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II. Revisão da Literatura - UFRJ

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BITTENCOURT, ROBERTO CARLOS PONTES<br />

Efeito <strong>da</strong> acidez e <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita na<br />

hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />

[Rio de Janeiro] 2004<br />

IX, 196 p. 29,7 cm (COPPE/<strong>UFRJ</strong>, D.Sc.,<br />

Engenharia Química, 2004).<br />

Tese - Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio de<br />

Janeiro, COPPE<br />

1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />

2. Zeólitas<br />

3. Catálise<br />

I. COPPE/<strong>UFRJ</strong> <strong>II</strong>. Título (série)<br />

ii


Dedicatória<br />

Ao tempo, que apaga caminhos e transforma o conhecimento.<br />

Das utopias<br />

Se as coisas são inatingíveis... ora!<br />

não é motivo para não querê-las...<br />

Que tristes os caminhos,<br />

se não fora<br />

a mágica presença<br />

<strong>da</strong>s estrelas!<br />

(Mário Quintana)<br />

Do princípio <strong>da</strong>s coisas<br />

Dentro <strong>da</strong> caixa, existe o mistério<br />

Dentro do homem, persiste a dúvi<strong>da</strong><br />

Entre o infinito e o vazio<br />

Fará diferença descobrir a resposta ?<br />

Não importa<br />

Que seja mágica a jorna<strong>da</strong><br />

(O Lobo)<br />

iii


Agradecimentos<br />

A quem me ama.<br />

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, em<br />

especial à Bianca, à Cristina e à Tâmara pela realização de vários experimentos.<br />

A Petrobras, que permite a seus pesquisadores se aprimorarem continuamente.<br />

A Deus que criou infinitas maravilhas para serem descobertas.<br />

iv


Resumo <strong>da</strong> Tese apresenta<strong>da</strong> à COPPE/<strong>UFRJ</strong> como parte dos requisitos necessários<br />

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)<br />

EFEITO DA ACIDEZ E DA ESTRUTURA DA ZEÓLITA NA HIDROISOMERIZAÇÃO<br />

DO N-HEPTANO E DO N-DECANO<br />

Orientadores: Martin Schmal<br />

Programa: Engenharia Química<br />

Roberto Carlos Pontes Bittencourt<br />

Dezembro / 2004<br />

A hidroisomerização do n-heptano e do n-decano foi investiga<strong>da</strong> sobre<br />

misturas físicas de Pt/Al2O3 com zeólitas H-ZSM5, H-USY e H-Beta em temperaturas<br />

de 230 a 290 o C e a pressão atmosférica. As proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> zeólita HZSM5<br />

foram modifica<strong>da</strong>s por impregnação com ácido fosfórico; troca iônica com lantânio,<br />

cálcio ou lítio e por substituição isomórfica do alumínio <strong>da</strong> rede por ferro (H[Fe]ZSM5).<br />

A acidez <strong>da</strong> zeólita HBeta foi modifica<strong>da</strong> pela troca iônica com lítio e por impregnação<br />

com ácido fosfórico. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> pela reação de craqueamento do nhexano,<br />

pela dessorção de amônia a temperatura programa<strong>da</strong> (TPD) e por IR de<br />

piridina. Para a zeólita de poros médios, HZSM5, foi observado que a redução <strong>da</strong><br />

acidez forte por troca iônica com cálcio, lítio ou por substituição com ferro na rede,<br />

acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais. Estes resultados foram<br />

explicados considerando-se que a redução <strong>da</strong> acidez forte acarreta a redução <strong>da</strong> taxa<br />

de craqueamento dos isômeros biramificados. Por outro lado, a redução <strong>da</strong> acidez<br />

forte <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por impregnação por ácido fosfórico ocasionou a redução <strong>da</strong><br />

seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, o que foi explicado pelo aumento <strong>da</strong>s restrições<br />

difusionais. Para a zeólita de poros grandes HBeta, menos sujeita a restrições<br />

difusionais, a redução <strong>da</strong> acidez forte por impregnação com ácido fosfórico e pela<br />

troca iônica com lítio acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais, embora<br />

reduza a formação de isômeros bi- e tri-ramificados, o que também contribui para a<br />

redução <strong>da</strong> formação de produtos de craqueamento.<br />

v


Abstract of Thesis presented to COPPE/<strong>UFRJ</strong> as a partial fulfilment of the<br />

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)<br />

EFFECT OF THE ZEOLITE STRUCTURE AND ACIDITY ON THE<br />

HYDROISOMERIZATION OF N-HEPTANE AND N-DECANE<br />

Advisors: Martin Schmal<br />

Department: Chemical Engineering<br />

Roberto Carlos Pontes Bittencourt<br />

December / 2004<br />

The hydroisomerization of n-heptane and n-decane was investigated over<br />

physical mixtures of Pt/Al2O3 and H-ZSM5, H-USY or H-Beta zeolites at 230–290 o C<br />

and atmospheric pressure. The acidity of H-ZSM5 zeolite was changed by<br />

impregnation with phosphoric acid; ionic exchange with lanthanum, calcium or lithium<br />

and by introduction of iron into the framework (H[Fe]ZSM5). The acidity was<br />

characterized by n-hexane cracking, temperature programmed dessorption of ammonia<br />

and adsorption of pyridine monitored by infrared measurements. For medium pore<br />

zeolite HZSM5, the acid strength was reduced by calcium and lithium ion exchange<br />

and framework substitution by iron (H[Fe]ZSM5). Simultaneously the isomer selectivity<br />

increased for both reactions. This was explained by the reduction of di-branching<br />

cracking. However, the acid strength reduction by modification of HZSM5 with<br />

phosphorus decreases the isomer selectivity. This was explained by increasing<br />

diffusional restrictions. For large pore zeolite HBeta with less diffusional restriction, the<br />

acid strength reduction with phosphoric acid and lithium exchange increases the total<br />

isomerization selectivity. This was attributed to less formation of multiplicity branched<br />

products and at the same time the less cracking of these products formed.<br />

vi


Índice<br />

I. Introdução<br />

<strong>II</strong>. <strong>Revisão</strong> <strong>da</strong> <strong>Literatura</strong><br />

<strong>II</strong>.1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />

<strong>II</strong>.1.1. Mecanismo de reação<br />

<strong>II</strong>.1.2. Cinética de reação<br />

<strong>II</strong>.1.3. Efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />

<strong>II</strong>.1.3.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.3.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.4. Efeito <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />

<strong>II</strong>.1.4.1. Efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />

<strong>II</strong>.1.4.1.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.4.1.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.4.2. Efeito <strong>da</strong> força dos sítios ácidos<br />

<strong>II</strong>.1.4.2.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.4.2.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.4.3. Efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis<br />

<strong>II</strong>.1.4.4. Efeito comparativo <strong>da</strong> importância entre a estrutura e acidez<br />

<strong>da</strong> zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização<br />

<strong>II</strong>.1.5. Efeito do tipo de metal<br />

<strong>II</strong>.1.6. Efeito <strong>da</strong> presença de compostos de S e N na carga<br />

<strong>II</strong>.1.7. Efeito do tipo e tamanho <strong>da</strong> cadeia do hidrocarboneto<br />

<strong>II</strong>.1.8. Efeito <strong>da</strong>s condições operacionais<br />

<strong>II</strong>.1.8.1. Efeito <strong>da</strong> temperatura<br />

<strong>II</strong>.1.8.2. Efeito <strong>da</strong> pressão<br />

<strong>II</strong>.2. Métodos para modificação <strong>da</strong> acidez de zeólitas HZSM5<br />

<strong>II</strong>.2.1. Variação <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural<br />

<strong>II</strong>.2.2. Troca iônica<br />

<strong>II</strong>.2.3. Impregnação com compostos de fósforo ou boro<br />

<strong>II</strong>.2.4. Incorporação de heteroátomos na estrutura<br />

<strong>II</strong>.2.5. Envenenamento seletivo dos sítios ácidos com uso de bases<br />

nitrogena<strong>da</strong>s<br />

1<br />

7<br />

7<br />

7<br />

20<br />

24<br />

24<br />

27<br />

36<br />

36<br />

36<br />

38<br />

42<br />

42<br />

48<br />

58<br />

62<br />

65<br />

68<br />

73<br />

77<br />

77<br />

80<br />

81<br />

81<br />

85<br />

89<br />

91<br />

92<br />

vii


<strong>II</strong>.3. Métodos para caracterização <strong>da</strong> acidez<br />

<strong>II</strong>.3.1. Temperatura programa<strong>da</strong> de dessorção de amônia (TPDA)<br />

<strong>II</strong>.3.2. Uso de reações modelo<br />

<strong>II</strong>.4. Síntese e proprie<strong>da</strong>des de [Fe]ZSM5<br />

<strong>II</strong>I. Materiais e Métodos<br />

<strong>II</strong>I.1. Preparo dos catalisadores<br />

<strong>II</strong>I.1.1. Preparo de Ca-HZSM5, Li-HZSM5 e La-HZSM5<br />

<strong>II</strong>I.1.2. Preparo de Li-Hβ e Li-HUSY<br />

<strong>II</strong>I.1.3. Preparo de P-HZSM5 e P-Hβeta<br />

<strong>II</strong>I.1.4. Preparo de H[Fe]HZSM5<br />

<strong>II</strong>I.1.5. Preparo de Pt/Al2O3<br />

<strong>II</strong>I.1.6. Outros catalisadores<br />

<strong>II</strong>I.2. Caracterização dos catalisadores<br />

<strong>II</strong>I.2.1. Caracterização <strong>da</strong> acidez pelo craqueamento do n-hexano<br />

<strong>II</strong>I.2.2. Caracterização por TPDA<br />

<strong>II</strong>I.2.3. Caracterização <strong>da</strong> acidez por IR de piridina<br />

<strong>II</strong>I.2.4. Caracterização por TPR<br />

<strong>II</strong>I.2.5. Outras caracterizações (DRX, FRX, BET, XPS)<br />

<strong>II</strong>I.3. Testes catalíticos<br />

<strong>II</strong>I.3.1. Hidroisomerização do n-heptano<br />

<strong>II</strong>I.3.2. Hidroisomerização do n-decano<br />

<strong>II</strong>I.3.3. Craqueamento seqüencial do n-heptano e do 1-hepteno<br />

IV. Resultados e Discussão<br />

IV.1. Estimativa dos erros experimentais<br />

IV.2. Catalisadores<br />

IV.2.1. Síntese e caracterização de H[Fe]ZSM5<br />

IV.2.2. Modificação <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 por impregnação com ácido<br />

fosfórico<br />

IV.2.3. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica cálcio ou lantânio<br />

93<br />

93<br />

97<br />

102<br />

107<br />

107<br />

107<br />

108<br />

109<br />

109<br />

110<br />

110<br />

111<br />

111<br />

113<br />

113<br />

114<br />

114<br />

115<br />

115<br />

116<br />

116<br />

117<br />

117<br />

125<br />

125<br />

131<br />

135<br />

viii


IV.2.4. Modificação <strong>da</strong> zeólita Beta por impregnação com ácido fosfórico<br />

IV.2.5. Modificação <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5, Beta e USY por troca iônica com<br />

lítio<br />

IV.3. Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />

IV.3.1. Efeito <strong>da</strong> razão Pt/H + utilizando a zeólita HZSM5<br />

IV.3.2. Efeito <strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />

V. Conclusões<br />

VI. Sugestões para futuros estudos<br />

V<strong>II</strong>. Anexos<br />

V<strong>II</strong>.1. Resumo de trabalhos publicados em congressos<br />

V<strong>II</strong>.2. Cálculo do equilíbrio termodinâmico<br />

V<strong>II</strong>.2.1. Reação de hidroisomerização do n-heptano<br />

V<strong>II</strong>.2.2. Reação de desidrogenação do n-heptano<br />

V<strong>II</strong>I. Bibliografia<br />

138<br />

140<br />

141<br />

142<br />

145<br />

172<br />

174<br />

177<br />

177<br />

179<br />

179<br />

181<br />

182<br />

ix


I. Introdução<br />

A hidroisomerização pode ser defini<strong>da</strong> como a conversão catalítica em<br />

presença de hidrogênio de normais parafinas em parafinas ramifica<strong>da</strong>s. É uma rota<br />

que tem crescido de importância nos últimos anos em virtude <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por<br />

combustíveis de maior quali<strong>da</strong>de. Esta importância tem se refletido na literatura aberta<br />

com um crescente número de publicações, como pode ser estimado no levantamento<br />

efetuado na base de periódicos “Science Direct Online” (Figura I,1).<br />

número de artigos<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005<br />

ano <strong>da</strong> publicação<br />

Figura I.1: Levantamento do número de artigos sobre hidroisomerização de nparafinas<br />

na base de periódicos “Science Direct Online” (http://www.sciencedirect.com)<br />

utilizando a palavra chave “hydroisomerization”.<br />

Os catalisadores normalmente utilizados nos processos de hidroisomerização<br />

contêm uma fase desidrogenante (sendo mais comum o uso de Pt, Pd, Ni ou<br />

combinações destes elementos) sobre um suporte com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s, em geral<br />

zeólitas, sílica-aluminas ou aluminas modifica<strong>da</strong>s com halogenetos (sendo mais<br />

comum o cloreto). Embora haja semelhanças na composição do catalisador, o mesmo<br />

necessita ser otimizado para ca<strong>da</strong> aplicação, levando-se em conta, dentre outros<br />

fatores: a) A tendência <strong>da</strong> carga em sofrer reações secundárias de hidrocraqueamento<br />

que formam produtos leves indesejados; b) O grau de ramificação desejado nos<br />

produtos e o c) O tipo e o teor de contaminantes presentes na carga.<br />

1


Podemos considerar como processos de hidroisomerização, consoli<strong>da</strong>dos na<br />

prática industrial, as rotas de: a) A produção de isobutano a partir do n-butano, para<br />

posterior manufatura de gasolina pelo processo de alquilação; b) A produção de<br />

gasolina de alta octanagem a partir <strong>da</strong> hidroisomerização de parafinas C5 a C6<br />

(pentano, hexano). Dentre os processos em desenvolvimento, destacam-se: a) A<br />

produção de gasolina a partir <strong>da</strong> hidroisomerização de parafinas maiores do que nhexano<br />

e b) A produção de óleos lubrificantes de alto índice de viscosi<strong>da</strong>de a partir de<br />

cargas parafínicas de alto peso molecular.<br />

A hidroisomerização de n-parafinas C5 a C6 para produção de gasolina de alta<br />

octanagem é um processo bem estabelecido industrialmente, podendo ser citados<br />

vários processos comerciais, tais como: a) O processo “ISAL” <strong>da</strong> Intevep/UOP [1]; b)<br />

Os processos “once-throug”, “Ipsorb” e Hexorb do IFP [2]; c) Os processos “TIP” e<br />

“Pemex” <strong>da</strong> UOP [3][4] e d) O processo “Hysomer” <strong>da</strong> Shell [5]. Uma característica<br />

comum destes processos é a busca pelo máximo rendimento possível em isômeros<br />

multi-ramificados, uma vez que estes conferem maior octanagem à gasolina. Do ponto<br />

de vista termodinâmico, a produção de isômeros com mais de uma ramificação é<br />

favoreci<strong>da</strong> pelo uso de baixas temperaturas, o que confere a proprie<strong>da</strong>de deseja<strong>da</strong><br />

aos catalisadores utilizados de serem ativos a menor temperatura possível.<br />

Industrialmente, os catalisadores utilizados são do tipo metal nobre suportados em<br />

aluminas clora<strong>da</strong>s (Cl/Pt/Al2O3), que operam na faixa de 120 o C a 180 o C, ou do tipo<br />

metal nobre suportados em zeólitas (preferencialmente mordenita), que operam em<br />

torno de 250 o C. Comparativamente, os catalisadores à base de zeólitas são mais<br />

resistentes à desativação por impurezas presentes na carga (como água e enxofre) e<br />

não apresentam problemas de corrosão devido à per<strong>da</strong> de halogênios e/ou à<br />

necessi<strong>da</strong>de de adição contínua de cloretos para manter a ativi<strong>da</strong>de do catalisador; no<br />

entanto, apresentam como desvantagem a necessi<strong>da</strong>de do uso de temperaturas mais<br />

eleva<strong>da</strong>s, o que limita termodinamicamente o rendimento em isômeros bi-ramificados<br />

[4]. Mais recentemente, foram introduzidos no mercado os catalisadores do tipo<br />

Pt/SO4 2- /ZrO2 e Pt/WO3/ZrO2. Segundo a literatura, estes sistemas apresentam uma<br />

maior tolerância à presença de água e ao enxofre na carga, do que os catalisadores<br />

do tipo Pt/Cl/Al2O3, podendo operar em temperaturas intermediárias entre este sistema<br />

e o que utiliza zeólitas [6][7][8].<br />

2


Até recentemente não se tinha relato de processos comerciais de<br />

hidroisomerização de n-parafinas maiores do que n-C6, principalmente devido a<br />

grande tendência de hidrocraqueamento <strong>da</strong>s parafinas de maior peso molecular, o que<br />

ocasionava um baixo rendimento do produto desejado [ex:[9]]. Com a utilização de<br />

peneiras moleculares do tipo SAPO, ou zeólitas do tipo HZSM22, foi possível obter um<br />

elevado rendimento em parafinas ramifica<strong>da</strong>s, maiores do que n-C6, o que levou ao<br />

aparecimento de novos processos industriais, como o “Isodewaxing” <strong>da</strong> Chevron.<br />

O processo <strong>da</strong> Chevron denominado “Isodewaxing”, é utilizado para a<br />

produção de óleos lubrificantes de alto índice de viscosi<strong>da</strong>de (IV) pela<br />

hidroisomerização de cargas parafínicas maiores do que n-C20 (“wax”). Segundo a<br />

Chevron, os catalisadores utilizados são do tipo metal nobre suportados em peneiras<br />

moleculares de poros médios do tipo SAPO (como a SAPO11) e permitem obter<br />

elevado rendimento em isômeros parafínicos [9][10]. Tradicionalmente, os<br />

catalisadores utilizados para esta aplicação são baseados em sulfetos de Ni, Mo, Co<br />

ou W suportados em alumina ou sílica-alumina e tipicamente apresentam rendimento<br />

em isômeros (óleo lubrificante) abaixo de 50% p/p [11].<br />

Uma rota atualmente em desenvolvimento é o uso de catalisadores de<br />

hidroisomerização na produção de gasolina de baixo teor de enxofre. Esta rota surge<br />

do fato de que diversos países, inclusive o Brasil, estarem reformulando sua gasolina,<br />

introduzindo especificações de menor teor de enxofre e por vezes menor teor de<br />

olefinas e aromáticos, visando à redução dos níveis de emissões (Tabela I.1).<br />

É conhecido que num processo convencional de hidrotratamento (sobre<br />

catalisadores do tipo NiMo/Al2O3) para remoção de enxofre, ocorre simultaneamente a<br />

hidrogenação <strong>da</strong>s olefinas presentes na carga, o que leva a uma significativa per<strong>da</strong> na<br />

octanagem. Uma <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des para contornar esta limitação, é associar uma<br />

etapa de hidroisomerização <strong>da</strong>s olefinas [12] e/ou <strong>da</strong>s parafinas presentes na nafta.<br />

Outra aplicação em desenvolvimento na área de produção de gasolina, motiva<strong>da</strong> pela<br />

mu<strong>da</strong>nça de legislação (Tabela I.1), é a hidroisomerização de n-parafinas maiores do<br />

que n-hexano com simultânea hidrogenação do benzeno, como alternativa ao<br />

processo de reforma catalítica para a produção de gasolina de alta octanagem e baixo<br />

teor de benzeno [ex:[13]]. Dentre os requisitos destes novos processos, temos que os<br />

catalisadores devem apresentar: a) eleva<strong>da</strong> resistência aos contaminantes presentes<br />

na carga, em especial a compostos nitrogenados; b) baixa formação de subprodutos<br />

3


(ex: hidrocarbonetos leves oriundos de reações de craqueamento) e c) baixa<br />

formação de coque.<br />

Tabela I.1: Especificações <strong>da</strong> “gasolina reformula<strong>da</strong>” em diversos países<br />

País S Aromáticos Benzeno Olefinas Previsão Ref.<br />

(ppm) (%vol) (%vol) (%vol)<br />

a<br />

Argentina 600 45<br />

2.5<br />

2002 [14]<br />

350 42<br />

1<br />

2006<br />

50 35<br />

1<br />

2008<br />

Brasil 1000 b<br />

400 c<br />

50 d<br />

45<br />

2 30 Atual [15]<br />

40<br />

25 2007<br />

2009<br />

China 200<br />

20 2003 [12]<br />

30<br />

10 2006<br />

Europa e 150 42<br />

1<br />

18 2000 [14]<br />

50 35<br />

1<br />

18 2005<br />

10 35<br />

1<br />

14 2009<br />

Japão 100 não 1 não Atual [7]<br />

50<br />

2005<br />

Notas: a = previsão <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> no mercado; b= gasolina tipo C Comum (portaria ANP<br />

no 309 12/01), c= proposta ANP – Fase 4; d=proposta ANP – Fase 5; e= baseado na<br />

norma EU-15<br />

Apesar <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por novos processos de produção de gasolina e<br />

lubrificantes ter motivado um crescente aumento no estudo dos catalisadores de<br />

hidroisomerização (ex: Figura I.1), existe ain<strong>da</strong> forte controvérsia na literatura sobre<br />

vários aspectos fun<strong>da</strong>mentais dessas reações, tais como: a) o mecanismo de reação e<br />

b) o efeito <strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de. Em<br />

relação ao papel <strong>da</strong> acidez, por exemplo, Zhang e Smirniotis[16] propõem que o<br />

aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s zeólitas acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de e o grau de<br />

ramificação dos isômeros; enquanto outros autores[17][18] sugerem que um aumento<br />

<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> favorece o aumento <strong>da</strong>s reações de craqueamento, reduzindo a<br />

seletivi<strong>da</strong>de.<br />

A investigação do papel <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> é de fun<strong>da</strong>mental importância no<br />

desenvolvimento de novos catalisadores de hidroisomerização. O papel <strong>da</strong> acidez,<br />

bem como de vários aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização de<br />

parafinas maiores do que n-hexano, tais como o mecanismo de reação, o efeito <strong>da</strong><br />

estrutura <strong>da</strong> zeólita, do tamanho do hidrocarboneto e outros, são revisados na seção<br />

<strong>II</strong>.1. Nas seções <strong>II</strong>.2 a <strong>II</strong>.4, são revisados brevemente outros temas relacionados a<br />

presente tese, tais como métodos de variação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5.<br />

4


A investigação do papel <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas sobre a seletivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros é dificulta<strong>da</strong> por diversos fatores, tais como: a) A dificul<strong>da</strong>de de se<br />

caracterizar a força áci<strong>da</strong> por métodos tradicionalmente utilizados, tais como o TPD de<br />

amônia; b) A possibili<strong>da</strong>de de ocorrência de efeitos simultâneos oriundos <strong>da</strong> estrutura<br />

<strong>da</strong> zeólita, mascarando os resultados, c) Possíveis modificações <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />

devido à introdução <strong>da</strong> fase metálica e d) Introdução de desvios devido a diferenças<br />

na razão entre o número de sítios ácidos e o número de sítios metálicos, quando<br />

comparando-se diferentes catalisadores. Uma análise crítica <strong>da</strong> importância destes<br />

fatores é efetua<strong>da</strong> na seção <strong>II</strong>.1.9.<br />

O objetivo principal do presente trabalho é investigar o papel <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

zeólitas sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização do n-heptano e do ndecano<br />

e, em menor extensão, obter informações sobre o efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong><br />

zeólita. A estratégia adota<strong>da</strong> buscando evitar as dificul<strong>da</strong>des acima relaciona<strong>da</strong>s foi:<br />

• Utilizar misturas mecânicas de uma fase desidrogenante (Pt/Al2O3) com<br />

a fase áci<strong>da</strong> (zeólitas) de forma evitar a variação <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase<br />

metálica entre os diversos catalisadores ou uma possível interação <strong>da</strong><br />

Pt outros elementos presentes (ex: P) o que dificultaria a interpretação<br />

dos resultados;<br />

• Caracterizar a acidez por várias técnicas (TPDA, IR de piridina e<br />

craqueamento do n-hexano) de forma a se ter um quadro mais<br />

completo <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s amostras;<br />

• Manter sempre que possível a temperatura constante e obter curvas a<br />

iso-conversão;<br />

• Estu<strong>da</strong>r n-parafinas com diferentes tamanhos de cadeia (n-heptano e ndecano);<br />

• Variar sistematicamente a acidez <strong>da</strong> zeólita ZSM5, para a qual existe<br />

controvérsia na literatura sobre se a razão <strong>da</strong> sua baixa seletivi<strong>da</strong>de<br />

para isômeros estaria relaciona<strong>da</strong> a eleva<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> ou à sua<br />

estrutura que dificultaria a difusão de intermediários (como revisado na<br />

seçao <strong>II</strong>.1), por diversos métodos:<br />

5


a) através <strong>da</strong> substituição isomórfica na estrutura do Al por Fe;<br />

b) através <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis (Li + , Ca 2+ e La 3+ );<br />

c) através <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico.<br />

• Comparar as estruturas de zeólitas (ZSM5, Beta e Y), mantendo-se o<br />

método de alteração <strong>da</strong> acidez, para se inferir a importância relativa<br />

entre a estrutura e a acidez na seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />

Adotando-se a estratégia acima descrita foi possível abor<strong>da</strong>r vários aspectos<br />

fun<strong>da</strong>mentais do papel <strong>da</strong> acidez e <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros. Os resultados podem ser utilizados para o desenvolvimento de novos<br />

catalisadores de hidroisomerização.<br />

6


<strong>II</strong>. <strong>Revisão</strong> <strong>da</strong> <strong>Literatura</strong><br />

<strong>II</strong>.1. Hidroisomerização de n-parafinas<br />

<strong>II</strong>.1.1. Mecanismo de reação<br />

A isomerização estrutural de n-parafinas pode ocorrer por um mecanismo<br />

monofuncional sobre catalisadores metálicos [19] e sobre catalisadores do tipo<br />

Friedel-Crafts (ex: cloreto de alumínio com HCl ou SbC3 como aditivo) [20], ou num<br />

mecanismo bifuncional sobre sólidos ácidos promovidos por metais de transição (ex:<br />

