força áci<strong>da</strong> modera<strong>da</strong>..<br />
d) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Reis, A.R., Matos,<br />
T.L.P.,”“Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano sobre misturas mecânicas de<br />
Pt/Al2O3 e zeólitas H-Beta modifica<strong>da</strong>s com fósforo”, Recentes Resultados de<br />
Pesquisa - 12º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.2, pp. 13-14, 2003<br />
178
V<strong>II</strong>.2. Cálculo do equilíbrio termodinâmico<br />
V<strong>II</strong>.2.1. Reação de hidroisomerização do n-heptano<br />
O equilíbrio termodinâmico <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do h-heptano a<br />
pressão atmosférica foi calculado utilizando-se o programa PRO <strong>II</strong> (Simulations<br />
Science Inc) versão 5.6, assumindo: 1) vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> equação de Soave-Redlick-Kwong;<br />
2) alimentação contendo 1 mol de n-heptano; 3) ocorrência somente de reações de<br />
hidroisomerização: a) formação de metil-mono-ramificados (2-metil-hexano (2MH) e 3metil-hexano<br />
(3MH)); b) formação de metil-bi-ramificados (2-2-metil-pentano (22DMP),<br />
2-3-metil-pentano (23DMP), 2-4-metil-pentano (24DMP) e 3-3-metil-pentano (33DMP)<br />
e c) formação de metil-triramifacados (2-2-3-trimetil-butano (223TMB)). Os resultados<br />
são apresentados nas tabelas V<strong>II</strong>.1 e V<strong>II</strong>.2 e figura V<strong>II</strong>.1.<br />
Tabela V<strong>II</strong>.1. Frações molares no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do nheptano<br />
a 1 atm e temperaturas entre 150 a 360 o C. Alimentação de 1 mol de nheptano.<br />
Pressao (atm) 1 1 1 1 1 1 1<br />
Temper. ( o C) 150 200 230 260 290 320 360<br />
22DMP 0,198 0,151 0,130 0,113 0,099 0,088 0,076<br />
23DMP 0,100 0,108 0,111 0,113 0,114 0,115 0,115<br />
24DMP 0,099 0,085 0,078 0,072 0,067 0,062 0,056<br />
33DMP 0,070 0,063 0,060 0,056 0,053 0,050 0,047<br />
heptano 0,079 0,103 0,117 0,130 0,142 0,153 0,167<br />
2MHX 0,237 0,251 0,255 0,258 0,259 0,259 0,258<br />
3MHX 0,174 0,204 0,219 0,232 0,242 0,252 0,262<br />
223TMB 0,044 0,035 0,031 0,027 0,025 0,022 0,020<br />
total 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000<br />
Tabela V<strong>II</strong>.2. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização<br />
do n-heptano a 1 atm e temperaturas entre 150 a 360 o C. Alimentação de 1 mol de nheptano.<br />
Pressao atm 1 1 1 1 1 1 1<br />
T( o C) 150 200 230 260 290 320 360<br />
conversao % 92,09 89,67 88,30 87,02 85,82 84,70 83,33<br />
Sel. (%p/p)<br />
22DMP 21,5 16,8 14,7 13,0 11,5 10,4 9,1<br />
23DMP 10,8 12,0 12,5 12,9 13,3 13,5 13,8<br />
24DMP 10,8 9,5 8,9 8,3 7,8 7,3 6,8<br />
33DMP 7,6 7,1 6,8 6,5 6,2 5,9 5,6<br />
2MHX 25,7 27,9 28,9 29,6 30,1 30,5 30,9<br />
3MHX 18,9 22,8 24,8 26,6 28,2 29,7 31,4<br />
223TMB 4,7 3,9 3,5 3,1 2,9 2,6 2,4<br />
total 100,0 100,0 100,0 100,0, 100,0 100,0 100,0<br />
179
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
200 250 300 350<br />
conversão monoramificados<br />
biramificados triramificados<br />
Figura V<strong>II</strong>.1: Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do<br />
n-heptano a 1 atm não considerando a ocorrência de reações de craqueamento.<br />
Para estimar se as reações de craqueamento são termodinamicamente<br />
favoráveis em condições típicas de hidroisomerização, foi incluí<strong>da</strong> a reação de<br />
craqueamento do n-heptano, originando propano e iso-buteno. Esta escolha é<br />
jsutifica<strong>da</strong> considerando-se que experimentalmente forma-se principalmente propano e<br />
iso-butano nos produtos leves de reação. O iso-butano seria originário do iso-buteno<br />
por rápi<strong>da</strong> hidrogenação (não incluí<strong>da</strong> nos cálcuos). Os resultados são apresentados<br />
na tabela V<strong>II</strong>.3 e V<strong>II</strong>.4.<br />
Tabela V<strong>II</strong>.3. Frações molares e mássicas no equilíbrio <strong>da</strong> reação de<br />
hidroisomerização do n-heptano a 1 atm e 230 o C, considerando a ocorrência de<br />
reação de craqueamento. Alimentação de 1 mol de n-heptano.<br />
Pressao (atm) 1 1<br />
T( o C) 230 230<br />
% molar % massica<br />
22DMP 5,96 8,16<br />
23DMP 5,08 6,96<br />
24DMP 3,60 4,93<br />
33DMP 2,74 3,76<br />
heptano 5,37 7,36<br />
2MHX 11,73 16,07<br />
3MHX 10,07 13,80<br />
223TMB 1,41 1,93<br />
PROPANO 27,02 16,29<br />
IS0-C4= 27,02 20,73<br />
total 100,000 100,000<br />
180
Tabela V<strong>II</strong>.4. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização<br />
do n-heptano a 1 atm e 230 o C considerando ocorrência de reação de craqueamento<br />
do n-heptano. Alimentação de 1 mol de n-heptano.<br />
Conversao % 92,64 92,64<br />
Seletivi<strong>da</strong>de % molar mássica<br />
n-heptanos 60,02 60,04<br />
. mono-ramificados 32,24 32,24<br />
. bi-ramificados 25,70 25,71<br />
. tri-ramificados 2,08 2,09<br />
produtos leves (C3 iso-C4) 79,92 39,96<br />
Total de produtos 139,95 100,00<br />
Os resultados apresentados na tabela V<strong>II</strong>.4 mostram que nas condições<br />
testa<strong>da</strong>s a formação de produtos leves é favoreci<strong>da</strong> termodinamicamente.<br />
V<strong>II</strong>.2.2. Reação de desidrogenaçao do n-heptano<br />
Uma estimativa do equilíbrio <strong>da</strong> desidrogenaçãoo do n-heptano a 1-hepteno foi<br />
realiza<strong>da</strong> considerando-se dois casos: a) ausência de hidrogênio na alimentação e b)<br />
razão H2/n-heptano de 56 mol/mol (condição típica <strong>da</strong> maioria dos experimentos). Os<br />
resultados são apresentados na tabela V<strong>II</strong>.5.<br />
Tabela V<strong>II</strong>.5. Fração molar no equilíbrio <strong>da</strong> reação de desidrogenação do n-heptano a<br />
n-hepteno.<br />
Pressão (atm) 1 1<br />
T ( o C) 230 230<br />
Razão H2/n-C7 0 56<br />
Fração molar<br />
heptano 0,9993 0,9984<br />
1-hepteno 6,80E-04 3,16E-7<br />
181
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