Pt).<br />

Ono[21] apresenta uma boa revisão sobre o mecanismo monofuncional sobre<br />

catalisadores ácidos (homogêneo ou heterogêneo). Os catalisadores homogêneos<br />

são pouco utilizados devido a problemas de corrosão e de desativação. As etapas<br />

elementares que são considera<strong>da</strong>s ocorrerem no mecanismo monofuncional são:<br />

n + +<br />

RH +H ↔ nR + H2 (<strong>II</strong>.1)<br />

n + iso +<br />

R ↔ R (<strong>II</strong>.2)<br />

iso + n n iso<br />

R + RH ↔ R+ + RH (<strong>II</strong>.3)<br />

A formação do íon carbênio (R + ) é induzi<strong>da</strong> por reação dos prótons com os<br />

alcanos (equação <strong>II</strong>.1), ou mais facilmente quando existe a presença de olefinas na<br />

carga. Os íons carbênios formados sofrem rearranjo (equação <strong>II</strong>.2). Os novos íons<br />

carbênios formados por transferência de hidreto com os n-alcanos formam iso-alcanos<br />

(equação <strong>II</strong>.3) com as etapas <strong>II</strong>.2 e <strong>II</strong>.3 ocorrendo em cadeia, sustentando a reação.<br />

Sob alta pressão de hidrogênio é proposto que ocorra ain<strong>da</strong> a etapa mostra<strong>da</strong> a<br />

seguir:<br />

iso R + + H2 ↔ iso RH + H + (<strong>II</strong>.4)<br />

Os íons carbênios formados também podem <strong>da</strong>r origem a olefinas (equação<br />

<strong>II</strong>.5) que podem polimerizar (ex: equação <strong>II</strong>.6) ou sofrer reações de craqueamento<br />

(equação <strong>II</strong>.7). Os hidrocarbonetos maiores formados não se dessorvem facilmente e<br />

acumulam como coque, ou precursores de coque.<br />

7


CnH2n+1+ ↔ CnH2n + H + (<strong>II</strong>.5)<br />

C4 + + C4 = → C8 + (<strong>II</strong>.6)<br />

C8 + → C3 = + C5 + (<strong>II</strong>.7)<br />

A etapa de rearranjo do íon carbênio (equação <strong>II</strong>.2) é considera<strong>da</strong> ocorrer<br />

através de um intermediário ciclopropano. Esta etapa é considera<strong>da</strong> ocorrer também<br />

no mecanismo bifuncional, como discutido em detalhes mais adiante.<br />

Os catalisadores normalmente utilizados nos processos de hidroisomerização<br />

contêm uma fase de metal nobre sobre um suporte com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s, como as<br />

zeólitas, sílica- aluminas, ou aluminas aditiva<strong>da</strong>s (Cl - , Fl - , etc). Sobre estes<br />

catalisadores, o mecanismo de isomerização de n-parafinas é tradicionalmente<br />

considerado como sendo do tipo bifuncional, como descrito originalmente por<br />

Coonrad [22] e Weisz [23]. Um esquema geral do mecanismo bifuncional é<br />

apresentado na Figura <strong>II</strong>.1, e as diversas etapas associa<strong>da</strong>s a este mecanismo são<br />

descritas abaixo[24] :<br />

a) adsorção e desidrogenação do alcano formando alquenos sobre os sítios<br />

metálicos;<br />

b) difusão dos alquenos até os sítios ácidos de Bronsted;<br />

c) adsorção do alqueno sobre o sítio ácido formando íons carbênios, seguido<br />

de isomerização ou craqueamento;<br />

d) difusão do iso-alqueno até os sítios metálicos;<br />

d) hidrogenação dos iso-alquenos formando iso-alcanos sobre os sítios<br />

metálicos.<br />

De acordo com o mecanismo bifuncional, os sítios ácidos não participam na<br />

etapa de ativação do alcano, que requer eleva<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>[21]. Uma característica<br />

do mecanismo bifuncional é que a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização aumenta com o<br />

aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fase metálica (por exemplo, pelo aumento do teor metálico)<br />

até se atingir um patamar máximo. Este patamar máximo, por sua vez, é função <strong>da</strong><br />

acidez do suporte utilizado, com suportes de maior acidez apresentando um patamar<br />

mais elevado para a ativi<strong>da</strong>de (Figura <strong>II</strong>.2). Este comportamento é explicado como<br />

sendo originário <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> etapa lenta de reação. Inicialmente, a etapa lenta<br />

ocorre sobre os sítios metálicos e, com o aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de destes sítios, a etapa<br />

lenta passa a ocorrer sobre os sítios ácidos [12].<br />

8


Figura <strong>II</strong>.1: Esquema genérico para o mecanismo bifuncional de hidroisomerização (P<br />

= parafinas, O=olefinas). Reações de desidrogenação ocorrendo sobre os sítios<br />

metálicos e de isomerização e craqueamento sobre os sítios ácidos [24].<br />

Ativi<strong>da</strong>de Suporte 1<br />

de Suporte 2<br />

isomerização (Acidez 2 < 1)<br />

ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação<br />

Figura <strong>II</strong>.2: Representação do efeito observado no mecanismo bifuncional, <strong>da</strong><br />

variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de dos sítios metálicos e/ou <strong>da</strong> acidez sobre a ativi<strong>da</strong>de de<br />

hidroisomerização (a<strong>da</strong>ptado de Le Page et al [25] ).<br />

A etapa de formação e rearranjo dos íons carbênios adsorvidos (etapa c do<br />

mecanismo bifuncional) foi proposta com base na distribuição de produtos observa<strong>da</strong><br />

na reação de n-parafinas C7 a C17 sobre Pt-USY. Os mecanismos que são propostos<br />

para ocorrerem nesta etapa são apresentados na Figura <strong>II</strong>.3 [26][27]:<br />

a- deslocamentos de grupamento alquil, também chamados isomerização do tipo A;<br />

b- ramificação via intermediário ciclo-propano protonado (PCP), também chama<strong>da</strong><br />

isomerização do tipo B ;<br />

c- cinco tipos de craqueamento (β-cisão), denominados A, B1, B2, C e D.<br />

9


Mecanismo de craqueamento (β-cisão)<br />

tipo Cmin Íons<br />

envolvidos<br />

rearranjos<br />

A<br />

B1<br />

B2<br />

C<br />

D<br />

A<br />

B<br />

8<br />

7<br />

7<br />

6<br />

5<br />

6<br />

5<br />

tert →ter<br />

sec→ter<br />

ter→sec<br />

sec→sec<br />

sec→prim<br />

sec→sec<br />

PCP→sec<br />

Mecanismos de isomerização<br />

Figura <strong>II</strong>.3: Rearranjos carbono-carbono observados na hidroisomerização e<br />

hidrocraqueamento de parafinas sobre um catalisador zeolítico bifuncional de poros<br />

grandes (faujasitas), classificado de “ideal” [28][29] . Cmin = Número mínimo de<br />

átomos de carbono na molécula para possibilitar a ocorrência do mecanismo.<br />

A relativa taxa <strong>da</strong>s reações dos íons carbênios nas supercavi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> zeólita Y<br />

foi determina<strong>da</strong> como sendo: tipo B1 de β-cisão > tipo B2 de β-cisão > tipo B (PCP)<br />

isomerização > tipo C de β-cisão[28] . De maneira mais geral tem sido proposta que a<br />

ordem <strong>da</strong>s taxas de reação seria[16] :<br />

Transferência de hidreto > craqueamento do tipo A > isomerização do tipo A<br />

(transferência de alquil) > isomerização do tipo B (PCP) > craqueamentos do tipo B1 e<br />

B2 > craqueamento do tipo C > craqueamento do tipo D (Figura <strong>II</strong>.3).<br />

10


Como a formação de íons carbênios primários é desfavoreci<strong>da</strong>, o número de<br />

átomos de carbono dos produtos hidrocraqueados de um hidrocarboneto CnH2n+2 fica<br />

na faixa de 3 até n-3. A formação de metano e etano, que por vezes é observa<strong>da</strong> nas<br />

reações de hidroisomerização, é geralmente associa<strong>da</strong> às reações de hidrogenólise<br />

ocorrendo sobre a função metálica[28] .<br />

O mecanismo de isomerização via intermediário ciclo-propano protonado (PCP<br />

- mecanismo B na Figura <strong>II</strong>.3) foi inicialmente proposto por Weitkamp [29] para explicar<br />

a baixa taxa de formação dos isômeros do tipo 2-metil- que não poderia ser explica<strong>da</strong><br />

pelo mecanismo de transferência de grupamentos alquil e/ou de hidretos; hoje em dia<br />

é bem aceito e permite a previsão do rendimento dos diversos isômeros com base na<br />

estabili<strong>da</strong>de dos diversos íons carbênios possíveis de serem formados [30]. Campelo<br />

e colaboradores [31], por exemplo, com base no mecanismo PCP predizem que na<br />

hidroisomerização do n-heptano, o isômero do tipo di-metil-pentano mais favorecido<br />

seria o 2,3-dimetil-pentano, uma vez que este isômero seria formado pelas reações 1,<br />

2 e 3, enquanto os outros isômeros seriam formados somente por uma destas reações<br />

(Figura <strong>II</strong>.4). Outro fator adicional seria o fato do íon carbênio envolvido na formação<br />

do 2,3 dimetil-pentano ser terciário, enquanto os outros carbocátions envolvidos<br />

seriam secundários.<br />

Outro exemplo do uso do mecanismo do tipo PCP, para prever a distribuição<br />

de isômeros, é apresentado por Martens e colaboradores[17] para a hidroisomerização<br />

do n-nonano (Figura <strong>II</strong>.5). Os resultados experimentais obtidos sobre Pt/Y (Tabela <strong>II</strong>.1)<br />

mostram que os produtos correspondem ao esperado pelo mecanismo PCP em baixas<br />

conversões. A eleva<strong>da</strong>s conversões os isômeros inicialmente formados são<br />

rapi<strong>da</strong>mente equilibrados por transferências de grupamentos metil[17] .<br />

Tabela <strong>II</strong>.1: Distribuição dos metil-nonamos a na reação de hidroisomerização do ndecano<br />

sobre Pt/USY[17] .<br />

X (%) 2-MC9 3-MC9 4-MC9 5-MC9<br />

2.4 20.0 31.6 31.2 17.2<br />

9.1 24.4 31.5 29.3 14.8<br />

28.6 28.8 31.0 26.8 13.4<br />

11


Figura <strong>II</strong>.4: Mecanismo <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano [31].<br />

Intermediário PCP carbocátion produto Distrib. %<br />

Figura <strong>II</strong>.5 : Distribuição prevista pelo mecanismo do tipo PCP para a formação de<br />

metil-nonamos a partir do n-decano[17] .<br />

12


O mecanismo PCP é hoje em dia bem aceito; desvios <strong>da</strong> distribuição previstos<br />

com base no mecanismo são em geral explica<strong>da</strong>s por mecanismos complementares.<br />

Como exemplo temos que a formação observa<strong>da</strong> de etil-octanos como produto<br />

primário <strong>da</strong> hidroisomerização do n-decano, que não pode ocorrer com base no<br />

mecanismo via intermediário do tipo PCP, tem sido proposta ocorrer através de um<br />

rápido rearranjo de metil-nonanos via transferência de grupamento etil ou propil [32].<br />

O mecanismo clássico de hidroisomerização/hidrocraqueamento (Figura <strong>II</strong>.3)<br />

de uma parafina CnH2n+2 prediz a formação de produtos na faixa de n até n-3 átomos<br />

de carbono com base na estabili<strong>da</strong>de dos íons carbênios formados. No entanto, foi<br />

observado na hidroconversão do n-heptano sobre catalisadores de eleva<strong>da</strong> acidez, o<br />

aparecimento de frações C5 e C6 que não poderia ser explicado com base neste<br />

mecanismo. Foi então proposta à ocorrência <strong>da</strong> dimerização dos intermediários<br />

olefínicos, segui<strong>da</strong> de rápido craqueamento gerando frações C5 e C6 no mecanismo<br />

denominado “dimerization cracking (DC)”. Martens e co-autores [33][34], estu<strong>da</strong>ndo a<br />

conversão de n-heptano sobre Pd/H-Beta, verificaram que este mecanismo é<br />

favorecido para baixos teores de fase metálica, baixa ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica ou<br />

eleva<strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita.<br />

Recentemente, têm surgido diversas observações experimentais que, segundo<br />

seus autores, não são facilmente explica<strong>da</strong>s pelo mecanismo clássico bifuncional de<br />

hidroisomerização, tais como:<br />

• Na conversão de n-hexano sobre Pt/Erionita em atmosfera de<br />

hidrogênio se observa a formação de produtos típicos do mecanismo<br />

bifuncional. No entanto, quando a reação é conduzi<strong>da</strong> em atmosfera de<br />

nitrogênio, passa-se a observar produtos típicos de craqueamento que<br />

ocorrem sobre os sítios ácidos. Observa-se ain<strong>da</strong> que a seletivi<strong>da</strong>de é<br />

dependente <strong>da</strong> pressão parcial de hidrogênio para valores de pH2/(pH2 + pN2)<br />

< 0.5 (onde pH2= pressão parcial do hidrogênio e pN2=pressão parcial do<br />

nitrogênio). Segundo os autores, estes resultados indicam que a presença de<br />

H2 em grandes quanti<strong>da</strong>des é necessária para a ocorrência <strong>da</strong> rota<br />

bifuncional, enquanto que pela teoria clássica o papel do H2 é tão somente<br />

manter a ativi<strong>da</strong>de pela hidrogenação dos precursores de coque[35] .<br />

13


• Observa-se que um catalisador do tipo Pt/Erionita é praticamente inativo<br />

em atmosfera de N2 na reação de desidrogenação do ciclohexano, enquanto<br />

em presença de H2 se observa a formação de benzeno. Segundo os autores,<br />

a explicação de grande formação de coque em atmosfera de N2 pode ser<br />

excluí<strong>da</strong>, uma vez que os resultados foram reversíveis [35].<br />

• Experimentos em leitos compostos de Pt/Al2O3 e H-erionita em reatores<br />

de reciclo, mostraram que a distância entre as funções metálicas e áci<strong>da</strong>s<br />

afeta em grande extensão a ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroconversão do nhexano.<br />

A hipótese de difusão de intermediários olefínicos <strong>da</strong> teoria clássica é<br />

posta em dúvi<strong>da</strong>, uma vez que nenhuma olefina foi detecta<strong>da</strong> quando o<br />

catalisador Pt/Al2O3 foi colocado após a fase zeolítica [35]. Estes resultados<br />

foram no entanto recentemente questionados por Kuznetosv [36].<br />

• Lunsford e colaboradores [37] questionam o papel dos alquenos como<br />

intermediários de reação lembrando que o mecanismo bifuncional “clássico”<br />

foi proposto para explicar os resultados de catalisadores do tipo Pt/Al2O3<br />

operando na faixa de 400 – 500 o C, enquanto que atualmente os<br />

catalisadores do tipo Pt/zeólitas são capazes de operar a eleva<strong>da</strong>s taxas de<br />

reação em temperaturas <strong>da</strong> ordem de 200-250 o C, onde o equilíbrio<br />

termodinâmico mostra uma concentração muita baixa de alquenos (ex: na<br />

hidroisomerização do n-hexano a 250 o C, 45 Torr de n-hexano e 2.0x10 3 Torr<br />

de H2, tem-se uma pressão de n-hexeno de somente 4.9x10 -4 Torr). Estes<br />

autores estu<strong>da</strong>ram a isomerização do n-hexano sobre H-β e Pt/H-β e<br />

observaram diversos resultados contraditórios com a teoria clássica:<br />

• Observa-se que a zeólita H-β, mesmo na ausência <strong>da</strong> fase Pt, possui<br />

significativa ativi<strong>da</strong>de de isomerização (em torno de 10% do valor obtido<br />

com Pt/H-β com seletivi<strong>da</strong>de de 66% versus 99 % para Pt/H-β) (Figura<br />

<strong>II</strong>.6). Isto implicaria que os centros ácidos sozinhos teriam habili<strong>da</strong>de<br />

para isomerização (mecanismo monofuncional);<br />

14


Figura <strong>II</strong>.6: Conversão e seletivi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong>s durante a reação do n-hexano sobre a<br />

zeólita H-β. Temperatura de 250 o C, 45 Torr de n-hexano e 2.0 x 10 3 Torr de H2 [37].<br />

• A adição de 1-hexeno reduz a taxa de reação e a seletivi<strong>da</strong>de de<br />

isomerização do n-hexano sobre H-β;<br />

• Não se observa a formação de iso-hexenos na reação do 1-hexeno<br />

sobre Pt/H-β em condições utiliza<strong>da</strong>s para hidroisomerização do nhexano.<br />

Deve ser, no entanto citado, que Parlitz e<br />

colaboradores[38], observaram seletivi<strong>da</strong>des para iso-heptenos<br />

entre 34 a 56%p/p para conversões do n-hepteno sobre Pt/SAPO11<br />

e Pt/SAPO5 entre 58 e 45 %p/p, respectivamente, o que vai contra<br />

as observações de Lunsford e colaboradores[37].<br />

Estas observações, aparentemente contraditórias com o mecanismo<br />

bifuncional clássico de hidroisomerização de n-parafinas, têm levado alguns grupos a<br />

proporem modificações ou mesmo a sua substituição. Duas propostas recentes na<br />

literatura são:<br />

15


1)- Ocorrência de um mecanismo do tipo de “spillover de hidrogênio” [39][40]<br />

É proposto que o hidrogênio seja dissociado nos sítios metálicos e migre como<br />

próton (H + ), hidreto (H - ) ou mesmo espécies neutras (H*) para a superfície <strong>da</strong> zeólita.<br />

O próton regeneraria o sítio ácido <strong>da</strong> zeólita e o carbênio formado seria estabilizado<br />

como parafina pela incorporação do hidreto. A Figura <strong>II</strong>.7 apresenta uma<br />

representação do mecanismo tradicional e do baseado no conceito de “spillover” [39]:<br />

Figura <strong>II</strong>.7: Modelo de reação para a hidroisomerização do n-pentano sobre Pt/zeólita<br />

[39].<br />

Um dos pontos chaves do mecanismo acima é a ocorrência de “spillover” do<br />

hidrogênio <strong>da</strong> fase metálica para os sítios ácidos (Figura <strong>II</strong>.7). Evidências para esta<br />

ocorrência têm sido reporta<strong>da</strong>s na literatura:<br />

• Estu<strong>da</strong>ndo a troca hidrogênio-deutério em Pt/USY e USY por IR,<br />

Nakamura e colaboradores[39] observaram que a amostra de Pt/USY<br />

exposta ao deutério apresenta uma redução <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> de 3650 cm -1 ,<br />

correspondente aos grupos OH, e o aparecimento de uma ban<strong>da</strong> em<br />

2680 cm -1 , correspondente aos novos grupos OD. Por outro lado, não se<br />

observa, nas mesmas condições, a troca com a amostra de USY sem a<br />

presença de Pt.<br />

• Foi observado por FTIR que a piridina previamente adsorvi<strong>da</strong> é<br />

hidrogena<strong>da</strong> sobre Pt/HZSM5 ou sobre misturas mecânicas de Pt/SiO2 e<br />

HZSM5 para piperidina o que, segundo os autores, fornece uma<br />

evidência direta <strong>da</strong> participação de espécies de hidrogênio em<br />

mecanismos via “spillover” [40].<br />

16


2) Ocorrência de um mecanismo em cadeia sobre os sítios ácidos<br />

Este mecanismo foi proposto por Chu e colaboradores [37] e parte <strong>da</strong><br />

concepção de que os sítios ácidos podem catalisar a isomerização de n-parafinas com<br />

base nas reações de transferência de hidrogênio e de deslocamento de grupos metila<br />

(Figura <strong>II</strong>.8). Segundo estes autores, a principal função <strong>da</strong> Pt é hidrogenar as olefinas,<br />

mantendo sua concentração estacionária suficientemente baixa, de forma a impedir<br />

que estas terminem a reação em cadeia (Figura <strong>II</strong>.8).<br />

O efeito observado <strong>da</strong> maior ativi<strong>da</strong>de de Pt/H-β em relação à mistura<br />

mecânica Pt/SiO2 + H-β, foi explicado por Chu e colaboradores [37] com base na<br />

concentração local de hexenos. Segundo estes autores, quando as funções metálicas<br />

e áci<strong>da</strong>s estão separa<strong>da</strong>s, como no caso de misturas mecânicas, os alquenos<br />

formados terão mais chance de reagir na etapa de terminação <strong>da</strong> reação (equação<br />

16a e 16b). O modelo bifuncional clássico assume um transporte eficiente entre os<br />

sítios metálicos. Por sua vez, Hochtl e colaboradores [41] não observaram diferenças<br />

de ativi<strong>da</strong>de ou seletivi<strong>da</strong>de na reação de hidroisomerização do n-heptano entre<br />

Pd/SAPO11 e misturas mecânicas de Pd/SiO2 + SAPO11 (mistura<strong>da</strong>s manualmente<br />

ou após compressão mecânica). No entanto, estes autores observaram uma que<strong>da</strong><br />

acentua<strong>da</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de quando utilizaram leitos catalíticos<br />

seqüenciais com Pd/SiO2 seguido de SAPO/11.<br />

Segundo os autores[37], o mecanismo em cadeia sobre os sítios ácidos pode<br />

explicar as seguintes observações experimentais: a) O efeito negativo <strong>da</strong> introdução<br />

de alquenos sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão de n-hexano sobre H-β, em atmosfera de<br />

N2, ou <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros em atmosfera de H2; b) A ordem negativa com<br />

relação ao H2; c) O fato <strong>da</strong> zeólita (H-β), sem a presença de fase metálica, apresentar<br />

razoável seletivi<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>de para isomerização do n-hexano; d) O efeito positivo<br />

<strong>da</strong> Pt e e) O efeito negativo em separar a fase metálica dos sítios ácidos[37] .<br />

17


Iniciação:<br />

Propagação<br />

Terminação<br />

n-CnH2n+2 + H + -B - → n-CnH + 2n+3-B - (<strong>II</strong>.8)<br />

n-CnH + 2n+3-B - → n-CnH + 2n+1 + H2 (<strong>II</strong>.9)<br />

CnH2n + H + -B - → CnH + 2n+1-B -<br />

n-C2n+2 + n-CnH + 2n+1-B - → CnH2n+2 + n-CnH + 2n+1-B -<br />

(<strong>II</strong>.10)<br />

(<strong>II</strong>.11)<br />

n-CnH + 2n+1-B - → i-CnH + 2n+1-B - (<strong>II</strong>.12)<br />

n-C2n+2 + i-CnH + 2n+1-B - → i-CnH2n+2 + n-CnH + 2n+1-B - (<strong>II</strong>.13)<br />

H2 + CnH + 2n+1-B - → CnH2n+2 + H + -B - (<strong>II</strong>.14)<br />

CnH + 2n+1-B - → CnH2n + H + -B -<br />

(<strong>II</strong>.15)<br />

CnH2n + CnH + 2n+1-B - → produtos de craqueamento (<strong>II</strong>.16.a)<br />

|----------→ H2 + C2nH + 4n-1-B - (coque) (<strong>II</strong>.16.b)<br />

Figura <strong>II</strong>.8: Mecanismo proposto para a hidroisomerização do n-hexano sobre Pt/Hβ<br />

[37] (onde B - = zeólita).<br />

Outros autores, reconhecendo que sítios ácidos podem isomerizar n-parafinas,<br />

propõem a mu<strong>da</strong>nça do mecanismo bifuncional tradicional pela incorporação de uma<br />

etapa de formação de íon carbônio pela protonação <strong>da</strong> parafina sobre os sítios ácidos,<br />

que formariam íons carbênios pela sua desidrogenação (idem reação <strong>II</strong>.1). A formação<br />

de íons carbênios pela protonação de olefinas forma<strong>da</strong>s sobre os sítios metálicos é<br />

considera<strong>da</strong>, no entanto, ocorrer de forma mais rápi<strong>da</strong> do que pela rota monofuncional<br />

sobre os sítios ácidos[42] .<br />

Recentes resultados reportados por Kuznetsov [36] suportam o modelo<br />

binfuncional clássico, com modificações para o papel <strong>da</strong> fase metálica, no que foi<br />

chamado de “modelo clássico não trivial”. Este autor estudou a reação de<br />

hidroisomerização do n-octano utilizando diversas configurações de reatores, incluindo<br />

uma uni<strong>da</strong>de de fluxo contínuo com alta taxa de recirculaçãos dos produtos e que<br />

possuía dois reatores em série, que podiam ser operados a temperaturas diferentes e<br />

carregados com representantes <strong>da</strong>s funcões metálicas e áci<strong>da</strong>s (Pt/Al2O3 e HY,<br />

respectivamente). A ativi<strong>da</strong>de individual dos componentes contendo função metálica e<br />

áci<strong>da</strong>, foi quantifica<strong>da</strong> pela hidrogenação do 1-hexeno e pelo craqueamento do noctano,<br />

respectivamente. Segundo o autor, a função metálica teria o papel de reduzir a<br />

18


taxa de craqueamento. Testes mostraram que a reativi<strong>da</strong>de do 1-octeno é ordens de<br />

magnitude superior ao do n-octano (> 4x 10 4 versus 39,6 l/g.h, respectivamente).<br />

Portanto, mais relevante do que evitar a desativação, o papel <strong>da</strong> fase metálica seria<br />

manter uma baixa concentração de olefinas, prevista pelo equilíbrio termodinâmico,<br />

reduzindo as taxas de craqueamento. A maior reativi<strong>da</strong>de de olefinas versus parafinas<br />

em condições similares já havia sido identifica<strong>da</strong> anteriormente (ex:[43]).<br />

Kuznetsov [36] levanta ain<strong>da</strong> importantes questões: a) Um completo equilíbrio<br />

<strong>da</strong>s reações de hidrogenação/desidrogenação <strong>da</strong>s olefinas ramifica<strong>da</strong>s pode não ser<br />

obti<strong>da</strong> devi<strong>da</strong> à baixa difusivi<strong>da</strong>de dos intermediários olefínicos dentro <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong>des<br />

zeolíticas, levando a um teor de olefinas superior ao previsto termodinamicamente e,<br />

conseqüentemente, a uma maior taxa de craqueamento devido a eleva<strong>da</strong> reativi<strong>da</strong>de<br />

destas olefinas. Aumentando-se a concentração <strong>da</strong> fase metálica no interior dos<br />

poros, e/ou reduzindo a distância entre a fase metálica e a fase áci<strong>da</strong>, auxiliaria em<br />

atingir o equilíbrio, reduzindo a taxa <strong>da</strong>s reações de craqueamento; b)<br />

Experimentalmente observou-se que aumentando a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica e<br />

reduzindo a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função áci<strong>da</strong>, pelo aumento e pela redução <strong>da</strong> temperatura<br />

dos reatores em série, respectivamente, acarreta-se o aumento na selevitivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros.<br />

O estudo do mecanismo de reação é importante para procurarmos explicar o<br />

efeito <strong>da</strong> acidez sobre a seletivi<strong>da</strong>de. Independente de considerarmos o mecanismo<br />

bifuncional (clássico ou modificado), ou os mecanismos alternativos, tais como<br />

“spillover” de hidrogênio ou em cadeia sobre os sítios ácidos, podemos ver que a<br />

acidez <strong>da</strong> zeólita desempenha um papel essencial no mecanismo. Analisando a<br />

consistente proposta formula<strong>da</strong> por Kuznetsov [36] de que a função metálica teria o<br />

papel de reduzir a taxa de craqueamento, por manter uma baixa concentração de<br />

olefinas, que são mais facilmente craqueaveis do que as parafinas, podemos<br />

questionar se o mesmo não poderia ocorrer com a função áci<strong>da</strong>, ou seja, uma acidez<br />

modera<strong>da</strong> poderia contribuir para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, pela<br />

redução <strong>da</strong>s taxas de craqueamento dos intermediários olefínicos (ou de parafinas<br />

mais facilmente craqueáveis) .<br />

19


<strong>II</strong>.1.2. Cinética de reação<br />

A cinética de hidroisomerização do n-octano, n-decano e do n-dodecano sobre<br />

Pt/Y foi intensivamente estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Froment e colaboradores na déca<strong>da</strong> de 80<br />

[44][45]. A modelagem cinética inicialmente foi efetua<strong>da</strong> considerando-se a ocorrência<br />

de um mecanismo monofuncional via íons carbênios (Figura <strong>II</strong>.9 [44]) e posteriormente<br />

com base no mecanismo clássico do tipo bifuncional (Figura <strong>II</strong>.10 [45]) com resultados<br />

similares. Ambas as modelagens foram desenvolvi<strong>da</strong>s considerando-se a<br />

isomerização do íon carbênio como sendo a etapa lenta <strong>da</strong> reação e tendo sido<br />

testados diversos modelos para a etapa de adsorção. Observou-se experimentalmente<br />

que a distribuição dos produtos foi função somente <strong>da</strong> conversão, independente <strong>da</strong><br />

temperatura ou <strong>da</strong> pressão parcial dos reagentes nas condições operacionais (130 –<br />

250 o C, 5 –100 bar). O modelo que apresentou o melhor ajuste dos <strong>da</strong>dos foi um<br />

mecanismo do tipo seqüencial (Figura <strong>II</strong>.11)[45] :<br />

n-alcano + H + ⇔ íon n-alquil + H2<br />

íon n-alquill ⇔ íon iso-alquil<br />

íon iso-alquil + H2⇔ isoalcano + H + , onde H + significa o próton do sitio ácido.<br />

Figura <strong>II</strong>.9: Esquema reacional utilizado para a modelagem <strong>da</strong> cinética de<br />

hidroisomerização [45].<br />

n-alcano (gás) ⇔ n-alcano (ads)<br />

n-alcano (ads) ⇔ n-alqueno (ads) + H2 Pt<br />

n-alqueno (ads) + H + ⇔ R +<br />

R+ ⇔ i-R +<br />

sítio ácido<br />

sítio ácido<br />

i-R + ⇔ i-alqueno (ads) + H + sítio ácido<br />

i-alqueno (ads) + H2 ⇔ i-alcano (ads) Pt<br />

i-alcano (ads) ⇔ i-alcano (gás)<br />

Figura <strong>II</strong>.10: Esquema reacional utilizado para a modelagem <strong>da</strong> cinética de<br />

hidroisomerização [45].<br />

20


n-A ⇔ MB ⇔ DB → CR ,<br />

onde: n-A = n-parafina<br />

MB = isômeros com uma ramificação<br />

DB = isômeros com duas ramificações<br />

CR = produtos de craqueamento<br />

Figura <strong>II</strong>.11: Esquema para hidroisomerização e hidrocraqueamento [45].<br />

O mecanismo seqüencial observado por Froment e colaboradores[44][45]<br />

(Figura <strong>II</strong>.11), pode variar em função do catalisador, <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de de craqueamento do<br />

reagente e produtos e <strong>da</strong>s condições utiliza<strong>da</strong>s. Um modelo mais geral é apresentado<br />

na Figura <strong>II</strong>.12 [18][46].<br />

n-parafina ⇔ mono-ramificados ⇔ bi-ramificados ⇔ tri-ramificados<br />

r1 r2 r3<br />

produtos de craqueamento<br />

r3 >> r2 >r1<br />

Figura <strong>II</strong>.12: Esquema reacional para a formação de isômeros e produtos de<br />

craqueamento na hidroisomerização de n-parafinas [18][46].<br />

A expressão <strong>da</strong> taxa utilizando isoterma de adsorção do tipo<br />

Langmuir/Hinshelwod , obti<strong>da</strong> por Froment e colaboradores [44][45], foi:<br />

rA = kA (pA – pB/K)<br />

pH2[1+KL(pA + pB)]) (<strong>II</strong>.17)<br />

onde: pa = pressão parcial do alcano (n-C8, n-C10 ou n-C12)<br />

pb= pressão parcial dos iso-alcanos<br />

pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />

KL = constante de adsorção para as n-parafinas<br />

K = constante de equilíbrio <strong>da</strong> reação<br />

ka = coeficiente <strong>da</strong> taxa de reação para a n-parafina<br />

21


A partir <strong>da</strong> equação I.I17 pode-se obter a expressão para a taxa inicial de<br />

hidroisomerização de uma n-parafina (pb→ 0 - equação <strong>II</strong>.18):<br />

rAo = kApA /( pH2 (1+ KLpA)) (<strong>II</strong>.18)<br />

Outra simplificação <strong>da</strong> expressão 18 ocorre quando se tem o termo KLpA >>> 1.<br />

Neste caso tem-se a ordem de reação de –1 para o hidrogênio e 0 para a nparafina<br />

(equação <strong>II</strong>.19):<br />

rAo = kA/KLPH2 (<strong>II</strong>.19)<br />

A modelagem acima assume que os microporos <strong>da</strong> zeólita estão<br />

completamente saturados pela molécula reagente, o que tende a acontecer com o uso<br />

de eleva<strong>da</strong>s pressões e/ou o uso de alcanos de cadeia longa. Segundo Ollo e<br />

colaboradores [47], esta condição ocorre para o sistema Pt/Mordenita com pressões<br />

de hidrogënio ≥ 20 bar ou <strong>da</strong> parafina ≥ 5bar) e com parafinas maiores do que npentano.<br />

Em condições onde isto não ocorre, Runstraat e colaboradores[48] propõem<br />

o uso <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.20. Esta modelagem foi desenvolvi<strong>da</strong> assumindo-se que a etapa<br />

de isomerização é a etapa determinante <strong>da</strong> taxa de reação (comportamento<br />

denominado de “bifuncional ideal”) e que a concentração dos hidrocarbonetos dentro<br />

dos poros <strong>da</strong> zeólita está em equilíbrio com a fase gasosa. A tabela <strong>II</strong>.2 resume as<br />

condições recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para uso <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.17, ou <strong>da</strong> equação <strong>II</strong>.20, bem como<br />

as diversas ordens de reação obti<strong>da</strong>s [48]:<br />

R = kiso __Kdesidro . Kprot. (pnC6/pH2) ≅ kiso (Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)) α (<strong>II</strong>.20)<br />

1 + Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)<br />

onde: R = taxa de reação global de isomerização<br />

Kdesidro = constante de equilíbrio para a desidrogenação<br />

Kprot = constante de equilíbrio para a protonação<br />

kiso = constante <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />

pnC6 = pressão parcial do hidrocarboneto (n-hexano)<br />

pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />

α = ordem de reação, ≤ 1<br />

22


Tabela <strong>II</strong>.2: Ordem de reação espera<strong>da</strong> com base nas equações <strong>II</strong>.17 e <strong>II</strong>.20 [48]<br />

Equação <strong>II</strong>.20 Equação <strong>II</strong>.17<br />

Pressão do n-alcano Pressão H2 n m n m<br />

Alta Alta Inváli<strong>da</strong> Inváli<strong>da</strong> 0 -1<br />

Alta Baixa Inváli<strong>da</strong> Inváli<strong>da</strong> 0 0<br />

Baixa Alta α - α 1 -1<br />

Baixa Baixa 1 -1 - -<br />

Onde: n= ordem de reação no n-alcano, m= ordem de reação do hidrogênio.<br />

Mais recentemente, Chavaria e colaboradores [49] estu<strong>da</strong>ram a situação onde<br />

a etapa lenta <strong>da</strong> reação não ocorre sobre os sítios ácidos, caracterizando um<br />

comportamento “não ideal”. Estes autores utilizaram um catalisador com fraca função<br />

hidrogenante (Mo/Hβ(20%)-Alumina) na reação de hidroisomerização do nhexadecano<br />

(com 150 ppm de S como CS2). Sem a hipótese de que a etapa lenta <strong>da</strong><br />

reação ocorreria sobre os sítios ácidos, foi necessário introduzir equações cinéticas<br />

para as reações de hidrogenação e de desidrogenação. Segundo os autores, o<br />

comportamento não ideal é favorecido por um baixo teor de fase metálica (ou uma<br />

baixa ativi<strong>da</strong>de desidrogenante), baixa pressão e a de presença de parafinas com<br />

cadeia longa. Os resultados experimentais mostram uma menor seletivi<strong>da</strong>de para<br />

isômeros para o catalisador “não ideal” versus o catalisador “ideal” (Figura <strong>II</strong>.13).<br />

Figura <strong>II</strong>.13: Conversão do n-hexadecano sobre catalisadores “ideais” (curva superior)<br />

e “não ideais” (curva inferior - Mo/Hβ(20%)-Alumina) – Xtot = conversão do nhexadecano;<br />

Xiso = conversão para isômeros [49]<br />

23


Na literatura podemos encontrar uma ampla gama de formas de comparação<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de catalisadores de hidroisomerização, dentre elas: a) Constante cinética<br />

com base na equação <strong>II</strong>.23 [50]; b) “Turnover” baseado nos sítios ácidos [ex: [16]]; c)<br />

Ativi<strong>da</strong>de (mol/g.h) extrapola<strong>da</strong> para tempo zero de reação [ex:[51]]; d ) Taxa de<br />

reação no regime diferencial (Ri = Xi. V/m.cat onde X= conversão, V=fluxo volumétrico<br />

(mol/seg) e m.cat= massa do catalisador (g)) [ex: [52]]; e) Valor <strong>da</strong> conversão <strong>da</strong> nparafina<br />

manti<strong>da</strong> as condições constantes (temperatura; pressão; razão molar H2/Nparafina,<br />

WHSV) [ex:[18][53][54] ou variando-se a temperatura [ex: [55]]; f) Cinética de<br />

primeira ordem aparente. Utiliza<strong>da</strong> para comparação de ativi<strong>da</strong>de entre Pt/SAPO-5 e<br />

Pt/SAPO-11 na hidroisomerização do n-heptano[56] ou g)Temperatura necessária<br />

para se obter uma determina<strong>da</strong> conversão [ex: [57]]. No presente texto, a ativi<strong>da</strong>de<br />

dos catalisadores é compara<strong>da</strong> com base no valor de conversão e/ou <strong>da</strong> constante<br />

aparente de reação.<br />

<strong>II</strong>.1.3. Efeito <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />

<strong>II</strong>.1.3.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

Os estudos mais recentes sobre a cinética de hidroisomerização de n-parafinas<br />

têm reforçado o papel dos efeitos difusivos, que por sua vez, são fortemente<br />

influenciados pela estrutura <strong>da</strong> zeólita. Duas propostas recentes são as denomi<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

adsorção competitiva e “single file diffusion” :<br />

• Adsorção competitiva - Denayer e colaboradores [58] estu<strong>da</strong>ram a<br />

hidroisomerização/hidroconversão de uma mistura de n-C6, n-C7, n-C8 e n-<br />

C9 sobre Pt-HY com pH2/Phidrocabornetos de 13.1 e pressão total de 4,1 atm.<br />

Segundo os autores a conversão preferencial <strong>da</strong>s n-parafinas longas,<br />

(Figura <strong>II</strong>.14), ocorre devido ao aumento <strong>da</strong> taxa de adsorção com o<br />

aumento <strong>da</strong> cadeia, ao invés de diferenças intrínsecas nas taxas de reação.<br />

Foi calculado que os parâmetros de adsorção de Lamgmuir aumentam<br />

exponencialmente, enquanto as constantes cinéticas aumentam de maneira<br />

aproxima<strong>da</strong>mente linear com o aumento do comprimento <strong>da</strong> cadeia do<br />

hidrocarboneto (Figura <strong>II</strong>.15).<br />

24


Figura <strong>II</strong>.14: Conversão de uma mistura de n-alcanos sobre Pt/H-Y a 233 o C em<br />

função <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial [58] .<br />

Figura <strong>II</strong>.15 : Constantes cinéticas para formação de mono- (kMB) e multi-ramificados<br />

(kMTB), constantes de Henry (K’) e constantes de Langmuir (L) como função do<br />

número de átomos de carbono na molécula [58].<br />

25


• “Single file diffusion” – Este mecanismo é proposto ocorrer em zeólitas com<br />

sistemas de poros unidimensionais, especialmente operando a baixas<br />

temperaturas. Segundo esta proposta, a baixas temperaturas a adosorcão<br />

nos poros <strong>da</strong>s zeólitas é eleva<strong>da</strong>, ocasionando que somente os sítios<br />

localizados na boca dos poros contribuem de maneira significativa para a<br />

taxa de reação observa<strong>da</strong>. A temperaturas eleva<strong>da</strong>s, a adosorcão é menos<br />

significativa e conseqüentemente aumenta a contribuição dos sítios ácidos<br />

localizados no interior dos poros. Segundo Liu e co-autores [59] a redução<br />

na energia de ativação aparente para a hidroisomerização do n-pentano<br />

sobre Pt/mordenita com o aumento <strong>da</strong> temperatura, pode ser explica<strong>da</strong> com<br />

base neste mecanismo. No entanto, Runstraat e colaboradores[60]<br />

questionam esta interpretação. Segundo estes autores a redução <strong>da</strong><br />

energia de ativação, observa<strong>da</strong> com o aumento <strong>da</strong> temperatura, pode ser<br />

explica<strong>da</strong> pela redução do recobrimento superficial <strong>da</strong>s olefinas sobre os<br />

sítios ácidos. Este efeito pode ser visto por exemplo, analisando-se a taxa<br />

de reação do tipo “Hougen-Watson (eq. <strong>II</strong>.21 e <strong>II</strong>.22)”:<br />

R = kRDS. K ads,A . θvazios. PA = KRDS. θA (<strong>II</strong>.21)<br />

R = kRDS . K ads,A . PA/ (1 + K ads,A PA) (<strong>II</strong>.22)<br />

Onde R é a taxa de reação, k rds é a constante <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> etapa determinante,<br />

Kads,A é a constante de equilíbrio de adsorção, θvazios é a fração de sítios vacantes, PA é<br />

pressão do reagente A e, θA a fração de recobrimento superficial do intermediário<br />

reativo. A baixas temperaturas tem-se que K ads,A . PA >>1, o que leva a se ter R = k rds<br />

e obteremos a energia de ativação ver<strong>da</strong>deira (Ereal). Com o aumento <strong>da</strong> temperatura o<br />

termo K adsA acaba por ficar


<strong>II</strong>.1.3.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de<br />

hidroisomerização<br />

Weitkamp e colaboradores [26][29][44][61] foram os pioneiros em comparar as<br />

zeólitas ZSM5 e Y em reações de hidroisomerização de n-parafinas (nC7 a nC17),<br />

tendo observado que:<br />

• Sobre Pt/Y não ocorre nenhum efeito significativo de seletivi<strong>da</strong>de de forma,<br />

sendo a distribuição de produtos dita<strong>da</strong> pelas taxas relativas dos íons<br />

carbênios [29] e influencia<strong>da</strong> por variáveis, como a razão entre o número de<br />

sítios metálicos e número de sítios ácidos (ver seção I.5). Sobre Pt/Y<br />

observa-se a formação de produtos com múltiplas ramificações e com<br />

grupamentos etil ou propil que não são observados sobre Pt/ZSM5.<br />

• Sobre Pt/ZSM5 forma-se preferencialmente mono-metil-isômeros[26]. Este<br />

mesmo comportamento é observado para outras estruturas de poros<br />

médios, sendo atribuído à ocorrência de restrições estéricas e/ou<br />

difusionais [31][48][56] .<br />

A comparação detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong> distribuição dos diversos isômeros, permitiu ain<strong>da</strong><br />

a proposição do uso <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-decano como reação<br />

modelo para caracterizar o espaço intracristalino de estruturas zeolíticas<br />

desconheci<strong>da</strong>s, conforme os critérios revisados por Martens e Jacobs[17]:<br />

• A distribuição relativa dos isômeros mono-ramificados versus os<br />

isômeros bi-ramificados, ao máximo valor de rendimento em isômeros<br />

totais, permite a identificação de estruturas de poros médios (como<br />

ZSM5), uma vez que estas estruturas produzem um rendimento menor<br />

de isômeros bi-ramificados e, praticamente, ausência de isômeros do<br />

tipo tri-ramificados (Figura <strong>II</strong>.16).<br />

27


Figura <strong>II</strong>.16: Distribuição relativa de isômeros mono-ramificados e bi-ramificados na<br />

hidroisomerização do n-decano sobre varias zeólitas[18].Detalhes <strong>da</strong>s estruturas<br />

podem ser obti<strong>da</strong>s no Atlas de estruturas zeolític<strong>da</strong>s [62]<br />

• A ausência de etil-ramificados a 5% de conversão indica a presença de<br />

estrutura de poros médios, desde que os sítios ácidos externos tenham<br />

sido convenientemente neutralizados.<br />

• O rendimento absoluto de iso-pentano a 35 % de conversão permite<br />

identificar estruturas de poros grandes, uma vez que reflete a extensão<br />

do craqueamento central de um iso-decano com múltiplas ramificações.<br />

• A razão entre 3-etil e 4-etil-octanos à conversão de 5% é cineticamente<br />

controla<strong>da</strong> sobre estruturas faujasíticas e pode ser usa<strong>da</strong> para<br />

classificar tais estruturas.<br />

• Valores elevados para a razão entre os isômeros 2-metil-nonamo e 5metil-nonamo<br />

a 5% de conversão, denominado de “modified constraint<br />

index” (Ci*), indicam a presença de estruturas com poros poros médios.<br />

Valores baixos indicam a presença de estruturas com poros grandes e<br />

valores intermediários indicam a presença de estruturas com poros<br />

pequenos (Figura <strong>II</strong>.17).<br />

28


O parâmetro denominado “modified constraint index (Ci*)” origina-se do fato de<br />

que, em zeólitas de poros grandes (ex: PtCaY, PtY), observa-se que a taxa de<br />

formação do isômero 2-metil-nonano é cineticamente limita<strong>da</strong> quando compara<strong>da</strong> às<br />

taxas de formação de outros iso-nonamos, só ocorrendo o equilíbrio termodinâmico<br />

entre os diversos isômeros após valores de conversão elevados do n-decano.<br />

Entretanto, observa-se que em zeólitas de poros médios (como PtZSM5) ocorre<br />

formação preferencial do 2-metil-octano ou do 2-metil-nonano a partir <strong>da</strong><br />

hidroisomerização do n-nonano e do n-decano respectivamente. Estes resultados tem<br />

sido explicados pela ocorrência do mecanismo via ciclopropanos protonados (PCP),<br />

que evita a formação de carbocátions primários sobre zeólitas de poros grandes e a<br />

ocorrência de seletivi<strong>da</strong>de de forma ao estado de transição quando <strong>da</strong> formação dos<br />

intermediários “PCP” sobre zeólitas de poros médios[17]. Um valor intermediário para<br />

o “modified constraint index” (Ci*), observado para estruturas com poros pequenos, é<br />

atribuído à ocorrência de efeitos difusionais além de possíveis efeitos de seletivi<strong>da</strong>de<br />

ao estado de transição [17]. O parâmetro Ci* é independente <strong>da</strong>s condições<br />

experimentais, no entanto se observa sua variação em função de alguns parâmetros,<br />

tais como: a) O valor do Ci* diminui com a diminuição do tamanho do cristalito e com<br />

o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita e b) O valor do Ci* diminui com o aumento do teor<br />

do metal nobre, devido ao favorecimento <strong>da</strong> ocorrência de reações sobre a fase<br />

metálica no exterior dos cristalitos[63] .<br />

Figura <strong>II</strong>.17: Valores de CI* (“modified constraint index”) para algumas estruturas<br />

seleciona<strong>da</strong>s [63].<br />

Um conceito muitas vezes reportado na literatura diz respeito ao papel que a<br />

zeólita exerce sobre a difusão dos produtos e/ou intermediários. Considera-se que<br />

estruturas, que favoreçam um longo tempo de residência no interior dos poros, tendem<br />

a favorecer as reações de craqueamento. Como exemplos do uso deste conceito,<br />

temos:<br />

29


• Meriaudean e colaboradores [53] observaram que a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

hidroisomerização do n-octano diminuiu na seqüência: Pt-SAPO-41 ><br />

Pt-SAPO-31 > Pt-SAPO-11 > Pt-SAPO-5. Estas diferenças foram<br />

explica<strong>da</strong>s considerando-se efeitos de restrições estéricas e difusionais.<br />

Na peneira molecular de poros grandes (SAPO5) ocorre a formação de<br />

parafinas contendo várias ramificações, conheci<strong>da</strong>s por apresentarem<br />

maior tendência ao craqueamento. Por sua vez, os canais mais restritos<br />

<strong>da</strong>s peneiras SAPO-31 e SAPO-11, embora impeçam a formação de<br />

parafinas multi-ramifica<strong>da</strong>s, levam a tempos de residências mais<br />

elevados para as monoparafinas forma<strong>da</strong>s devido às limitações<br />

difusionais, o que contribui para o seu craqueamento [53]. A tabela <strong>II</strong>.3<br />

apresenta as proprie<strong>da</strong>des estruturais <strong>da</strong>s peneiras testa<strong>da</strong>s e a Figura<br />

<strong>II</strong>.18 os resultados de conversão e seletivi<strong>da</strong>de observados:<br />

Tabela <strong>II</strong>.3: Proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s peneiras moleculares utiliza<strong>da</strong>s [53].<br />

Peneira Estrutura Dimensões Tipo de canais<br />

SAPO-11 AEL 0.39 x 0.63 nm Unidimensionais<br />

SAPO-31 ATO 0.54 x 0.54 nm Unidimensionais<br />

SAPO-41 AFO 0.43 x 0.70 nm Unidimensionais<br />

SAPO-5 AFI 0.73 nm Unidimensional<br />

Figura <strong>II</strong>.18: Hidroisomerização do n-octano sobre diferentes tipos de SAPOs[53]. (T=<br />

200 a 400 o C; P= 1 atm; H2/n-C8= 54 mol/mol; SV = 0.4-7 h -1 ).<br />

• O catalisador Pt/mordenita, mesmo contendo eleva<strong>da</strong> área metálica,<br />

apresenta um comportamento intermediário entre o observado de<br />

craqueamento <strong>da</strong> zeólita sem adição de metal (Pt) e o observado na<br />

ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização de um catalisador ideal típico (como<br />

30


Pt/Y) na conversão de n-parafinas ≥ n-heptano. Este comportamento<br />

tem sido associado a limitações difusionais <strong>da</strong>s olefinas intermediárias<br />

nos canais unidimensionais <strong>da</strong> mordenita[64] .<br />

• Vários autores têm observado que a zeólita ZSM5 apresenta uma baixa<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, como exemplos: 1) A ordem observa<strong>da</strong> do<br />

máximo rendimento em isômeros na hidroconversão do n-hexano foi<br />

PtHY > PtHM > PtHZSM5 [65] e a do n-heptano foi PtUSY ≈ Ptβ ><br />

PtZSM5 [55]; 2) As zeólitas ZSM5 apresentaram também os menores<br />

valores de seletivi<strong>da</strong>de a isômeros dentre o conjunto de Pt/Na-β, HY,<br />

SiO2-Al2O3 e SAPO11 para a hidroisomerização do n-octano (Tabela<br />

<strong>II</strong>.4) [57] ou entre as zeólitas Y, USY, Beta, mordenita e ZSM22 para a<br />

hidroisomerização do n-heptano [66].<br />

Tabela <strong>II</strong>.4: Isomerização do n-octano sobre catalisadores contendo 1% p/p de Pt a<br />

1000 psig, WHSV de 2.8 h -1 , 16 H2/Hc mol/mol e 30% de conversão [57] .<br />

SiO2-Al2O3 HY ZSM5 SAPO5 SAPO11<br />

T( o C) 371 257 260 304 331<br />

Selet. i-C8 %p/p 96.4 96.8 56.6 49.3 94.8<br />

Selet. D-MC6 8.5 12 1.8 9.0 2.3<br />

Nota: i-C8 = isômeros com 8 átomos de carbono; D-MC6= di-metil-hexanos<br />

A baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, observa<strong>da</strong> quando do uso de ZSM5, é<br />

explica<strong>da</strong> por alguns autores como sendo devido às limitações difusionais impostas<br />

pela estrutura desta zeólita. Alguns autores [67][66] propõem que isômeros biramificados<br />

podem ser formados nos espaços maiores oriundos <strong>da</strong> interseção dos<br />

canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5, mas estes isômeros não poderiam se difundir para fora dos<br />

poros devido a restrições estéricas sendo, conseqüentemente, craqueados. Segundo<br />

Gopal e Smirniotis [66], a formação de quanti<strong>da</strong>des equimoleculares de propano e<br />

isobutano confirmaria que a maioria dos produtos leves é oriun<strong>da</strong> do craqueamento (βcisão)<br />

de isômeros bi-ramificados sobre HZSM5. Alternativamente, outros autores<br />

propõem que um longo tempo de residência dos intermediários na zeólita ZSM5, o que<br />

ocasionaria uma baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, é provocado pela maior força áci<strong>da</strong><br />

desta zeólita [17][18]. A interseção dos canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5 (comparativamente<br />

com a zeólita ZSM11) pode ser visualiza<strong>da</strong> no trabalho de Maesen e colaboradores<br />

[68] (Figura <strong>II</strong>.19).<br />

31


Figura <strong>II</strong>.19: Representação <strong>da</strong> interseção dos canais <strong>da</strong>s zeólitas ZSM5 (MFI) –A e<br />

ZSM11 (MEL) – B. A zeólita MFI apresenta canais circulares e elípticos e somente um<br />

tipo de interseção, enquanto a zeólita do tipo MEL apresenta canais circulares e dois<br />

tipos de interseção: maior (topo) e menor (fundo) que a do tipo MFI. Os canais em<br />

ambas as zeólitas tem dimensões similares ( ≅ 0.55 nm) [68].<br />

• Chica e Corma[69] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do n-pentano, nhexano<br />

e do n-heptano sobre diversas zeólitas contendo 0.5 %p/p de Pt<br />

prepara<strong>da</strong> por impregnação ao volume de poros com H2PtCl6. As<br />

condições utiliza<strong>da</strong>s nos testes catalíticos foram: razão molar<br />

H2/hidrocarboneto de 15; WHSV de 5.13 h -1 ; pressão de 20 bar e<br />

temperaturas de reação entre 240 o C e 380 o C. As zeólitas<br />

tridimensionais (Y (FAU) e β (BEA)) apresentaram maior seletivi<strong>da</strong>de a<br />

isômeros do que as zeólitas unidimensionais testa<strong>da</strong>s (mordenita<br />

(MOR) e SSZ-24 (AFI)). Dentre as zeólitas unidimensionais testa<strong>da</strong>s, a<br />

melhor seletivi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi para a zeólita SSZ-24 (AFI) de poros<br />

mais largos. Segundo os autores, uma maior seletivi<strong>da</strong>de a isômeros<br />

pode ser obti<strong>da</strong> em estruturas que permitam uma rápi<strong>da</strong> difusão dos<br />

produtos, em especial dos produtos mais ramificados, o que é<br />

conhecido, apresentam uma maior tendência ao craqueamento. O<br />

mesmo argumento foi utilizado para explicar a maior seletivi<strong>da</strong>de<br />

observa<strong>da</strong> para zeólitas Beta de menor tamanho de cristalito (tabela<br />

<strong>II</strong>.5).<br />

32


Tabela <strong>II</strong>.5: Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano sobre zeólitas HBeta de<br />

diferentes tamanhos de cristalito. A<strong>da</strong>ptado dos gráficos de Chica e Corma [69]<br />

considerando-se uma conversão fixa de ≈ 72 % molar.<br />

Zeólita Estrutura t. crist. (µm) Si/Al Acidez Temp.<br />

( o C)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de<br />

(%molar)<br />

B-PQ BEA 0.15 16 15 280 45<br />

Beta (50) BEA 0.15 50 3 326 18<br />

LCB BEA 0.05x10 13 20 265 30<br />

SCB BEA >0.030 16 10 260 60<br />

Acidez mensura<strong>da</strong> pelo teor de piridina dessorvi<strong>da</strong> a 400 o C (micromol py/g<br />

catalisador)<br />

Um importante papel <strong>da</strong> estrutura tem sido observado recentemente para a<br />

hidroisomerização de n-parafinas sobre a zeólita ZSM22 [70][71][72]. A zeólita ZSM22<br />

é uma zeólita de poros médios paralelos e ligeiramente elípticos (0.45 x 0.55nm) [71].<br />

Esta zeólita se destaca por apresentar uma eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para formação de<br />

isômeros, em particular mono-ramificados, quando compara<strong>da</strong> com outras zeólitas em<br />

condições similares, como pode ser visto dos resultados <strong>da</strong> hidroisomerização de n-<br />

C17 sobre Pt/HZSM22 e Pt/Y (Figura <strong>II</strong>.20) [71] ou n-heptano [70] (Tabela <strong>II</strong>.6).<br />

Figura <strong>II</strong>.20: Distribuição de produtos na hidroisomerização do n-C17 sobre Pt/HY e<br />

Pt/HZSM22 [71].<br />

A distribuição de produtos <strong>da</strong> hidroisomerização de n-parafinas C10-C24 sobre<br />

Pt/ZSM22 foi investiga<strong>da</strong> por Martens e colaboradores [71][72]. Foi observa<strong>da</strong> a<br />

ocorrência de um máximo na distribuição para a formação de isômeros com<br />

ramificações no segundo átomo de carbono <strong>da</strong> cadeia (2-metil-) e outro máximo<br />

ocorrendo entre C5-C11, dependendo <strong>da</strong> n-parafina utiliza<strong>da</strong>. Foi observa<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> a<br />

33


ocorrência de um mínimo na distribuição para isômeros com ramificações no quarto<br />

átomo de carbono <strong>da</strong> cadeia (4-metil-) (Figura <strong>II</strong>.21). Estes resultados foram<br />

explicados por Martens e colaboradores [71][72] com base na proposição dos<br />

mecanismos denominados “catálise na boca dos poros” (pore mouth catalysis) e<br />

“chave-fechadura” (“key lock catalysis”).<br />

Segundo o mecanismo de “catálise na boca dos poros”, não ocorreria a<br />

difusão de reagentes ou produtos através dos microporos <strong>da</strong> zeólita. O n-alcano<br />

penetraria somente parcialmente nos poros, levando a uma formação de isômeros do<br />

tipo 2-metil-. Num segundo modo de adsorção favorável, denominado de tipo “chavefechadura”,<br />

as duas extremi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> n-parafina penetrariam em poros diferentes,<br />

favorecendo a ocorrência de ramificações no centro <strong>da</strong> molécula. As propostas de<br />

mecanismo foram suporta<strong>da</strong>s por cálculos teóricos de formas preferenciais de<br />

adsorção de n-parafinas sobre a zeólita ZSM22 (Figura <strong>II</strong>.22).<br />

Figura <strong>II</strong>.21: Distribuição (%molar) de metil-alcanos obtidos a 25-30% de conversão<br />

[72].<br />

34


Figura <strong>II</strong>.22: Estimativa do potencial Lennard-Jones (kj/mol) para a interação de<br />

isômeros metil-uncosano de acordo com os modelos denominados de boca dos poros<br />

(“pore mouth”) ou chave-fechadura (“key-lock”) [72].<br />

• Patrigeon e colaboradores [31] estu<strong>da</strong>ram a reação de<br />

hidroisomerização do n-heptano à pressão atmosférica e temperaturas<br />

entre 190 a 260 o C sobre diversas zeólitas contendo 1% p/p de Pt.<br />

Dentre as zeólitas testa<strong>da</strong>s, a H-Eu teve menor seletivi<strong>da</strong>de, o que foi<br />

associado à sua estrutura mais restrita (tabela <strong>II</strong>.6). Os bons resultados<br />

observados sobre a zeólita ZSM22 foram explicados com base na<br />

proposição do mecanismo “pore mouth catalysis”, como descrito<br />

anteriormente.<br />

Tabela <strong>II</strong>.6: Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano ao máximo rendimento em<br />

isômeros [70]. Catalisadores contendo 1% p/p de Pt. Detalhes <strong>da</strong>s estruturas podem<br />

ser vistas no Atlas de estruturas zeolíticas [62].<br />

Zeólita Dimensões<br />

( o T<br />

A) ( o X i-C7 Craq. Mono.<br />

C) (%) (%p/p) (%p/p) (%p/p)<br />

H-Y 7.4 210 83 73 10 50.5<br />

H-Beta 7.6*6.4 + 5.5*5.5 230 83 73 10 53<br />

HZSM22 4.4*5.5 240 84 78 6 73<br />

H-EU 4.1*5.7 220 82 59 23 49<br />

As proprie<strong>da</strong>des estruturais <strong>da</strong>s zeólitas podem ser altera<strong>da</strong>s pela criação de<br />

mesoporosi<strong>da</strong>de, através de tratamentos térmicos, hidrotérmicos ou ácidos (ex:<br />

[73][74]), no entanto, existem poucos estudos relatados. Tromp e colaboradores [75]<br />

observaram o aumento na ativi<strong>da</strong>de e na seletivi<strong>da</strong>de na hidroisomerização do nhexano<br />

com a remoção do Al estrutural de mordenitas por tratamento ácido (Tabela<br />

35


<strong>II</strong>.7). Segundo os autores, a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização de n-parafinas em<br />

mordenitas é limita<strong>da</strong> por efeitos de transferência de massa. A dessaluminação<br />

contribuiria para formação de mesoporos tornando os sítios ácidos mais acessíveis e<br />

facilitando a dessorção dos produtos. Gopal e colaboradores [66] postulam que a<br />

criação de mesoporos pode contribuir para a redução de restrições difusionais em<br />

estruturas de poros médios (como ZSM5) levando a um aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros, mas teria pouco efeito sobre estruturas de poros grandes (como Beta e Y).<br />

Tabela <strong>II</strong>.7: Efeito <strong>da</strong> desaluminação (HCl 1M, 1h) na hidroisomerização do n-hexano<br />

(250 o C, p=1 bar, X≅ 1%) [75] .<br />

Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%molar)<br />

. mono-ramificados<br />

. bi-ramificados<br />

. leves (craqueamento)<br />

Proprie<strong>da</strong>des texturais<br />

. Área mesoporosa (m 2 /g)<br />

. Volume de microporos (cm 3 /g)<br />

Acidez<br />

. TPD n-propilamina (mmol/g)<br />

. TPD iso-propilamina (mmol/g)<br />

<strong>II</strong>.1.4. Efeito <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita<br />

Al = 5.7 %p/p Al = 2.6%p/p<br />

1.0<br />

7,5<br />

70<br />

11<br />

19<br />

30<br />

0,19<br />

2,1<br />

1,4<br />

82<br />

7<br />

13<br />

89<br />

0,18<br />

1,1<br />

1,1<br />

<strong>II</strong>.1.4.1. Efeito <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos e sítios ácidos<br />

<strong>II</strong>.1.4.1.1. Sobre a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

O efeito do balanço entre a função áci<strong>da</strong> e a função metálica sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> hidroisomerização de n-parafinas, pode ser discutido com base no mecanismo<br />

bifuncional clássico (seção <strong>II</strong>.1.1 - figura <strong>II</strong>.2). Resumi<strong>da</strong>mente, temos que, sobre um<br />

suporte de determina<strong>da</strong> acidez, a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização aumenta com o<br />

aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação até atingir um máximo, quando então a etapa<br />

limitante passa a ser as reações que ocorrem sobre os sítios ácidos [24][25]. Este<br />

comportamento pode ser visto experimentalmente, por exemplo, dos <strong>da</strong>dos reportados<br />

nas Figuras <strong>II</strong>.23 a <strong>II</strong>.25 [76][77][78]. Desvios podem acontecer para elevados teores<br />

metálicos e são atribuídos ao aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise [77], ao bloqueio<br />

dos poros, em especial de zeólitas unidimensionais pelas partículas metálicas ou a<br />

efeitos <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita ex: ([78] – Figura <strong>II</strong>.25).<br />

36


Figura <strong>II</strong>.23: Influência do conteúdo de Pt sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do nhexano<br />

sobre Pt/SAPO 11 e Pt/SAPO31 (Temperatura = 100 o C, WHSV = 1h -1 , H2/nhexano<br />

= 5 mol, tempo de corri<strong>da</strong> = 1h). I/C = razão entre a fração de produtos<br />

isômeros e de produtos craqueados [76]<br />

Figura <strong>II</strong>.24: Ativi<strong>da</strong>de (taxa mol/s.g) de hidroisomerização do n-heptano (T=300 o C,<br />

P=3 bar, Pparafina = 25 mbar) sobre Pd/SAPO com diversos níveis de acidez (medido<br />

por TPD de amômia) [41]<br />

37


<strong>II</strong>.1.4.1.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

O efeito do balanço entre as funções áci<strong>da</strong> e metálica sobre a seletivi<strong>da</strong>de nas<br />

reações de hidroisomerização, também já foi bastante investigado na literatura:<br />

• Estu<strong>da</strong>ndo a conversão do n-heptano a 250 o C sobre uma série de PtHY,<br />

Guisnet e colaboradores [79][80]] determinaram quantitativamente a<br />

variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em função <strong>da</strong> razão entre os sítios<br />

metálicos (nPt) e os sítios ácidos (nA2). O número de sítios ácidos foi<br />

definido como sendo os sítios que apresentaram calor de adsorção de<br />

amônia superior a 100 kJ/mol, sendo que os sítios com calor de adsorção<br />

inferior a este valor foram considerados como não contribuindo<br />

significativamente para as reações de isomerização estrutural ou de<br />

craqueamento dos alquenos (etapa c do mecanismo tradicional na seção<br />

<strong>II</strong>.1.1). Como pode ser visto na tabela <strong>II</strong>.8, o esquema reacional se mostrou<br />

fortemente dependente <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />

(denominado de: nPt/nA2). O rendimento máximo em isômeros foi<br />

alcançado para valores de nPt/nA2 > 0.10 (Tabela <strong>II</strong>.8) correspondendo a<br />

um rendimento em torno de 65% p/p e uma conversão de 75%. Para uma<br />

razão nPt/nA2 >0.10 (Tabela <strong>II</strong>.8) observa-se a sucessiva formação dos<br />

isômeros mono-ramificados, bi-ramificados e os produtos de craqueamento.<br />

Catalisadores com este tipo de comportamento, segundo os autores,<br />

mostrariam um ótimo balanço entre as funções desidrogenante e áci<strong>da</strong>,<br />

sendo denominados de “catalisador ideal de hidroisomerização” [79]. O<br />

mesmo comportamento foi observado pelos autores utilizando-se n-decano<br />

sobre Pt/HY (Tabela <strong>II</strong>.9) [81]. Mais recentemente, Hochtl e colaboradores<br />

[41] obtiveram para o sistema Pd/SAPO 11 um aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

(Figura <strong>II</strong>.24) e <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano com o<br />

aumento <strong>da</strong> razão entre sítios metal/ácido até se atingir um valor constante<br />

em torno de razão metal/ácido entre 0.02 a 0.03, semelhante ao observado<br />

por Guisnet e colaboradores sobre Pt/HY [79][80].<br />

38


Tabela <strong>II</strong>.8: Esquema reacional do n-heptano em função <strong>da</strong> razão entre os sítios<br />

ácidos e os sítios metálicos [79]. Onde: M= isômeros mono-ramificados; B= isômeros<br />

bi-ramificados; C= produtos de craqueamento; nPt = número de sítios metálicos; nA2=<br />

número de sítios ácidos com calor de adsorção de amônia superior a 100 kJ /mol .<br />

nPt/nA2 Esquema reacional<br />

< 0.028<br />

n-C7 C<br />

I (M+ B)<br />

0.028 - 0.10 nC7 ⇔ I (M+B) → C<br />

> 0.10 nC7 ⇔ M ⇔ B → C<br />

Tabela <strong>II</strong>.9: Esquema reacional do n-decano em função <strong>da</strong> razão entre os sítios ácidos<br />

e os sítios metálicos [81]. Simbologia idêntica ao <strong>da</strong> tabela <strong>II</strong>.7.<br />

nPt /nA2 >0.10 0.10 - 0.03 0.015 (Figura <strong>II</strong>.25).<br />

Este comportamento “anômalo” <strong>da</strong> mordenita foi atribuído ao bloqueio parcial dos<br />

poros <strong>da</strong> zeólita pela fase metálica ou por coque. Em termos de seletivi<strong>da</strong>de, sobre<br />

Pt/mordenita e Pt/Y, o aumento <strong>da</strong> razão nPt/nA2 favorece a formação de isômeros<br />

em relação aos produtos de craqueamento (Figura <strong>II</strong>.26). No entanto, sobre Pt-HZSM5<br />

C<br />

39


as reações de craqueamento se tornaram as reações principais sobre to<strong>da</strong> a faixa de<br />

nPt/nA2. Segundo estes autores haveria duas possibili<strong>da</strong>des para explicar o baixo<br />

rendimento em isômeros sobre Pt-HZSM5: a) uma maior ativi<strong>da</strong>de dos sítios ácidos<br />

fortes <strong>da</strong> HZSM5 ou b) uma migração mais lenta dos intermediários olefínicos nos<br />

poros <strong>da</strong> zeólita ZSM5, o que permitiria um maior tempo de residência e,<br />

conseqüentemente, maior tendência ao craqueamento. Este parâmetro foi<br />

considerado como sendo o mais significativo.<br />

Figura <strong>II</strong>.25: Ativi<strong>da</strong>de inicial de hidroisomerização do n-heptano sobre Pt/zeólitas<br />

versus a razão entre os sítios metálicos (nPt)e os sítios ácidos(nA2) [78].<br />

Figura <strong>II</strong>.26: Razão entre isômeros e produtos de craqueamento na hidroisomerização<br />

(I/C) do n-heptano sobre Pt/HY, PtZSM5 e Pt/MOR versus a razão entre os sítios<br />

metálicos (nPt)e os sítios ácidos nA2) [78].<br />

40


Degnan e Kennedy [24] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios ácidos e os<br />

sítios metálicos na hidroisomerização do n-heptano, utilizando misturas mecânicas de<br />

Pt/Al2O3 e de zeólita H-β. Os resultados foram modelados com base na teoria clássica<br />

de reações bifuncionais (seção I.2). O rendimento máximo em isômeros se mostrou<br />

dependente <strong>da</strong> razão entre sítios ácidos e sítios metálicos (Figura <strong>II</strong>.27) e pode ser<br />

expresso pela equação abaixo :<br />

Onde:<br />

Y max = νλ λ/1-λ (<strong>II</strong>.23)<br />

λ = kc e / ki e (<strong>II</strong>.24)<br />

ν = 1 / (1 + σ kc/PHkdi) (<strong>II</strong>.25)<br />

kc e = constante aparente <strong>da</strong> taxa de craqueamento<br />

ki e = constante aparente <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />

kc = constante intrínseca <strong>da</strong> taxa de craqueamento<br />

kdi = constante intrínseca <strong>da</strong> taxa de desidrogenação<br />

σ = representa o balanço entre sítios ácidos / sítios metálicos<br />

Figura <strong>II</strong>.27: Resultados do máximo rendimento em isômeros na conversão do n-<br />

heptano sobre misturas mecânicas de Pt/Al2O3 e de zeólita H-β [24].<br />

41


O impacto <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos e sítios ácidos, sobre o mecanismo<br />

de reação, pode ser avaliado com base no parâmetro ν <strong>da</strong> equação 23 [24]:<br />

• Quando a ativi<strong>da</strong>de metálica é alta (ν≅ 1) o esquema racional aparente é<br />

descrito como sendo de reações consecutivas e temos o denominado<br />

“catalisador ideal” [31][79]:<br />

Pn (parafinas) → Pi (parafinas isomeriza<strong>da</strong>s) → produtos craqueados<br />

• Quando a ativi<strong>da</strong>de metálica é baixa (ν


• Vaudry e colaboradores [82] observaram a ocorrência de um máximo na<br />

ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-hexano e <strong>da</strong> adsorção de piridina, em<br />

função <strong>da</strong> razão Si/Al (m=Al/(Si+Al) = 0.08) sobre Pt/β. Este valor é bem<br />

mais baixo do que o valor teórico de m=0.161 onde se deveria observar<br />

uma força máxima dos sítios ácidos de Bronsted na zeólita β. Segundo<br />

estes autores, a aparente contradição decorreria <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong>de em se ter<br />

uma homogenei<strong>da</strong>de dos sítios ácidos pelo processo de desaluminização,<br />

fazendo com que, na prática, a razão Si/Al, onde se observa o valor<br />

máximo de ativi<strong>da</strong>de, represente um valor ótimo de estabili<strong>da</strong>de dos sítios<br />

ácidos (Figura <strong>II</strong>.28):<br />

Figura <strong>II</strong>.28: ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-hexano a 200 o C versus a fração<br />

molar de Al <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita H-β em mistura mecânica com Pt/Al2O3 [82].<br />

• Tarrit e colaboradores [83] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> razão Si/Al sobre<br />

Pt/mordenita. A razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita foi varia<strong>da</strong> entre 12 e 22 através <strong>da</strong><br />

síntese, ciclos sucessivos de tratamento hidrotérmico e lavagem com ácido<br />

clorídrico. Observou-se um valor máximo de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroconversão do<br />

n-octano e <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> piridina adsorvi<strong>da</strong>, correspondendo a 3<br />

Al/célula unitária (Figura <strong>II</strong>.29). Este valor difere do valor teórico de 4.6 Al<br />

por célula unitária, a partir do qual os sítios ácidos estariam isolados e<br />

apresentariam a força máxima. Com base nos resultados de TPD de<br />

amônia, os autores concluíram que os catalisadores teriam a mesma força<br />

43


áci<strong>da</strong> e que, portanto, o máximo de ativi<strong>da</strong>de não estaria relacionado com<br />

alterações na força áci<strong>da</strong>. É proposto que o máximo de ativi<strong>da</strong>de ocorreria<br />

devido a modificações na capaci<strong>da</strong>de de adsorção <strong>da</strong> zeólita. Segundo os<br />

autores, o aumento do conteúdo de Al acarretaria o aumento dos sítios de<br />

adsorção do n-hexano até que, para valores acima de 3.5 Al/célula unitária,<br />

a zeólita mu<strong>da</strong> de lipofílica para hidrofílica, resultando na maior retenção<br />

dos intermediários olefínicos, o que por seu lado resulta na inibição <strong>da</strong><br />

adsorção <strong>da</strong>s parafinas.<br />

Figura <strong>II</strong>.29: Variação na conversão ( ), hidroisomerização ( ) e craqueamento ( )<br />

sobre uma série de mordenitas sintetiza<strong>da</strong>s (símbolos abertos) e desaluminiza<strong>da</strong>s<br />

(símbolos cheios) em função do teor de Al na célula unitária [83].<br />

Os trabalhos de Vaudry e colaboradores [82] e Tarrit e colaboradores [83],<br />

descritos anteriormente, mostram valores de razão Si/Al <strong>da</strong> rede onde se observa um<br />

máximo de ativi<strong>da</strong>de diferente do esperado teoricamente. Segundo a teoria [84][85] ,<br />

a força máxima dos sítios ácidos de Bronsted de uma zeólita seria alcança<strong>da</strong> quando<br />

ca<strong>da</strong> sítio AlO4 estivesse isolado,ou seja, sem outros sítios AlO4 na vizinhança<br />

imediata. Por sua vez, o valor de razão Si/Al, em que os sítios ácidos se encontrariam<br />

isolados, seria função do tipo de zeólita (densi<strong>da</strong>de topológica <strong>da</strong> zeólita). O máximo<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos de Bronsted, com o aumento <strong>da</strong><br />

razão Si/Al, ocorreria devido à seqüência: Inicialmente o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al<br />

acarreta a redução do número e o aumento <strong>da</strong> força dos sítios ácidos levando no<br />

balanço final ao aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Após se atingir o valor de força máxima dos<br />

sítios ácidos (grupos AlO4 isolados), o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al acarretaria tão somente<br />

a redução do número dos sítios e conseqüentemente, a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de.<br />

44


Estes resultados discor<strong>da</strong>ntes podem ocorrer, em parte, devido ao uso do<br />

tratamento hidrotérmico para modificar a acidez, ocasionarem outras modificações<br />

nem sempre considera<strong>da</strong>s na análise dos resultados (ex: alteração <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des<br />

de adsorção). Bokhoven e colaboradores [86] estu<strong>da</strong>ram mordenitas submeti<strong>da</strong>s ao<br />

tratamento hidrotérmico na reação de hidroisomerização do n-hexano e no<br />

craqueamento do n-hexano e do n-butano, tendo observado o já conhecido efeito de<br />

que o tratamento hidrotérmico brando aumenta a ativi<strong>da</strong>de. Estes autores questionam<br />

as propostas anteriores, formação de sítios superácidos e participação de sítios de<br />

Lewis, para explicar o aumento de ativi<strong>da</strong>de através dos argumentos abaixo listados:<br />

• Formação de sítios superácidos: Estes sítios deveriam ter uma energia de<br />

ativação significativamente menor. No entanto os autores obtiveram uma<br />

energia de ativação para o craqueamento do n-hexano de 157 kJ/mol para uma<br />

mordenita com razão Si/Al = 26 e de 153 kJ/mol para mordenita submeti<strong>da</strong> a<br />

tratamento hidrotérmico com razão Si/Al de 400, valores considerados<br />

idênticos dentro do erro experimental.<br />

• Participação dos sítios de Lewis gerados sobre espécies de alumínio fora <strong>da</strong><br />

rede: A formação de espécies olefínicas, através <strong>da</strong> transferência de hidreto<br />

sobre os sítios de Lewis formados, não deveria influenciar a taxa <strong>da</strong>s reações<br />

de hidroisomerização, uma vez que as olefinas são rapi<strong>da</strong>mente forma<strong>da</strong>s<br />

sobre os sítios metálicos e estão em equilíbrio com o alcano correspondente<br />

(pela teoria clássica bifuncional). No entanto os autores observaram um<br />

aumento de cerca de 8 vezes na constante aparente <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> reação de<br />

hidroisomerização do n-hexano sobre a amostra de mordenita submeti<strong>da</strong> ao<br />

tratamento hidrotérmico.<br />

Bokhoven e colaboradores [86] propuseram então que o aumento na taxa de<br />

reação de craqueamento e hidroisomerização, <strong>da</strong> mordenita submeti<strong>da</strong> a tratamento<br />

hidrotérmico, ocorre devido ao aumento <strong>da</strong> entalpia de adsorção dos n-alcanos sobre<br />

as espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede (aproxima<strong>da</strong>mente 5kJ/mol como verificado por<br />

medi<strong>da</strong>s de calorimetria). Nas condições de reação, o recobrimento superficial é baixo<br />

e o aumento na entalpia de adsorção ocasionaria um maior concentração superficial e<br />

conseqüentemente uma taxa mais eleva<strong>da</strong>. Matematicamente este efeito pode ser<br />

visto considerando-se:<br />

45


• As reações de craqueamento monomolecular ou de hidroisomerização<br />

de alcanos podem ser descritas por uma expressão do tipo Langmuir-<br />

Henshelwood (onde: Kint= contanste intrínseca de reação , Kads=<br />

constante de adsorção do reatente e PHc=pressão parcial do<br />

hidrocarboneto):<br />

d(pHc)/dt = -Kint x Kads x PHc/[a+ Kads*PHc] (<strong>II</strong>.26 = eq.<strong>II</strong>.22)<br />

• Para temperaturas eleva<strong>da</strong>s e baixa concentração do alcano a<br />

expressão 26 pode ser simplifica<strong>da</strong> para:<br />

d(PhHc)/dt = - Kint x Kads x PHc (<strong>II</strong>.27)<br />

Podemos ver que nestas condições de vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> expressão <strong>II</strong>.27 a constante<br />

aparente de reação será expressa por Kapp = Kint x Kads e a energia aparente de<br />

ativação será <strong>da</strong><strong>da</strong> por Eapp = Eint + ∆Hads. Um aumento na ativi<strong>da</strong>de após<br />

tratamento hidrotérmico poderia ocorrer devido ao aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (aumento<br />

do valor de Kint) ou ao aumento <strong>da</strong> constante de equilíbrio de adsorção (Kads). Da<br />

mesma forma, alterações na energia aparente de ativação poderiam ocorrer devido a<br />

mu<strong>da</strong>nças no calor de adsorção (∆Hads).<br />

A utilização <strong>da</strong> expressão <strong>II</strong>.27 para obtenção dos valores <strong>da</strong> energia de<br />

ativação intrínseca pode ser vista nos resultados de Hochtl e colaboradores [41]. Estes<br />

autores estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do n-heptano (T=300 o C, Ptotal = 3 bar, Phc=<br />

25 mmbar, X=5%) sobre Pt/SAPO 11 e Pt/SAPO5, tendo observado uma maior<br />

ativi<strong>da</strong>de para a amostra SAPO11. Na faixa de temperatura de 225 o C a 300 o C a<br />

energia aparente de ativação (Eapp) foi de 115 kJ/mol para SAPO11 e 135 kJ/mol<br />

para SAPO5. Considerando-se o valor de ∆Hads medido por outros autores, obtem-se<br />

um mesmo valor para a energia de ativação intrínseca (Eint) sobre as duas peneiras<br />

moleculares. Por sua vez, o decréscimo na Eapp acima de 300 o C para a amostra<br />

SAPO11 indica a presença de efeitos de transferência de massa (Figura <strong>II</strong>.30).<br />

46


Figura <strong>II</strong>.30: Gráfico <strong>da</strong> expresão de Arhenius para a hidroconversão do n-heptano<br />

sobre amostras Pd/SAPO11 e Pd/SAPO5 contendo 1% de Pd [41].<br />

Mais recentemente Hochtl e colaboradores [87] apresentaram uma correlação<br />

entre força áci<strong>da</strong> (IR após adsorção de benzeno) e a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização<br />

do n-heptano (Figura <strong>II</strong>.31).<br />

Figura <strong>II</strong>.31: Correlação entre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano e o<br />

deslocamento dos grupos hidroxilas, medido por FTIR, após adsorção de benzeno<br />

[87].<br />

47


<strong>II</strong>.1.4.2.2. Sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

Existe atualmente uma grande controvérsia na literatura, com autores<br />

defendendo o conceito de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> favorece a seletivi<strong>da</strong>de;<br />

outros, que não influencia significativamente; ou ain<strong>da</strong> que reduz a seletivi<strong>da</strong>de, como<br />

descrito a seguir:<br />

1) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> acarreta<br />

o aumento de seletivi<strong>da</strong>de para isômeros:<br />

Hochtl e colaboradores [87] estu<strong>da</strong>ram as peneiras moleculares SAPO (11 e 5)<br />

e CoAPO (5 e 11) na hidroisomerização do n-heptano (pressão total de 3 bar, pressão<br />

do n-heptano de 25 mbar, veloci<strong>da</strong>de espacial entre 2 e 20 h -1 ). A caracterização <strong>da</strong><br />

acidez foi efetua<strong>da</strong> por TPD (amônia e piridina) e pelo espectro de infravermelho com<br />

transforma<strong>da</strong> de Fourier (FTIR) <strong>da</strong> região OH com e sem adsorção de benzeno. Os<br />

resultados obtidos a 300 o C e com conversão de 5% (Tabela <strong>II</strong>.10) mostram que: a) a<br />

distribuição de produtos sobre Pd/SAPO-11 e Pd/CoAPO-11 é similar; b) isômeros biramificados<br />

foram formados sobre Pd/SAPO-5 e Pd/CoAPO-5, o que foi associado ao<br />

maior diâmetro dos poros destas peneiras e c) Pd/CoAPO-5 apresentam uma maior<br />

seletivi<strong>da</strong>de para bi-ramificados do que Pd/SAPO-5, o que foi associado a sua maior<br />

força áci<strong>da</strong> (Tabela <strong>II</strong>.10 e Figura <strong>II</strong>.31).<br />

Tabela <strong>II</strong>.10:Resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano a 5% de conversão [87].<br />

Pd/SAPO-5 Pd/CoAPO-5 Pd/SAPO-11 Pd/CoAPO-11<br />

Seletivi<strong>da</strong>des (%)<br />

< C6 8.12 17.05 4,98 4,85<br />

2,2 DMC5 0,61 1,27 0,00 0,00<br />

2,3 DMC5 2,26 4,27 0,64 1,18<br />

2,4 DMC5 1,36 2,17 0,33 0,60<br />

3,3, DMC5 0,37 0,62 0,00 0,00<br />

2-MC6 38,42 35,93 57,11 53,91<br />

3-MC6 45,16 35,44 36,15 39,07<br />

3-EC5 3,46 0,89 0,00 0,00<br />

outros 0,00 1,83 0,00 0,09<br />

Caract. Acidez<br />

mmol/g NH3 0,24 0,16 0,23 0,14<br />

Tmax TPD NH3 ( o C) 200 265 225 285<br />

√ benzeno (cm -1 ) 280 315 310 345<br />

48


Num artigo recente, Zhang e Smirniotis [16] estu<strong>da</strong>ram a hidroconversão do noctano<br />

sobre zeólitas ZSM12, Beta, mordenita, USY e zeólita L de várias razões Si/Al<br />

e contendo 0.5% p/p de Pt. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> por TPD de amônia acoplado<br />

com FT-IR. A força áci<strong>da</strong> foi compara<strong>da</strong> com base na temperatura média de<br />

dessorção (TB), defini<strong>da</strong> como sendo:<br />

TB ( o C) = [350 (área do terceiro pico) + 440 (área do quarto pico) + 540 (área do<br />

quinto pico) ]/[Área total do terceiro, quarto e quinto picos]<br />

Com base neste parâmetro (TB) os autores classificaram a força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

amostras de mesma estrutura como sendo:<br />

USY-2.6 (TB=419.6) > USY-28 (TB=414.8) > USY-5.8 (TB=409.0);<br />

Beta-132 (TB=448.7) > Beta-85 (TB=439.4) > Beta-15 (TB=436.1)<br />

ZSM12-35 (TB=404.4) > ZSM12-54 (TB=403.5) > ZSM12-69 (TB=395.9)<br />

Com base na seletivi<strong>da</strong>de a isômeros (ex: Figura <strong>II</strong>.32), é proposto que o<br />

aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita (<strong>da</strong>do por TB) acarreta o aumento na seletivi<strong>da</strong>de e<br />

o grau de ramificação dos isômeros. Segundo os autores, um pequeno número de<br />

experimentos (não apresentados) foi efetuado a mesma temperatura (290 o C) e<br />

confirmou que as diferenças de seletivi<strong>da</strong>de se devem a diferenças nas proprie<strong>da</strong>des<br />

áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s zeólitas e não a efeitos oriundos de diferença de temperatura [16].<br />

Figura <strong>II</strong>.32: Hidroisomerização do n-octano sobre Pt/Hβ, Pt/USY e Pt/ZSM12 [16]<br />

(WHSV = 7 h-1; H2/n-C8 = 16 mol/mol; P= 100 psi; temperatura entre 195 - 415 o C)<br />

49


2) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> reduz a<br />

seletivi<strong>da</strong>de para isômeros:<br />

Jacobs e colaboradores [88] estu<strong>da</strong>ram a hidroconversão do n-decano sobre<br />

zeólitas do tipo ZSM5 contendo heteroelementos em sua estrutura (M= B, Fe e Be)<br />

tendo observado que a ordem de ativi<strong>da</strong>de foi: Al > B > Fe > Be. Por outro lado, a<br />

ordem de seletivi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi o inverso: Be > Fe > B > Al (Figura <strong>II</strong>.33). Os<br />

resultados de seletivi<strong>da</strong>de observados foram explicados pelos autores considerando<br />

que, se todos os outros fatores forem mantidos constantes (como as proprie<strong>da</strong>des de<br />

adsorção-dessorção), a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão bifuncional do n-decano é<br />

governa<strong>da</strong> pela força áci<strong>da</strong>. Da mesma forma que o trabalho anterior (Corma [18]), os<br />

resultados foram explicados considerando-se que quanto maior a força áci<strong>da</strong>, maior<br />

será o tempo de vi<strong>da</strong> dos carbocátions, intermediários de reação, e conseqüentemente<br />

maior será a taxa de craqueamento.<br />

Figura <strong>II</strong>.33: Seletivi<strong>da</strong>de para isômeros na conversão do n-decano sobre estruturas<br />

do tipo MFI contendo Al e Be substituído na rede (Al/ Be) [88].<br />

Corma e colaboradores [18] compararam catalisadores do tipo Pt/sílica-alumina<br />

e Pt-Y na reação de hidroisomerização do n-decano. Os resultados mostraram que: a)<br />

A seletivi<strong>da</strong>de para isômeros foi maior sobre sílica-aluminas (Figura <strong>II</strong>.34) e b) A<br />

seletivi<strong>da</strong>de foi função somente <strong>da</strong> conversão na faixa de temperatura entre 240 – 300<br />

o<br />

C. Foi sugerido que a menor força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s sílica-aluminas proporciona um menor<br />

tempo de vi<strong>da</strong> dos carbocátions adsorvidos, levando a uma menor ativi<strong>da</strong>de de<br />

craqueamento.<br />

50


Figura <strong>II</strong>.34: Seletivi<strong>da</strong>de a isômeros na conversão do n-decano (P=30 bar; H2/n-<br />

C10=4 mol; WHSV= 1.46 h -1 (n-C10)). Catalisadores: a) CBV 500, 712 e 760 = zeólitas<br />

USY (PQ Corporation); b) CROSS = sílica-alumina (Crossfield) e c) MAS = sílicaalumina<br />

mesoporosa [18].<br />

O conceito de que a razão entre as seletivi<strong>da</strong>des de craqueamento e de<br />

isomerização é influencia<strong>da</strong> pelo tempo de vi<strong>da</strong> médio dos carbocátions [18][88] é<br />

também compartilha<strong>da</strong> por outros autores [17][80]. Considera-se que tempos de<br />

residência longos, que podem ser ocasionados por uma maior força áci<strong>da</strong>[17] ou por<br />

restrições difusionais aos intermediários [80], favorecem as reações indesejáveis de<br />

craqueamento.<br />

Chao e colaboradores [54] realizaram a troca iônica de Hβeta e H-mordenita<br />

com Mg 2+ seguido <strong>da</strong> impregnação com 0.5% de Pt. Sobre H-Mordenita a troca iônica<br />

com Mg 2+ levou a uma redução <strong>da</strong> acidez total (visto por TPD de amônia) e ao<br />

aumento do rendimento em isômeros na hidroconversão do n-heptano, de 10% p/p<br />

para cerca de 30% p/p. No entanto, sobre Pt/Hβ a troca iônica com Mg 2+ não afetou o<br />

valor do máximo rendimento em isômeros, tendo reduzido as taxas de isomerização e<br />

de craqueamento na mesma proporção (Figura <strong>II</strong>.35).<br />

51


Figura <strong>II</strong>.35: Rendimentos em isômeros (curva superior) e produtos leves na<br />

hidroconversão do n-heptano sobre Hβ ( ); MgHβ ( ), HM ( ), MgHM ( ) e Mg<br />

HM ( ) com maior grau de troca iônica. Catalisadores contendo 0.5% p/p de Pt [54].<br />

Jacobs [85] estudou a hidroconversão do n-decano sobre diversas zeólitas<br />

modifica<strong>da</strong>s com teores de Pt suficiente para que a taxa limitante ocorresse sobre os<br />

sítios ácidos. A ativi<strong>da</strong>de (“turnover) pode ser correlaciona<strong>da</strong> linearmente com o<br />

parâmetro denominado “Eletronegativade de Sanderson”. Este parâmetro, por sua<br />

vez, se correlaciona com a freqüência de vibração <strong>da</strong>s hidroxilas estruturais,<br />

caracterizando uma correlação entre o “turnover” <strong>da</strong> hidroconversão do n-decano com<br />

a força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s zeólitas. O máximo rendimento em isômeros se mostrou dependente<br />

<strong>da</strong> eletronegativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> zeólita, ou seja, <strong>da</strong> força dos sítios ácidos (Figura <strong>II</strong>.36). No<br />

entanto, esta correlação falhou para as estruturas do tipo ERI, RHO, HEU, FER e STI,<br />

tendo sido explicado pela dificul<strong>da</strong>de de se conseguir uma fase metálica<br />

suficientemente dispersa dentro <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong>des destas zeólitas.<br />

52


Figuras <strong>II</strong>.36: Correlação entre o máximo rendimento em isômeros na conversão do<br />

n-decano sobre Pt/zeólitas em função <strong>da</strong> eletronegativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> estrutura [85].<br />

Park e colaboradores [42] investigaram diversos catalisadores contendo 0.5<br />

% de Pt preparados por impregnação de ZSM5, ZSM22, SAPO11, Al-MCM-41, HY e<br />

Hβ na reação de hidroisomerização do n-hexadecano. A reação foi conduzi<strong>da</strong> em<br />

reator em batela<strong>da</strong> operando a 103 bar e 350 o C. As amostras de Pt/SAPO11, Pt/HY<br />

e especialmente Pt/MCM-41 apresentaram valores elevados de seletivi<strong>da</strong>de para<br />

isômeros (Tabela <strong>II</strong>.11), o que foi explicado devido a menor força áci<strong>da</strong> como indicado<br />

pelo TPD de amônia (Figura <strong>II</strong>.37). Assim como outros autores [17][18], Park e<br />

colaboradores [42] sugerem que uma menor força áci<strong>da</strong> leva a uma vi<strong>da</strong> mais curta<br />

dos carbocátions sobre os sítios ácidos, favorecendo sua dessorção como alquenos<br />

(que seriam posteriormente hidrogenados sobre os sítios metálicos) ao invés de<br />

sofrerem reações de hidrocraqueamento.<br />

Tabela <strong>II</strong>.11: Hidroisomerização do n-hexadecano (350 o C, 103 bar) [42].<br />

Pt/ZSM5 Pt/ZSM22 Pt/SAPO11 Pt/AlMCM-41 Pt/HY Pt/H-β<br />

Conversão (%) 31.7 41.3 44.0 44.7 39.2 42.5<br />

Iso – C16 (%p/p) 15.6 31.2 66.6 88.9 75.7 50.7<br />

Mono-C16 (%p/p) 14.2 29.3 61.8 63.6 55.3 22.6<br />

Di-C16 (%p/p) 1.4 1.9 4.5 20.8 15.3 17.5<br />

Tri-C16 (%p/p) 0.0 0.0 0.3 4.6 5.1 10.6<br />

leves < C15 (%p/p) 84.4 68.8 33.4 11.1 24.3 49.3<br />

Onde: Mono C16 = isômeros mono-ramificados do n-C16 ; di-C16 = isômeros biramificados<br />

do n-C16 e tri-C16 = isômeros tri-ramificados do n-C16.<br />

53


Figura <strong>II</strong>.37: Perfis de TPD de amônia sobre diversas zeólitas testa<strong>da</strong>s na<br />

hidroisomerização do n-hexadecano (Tabela <strong>II</strong>.10) [42].<br />

3) Resultados a favor <strong>da</strong> proposição de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> não afeta<br />

a relação entre as seletivi<strong>da</strong>des de craqueamento e isomerização:<br />

Marin e colaboradores [89] investigaram a conversão de n-octano, n-decano e<br />

n-dodecano, na faixa de temperatura de 220 a 260 o C e pressões entre 10 a 50 bar<br />

utilizando um reator do tipo Berty. Foram testados dois catalisadores do tipo Pt/USY<br />

que apresentaram uma grande diferença na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano,<br />

o que foi associado à diferença de força áci<strong>da</strong> (Tabela <strong>II</strong>.12). Os catalisadores<br />

apresentaram valores distintos de ativi<strong>da</strong>de de hidroconversão do n-octano, mas não<br />

se observou diferença na seletivi<strong>da</strong>de o que, segundo os autores, confirma que a<br />

seletivi<strong>da</strong>de é independente <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. Um modelo cinético foi desenvolvido,<br />

incluindo parâmetros relacionados ao número de sítios ácidos (derivado <strong>da</strong><br />

concentração de alumínio na rede) e à diferença de entalpia de protonação (que<br />

refletiria a força áci<strong>da</strong>).<br />

54


Tabela <strong>II</strong>.12: Catalisadores Pt/USY investigados por Marin e colaboradores [89].<br />

Catalisador MC-301 MC-389<br />

Teor de Pt (%p/p) 0.5 0.64<br />

Teor de ligante (%p/p) 0 35<br />

Craqueamento do n-hexano (teste α ) 53 < 10<br />

Teor de Na (ppm) - 130<br />

Concentração de sítios ácidos (mmol/g) 0.237 0.145<br />

Teor de Al a rede (mmol/g) 0.425 0.276<br />

Denayer e colaboradores [90] investigaram a hidroisomerização de misturas de<br />

n-hexano, n-heptano, n-octano e n-nonano (10, 30, 35 e 25 %p/p, respectivamente) à<br />

temperatura de 233 o C sobre Pt (0.5%p/p)/USY de razões Si/Al 2.7, 13 e 30 (zeólitas<br />

comerciais: Zeocat; PQ(CBV720) e PQ(CBV760, respectivamente). Os resultados<br />

obtidos mostram que a seletivi<strong>da</strong>de não foi influencia<strong>da</strong> pela razão Si/Al <strong>da</strong> zeólita<br />

(Figura <strong>II</strong>.38) indicando que a taxa <strong>da</strong>s diferentes reações não foi influencia<strong>da</strong> pela<br />

acidez <strong>da</strong> zeólita.<br />

Figura <strong>II</strong>.38: Rendimento de mono-ramificados (MB), multi-ramificados (MTB) e<br />

produtos craqueados (CR) na hidroconversão de uma mistura de n-hexano, n-heptano,<br />

n-octano e n-nonano sobre zeólitas Pt/Y de diferentes razões Si/Al [90].<br />

55


Segundo Denayer e colaboradores [90], isto é uma forte evidência para um<br />

mecanismo de reação em que os estados de transição não são influenciados pela<br />

natureza <strong>da</strong> zeólita, tal como no mecanismo clássico de hidroisomerização, que<br />

considera íons alquil-carbenios como intermediários de reações e o seu rearranjo<br />

como sendo a etapa determinante. De acordo com estes autores, a acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />

influenciaria a taxa de formação dos íons alquil-carbênio, mas não influenciariam as<br />

taxas relativas <strong>da</strong>s diferentes moléculas, ou seja, não influenciaria a seletivi<strong>da</strong>de. Um<br />

mecanismo menos provável, segundo os autores, considera a formação de uma<br />

espécie alcóxido com ligação de natureza covalente entre o átomo de carbono e o<br />

oxigênio <strong>da</strong> rede, como proposto por outros autores [35]. Segundo cálculos quânticos,<br />

a transformação do alcóxido em produtos de reação, seria afeta<strong>da</strong> pela basici<strong>da</strong>de dos<br />

átomos de oxigênio <strong>da</strong> rede, o que, por sua vez, seria dependente <strong>da</strong> composição<br />

química <strong>da</strong> zeólita [90].<br />

Em um excelente e recente artigo, Gopal e Smirniotis [66] estu<strong>da</strong>ram zeólitas<br />

Y, USY, Beta, mordenita, ZSM12 e ZSM5 com diferentes razões Si/Al e zeólitas Y e<br />

ZSM12 após tratamento térmico, na reação de hidroisomerização do n-heptano (P =<br />

6,9 bar, WHSV de 7h -1 , H2/nC7=16 e temperaturas entre 210 o C a 360 o C). A acidez<br />

<strong>da</strong>s amostras foi caracteriza<strong>da</strong> por TPD de NH3 e pelo craqueamento do n-hexano<br />

(420 o C). Os resultados obtidos mostram que:<br />

• A ordem de ativi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> para razões Si/Al similares (entre 30 e 40) foi:<br />

ZSM5 > Beta > Mordenita > ZSM12 > Y30. Os autores levantam as<br />

hipóteses de que as diferenças em ativi<strong>da</strong>de poderiam estar relaciona<strong>da</strong>s<br />

potencialmente a dois fatores: a) diferenças na acidez intrínseca; b) maior<br />

entalpia de adsorção <strong>da</strong>s n-parafinas em zeólitas de poros pequenos,<br />

levando a uma maior concentração de reagentes nos poros e<br />

consequentemente a uma maior ativi<strong>da</strong>de.<br />

• O rendimento em isômeros não foi afetado pela variação <strong>da</strong> razão Si/Al<br />

para as estruturas testa<strong>da</strong>s (Y, Beta e ZSM12) (ex: Figura <strong>II</strong>.39). O máximo<br />

rendimento obtido, no entanto, foi função <strong>da</strong> estrutura : ZSM12 (66% molar<br />

ou 73%p/p) > Y ≅ Beta (61% molar). Segundo os autores, para zeólitas de<br />

poros grandes e sólidos não zeolíticos (como sílica-aluminas), com<br />

suficiente ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> função metálica (catalisador bifuncional “ideal”), não<br />

existe efeito de seletivi<strong>da</strong>de de forma e o máximo rendimento em isômeros<br />

é limitado pela cinética de reação.<br />

56


• As zeólitas Y e ZSM12 submeti<strong>da</strong>s ao tratamento térmico apresentaram<br />

espécies de Al fora <strong>da</strong> rede. O efeito foi um aumento na ativi<strong>da</strong>de de<br />

hidroisomerização e uma redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros. Pelo<br />

aumento do teor metálico (de 0.5 para 1.5%p/p) e modificações na<br />

introdução <strong>da</strong> fase metálica (uso de Pt(NH3)4Cl2 ao invés de H2PtCl6) foi<br />

possível obter valores de seletivi<strong>da</strong>de semelhantes entre as amostras<br />

sujeitas ao tratamento térmico (com conseqüente eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de) e as<br />

amostras originais. Estes resultados sugerem, segundo os autores, que a<br />

acidez não afeta diretamente a seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, quando as<br />

funções metálica e áci<strong>da</strong> estão bem balancea<strong>da</strong>s.<br />

• Os autores concluem que não é possível obter uma seletivi<strong>da</strong>de superior a<br />

obti<strong>da</strong> quando o catalisador está com as funções metálicas e áci<strong>da</strong>s bem<br />

balancea<strong>da</strong>s (catalisador “ideal”) pela variação <strong>da</strong> acidez.<br />

Figura <strong>II</strong>.39: Rendimento em isômeros C7 como função <strong>da</strong> conversão do n-heptano.<br />

Catalisadores contendo 0.5%p/p de Pt (usando H2PtCl6). Resultados semelhrantes<br />

foram obtidos para Y (Si/Al entre 2.5 e 30) e H-Beta (Si/Al de 15 e 30) [66].<br />

57


<strong>II</strong>.1.5. Efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions não redutíveis<br />

É bem conhecido na literatura que a troca iônica com metais alcalinos leva a<br />

uma drástica redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas, desfavorecendo as reações de<br />

hidroisomerização em favor de reações de aromatização, como demonstrado por<br />

Zham e colaboradores [91] e mais recentemente por Maldonado e colaboradores [92]:<br />

• Zham e colaboradores [91] estu<strong>da</strong>ram a conversão do n-hexano a 330<br />

o<br />

C sobre PtHY, PtNaHY, PtNaY e PtNaX. Para as amostras de baixa<br />

acidez (PtNaY e PtNaX) observou-se uma acentua<strong>da</strong> formação de<br />

aromáticos, o que foi explicado pela possível interação entre os sítios<br />

metálicos e os sítios básicos <strong>da</strong> zeólita (Tabela <strong>II</strong>.13).<br />

Tabela <strong>II</strong>.13: Hidroconversão do n-hexano (pnC6/pH2 = 10:120, T=330 o C, 0.8 p/p de<br />

Pt) – A<strong>da</strong>ptado de Zham e colaboradores [91].<br />

Seletivi<strong>da</strong>de %p/p<br />

catalisador X(%) < C6 Iso-C6 MCP Benzeno Hexenos<br />

HY 3.6 82 16 2 0 0<br />

Pt-HY 5.1 17 53 1 0 29<br />

Pt-NaHY 4.2 5 51 9 15 20<br />

PtNaY 5.2 6 11 34 32 17<br />

PtNaX 3.8 7 14 45 15 19<br />

Notação:


PtRbβ). A maior seletivi<strong>da</strong>de para reações de aromatização sobre<br />

PtCsβ foi associa<strong>da</strong> ao menor tamanho <strong>da</strong>s partículas de Ptβ.<br />

Figura <strong>II</strong>.40: Seletivi<strong>da</strong>de para craqueamento (A), isomerização (B) e aromatização (C)<br />

na conversão do n-hexano sobre diversas zeólitas troca<strong>da</strong>s com cátions alcalinos [92].<br />

A análise dos produtos de isomerização mostrou a ausência de produtos biramificados<br />

(dimetil-butanos), indicando que as reações de isomerização estariam<br />

ocorrendo predominantemente sobre os sítios metálicos e não sobre os sítios ácidos.<br />

Utilizando o parâmetro denominado Mf = (Σ C2-C5)/C1 também pode ser determinado<br />

que os produtos leves eram oriundos de reações de hidrogenólise ocorrendo sobre os<br />

sítios metálicos e não de reações de craqueamento que ocorreriam sobre os sítios<br />

ácidos.<br />

59


Em um recente trabalho Mao e Saberi [93] investigaram o efeito <strong>da</strong><br />

incorporação de espécies de Al, Zn ou Cd em posições de troca iônica em<br />

catalisadores Pt/Y na reação de hidroisomerização do n-heptano. Os catalisadores<br />

foram preparados por troca iônica simultânea ou seqüencial. Observou-se que no caso<br />

<strong>da</strong> troca iônica com alumínio, o rendimento em isômeros passa por um máximo em<br />

função do teor incorporado (Figura <strong>II</strong>.41 e Tabela <strong>II</strong>.16). Resultados similares foram<br />

obtidos pela incorporação de Zn, Cd, Ni ou Cr em posições de troca iônica sobre Pt/Y.<br />

Para explicar estes resultados, os autores consideraram duas hipóteses:<br />

1. A incorporação do Al poderia estar modificando o tamanho de poros <strong>da</strong><br />

zeólita – No entanto, segundo os autores, na região onde acontece o<br />

máximo de rendimento (Figura <strong>II</strong>.41 e Tabela <strong>II</strong>.14) o tamanho dos poros <strong>da</strong><br />

zeólita Y não é significativamente alterado pela introdução de Al ou outros<br />

cátions (como sugerido pelos resultados de adsorção de nitrogênio).<br />

2. Poderia estar ocorrendo um aumento <strong>da</strong> taxa de dessorção dos<br />

intermediários (carbocátions), diminuindo seu tempo de residência sobre os<br />

sítios ácidos, reduzindo assim as reações de craqueamento. Este conceito é<br />

bem difundido na literatura, como apresentado anteriormente (seção <strong>II</strong>.3).<br />

Segundo os autores, três mecanismos poderiam contribuir para uma maior<br />

taxa de dessorção dos intermediários:<br />

• Modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita – Esta hipótese foi<br />

considera<strong>da</strong> menos provável, uma vez que não foram<br />

detecta<strong>da</strong>s variações na densi<strong>da</strong>de áci<strong>da</strong> utilizando-se FT-IR de<br />

piridina adsorvi<strong>da</strong>.<br />

• A formação de “pontes catiônicas” entre os sítios ácidos e os<br />

sítios de Pt (equivalente à proposta de sítios colapsados de<br />

Sachtler [94][95]).<br />

• A formação de uma “configuração triangular de sítios”, do tipo:<br />

sítio ácido (zeólita)/sítio de hidrogenação-desidrogenação<br />

(Pt)/sítio promotor de dessorção (Al). Esta hipótese foi<br />

considera<strong>da</strong> a mais provável e constitui-se num novo conceito<br />

proposto na literatura.<br />

60


Figura <strong>II</strong>.41: Variação no rendimento de isômeros C5-C7 com o teor de Al incorporado<br />

na estrutura <strong>da</strong> zeólita [93]: a = incorporação seqüencial de Pt e Al; b= incorporação<br />

simultânea de Pt e Al.<br />

Tabela <strong>II</strong>.14: Ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano versus o teor<br />

de Al em Pt/Y [93]- a<strong>da</strong>ptado. Condições (T=225 o C; 2.0 g de catalisador; 15.4 ml/min<br />

de H2). Valores de conversão e seletivi<strong>da</strong>de expressos em base carbono.<br />

Catalisadores com 1% Pt.<br />

Incorporação simultânea Incorporação seqüencial<br />

Al S<br />

(%p/p) (m 2 Acidez<br />

/g) 10 -3 X Seletivi<strong>da</strong>de X Seletivi<strong>da</strong>de<br />

mol/g ( %) (%) (%) (% C)<br />

0.0 381 82.9 46.2<br />

0.5 83.4 75.6<br />

1.0 367 2.5 81.4 79.6 79.4 52.4<br />

1.5 82.1 79.2 74.5 54.5<br />

2.0 363 2.6 71.7 84.1 75.1 56.2<br />

3.0 319 50.7 87.5 64.3 50.1<br />

5.0 280 38.4 86.4 58.4 54.5<br />

7.0 265 26.5 88.4<br />

61


<strong>II</strong>.1.4.3 Efeito comparativo entre a estrutura e a acidez <strong>da</strong><br />

zeólita sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de<br />

hidroisomerização<br />

Vários autores defendem o ponto de vista de que os fatores estruturais, e não a<br />

acidez, governam a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização:<br />

Patrigeon e colaboradores [96][97] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização do nheptano<br />

sobre catalisadores HY, H-beta, sílica-alumina, ZSM22, EU-1 e argilas<br />

contendo 1% de Pt. Com base nas curvas de rendimento versus conversão, o<br />

mecanismo foi identificado como sendo consecutivo (n-C7 ↔ mono-ramificados ↔<br />

multiramificados → produtos de craqueamento) , o que, segundo os autores, indicaria<br />

que a função áci<strong>da</strong> era a função limitante e, conseqüentemente, a ativi<strong>da</strong>de seria uma<br />

boa medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez global (número e força dos sítios ácidos). A maior acidez <strong>da</strong>s<br />

zeólitas, quando compara<strong>da</strong> com sílica-aluminas, permitiu obter a mesma conversão a<br />

temperaturas inferiores, sem no entanto reduzir a formação de produtos de<br />

craqueamento (tabela <strong>II</strong>.15). Segundo os autores, este fato mostraria que a acidez não<br />

é um parâmetro chave para obter eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de na hidroisomerização do nheptano.<br />

Tabela <strong>II</strong>.15: Perfornance de diversos catalisadores na hidroisomerização do nheptano<br />

comparados no valor máximo de rendimento em isômeros [96].<br />

catalisador T( o C) X(%) iC7 (%p/p) CP (%p/p) MB (%p/p)<br />

HY<br />

250 83<br />

73<br />

10 50,5<br />

Hβ (Si/Al=13) 210 83<br />

73<br />

10<br />

53<br />

Hβ (Si/Al=94) 260 83<br />

72<br />

11<br />

52<br />

Silica-alumina 320 82<br />

65<br />

11<br />

49<br />

Argila<br />

260 87<br />

76<br />

11<br />

53<br />

ZSM22<br />

240 84<br />

78<br />

6<br />

73<br />

EU-1<br />

220 79<br />

58<br />

21<br />

47<br />

Notação: iC7, CP e MB = seletivi<strong>da</strong>de para isômeros, produtos de craqueamento e<br />

mono-ramificados, respectivamente. Catalisadores contendo 1% p/p de Pt.<br />

Chica e colaboradores [98] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização de n-pentano, nhexano<br />

e n-heptano sobre Pt/Mordenita (0.65 x 0.72 nm) e Pt/ITQ-4 (zeólita<br />

unidirecional de poros grandes 0.62 x 0.72 nm). Os resultados de adsorção de piridina<br />

a diversas temperaturas sugerem que a zeólita ITQ-4 apresenta sítios ácidos mais<br />

fortes, o que favoreceria uma maior vi<strong>da</strong> média dos carbocátions e conseqüentemente<br />

uma maior taxa de craqueamento. No entanto, esta zeólita apresentou uma maior<br />

62


seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização (40% de rendimento em isômeros do n-heptano a<br />

≈70% de conversão versus 10% de rendimento ao mesmo nível de conversão para a<br />

mordenita), o que, segundo os autores, seria comprovação de que a acidez não é o<br />

fator que governa a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, mas sim a topologia <strong>da</strong>s zeólitas.<br />

Apesar <strong>da</strong>s dimensões dos poros entre as duas zeólitas serem bem próximas, haveria<br />

diferenças na geometria dos poros que afetariam a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />

Meriaudeau e colaboradores [99] estu<strong>da</strong>ram as peneiras moleculares<br />

Pd/SAPO31 (estrutura ATO, com canais não interconectados de seção reta de<br />

0.54nm) e Pd/ZSM48 (canais de poros médios lineares não interconectados de seção<br />

reta 0.53 nm x 0.56 nm) na hidroisomerização de n-octano, 2-metil-heptano e 2,2,4<br />

trimetilpentano a 250 o C e 1 bar. A amostra Pd/ZSM48 mostrou uma maior acidez<br />

medi<strong>da</strong> IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> (temperatura de dessorção de 100 o C, 200 o C, 300 o C,<br />

400 o C e 500 o C). Experimentalmente, foi obtido um rendimento similar para a<br />

hidroisomerização do n-octano em ambos os catalisadores (Tabela <strong>II</strong>.16), indicando<br />

que para estas peneiras moleculares, a seletivi<strong>da</strong>de para isomerização não é<br />

controla<strong>da</strong> pela força áci<strong>da</strong>. A maior acidez <strong>da</strong> zeólita ZSM48 teve o efeito benéfico de<br />

aumentar a ativi<strong>da</strong>de na conversão do n-octano e <strong>da</strong>s demais parafinas testa<strong>da</strong>s<br />

(Tabela <strong>II</strong>.17).<br />

Tabela <strong>II</strong>.16: Distribuição de produtos na hidroisomerização do n-octano (250 o C, 1<br />

atm, H2/Hc=60). [99].<br />

Pd/SAPO31 Pd/ZSM48<br />

X %<br />

Seletivi<strong>da</strong>des %<br />

80,3<br />

82,8<br />

81,6<br />

83,3<br />

. leves<br />

6,2<br />

7,3<br />

8,1<br />

9,9<br />

. isômeros<br />

93,7<br />

92,6<br />

91,9<br />

90,0<br />

. MC8<br />

77,6<br />

73,7<br />

79,9<br />

79,9<br />

. DMC8 16,1<br />

18,9<br />

10,2<br />

10,2<br />

Rendimento % 75,2<br />

76,7<br />

75,0<br />

75,0<br />

Notação: MC8= isômeros monorafimicados e DMC8 = bi-ramificados<br />

Tabela <strong>II</strong>.17: Taxa de reação (X% x WHSV) obti<strong>da</strong>s a 250 o C, 1 atm, H2/HC=60 [99].<br />

Pd/ZSM48 Pd/SAPO31<br />

n-octano 22,2 5,3<br />

2-metil-heptano 75,8 11,6<br />

2,2,4, trimetil-heptano 12,3 2,7<br />

63


Meriaudeau e colaboradores [99] argumentam ain<strong>da</strong> que, considerando que as<br />

dimensões do 2,2,4 trimetil-pentano impedem o acesso aos sítios ácidos internos, a<br />

sua taxa de reação (tabela <strong>II</strong>.17) refletiria a acidez externa <strong>da</strong>s peneiras testa<strong>da</strong>s. Uma<br />

vez que é bem conhecido que parafinas multiramifica<strong>da</strong>s têm uma eleva<strong>da</strong> taxa de<br />

craqueamento (ver seção <strong>II</strong>.1.7), para se obter um elevando rendimento em<br />

isomerização deve-se procurar minimizar a acidez externa (ex: através do<br />

envenenamento seletivo).<br />

Um fator que pode influenciar na análise do efeito <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> sobre a<br />

seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização, diz respeito ao efeito do metal<br />

incorporado ao catalisador sobre a natureza dos sítios ácidos. Como mostrado por<br />

Sachtler em sua revisão <strong>da</strong> literatura [94][95], existem fortes evidências <strong>da</strong> interação<br />

de sítios ácidos de Bronsted com partículas metálicas dentro de cavi<strong>da</strong>des zeolíticas,<br />

resultando na formação de sítios “metal-proton”, denominados “sítios bifuncionais<br />

colapsados”. É proposto que a formação destes sítios metal-prótons levaria a fase<br />

metálica a ter um caráter “eletro-deficiente” influenciando varias proprie<strong>da</strong>des, tais<br />

como [94][95]:<br />

• Supressão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de quimissorção do hidrogênio, significando<br />

por exemplo, que o método de quimissorção de hidrogênio freqüentemente<br />

utilizado para obter uma estimativa <strong>da</strong> dispersão de catalisadores metálicos<br />

levaria a valores errôneos.<br />

• Aumento <strong>da</strong> resistência ao envenenamento por compostos de enxofre.<br />

• Aumento na taxa de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios metálicos, tais como<br />

a isomerização e a hidrogenólise do neopentano.<br />

• Redução <strong>da</strong> taxa de sinterização <strong>da</strong> fase metálica.<br />

64


<strong>II</strong>.1.5. Efeito do tipo de metal<br />

Os metais tradicionalmente utilizados em formulações de catalisadores de<br />

hidroisomerização são a Pt e o Pd (ou combinações destes elementos) e mais<br />

raramente o Ni. A ativi<strong>da</strong>de do Ni tem sido reporta<strong>da</strong> ora como sendo inferior a <strong>da</strong> Pt<br />

[52] [100] e Pd [52], ora como sendo superior [46]. No entanto, os estudos concor<strong>da</strong>m<br />

que o Ni apresenta uma eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise, responsável por reduzir a<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros [52]. Segundo Sachtler [95], dentre os metais do grupo V<strong>II</strong>I,<br />

Ru, Ni, Co e Ir têm eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise próxima a 100 o C, enquanto que<br />

Pd e Pt requerem cerca de 300 o C para atingir ativi<strong>da</strong>des similares. Os metais nobres<br />

apresentam uma limita<strong>da</strong> tolerância à presença de compostos de enxofre. Quando a<br />

alimentação contém teores de enxofre consideráveis, opta-se pelo uso de sulfetos dos<br />

metais de transição, como os sulfetos de Ni, Co, Mo, W (ou combinações destes) [46].<br />

O uso de catalisadores bimetálicos para reações de hidroisomerização<br />

utilizando zeólitas foi reportado na déca<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> por Henriques e colaboradores<br />

[101]. Estes autores mostraram que a introdução de Sn em Pt/HY aumenta a<br />

resistência a desativação por deposição de coque na hidroisomerização do n-heptano<br />

(230-290 o C, 6MPa). Os resultados obtidos foram explanados pela proprie<strong>da</strong>de do Sn<br />

em promover a formação de espécies altamente reativas de hidrogênio, que se<br />

difundiriam por “spillover”. Curiosamente, estes autores propunham a participação do<br />

mecanismo de “spillover”, com base em experiências utilizando leitos separados em<br />

série. Recentemente o mesmo tipo de experiência tem sido utilizado para questionar o<br />

mecanismo tradicional de hidroisomerização propondo-se mecanismos alternativos<br />

com base no “spillover” de hidrogênio (como descrito na seção <strong>II</strong>.1.1).<br />

Mais recentemente surgiram estudos mostrando as vantagens do uso de fases<br />

bimetálicas, em especial Pd/Pd, suporta<strong>da</strong>s em zeólitas em reações de<br />

hidroisomerização:<br />

Chang e colaboradores [102] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> adição de Ni a<br />

Pt/mordenita para a hidroisomerização de n-heptano e de nafta leve. Para as cargas<br />

isentas de S a presença de Ni foi benéfica em suprimir a formação de gás leve e<br />

favorecer a formação de isômeros mais ramificados, apesar de reduzir ligeiramente a<br />

taxa de reação. No entanto, na presença de tiofeno, o efeito <strong>da</strong> introdução de Ni se<br />

mostrou prejudicial, levando ao aumento <strong>da</strong> formação de gás leve e uma maior taxa de<br />

desativação. Estes autores explicaram o efeito do Ni, como sendo oriundo <strong>da</strong><br />

65


transferência de elétrons do Ni para a Pt, o que promoveria a adsorção eletrofílica de<br />

H2S sobre a superfície <strong>da</strong> Pt. A formação de liga metálica foi sugeri<strong>da</strong> pela redução<br />

<strong>da</strong> temperatura de redução do Ni com o aumento do teor de Pt, até se formar um único<br />

pico como visto pela técnica de TPR.<br />

Cardoso e colaboradores [100] investigaram o efeito do teor metálico e <strong>da</strong><br />

razão Pt/(Pt + Ni) em uma amostra de HUSY na hidroisomerização do n-hexano (T=<br />

250 o C, p=1atm, H2/Hc= 9 mol/mol). O aumento <strong>da</strong> razão Pt/(Pt + Ni) acarretou o<br />

aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (com máximo em torno de Pt/(Pt+Ni) de 0.4 a 0.6) (Figura <strong>II</strong>.42)<br />

e para os catalisadores com baixo teor de fase metálica (provavelmente com a etapa<br />

limitante ocorrendo sobre os sítios metálicos) a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para biramificados.<br />

A estabili<strong>da</strong>de (defini<strong>da</strong> como a razão entre a ativi<strong>da</strong>de inicial e após 6<br />

horas de reação) aumentou com o aumento do teor metálico e com o aumento <strong>da</strong><br />

razão Pt/(Pt+Ni).<br />

Figura <strong>II</strong>.42: Ativi<strong>da</strong>de inicial dos catalisadores bimetálicos Ni-Pt HUSY na<br />

hidroisomerização do n-hexano em função <strong>da</strong> razão Pt/(Pt+Ni) e a diversos teores <strong>da</strong><br />

fase metálica [100].<br />

66


Martens e colaboradores [103] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> adição de Pd a Pt/USY e<br />

Pt/Hβ na hidroisomerização do n-heptano. Com uma concentração total de 0.5%p/p de<br />

metais nobres pode ser observado um máximo no rendimento em isômeros para<br />

razões atômicas Pd/(Pt+Pd) entre 0.3-0.4 (Figura <strong>II</strong>.43). O benefício <strong>da</strong> introdução de<br />

Pd foi associado ao aumento <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase de Pt.<br />

Figura <strong>II</strong>.43: Efeito <strong>da</strong> razão Pd/(Pd+Pt) sobre o rendimento em isômeros na<br />

conversão do n-heptano sobre PdPt/ Hβ (1) e PdPt/USY (2) [103].<br />

Elangovan e colaboradores [104] investigaram o uso de Pt-Pd em MCM-41 na<br />

conversão do n-decano. Estes autores observaram que a ativi<strong>da</strong>de de<br />

hidroisomerização do catalisador bimetálico é superior; e a ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise,<br />

inferior a dos catalisadores monometálicos.<br />

O renovado interesse do estudo de catalisadores bimetálicos para reações de<br />

hidroisomerização e/ou hidrogenação ocorre, principalmente, <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de<br />

identifica<strong>da</strong> de várias destas ligas apresentarem maior resistência ao envenenamento<br />

por compostos de enxofre, como revisado na próxima seção (<strong>II</strong>.1.6).<br />

67


<strong>II</strong>.1.6. Efeito <strong>da</strong> presença de compostos de S e N na carga<br />

As cargas reais a serem submeti<strong>da</strong>s aos processos de hidroisomerização<br />

contêm contaminantes, em especial compostos de enxofre e nitrogênio. Estes<br />

contaminantes podem alterar o balanço entre os sítios ácidos e metálicos e,<br />

conseqüentemente, entre as reações de hidroisomerização e hidrocraqueamento.<br />

Tanto do ponto de vista de desenvolvimento de novos processos, como do ponto de<br />

vista fun<strong>da</strong>mental, é necessário investigar o efeito destes contaminantes sobre a<br />

ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de dos catalisadores de hidroisomerização. Segundo a<br />

literatura, temos:<br />

Orkin [105] na déca<strong>da</strong> de 60 investigou o efeito <strong>da</strong> introdução de compostos<br />

sulfurados, nitrogenados e aromáticos na hidroisomerização de n-parafinas C11 a C14<br />

sobre catalisadores do tipo Pt/F/Al2O3 na faixa de 360 o C. A presença de 1% de S<br />

(como di-n-propil-dissulfeto) surpreendentemente não ocasionou redução na ativi<strong>da</strong>de<br />

(medi<strong>da</strong> como rendimento de produtos líquidos). A introdução de 240 ppm de N (como<br />

indol) reduziu significativamente o rendimento em isômeros.<br />

Miller em 1994 [9] reportou os resultados <strong>da</strong> adição de 2 ,20 e 200 pmm de N<br />

(como butil-amina) ou 200 ppm de S (como tiofeno) sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-hexadecano sobre Pt/SAPO11 (1000 psig,<br />

3.1WSV, 30 H2/HC). Estes autores observaram que (Figura <strong>II</strong>.44): a) A adição de 20<br />

ppm de N na carga reduziu o grau de ramificação do produto e a ativi<strong>da</strong>de do<br />

catalisador (ex: tendo sido necessário aumentar em 17 o C a temperatura para se obter<br />

uma iso-conversão de 90%) sem no entanto alterar a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros; b) A<br />

adição de 200 ppm de S (como tiofeno) na carga reduziu a ativi<strong>da</strong>de mas,<br />

diferentemente <strong>da</strong> presença de N, acarretou uma significativa per<strong>da</strong> <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros.<br />

68


Figura <strong>II</strong>.44: Efeito <strong>da</strong> adição de S e N sobre a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hidroisomerização do nhexadecano<br />

sobre Pt/SAPO11 (1000 psig; WHSV = 3.1 h -1 ; H2/nC16= 30 mol/mol) [9].<br />

Embora a presença de enxofre na carga (no teor de 200 ppm – Figura <strong>II</strong>.45)<br />

ocasione a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de, o uso de um procedimento de pré-sulfetação do<br />

catalisador Pt/SAPO11 (com 1% de H2S no H2 antes <strong>da</strong> introdução <strong>da</strong> carga) propiciou<br />

um aumento significativo <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de (Tabela <strong>II</strong>.18), o que foi explicado devido à<br />

redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidrogenólise <strong>da</strong> fase metálica.<br />

Tabela <strong>II</strong>.18: Efeito do procedimento de sulfetação do catalisador Pt/SAPO11 na<br />

hidroisomerização do n-octano [9].<br />

Com sulfetação Sem sulfetação<br />

Temperatura 331 326<br />

Conversão 30 30<br />

Seletivi<strong>da</strong>de em isômeros C8 94.8 78.9<br />

Obs: Reação conduzi<strong>da</strong> a 1000 psig, 2.8 WHSV, 16 H2/HC mol/mol<br />

O estudo mais amplo do efeito <strong>da</strong> presença de compostos de enxofre e<br />

nitrogênio nas reações de hidroisomerização foi efetuado por Galperin e<br />

colaboradores [106][107][108]. Estes autores investigaram o efeito <strong>da</strong> adição de 1000<br />

ppm de H2S e 770 ppm de nitrogenados (N) (como t-butil-amina) sobre a ativi<strong>da</strong>de e<br />

seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-decano (500 psig; H2/HC=1.4<br />

mol/mol; WHSV = 5 hr -1 ) sobre MAPSO-31 e sobre zeólitas HZSM5 com razões Si/Al<br />

de 38, 100 e 400, tendo observado que:<br />

69


• Sobre 0.4%Pt-MAPSO-31 a ordem de ativi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi: carga<br />

pura > n-decano com 1000 ppm H2S > n-decano com 770 ppm N > ndecano<br />

com 1000 ppm H2S e 770 ppm de nitrogenados. Variando-se a<br />

temperatura pode-se obter a mesma conversão na presença de S e/ou<br />

N, tendo sido observado a seguinte ordem de seletivi<strong>da</strong>de para<br />

formação de isômeros: carga pura (85-87%) > 1000 ppm H2S + 770<br />

ppm N (80-85%) > 770 ppm N (70%) > 1000 ppm H2S (50-55%)<br />

(Figuras <strong>II</strong>.45 e <strong>II</strong>.46);<br />

• Sobre 0.4% Pt-MAPSO-31 foi observado que o aumento do teor de<br />

nitrogenados entre 10 a 770 ppm, na presença de 1000 ppm de H2S,<br />

reduziu progressivamente a ativi<strong>da</strong>de catalítica sem, no entanto, afetar<br />

significativamente a seletivi<strong>da</strong>de de isomerização. Foi, entretanto,<br />

observa<strong>da</strong> uma significativa redução do teor de di-metil-octanos com o<br />

aumento do teor de N. Uma vez que o aumento do teor de N<br />

correspondeu a um aumento <strong>da</strong> temperatura para se manter o mesmo<br />

nível de conversão, a redução do teor de bi-ramificados foi explica<strong>da</strong>,<br />

do ponto de vista termodinâmico, como oriun<strong>da</strong> do fato dos metilnonamos<br />

serem favorecidos termodinamicante a temperaturas<br />

eleva<strong>da</strong>s.<br />

• Zeólitas ZSM5 com razão Si/Al de 38, 100 e 400 contendo 0.4-0.5% Pt<br />

foram testa<strong>da</strong>s na presença de 1000 ppm de H2S e 770 ppm, de N<br />

tendo sido observado que a seletivi<strong>da</strong>de aumentou com o aumento <strong>da</strong><br />

razão Si/Al (Figuras <strong>II</strong>.47 e <strong>II</strong>.48). Utilizando TPD de amônia, os autores<br />

concluíram que a zeólita ZSM5 com razão Si/Al de 38, apresenta um<br />

maior número de sítios ácidos fortes.<br />

Os resultados foram explicados por Galperim e colaboradores [106][107][108]<br />

com base na proposição de que a adição de nitrogenados na carga neutralizaria os<br />

sítios ácidos fortes, reduzindo conseqüentemente a acidez e a ativi<strong>da</strong>de. Para<br />

compensar a baixa ativi<strong>da</strong>de, a temperatura de reação deve ser significativamente<br />

eleva<strong>da</strong>, o que faz com que os sítios ácidos de força intermediária se tornem ativos o<br />

suficiente para se obter uma alta conversão. Por efeito <strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> temperatura, as<br />

reações de hidrogenção/desidrogenação, que ocorrem sobre a fase metálica, também<br />

seriam favoreci<strong>da</strong>s. Desta forma haveria um balanço adequado entre as funções<br />

metálicas e áci<strong>da</strong>s do catalisador. Segundo os autores, o catalisador mais adequado,<br />

70


para realizar as reações de hidroisomerização na presença de compostos de enxofre e<br />

nitrogênio, deveria ter uma acidez fraca e uma eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fase metálica.<br />

Figuras <strong>II</strong>.45 e <strong>II</strong>.46: Efeito do teor de S e N na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />

0.4%Pt-MAPSO-31[106].<br />

Figuras <strong>II</strong>.47 e <strong>II</strong>.48: Efeito do teor de S e N em zeólitas MFI de diferentes razões Si/Al<br />

na hidroisomerização do n-heptano [106].<br />

71


Gopal e colaboradores [109] estu<strong>da</strong>ram a hidroisomerização de uma mistura de<br />

n-parafinas C5 a C7 e benzeno sobre Pt/HZSM12, Pt/H-mordenita e Pt/H-Beta com a<br />

alimentação isenta de enxofre e contendo 200 ppm de tiofeno. Na ausência de<br />

enxofre, o catalisador Pt/HZSM12 deu o melhor desempenho (maior seletivi<strong>da</strong>de para<br />

isômeros e maior hidrogenação do benzeno). No entanto, na presença de enxofre o<br />

catalisador à base de zeólita Beta apresentou a melhor resistência a enxofre,<br />

mantendo a ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação do benzeno. Arribas e Martinez [110] também<br />

observaram uma eleva<strong>da</strong> resistência ao enxofre durante a simultânea<br />

hidroisomerização do n-heptano e hidrogenação do benzeno. Os testes foram<br />

conduzidos com a carga de n-heptano/benzeno contendo 200 ppm de S como 2-metiltiofeno.<br />

A maior resistência ao envenenamento foi observa<strong>da</strong> para a zeólita com o<br />

menor tamanho de cristalito, o que foi associado a uma maior dispersão <strong>da</strong> fase<br />

metálica.<br />

Merece ser citado o fato, já bem documentado na literatura, de que a<br />

resistência <strong>da</strong> fase de metal nobre (Ex: Pt ou Pd) ao envenenamento por compostos<br />

de enxofre é significativamente aumenta<strong>da</strong> quando se deposita o metal em um suporte<br />

com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s. É proposto, que esta maior resistência aos compostos de<br />

enxofre estaria relaciona<strong>da</strong> à transferência de elétrons <strong>da</strong> fase metálica para os sítios<br />

ácidos adjacentes, prevenindo a fase metálica de interagir fortemente com moléculas<br />

aceptoras de elétrons, como os átomos de enxofre [103][111]. Num catalisador do tipo<br />

Pd/Y esta interação é visualiza<strong>da</strong> pela formação de “complexos” do tipo [PdnHm] m+<br />

[86][94][112]. Esta teoria, associando a transferência de elétrons com a resistência<br />

ao envenenamento por S, tem sido utiliza<strong>da</strong> para explicar diversos resultados na<br />

literatura:<br />

• A Pt suporta<strong>da</strong> em aluminoborato é mais resistente à desativação por<br />

compostos de enxofre do que quando suporta<strong>da</strong> em alumina. Uma <strong>da</strong>s<br />

razões é que a acidez do aluminoborato é maior do que a <strong>da</strong> alumina,<br />

facilitando a transferência de elétrons do metal para o suporte [113].<br />

Generalizando o conceito, quando mais ácido for o suporte, maior será<br />

a transferência eletrônica do metal e a conseqüente deficiência<br />

eletrônica, reduzindo a adsorção de compostos aceptores de elétrons<br />

como o enxofre [94].<br />

72


• A adição de Pd (ou Ag) sobre Pt/δ-Al2O3 aumenta a resistência a<br />

compostos de S, uma vez que estes metais são eletrofílicos e reduzem<br />

a densi<strong>da</strong>de eletrônica <strong>da</strong> Pt. Por outro lado, metais como Re, Co, Mo<br />

e Ni aumentam a densi<strong>da</strong>de eletrônica e, conseqüentemente, reduzem<br />

a resistência a compostos de enxofre [114].<br />

• Pequenas partículas metálicas são mais resistentes à desativação por S<br />

do que partículas grandes, devido a maior interação com os sítios<br />

ácidos adjacentes presentes nos suportes [113][115]. A remoção de S<br />

<strong>da</strong>s partículas metálicas de menor tamanho também é favoreci<strong>da</strong><br />

devido ao maior caráter de elétron-deficiência [115].<br />

• A redução <strong>da</strong> acidez do suporte (ex: troca com cátions como o sódio)<br />

ou pelo envenenamento com moléculas doadoras de elétrons, como a<br />

NH3, acarretam uma drástica redução na taxa de hidrogenação em<br />

presença de compostos de enxofre [115].<br />

<strong>II</strong>.1.7. Efeito do tipo e tamanho <strong>da</strong> cadeia de hidrocarboneto<br />

De maneira geral, a literatura mostra vários exemplos que comprovam que o<br />

aumento <strong>da</strong> cadeia e/ou do número de ramificações <strong>da</strong> parafina, acarreta a uma maior<br />

ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização mas, por outro lado, aumenta a tendência para a<br />

ocorrência de reações indesejáveis de hidrocraqueamento:<br />

Guisnet e co-autores [81] determinaram as constantes relativas <strong>da</strong> taxa de<br />

reação de hidroisomerização do n-decano sobre um catalisador PtY, considerado<br />

como sendo “catalisador bifuncional ideal”, ou seja onde as reações são limita<strong>da</strong>s<br />

pela função áci<strong>da</strong>. Estes autores determinaram que a taxa de craqueamento dos<br />

isômeros triramifacados é bem mais eleva<strong>da</strong> do que a dos produtos mono e biramificados<br />

(Figura <strong>II</strong>.49):<br />

73


10 13.8 13.2<br />

nC10 → mono-rafimicados → bi-ramificados → tri-ramificados<br />

← ← ←<br />

1.25 5.6 4 25.3 220<br />

prod. craqueados 1 prod. Craqueados 2<br />

Figura <strong>II</strong>.49: Taxas relativas de hidroisomerização e hidrocraqueamento do n-decano<br />

sobre Pt/Y (“catalisador ideal”) a 200 o C, 0.9 bar, p n-C10 = 0.1 bar, referência: KnC10 → M<br />

= 10 [81]<br />

Wang e Chang [55] determinaram a ordem de reativi<strong>da</strong>de de n-parafinas com<br />

base na temperatura requeri<strong>da</strong> para 50% de conversão como sendo: n-C8>n-C7>n-<br />

C6>n-C5 (Tabela <strong>II</strong>.19). A ordem de máxima seletivi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> foi inversa à ordem de<br />

ativi<strong>da</strong>de, ou seja: C8


Figura <strong>II</strong>.50: Curva de seletiviade x conversão na hidroisomerização de n-C16, n-C28 e<br />

n-C36 a 345 o C sobre Pt/sílica-alumina [46].<br />

O efeito observado, do aumento <strong>da</strong> reativi<strong>da</strong>de para<br />

hidroisomerização/hidrocraqueamento com o aumento do tamanho de cadeia, foi<br />

explicado por Sie [116] com base na formação de um íon carbônio do tipo<br />

ciclopropano (PCP). Com base nesta teoria, a reativi<strong>da</strong>de relativa entre dois<br />

hidrocarbonetos seria proporcional ao total de átomos de carbono menos seis (como<br />

exemplo, a reativi<strong>da</strong>de relativa entre o n-C10 e o n-C7 seria de 4 1 ) o que corresponde<br />

bem aos valores experimentais observados (Tabela <strong>II</strong>.22). A redução do máximo<br />

rendimento em isômeros, quando se aumenta o tamanho <strong>da</strong> cadeia do hidrocarboneto,<br />

poderia ser explica<strong>da</strong> considerando-se que a taxa relativas de hidrocraqueamento<br />

seria proporcional a N-6 e a taxa de isomerização como sendo proporcional a N-4.<br />

Tabela <strong>II</strong>.22: Influência do comprimento <strong>da</strong> cadeia na reativi<strong>da</strong>de de n-parafinas[116].<br />

Valores experimentais obtidos utilizando-se Pt/CaY (275 o C e 1 atm).<br />

Alimentação Taxa obs. Hidroisomer. Hidrocraq. Taxa calc. Selet. Calc.<br />

n-C6 0.13 0.13 0 0.13 100<br />

n-C7 0.38 0.20 0.18 0.38 53<br />

n-C8 0.53 0.26 0.36 0.62 42<br />

n-C9 1.10 0.33 0.54 0.87 38<br />

n-C11 1.30 0.46 0.90 1.36 34<br />

Notação: Taxa obs = taxa de reação observa<strong>da</strong> experimentalmente; taxa calc.= taxa<br />

relativa calcula<strong>da</strong> com base no mecanismo do tipo PCP.<br />

1 Taxa relativa n-C10/n-C7 = (10-6)/(7-6) = 4<br />

75


Num elegante artigo, Haag e colaboradores [43] estu<strong>da</strong>ram a taxa de<br />

craqueamento de n-parafinas C6-C9 sobre zeólitas HZSM5. Estes autores observaram<br />

que: a) a taxa de craqueamento aumenta com o aumento <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong> n-parafina<br />

utiliza<strong>da</strong> (tabela <strong>II</strong>.23); b) a taxa de craqueamento diminui com o aumento do número<br />

de ramificações: n-parafina>metil-parafina > dimetil-parafina. Foi proposto a ocorrência<br />

do mecanismo de seletivi<strong>da</strong>de ao estado de transição, devido às restrições impostas<br />

pela estrutura de poros médios <strong>da</strong> zeólita HZSM5, para explicar a maior taxa de<br />

craqueamento <strong>da</strong>s n-parafinas em relação aos seus isômeros ramificados. Na<br />

ausência de restrições estéricas a ordem encontra<strong>da</strong> foi ramificados > n-parafinas; c)<br />

nas condições testa<strong>da</strong>s observou-se a presença de efeitos difusivos para o<br />

craqueamento <strong>da</strong>s dimetil-parafinas e d) as olefinas possuem taxas de craqueamento<br />

entre 260 a 412 vezes a taxa de craqueamento <strong>da</strong>s n-parafinas correspondentes, nas<br />

mesmas condições testa<strong>da</strong>s (tabela <strong>II</strong>.23), sendo fortemente sujeitos a efeitos<br />

difusivos. Interessante esta observação experimental uma vez que, no mecanismo<br />

bifuncional tradicional (seção <strong>II</strong>.1.1), considera-se a existência de intermediários<br />

olefínicos.<br />

Tabela <strong>II</strong>.23: Taxas intrínsecas de craqueamento sobre HZSM5 a 538 o C [43].<br />

Hidrocarboneto Constante intrínseca <strong>da</strong> taxa<br />

n-hexano 29<br />

3-metil-pentano 19<br />

2.2 dimetilbutano 12<br />

1-hexeno 7530<br />

3-metil-2-penteno 7420<br />

3.3 dimetil-1-buteno 4950<br />

Nonano 93<br />

2.2 dimetilheptano 63<br />

A conversão de olefinas em condições mais próximas às utiliza<strong>da</strong>s nas reações<br />

de hidroisomerização tem sido relata<strong>da</strong> na literatura [117] [118]. Taluk<strong>da</strong>r e<br />

colaboradores [117] estu<strong>da</strong>ram a reação de isomerização do 1-hexeno (240 o C a<br />

370 o C, p.atm) sobre HMCM22 e HZSM5 (Si/Al=21.5). À baixa temperatura os isômeros<br />

de posição (ex: trans-2-hexeno) foram os produtos predominantes. O aumento de<br />

temperatura favoreceu a formação dos isômeros de cadeia (ex: 2-metil-2-penteno, 2metil-1-penteno,<br />

3-metil-2-penteno) bem como os produtos de craqueamento (Figura<br />

<strong>II</strong>.51).<br />

76


Figura <strong>II</strong>.51: Distribuição de produtos na conversão do 1-hexeno sobre HMC22<br />

(símbolos brancos) e HZSM5 (símbolos escuros) [117].<br />

<strong>II</strong>.1.8. Efeito <strong>da</strong>s condições operacionais<br />

O efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> pressão e <strong>da</strong> temperatura de reação sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />

e, principalmente, a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros é de grande importância para a correta<br />

escolha dos testes dos catalisadores e/ou desenvolvimento de novos processos.<br />

<strong>II</strong>.1.8.1. Efeito <strong>da</strong> Temperatura<br />

Do ponto de vista termodinâmico, a redução <strong>da</strong> temperatura favorece a<br />

formação de isômeros bi e triramifacados. Este comportamento pode ser visto nos<br />

cálculos apresentados por Chica e Corma [69] (Figura <strong>II</strong>.52).<br />

77


Figura <strong>II</strong>.52: Distribuição termodinâmica para a hidroisomerização do n-pentano, nhexano<br />

e n-heptano [69].<br />

O efeito <strong>da</strong> temperatura sobre a seletivi<strong>da</strong>de de reações de hidroisomerização<br />

tem sido reportado na literatura:<br />

• Patrigeon e colaboradores [70] observaram que o aumento <strong>da</strong><br />

temperatura (em 10 o C) reduz o rendimento em isômeros na<br />

hidroisomerização do n-heptano sobre Pt(1%)HZSM22 e Pt(1%)HEU-1<br />

(Tabela <strong>II</strong>.24), mas não afetam o rendimento sobre Pt/HY, Pt/Hβ ou<br />

Pt/clay.<br />

Tabela <strong>II</strong>.24: Efeito <strong>da</strong> temperatura sobre o rendimento dos produtos na<br />

hidroisomerização do n-heptano [70].<br />

H-EU-1 H-ZSM-22<br />

Temperatura ( o C) 210 220 240 250<br />

Conversão ao máximo rendimento em isômeros (%p/p) 83 82 84 83<br />

Rendimento de isômeros (%p/p) 66 59 78 73<br />

Rendimento em produtos craqueados (%p/p) 17 23 6 10<br />

Rendimento em isômeros mono-ramificados (%p/p) 53 49 73 69<br />

78


Para explicar estes resultados Patrigeon e colaboradores [70] propuseram que,<br />

em estruturas de poros mais restritos (EU-1 e ZSM22), a redução <strong>da</strong> temperatura<br />

favoreceria o mecanismo de transferência do grupo metila (2-metil-hexano ⇔ 3-metilhexano)<br />

versus o de formação de isômeros multiramificados pelo mecanismo PCP,<br />

reduzindo conseqüentemente os produtos craqueados que são considerados oriundos<br />

preferencialmente de produtos multiramificados. Em estruturas de poros grandes não<br />

haveria competição entre os mecanismos de transferência do grupo metila (“metilshfit”)<br />

ou via rearranjo do ciclopropano protonado (“PCP”).<br />

• Sobre zeólitas Y tem sido reportado que a seletivi<strong>da</strong>de para formação<br />

de isômeros é função somente <strong>da</strong> conversão, não sendo influencia<strong>da</strong><br />

pela temperatura ou pela pressão (Figura <strong>II</strong>.53) [94].<br />

• Sobre Pt/sílicas-aluminas, Corma e colaboradores [18] observaram<br />

que o máximo rendimento em isômeros, na conversão do n-decano,<br />

diminuiu com o aumento <strong>da</strong> temperatura de reação (Figura <strong>II</strong>.54).<br />

Os resultados relatados indicam que a influência <strong>da</strong> temperatura sobre o<br />

rendimento em isômeros é fortemente dependente <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita.<br />

Figura <strong>II</strong>.53: Rendimento em isômeros como função <strong>da</strong> conversão do n-decano sobre<br />

Pt/Y (temperaturas entre 180 – 240 o C e pressão entre 7 a 100 bar) [94].<br />

79


Figura <strong>II</strong>.54: Seletivi<strong>da</strong>de de isomerização na conversão do n-decano sobre Pt/sílicaalumina<br />

a várias temperaturas e teores de Pt [18].<br />

<strong>II</strong>.1.8.2. Efeito <strong>da</strong> Pressão<br />

É bem conhecido o que o aumento <strong>da</strong> pressão acarreta a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

de hidroisomerização sobre M/zeólitas [ex: [119]]. Por sua vez, o efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong><br />

pressão sobre a seletivi<strong>da</strong>de é menos investigado:<br />

Chao e colaboradores [119] estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> pressão entre 1<br />

a 40.8 atm na reação de hidroconversão do n-heptano sobre Pt (0.36 – 1.0<br />

%p/p)/MOR (com razão Si/Al de 5, 17.5 e 112) e Pt (0.36 – 1.0%)/Beta (com razão<br />

Si/Al=11 e 200). A temperatura de operação variou entre 210 a 340 o C e a relação<br />

H2/hidrocarboneto foi de 15 ou 8 mol/mol. Os resultados obtidos foram:<br />

• Sobre Pt/MOR o aumento <strong>da</strong> pressão reduziu a ativi<strong>da</strong>de e aumentou a<br />

seletivi<strong>da</strong>de para isômeros. No entanto, o efeito foi pouco pronunciado<br />

para o caso <strong>da</strong> zeólita de menor densi<strong>da</strong>de de sítios ácidos (Si/Al =37)<br />

(Tabela <strong>II</strong>.25). Segundo os autores, o efeito <strong>da</strong> pressão poderia estar<br />

associado com a ativação dos sítios ácidos em promover reações de<br />

transferência de H para os íons carbênios adsorvidos.<br />

80


• O aumento <strong>da</strong> pressão de hidrogênio de 1 atm para 30.6 atm reduziu o<br />

teor de coque após 11 horas de reação sobre Pt/MOR (Si/Al=14) de<br />

16.7 %p/p para 1.0 %p/p, o que foi explicado pelo possível<br />

favorecimento <strong>da</strong> remoção de espécies olefínicas precursoras de coque<br />

com o aumento <strong>da</strong> pressão.<br />

Tabela <strong>II</strong>.25: Efeito <strong>da</strong> pressão sobre a distribuição de produtos na conversão do nheptano<br />

sobre Pt/zeólitas [119].<br />

0.5 Pt/MOR (14) 0.5 Pt/MOR (37)<br />

Pressão 1.0 30.6 1 30.6<br />

Temperatura ( o C) 260 260 230 270<br />

WHSV (h -1 ) 3.4 1.2 1.0 3.5<br />

Conversão (%p/p) 31.1 30.6 63.5 58.3<br />

Seletivi<strong>da</strong>de i-C7 (%p/p) 57.7 94.3 90.1 92.2<br />

ZSM5<br />

<strong>II</strong>.2. Métodos de modificação <strong>da</strong> acidez de zeólitas<br />

<strong>II</strong>.2.1 Variação <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural<br />

A zeólita ZSM5 pode ser sintetiza<strong>da</strong> numa ampla faixa de razão Si/Al (Tabela<br />

<strong>II</strong>.26). É bem conhecido que a redução <strong>da</strong> razão Si/Al estrutural acarreta a redução do<br />

número de sítios ácidos. Como mostrado por Lago e colaboradores [120], a taxa de<br />

reação do craqueamento do n-hexano a 538 o C (denominado teste α) é linearmente<br />

dependente do conteúdo de alumínio tetraédrico presente na estrutura, levando a<br />

conclusão de que os sítios ácidos na zeólita H-ZSM-5 têm a mesma ativi<strong>da</strong>de. Esta<br />

observação experimental foi explica<strong>da</strong> por Barthomeuf [121] utilizando os conceitos de<br />

densi<strong>da</strong>de topológica e de eletronegativade de Sanderson, para determinar os limites<br />

de concentração de Al na estrutura de várias zeólitas, de tal forma que os<br />

grupamentos AlO 4- estariam isolados, o que levaria a uma força constante e máxima<br />

para os sítios ácidos de Bronsted. Os cálculos mostram a ocorrência de uma curva do<br />

tipo Vulcano para a ativi<strong>da</strong>de de reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos de Bronsted<br />

81


versus o teor de Al na estrutura. Segundo Barthomeuf o aumento <strong>da</strong> razão Si/Al<br />

acarretaria sempre a redução do número de sítios ácidos. No entanto para baixos<br />

valores <strong>da</strong> razão Si/Al, o aumento desta razão levaria ao aumento <strong>da</strong> força dos sítios,<br />

de tal forma que no balanço global ocorreria o aumento <strong>da</strong> taxa <strong>da</strong> reação. A partir de<br />

um determinado valor de razão Si/Al, a força dos sítios ácidos seria constante e o<br />

aumento <strong>da</strong> razão Si/Al acarretaria somente a redução <strong>da</strong> taxa de reação pela redução<br />

do número de sítios. Os valores calculados para a razão Si/Al, onde se observaria a<br />

força máxima dos sítios, foi: ZSM5 (MFI) > 9.5; MOR >9.4; OFF > 8.3 e FAU > 6.8<br />

(Figura <strong>II</strong>.55).<br />

Tabela <strong>II</strong>.26: Composição típica de várias zeólitas Mx/n (AlO2) x (SiO2)y, onde n=<br />

valência do cátion M. A<strong>da</strong>ptado de Sato [129] e Meier e Olson [62]. Obs: Abertura<br />

dos poros = número de átomos de oxigênio na boca de entra<strong>da</strong> dos poros.<br />

Zeólita Estrutura Si/Al Abertura dos<br />

poros<br />

Diâmetro dos poros<br />

( o A)<br />

Canais<br />

A FAU 1.0 8 3 - 5 Tridimensionais<br />

X FAU 1.0 – 1.5 12 9 – 10 “<br />

Y FAU 1.5 – 6.0 12 8 – 10 “<br />

L LTL 2.5 – 5.5 12 7 – 8 Unidimensional<br />

ZSM5 MFI 6.0 - ∞ 10 5.4 – 5.6 Tridimensional<br />

Figura <strong>II</strong>.55: Taxa de reação estima<strong>da</strong> para reações catalisa<strong>da</strong>s por sítios ácidos fortes<br />

como função <strong>da</strong> fração molar de Al (m=Al/(Al+Si)) para a= MFI; b=MOR; c=OFF e<br />

D=FAU [121].<br />

82


A lineari<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> sobre zeólitas HZSM5, entre o teor de alumínio<br />

estrutural e a taxa de craqueamento do n-hexano [120], desaparece quando a amostra<br />

é submeti<strong>da</strong> a tratamento hidrotérmico (“steaming”), seja intencionalmente ou durante<br />

as etapas de calcinação ou regeneração em condições denomina<strong>da</strong>s de “deep bed”.<br />

Lago e colaboradores [120] observaram um aumento de ativi<strong>da</strong>de de craqueamento<br />

do n-hexano dos sítios ácidos entre 45 a 75 vezes com a realização de “steaming”,<br />

tendo explicado seus resultados pela interação de espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede<br />

com os sítios ácidos remanescentes na estrutura (Figura <strong>II</strong>.58). Outros autores<br />

observaram o mesmo comportamento em outras reações:<br />

Figura <strong>II</strong>.58: Dependência <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (α-test) com o<br />

teor de Al em zeólitas ZSM5 (Si/Al=35) trata<strong>da</strong>s com vapor (2 h a 538 o C e p pressão<br />

de vapor <strong>da</strong> água entre 0 – 700 torr) [120].<br />

• Sendo<strong>da</strong> e Ono[122] estu<strong>da</strong>ram a ativi<strong>da</strong>de de zeólitas NH4ZSM5 para a<br />

conversão do propano, pentano, hexano e heptano, e a isomerização do oxileno<br />

em função <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento <strong>da</strong> amostra. Um<br />

máximo na ativi<strong>da</strong>de de reação para o propano foi observado a 580 o C e<br />

para as outras reações observou-se à ocorrência de máximos na taxa de<br />

reação para as temperaturas em torno de 400 o C e de 580 o C (Figura <strong>II</strong>.59).<br />

Foi sugerido que o máximo observado a 580 o C se deve a grupos hidroxilas<br />

interagindo com as espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> estrutura,<br />

produzindo sítios ácidos extremamente fortes.<br />

83


Figura <strong>II</strong>.59: Efeito <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento de NH4ZSM5 para o<br />

craqueamento do n-hexano ( 240 o C, 36 kPa, W/F=12.7 g.h.mol -1 e do propano (450<br />

o -1<br />

C, 101.3 kPa, W/F= 7.0 g.h.mol ) [122].<br />

• Topsoe e colaboradores [123] estu<strong>da</strong>ram por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> a<br />

força dos sítios ácidos de uma série de amostras de HZSM5 submeti<strong>da</strong>s ao<br />

tratamento hidrotérmico (“steaming”). O decréscimo na ban<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> a<br />

1545 cm -1 com o progressivo aumento <strong>da</strong> temperatura de evacuação, foi<br />

utilizado como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força dos sítios ácidos de Bronsted. Com base<br />

neste critério foi observado que a amostra trata<strong>da</strong> a condições bran<strong>da</strong>s de<br />

“steaming” (350 o C) apresentou um aumento na força dos sítios ácidos.<br />

Embora seja bem estabelecido que o tratamento hidrotérmico moderado de<br />

zeólitas HZSM5 possa aumentar a ativi<strong>da</strong>de para reações de craqueamento,<br />

permanece em debate o exato papel <strong>da</strong>s espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

estrutura (semelhantes a AlO + ou espécies poliméricas [19]). Enquanto vários autores<br />

associam o aumento na taxa de reação ao aumento <strong>da</strong> força dos sítios ácidos, devido<br />

à interação <strong>da</strong>s espécies de alumínio desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> estrutura (NFA) com os sítios<br />

ácidos remanescentes [120][122], outros autores têm explicações diversas:<br />

• Brunner e colaboradores [124] estu<strong>da</strong>ram o craqueamento do n-hexano<br />

sobre amostras de HZSM5 submeti<strong>da</strong>s a tratamento hidrotérmico a 540 o C<br />

e caracteriza<strong>da</strong>s por N.M.R. Estes autores sugerem que o aumento <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de se deve à interação <strong>da</strong> molécula do n-hexano com um<br />

84


grupamento hidroxila <strong>da</strong> rede (OH) e com espécies de alumínio fora <strong>da</strong> rede<br />

(NFA).<br />

• Outros autores sugerem que o NFA possa formar novos sítios ácidos de<br />

Lewis ou mesmo uma fase do tipo sílica-alumina amorfa alterando a taxa de<br />

reação, bem como as proprie<strong>da</strong>des de adsorção-dessorção de parafinas e<br />

olefinas que afetariam a seletivi<strong>da</strong>de de craqueamento [125].<br />

<strong>II</strong>.2.2. Troca iônica<br />

É conhecido que grupamentos ácidos podem ser produzidos em zeólitas pela<br />

troca iônica com cátions polivalentes, tais como Ca 2+ , Mg 2+ ou La 3+ . O<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> acidez pode ser expressa pela expressão abaixo [126]:<br />

Ou de maneira genérica:<br />

[Ca(OH2)] 2+ → [Ca(OH)] + + H + (<strong>II</strong>.28)<br />

M(H2O) n 2+ ⇔ MOH + + H + (<strong>II</strong>.29)<br />

M(H2O)n 3+ ⇔ M(OH)2 + + 2H + (<strong>II</strong>.30)<br />

Ou seja, a acidez seria origina<strong>da</strong> pela dissociação de moléculas de água<br />

coordena<strong>da</strong>s a cátions polivalentes como mostrado por IR [126].<br />

A comparação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s zeólitas e HY e HX com suas análogas<br />

troca<strong>da</strong>s com diversos cátions para as reações de isomerização (1-buteno,<br />

ciclopropano, propileno, o-xileno), alquilação (benzeno com propeno ou eteno) e<br />

craqueamento (cumeno) foram revisa<strong>da</strong>s por Rabo e colaboradores [127]. A ordem de<br />

ativi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> foi:<br />

H + > RE 3+ > Grupo <strong>II</strong>A 2+ > Grupo IA + (<strong>II</strong>.31)<br />

85


Por sua vez, a ativi<strong>da</strong>de de isomerização do n-hexano e de craqueamento do<br />

cumeno aumentou com a diminuição do raio iônico do cátion [128]:<br />

MgY > CaY > SrY > BaY > NaY ≈ sílica-alumina (<strong>II</strong>.32)<br />

A literatura reporta poucos estudos do efeito <strong>da</strong> troca iônica com cátions sobre<br />

a acidez de zeólitas do tipo HZSM5. Tynjala e colaboradores estu<strong>da</strong>ram o efeito <strong>da</strong><br />

troca iônica com Ba 2+ , Al 3+ e La 3+ sobre as proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> zeólita HZSM5,<br />

utilizando o craqueamento do n-hexano e FTIR na região de OH e de piridina<br />

adsorvi<strong>da</strong>. A ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano diminuiu gradualmente até zero<br />

com o aumento do grau de troca iônica com Ba 2+ , refletindo a redução dos sítios<br />

ácidos fortes de Bronsted. Com a introdução do La 3+ e do Al 3+ observou-se que a<br />

ativi<strong>da</strong>de inicialmente se reduz e depois aumenta com o grau de troca iônica (Figura<br />

<strong>II</strong>.60). Com base nos estudos de IR os autores concluíram que não ocorreram<br />

modificações marcantes na acidez de Bronsted com a troca iônica com La 3+ ou Al 3+ .<br />

Figura <strong>II</strong>.60: Ativi<strong>da</strong>de no craqueamento do n-hexano em função do grau de troca<br />

iônica com La, Al ou Ba [128].<br />

Poucos estudos são reportados <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s<br />

com Li + . Sato [129] observou que a introdução de Li + por troca iônica na zeólita ZSM5<br />

produz um catalisador com acidez média, enquanto que a troca com Na (ou K ou Cs)<br />

produz um catalisador com acidez bem mais fraca (Figura <strong>II</strong>.61).<br />

86


Figura <strong>II</strong>.61: Perfis de TPD de amônia para zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s com Li, Na ou<br />

troca<strong>da</strong>s com Li e a seguir impregna<strong>da</strong>s com MgO [129].<br />

Accardi e Lobo [130] investigaram por 7 Li MAS NMR a localização de cátions<br />

de lítio em zeólitas ZSM5 e β. Por esta técnica pode ser mostrado que a maior parte<br />

dos cátions de Li (aproxima<strong>da</strong>mente 85 % em ZSM5 com Si/Al = 50) são acessíveis a<br />

moléculas de oxigênio, por outro lado estes cátions são inacessíveis ao oxigênio em<br />

zeólitas β (Si/Al = 18 e 8). Esta diferença indica um ambiente de coordenação do Li +<br />

bastante diferente nas duas zeólitas.<br />

A zeólita HZSM5 é normalmente sintetiza<strong>da</strong> na forma NaZSM5 e transforma<strong>da</strong><br />

na forma áci<strong>da</strong> por troca iônica com soluções áci<strong>da</strong>s ou, mais comumente, com<br />

solução amoniacal segui<strong>da</strong> de tratamento térmico. Choudhary e colaboradores [131]<br />

observaram que a acidez (força e número) é fortemente reduzi<strong>da</strong> em função do teor de<br />

Na + presente na amostra. A acidez foi caracteriza<strong>da</strong> pela técnica de TPD de piridina<br />

sob condições cromatográficas e pelas reações de craqueamento do cumeno e de<br />

isomerização do o-xileno. Beran e Klinowski [132] utilizando modelagem molecular<br />

confirmou do ponto de vista teórico que a presença de Na + reduz a força dos sítios<br />

ácidos adjacentes.<br />

A troca iônica com cátions redutíveis (metais como Cu, Pt, Pd, etc ) também dá<br />

origem a sítios ácidos após sua redução, como exemplificado abaixo [126]:<br />

Cu 2+ + H2 → Cu o + 2H + (<strong>II</strong>.33)<br />

87


Ag + + 1/2H2 → Ag o + H + (<strong>II</strong>.34)<br />

É proposto que a interação de partículas metálicas com os sítios ácidos de<br />

Bronsted <strong>da</strong>s zeólitas pode originar os chamados “sítios híbrido metal-próton”, onde se<br />

observa uma transferência de elétrons do metal para a zeólita, podendo ser<br />

representado para o caso de Pd em zeólita Y como sendo do tipo [PdnHz] z+ [28].<br />

Sachtler e Zhang [28] revisaram as evidências <strong>da</strong> formação destes sítios “híbridos<br />

metal-próton”:<br />

• Existe uma correlação entre a concentração de prótons <strong>da</strong> zeólita Pt/NaHY<br />

e a deficiência de elétrons <strong>da</strong> Pt, medi<strong>da</strong> pela linha Pt L<strong>II</strong>I utilizando<br />

absorção de raios X.<br />

• Utilizando FTIR, observa-se que a freqüência do CO adsorvido sobre<br />

Pt/NaHY se desloca de 2090 cm -1 para 2068 cm -1 com neutralização dos<br />

sítios ácidos com NaOH.<br />

• Utilizando EPR e XPS observa-se a formação de Pd + ou uma significativa<br />

diferença na energia de ligação para Pd 3d5/2 entre Pd/NaHY e Pd/NaY,<br />

associado a diferença entre Na + e H + como ligante as partículas metálicas<br />

de Pd.<br />

A formação dos sítios híbridos entre o sítio ácido de Bronsted e o metal é<br />

postula<strong>da</strong> como afetar a ativi<strong>da</strong>de catalítica. Como exemplo, temos :<br />

• Bou<strong>da</strong>rt e Betta [133] observaram uma alta ativi<strong>da</strong>de de hidrogenação do<br />

eteno e de isomerização e hidrogenólise do neopentano sobre Pt<br />

suporta<strong>da</strong> em zeólita Y troca<strong>da</strong> com Ca, Mg ou terras raras, quando<br />

compara<strong>da</strong> com a Pt suporta<strong>da</strong> sobre SiO2 ou Al2O3 (Tabela <strong>II</strong>.27).<br />

Tabela <strong>II</strong>.27: “Turnover” para a hidrogenação do eteno a –84 o C, 1 atm [133]<br />

Catalisador H/Pt (total) N (x10 3 ) s -1<br />

0.54 % Pt/NaY 1.41 5.34<br />

0.59% Pt/CaY 1.34 25.0<br />

0.5% Pt/MgY 1.4 20.3<br />

0.53 % Pt/SiO2 0.56 6.31<br />

88


• Gallezot [112] reporta que o Pd em PdNaNH4Y exibe uma grande resistência ao<br />

envenenamento por S, que é drasticamente reduzi<strong>da</strong> quando os sítios ácidos são<br />

trocados com Na. A correlação entre resistência <strong>da</strong> fase metálica ao<br />

envenenamento por S e o caráter elétron deficiente também é utiliza<strong>da</strong> para<br />

explicar os efeitos oriundos de ligas metálicas.<br />

<strong>II</strong>.2.3. Impregnação com compostos de fósforo ou boro<br />

Vários estudos mostram que a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 pode ser reduzi<strong>da</strong> por<br />

modificação com compostos de fósforo ou de boro. Como exemplo, temos:<br />

• Lercher e Rumplmayr [134] caracterizaram por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong> e<br />

por TPD de amônia (Figura <strong>II</strong>.62), piridina e água de uma zeólita HZSM5 (Si/Al=<br />

84) impregna<strong>da</strong> com teores de 1,2,5 e 8 % p/p de H3PO4. A comparação dos perfis<br />

de dessorção com os espectros de IR obtidos a várias temperaturas, permitiu<br />

concluir que a deposição de ácido fosfórico sobre HZSM5 acarreta a redução dos<br />

sítios ácidos de Bronsted fortes e a criação de novos sítios ácidos de Bronsted<br />

fracos. Os autores propuseram o modelo <strong>da</strong> Figura <strong>II</strong>.63 para a interação entre o<br />

ácido fosfórico e os sítios ácidos de Bronsted <strong>da</strong> zeólita.<br />

• Vedrine e colaboradores [135] estu<strong>da</strong>ram por calorimetria e MAS-NMR uma<br />

zeólita HZSM5 impregna<strong>da</strong> com teores de H3BO3 entre 0.3 a 1.6 %p/p. Foi<br />

observa<strong>da</strong> uma redução <strong>da</strong> acidez devido a reação do boro com os grupos OH <strong>da</strong><br />

estrutura e, em menor extensão, devido a substituição do Al <strong>da</strong> rede por B<br />

89


Figura <strong>II</strong>.62: TPD de amônia sobre zeólita HZSM5 com teores entre 1 a 8 %p/p de<br />

H3PO4 [134]<br />

Figura <strong>II</strong>.63: Modelo sugerido para a interação entre o H3PO4 e os sítios ácidos [134]<br />

90


<strong>II</strong>.2.4. Incorporação de heteroátomos na estrutura<br />

A substituição isomórfica do alumínio por outros elementos, tais como: Be, B,<br />

Ti, Cr, Fe, Zn, Ga, Ge ou V leva a formação de metalosilicatos de estrutura similar a<br />

<strong>da</strong> zeólita ZSM5 com proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s modifica<strong>da</strong>s. A força áci<strong>da</strong> de vários<br />

metalosilicados foi estima<strong>da</strong> com base na temperatura máxima de dessorção por TPD<br />

de amônia [126][136], por FTIR [136] ou através de cálculos teóricos [137]. A ordem<br />

encontra<strong>da</strong> foi:<br />

[Al]ZSM5 > [Ga]ZSM5 > [Fe]ZSM5 > [B]ZSM5<br />

Gorte e colaboradores [138], com base na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do nhexano<br />

e <strong>da</strong> oligomerização do propeno, concluíram que a reativi<strong>da</strong>de dos sítios<br />

ácidos de Bronsted na substituição estrutural com Fe (H[Fe]ZSM5) é muito menor<br />

sobre H[Ga]ZSM5 e H[Al]ZSM5, que por sua vez apresentam acidez muito similar<br />

(Tabela <strong>II</strong>.28). No entanto, estas diferenças não se refletiram no calor de adsorção<br />

utilizando amônia ou piridina, o que levou os autores a questionarem o uso de<br />

microcalorimetria como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>.<br />

Tabela <strong>II</strong>.28: Resultados do craqueamento do n-hexano sobre metalosilicados<br />

[138]<br />

Amostra TOF x 10 -3 (700K)<br />

H[Al]ZSM5 1.3<br />

H[Ga]ZSM5 1.48<br />

H[Fe]ZSM5 0.048<br />

Enquanto as formas H[Ga]ZSM5 e H[Al]ZSM5 possuem proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s<br />

similares [138] é conhecido que a substituição com bora (H[B]ZSM5) acarreta uma<br />

acidez extremamente baixa, sendo proposto, inclusive, que a ativi<strong>da</strong>de destas<br />

peneiras moleculares seja oriun<strong>da</strong> de impurezas de Al presentes nos reagentes e<br />

incorporados à estrutura [126].<br />

91


<strong>II</strong>.2.5. Envenenamento seletivo dos sítios ácidos com<br />

uso de bases nitrogena<strong>da</strong>s.<br />

Em uma zeólita (ou outro sólido ácido) podem ser encontrados sítios ácidos de<br />

diferentes forças. A contribuição de ca<strong>da</strong> tipo de sítio para a ativi<strong>da</strong>de pode ser<br />

modela<strong>da</strong> com base na metodologia denomina<strong>da</strong> de “análise regional”, como sendo<br />

[168] :<br />

k = Σ ki. ni (<strong>II</strong>.35)<br />

Onde: k = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação<br />

ki = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação para um sítio do tipo i<br />

i = número de sítios do tipo i<br />

Teoricamente, existe a possibili<strong>da</strong>de de, escolhendo-se as condições<br />

adequa<strong>da</strong>s de reação (ex: temperatura) e uma base nitrogena<strong>da</strong> de força adequa<strong>da</strong>,<br />

envenenar seletivamente os sítios ácidos mais fortes permitindo, no entanto, que as<br />

reações ocorram sobre os sítios ácidos de menor força. Tal abor<strong>da</strong>gem é a base de<br />

um método de determinação <strong>da</strong> acidez denominado “titulação catalítica” [139][140].<br />

No método de “titulação catalítica” [140] determina-se o teor de uma base<br />

requeri<strong>da</strong> para envenenar os sítios ácidos que catalisam uma reação modelo<br />

escolhi<strong>da</strong>. Por meio do gráfico <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de versus o teor de base adiciona<strong>da</strong>,<br />

determina-se o número de sítios ácidos, enquanto a força áci<strong>da</strong> é determina<strong>da</strong> pelo<br />

tipo de base nitrogena<strong>da</strong> utiliza<strong>da</strong>. Um exemplo desta técnica de caracterização <strong>da</strong><br />

acidez é apresentado na Figura <strong>II</strong>.64, onde se utiliza<strong>da</strong> a reação de craqueamento do<br />

cumeno a 425 o C com teores crescentes de diferentes bases nitrogena<strong>da</strong>s [140].<br />

Um outro efeito decorrente <strong>da</strong> presença de aminas na carga de reação é o<br />

sugerido por Beran e Klinowski [167]. Estes autores, utilizando modelagem molecular,<br />

concluíram que a adsorção de NH3 em um sítio ácido reduz a acidez dos grupos OH -<br />

adjacentes. No entanto o efeito seria cerca de 5 vezes menor do que a redução de<br />

força áci<strong>da</strong> associa<strong>da</strong> a introdução de cátions Na + .<br />

92


Figura <strong>II</strong>.64 Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do cumeno a 425 o C para diversos teores de<br />

bases nitrogena<strong>da</strong>s adiciona<strong>da</strong>s (1=quinolina; 2=quinaldina; 3=pirol; 4=piperidina; 5=<br />

decil-amina e 6=anilina) [140].<br />

<strong>II</strong>.3. Métodos para caracterização <strong>da</strong> acidez<br />

Na presente seção é feito um breve resumo <strong>da</strong> literatura sobre dois métodos de<br />

caracterização <strong>da</strong> acidez de zeólitas, utilizados na presente tese (TPD de amônia e<br />

craqueamento do n-hexano).<br />

<strong>II</strong>.3.1. Temperatura programa<strong>da</strong> de dessorção de NH3 (TPDA).<br />

Uma completa descrição <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s superficiais de um sólido<br />

envolve a determinação <strong>da</strong> força, do número e do tipo de sítio ácido (Bronsted ou<br />

Lewis). A literatura apresenta várias revisões sobre métodos de determinação <strong>da</strong><br />

acidez e proprie<strong>da</strong>des áci<strong>da</strong>s de numerosos sólidos [126][141][142][143]. Dentre os<br />

diversos métodos existentes para medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez, os mais utilizados para zeólitas<br />

são a espectroscopia de IR, medi<strong>da</strong>s calorimétricas e a temperatura programa<strong>da</strong> de<br />

dessorção de bases, especialmente amônia (TPDA).<br />

93


A importância <strong>da</strong> técnica de TPDA pode ser avalia<strong>da</strong> considerando-se que: a)<br />

A publicação de aproxima<strong>da</strong>mente 1500 artigos entre 1967 e 1989 utilizando a técnica<br />

de TPDA [144]; b) Sua padronização com uma <strong>da</strong>s técnicas fun<strong>da</strong>mentais para<br />

caracterização de catalisadores no Japão [145]; c) Sua padronizaçã pela ASTM<br />

[D4824-88].<br />

Embora amplamente utiliza<strong>da</strong>, para obtenção do número e <strong>da</strong> força dos sítios<br />

ácidos na literatura, a técnica de TPDA é sujeita a inúmeras restrições. Alguns pontos<br />

que merecem destaque são:<br />

• A técnica de TPDA não permite a distinção entre sítios ácidos de Bronsted ou<br />

Lewis, uma vez que a amônia adsorve sobre ambos os sítios. Para<br />

discriminação entre os dois tipos de sítios, pode-se usar a técnica de<br />

espectroscopia de infravermelho (IR) de piridina adsorvi<strong>da</strong> [141] ou, como mais<br />

recentemente reportado, utilizar a 2,6-dimetil-piridina que é assumido adsorver<br />

seletivi<strong>da</strong>mente sobre os sítios ácidos de Bronsted [143].<br />

• Dependendo <strong>da</strong>s condições do TPDA ou <strong>da</strong> zeólita utiliza<strong>da</strong>, é esperado a<br />

saí<strong>da</strong> de água <strong>da</strong> estrutura cristalina. O uso de espectroscopia de massas para<br />

detecção e identificação dos compostos dessorvidos permite a determinação<br />

quantitativa do teor de amônia dessorvido, mas não evita a possível<br />

modificação na distribuição e na natureza dos sítios ácidos pela conversão de<br />

sítios de Bronsted em Lewis com a saí<strong>da</strong> de água. Uma possível solução é o<br />

uso de condições no TPDA que favoreçam a dessorção <strong>da</strong> NH3 a temperaturas<br />

bran<strong>da</strong>s, como o uso de bomba de vácuo sugeri<strong>da</strong> por Niwa e Kata<strong>da</strong> [145].<br />

• Usualmente obtém-se um pico de dessorção de amônia numa região de baixa<br />

temperatura (ex: 190 o C – 210 o C) que tem sido associado na literatura à<br />

presença de amônia fissisorvi<strong>da</strong> ou fracamente adsorvi<strong>da</strong> [145] sobre<br />

complexos do tipo Na(NH 3 )s + (s=1-6) para NaZSM5 [146]. Do ponto de vista de<br />

catálise, este teor dessorvido não tem significado físico como medi<strong>da</strong> de acidez<br />

e deve ser descontado do total de amônia dessorvido.<br />

• O valor <strong>da</strong> temperatura do máximo do perfil de dessorção não deve ser<br />

utilizado como uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita, uma vez que pode ser<br />

afetado pelo número de sítios ácidos, dentre outras variáveis [144][147].<br />

94


Uma abor<strong>da</strong>gem para determinação <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> em zeólitas, com o uso <strong>da</strong><br />

técnica de TPDA, parte do modelo básico para análise de experimentos de TPD<br />

desenvolvido originalmente por Cvetanovic e Amenomiya [148]. Este modelo assume<br />

que a readsorção <strong>da</strong> amônia ocorra livremente, o que tem sido confirmado por outros<br />

autores [141][144][145]. Com base neste modelo a temperatura máxima do pico [Tm<br />

(K)] é expressa pela equação (<strong>II</strong>.36):<br />

ln (Tm 2 / β) = (∆ H/RTm) + ln (∆H(1-θm) 2 VmVc/RAF) (<strong>II</strong>.36)<br />

onde: F = fluxo volumétrico do gás carreador (m 3 /s)<br />

Vc = volume total do sólido no reator (m 3 )<br />

Vm = moles de sítios superficiais por volume do sólido (mol/m 3 )<br />

R = constante do gás ideal (J/mol.K)<br />

∆ H = calor de adsorção (Ed - Ea) J/mol<br />

A = fator pré-exponencial para a dessorção<br />

β = taxa de aquecimento (K/s )<br />

θm<br />

= recobrimento <strong>da</strong> amônia no valor de Tm<br />

Realizando-se vários ensaios de TPDA com diferentes taxas de aquecimento e<br />

com as demais condições constantes, pode-se obter um gráfico de ln(Tm 2 /β) versus<br />

1/Tm, o que permite obter o valor do calor de adsorção (∆H ), que por sua vez pode<br />

ser considerado como um valor médio <strong>da</strong> força de adsorção <strong>da</strong> amônia, ou seja, <strong>da</strong><br />

força áci<strong>da</strong> [149].<br />

Niwa e Kata<strong>da</strong> [145] propuseram a determinação <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> média com<br />

uma única medi<strong>da</strong> de TPDA. Numa modificação <strong>da</strong> expressão (<strong>II</strong>.36) obtém-se:<br />

lnTm – ln(AoW/F) = ∆ H/RTm + ln β[(1-θm) 2 (∆ H-RTm)]/ [Poexp(∆S/R)] (<strong>II</strong>.37)<br />

Onde o valor de ∆S (variação na entropia de adsorção) pode ser assumido<br />

como sendo de 150 J/K.mol, uma vez que este valor não difere significativamente<br />

utilizando-se zeólitas HZSM5 com várias razões Si/Al, mordenita ou ferrierita. Desta<br />

forma, num único experimento determina-se ∆H com base na equação <strong>II</strong>.37.<br />

95


Mais freqüentemente o TPDA é utilizado para determinação relativa <strong>da</strong><br />

distribuição de força dos sítios ácidos entre diversos catalisadores, decompondo-se o<br />

perfil de dessorção em sítios “arbitrariamente” definidos como fracos, médios e fortes<br />

e medindo-se a área dos picos ao invés <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> temperatura máxima do pico.<br />

A área do perfil completo permite obter o número de sítios ácidos totais. Alguns<br />

exemplos desta abor<strong>da</strong>gem são apresentados na literatura:<br />

Taylor e Petty [150] utilizaram o TPDA para a comparação de zeólitas SAPO11,<br />

USY, mordenita, SDUSY, Beta e ZSM-5 utilizando as seguintes condições: a) As<br />

amostras foram equilibra<strong>da</strong>s com a umi<strong>da</strong>de ambiente antes do teste e o valor de<br />

per<strong>da</strong> de água a 538 o C foi utilizado para corrigir a massa <strong>da</strong>s amostras; b) Amostras<br />

contendo 100-130 mg foram pré-trata<strong>da</strong>s em fluxo de hélio (20 cm 3 /min) com taxa de<br />

10 o C/min <strong>da</strong> temperatura ambiente até 538 o C e manti<strong>da</strong>s nesta temperatura por uma<br />

noite. As amostras foram então resfria<strong>da</strong>s até 175 o C e satura<strong>da</strong>s com amônia pela<br />

passagem de uma mistura de 5% de NH3 em hélio por 30 minutos. A seguir a amostra<br />

foi purga<strong>da</strong> por 1 hora a 175 o C com fluxo de hélio (20 cm 3/ min). A seguir a<br />

temperatura <strong>da</strong> amostra foi reduzi<strong>da</strong> para 75 o C e a amônia foi dessorvi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

superfície utilizando-se programação linear com 10 o C/min até 650 o C. A área sobre a<br />

curva entre 75 o C- 500 o C foi utiliza<strong>da</strong> para a determinação <strong>da</strong> acidez total. Para a<br />

obtenção <strong>da</strong> distribuição de força áci<strong>da</strong>, o perfil de dessorção foi ajustado utilizando-se<br />

3 picos com máximos entre 269-280 o C, 345-387 o C, 442-539 o C assinalados como<br />

sendo sítios fracos, médios e fortes respectivamente.<br />

Ratnasamy et alii [151] utilizaram o TPDA para caracterização de HZSM-5 e de<br />

HBZSM-5 (incorporação de B na estrutura de ZSM-5). Três picos centrados em<br />

100 o C, 200 o C e 450-500 o C foram observados para HZSM-5. Correlações entre o<br />

número de sítios ácidos fortes (máximo a 450 - 500 o C) e ativi<strong>da</strong>de para isomerização<br />

de o-xileno e craqueamento de n-hexano foram reporta<strong>da</strong>s na literatura. O perfil de<br />

TPDA sobre as amostras de HBZSM-5 mostrou ausência do pico entre 450-500 o C e o<br />

aparecimento de um pico com máximo entre 300-350 o C.<br />

Um perfil de TPDA típico de uma zeólita HZSM5 apresenta ao menos dois<br />

picos, um denominado de baixa temperatura (LT) em torno de 100 o C e outro<br />

denominado de alta temperatura (400 – 500 o C).<br />

96


<strong>II</strong>.3.2. Uso de reações modelo<br />

Como mostrado por Benesi e Winquist [143], a acidez superficial de um<br />

catalisador pode ser obti<strong>da</strong> <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> taxa de uma reação modelo que seja<br />

catalisa<strong>da</strong> por sítios ácidos. A justificativa é basea<strong>da</strong> na relação de Arrhenius:<br />

R = Ae -E/RT (<strong>II</strong>.38)<br />

Em condições adequa<strong>da</strong>s, o fator de freqüência (A) será diretamente<br />

proporcional à concentração de sítios ácidos e à energia de ativação (E) incluirá um<br />

termo de energia que representará a força áci<strong>da</strong>. Se a cinética for suficientemente<br />

simples, o número de sítios ativos por uni<strong>da</strong>de de área poderá ser calculado a partir do<br />

fator de freqüência (A) por meio <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> taxa absoluta. Considerando-se uma<br />

reação unimolecular de ordem zero catalisa<strong>da</strong> por sítios ácidos, a taxa de reação será<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

R = Cs (kT/h) e -E/RT (<strong>II</strong>.39)<br />

Onde Cs é a concentração de sítios ativos por uni<strong>da</strong>de de área, k é a constante<br />

de Boltzmann e h é a constante de Planck. Das equações <strong>II</strong>.38 e <strong>II</strong>.39 teremos a<br />

concentração absoluta dos sítios ácidos <strong>da</strong>do por:<br />

Cs= hA/kT (<strong>II</strong>.40)<br />

Freqüentemente no entanto, as taxas de reação de compostos modelos são<br />

utiliza<strong>da</strong>s para determinar a acidez relativa, ao invés do valor absoluto de acidez<br />

superficial.<br />

Num caso geral, tanto o número, como a força dos sítios ácidos, varia de um<br />

catalisador para outro. Um método elegante para determinação tanto do número como<br />

<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>, utilizando-se reações com compostos modelos, é o método<br />

denominado de titulação catalítica [143]. Este método se baseia na obtenção <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de catalítica de uma reação modelo enquanto a concentração superficial de um<br />

composto fortemente adsorvido sobre os sítios ácidos (usualmente uma amina, como<br />

a quinolina) é aumenta<strong>da</strong> progressivamente (através de pulsos ou de forma contínua).<br />

97


A densi<strong>da</strong>de de sítios ácidos pode ser obti<strong>da</strong> quantificando-se o total do “veneno”<br />

injetado, necessário para obter uma ativi<strong>da</strong>de nula (ou estacionária em certas<br />

circunstâncias). Por sua vez, a força dos sítios ácidos pode ser obti<strong>da</strong> repetindo-se o<br />

procedimento com o uso de diferentes aminas.<br />

O método de titulação catalítica é recomen<strong>da</strong>do por Benesi e Winquist [143]<br />

como método prático de estu<strong>da</strong>r, em condições próximas a real, tanto o número como<br />

a força dos sítios ácidos. No entanto, o método é sujeito a várias dificul<strong>da</strong>des<br />

experimentais, tais como: a) A base pode adsorver sobre sítios ativos bem como sítios<br />

inativos para a reação (ex: Bronsted e Lewis) e b) É necessário utilizar técnicas para<br />

otimizar a redistribuição <strong>da</strong> molécula básica nos sítios ácidos, como utilizando um<br />

tempo adequado entre os pulsos ou a elevação <strong>da</strong> temperatura por um tempo curto<br />

após o pulso do veneno.<br />

Um método mais simples, do que o <strong>da</strong> titulação catalítica para determinação <strong>da</strong><br />

acidez de Bronsted, baseia-se na medi<strong>da</strong> de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão de um reagente<br />

escolhido (composto modelo), seguindo-se alguns critérios, tais como [152][153] :<br />

• A reação deve ocorrer somente sobre sítios de Bronsted sem a<br />

participação de sítios básicos, de sítios ácidos de Lewis ou outros<br />

mecanismos, como os via radicais livres.<br />

• Os reagentes, ou os produtos não devem causar modificação na acidez<br />

do catalisador nas condições testa<strong>da</strong>s. Como exemplos temos as<br />

reações de desidratação de álcoois, onde a água, que é produto <strong>da</strong><br />

reação, pode afetar a acidez. Outro exemplo seriam as reações onde a<br />

taxa de formação de coque seja eleva<strong>da</strong>.<br />

• O reagente deve ser escolhido em função <strong>da</strong> força do sítio que se<br />

deseja medir (Tabela <strong>II</strong>.29).<br />

98


Tabela <strong>II</strong>.29: reações utiliza<strong>da</strong>s para caracterização <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> em sólidos ácidos.<br />

a= reações bimoleculares [152].<br />

Reagente T. ( o C) Reação<br />

3,3- dimetil-1-buteno 200 isomerização estrutural<br />

Ciclohexeno 200 isomerização estrutural, transferência de hidrogênio (a)<br />

2,2,4-trimetilpentanto 350 craqueamento<br />

2,4-dimetilpentano 350 isomerização, craqueamento<br />

2-metilpentano 400 isomerização, craqueamento<br />

n-hexano 400 isomerização, craqueamento<br />

o-xileno 350 isomerização, desproporcionamento (a)<br />

1,2,4-trimetilbenzeno 350 isomerização, desproporcionamento (a)<br />

De maneira ideal, uma reação modelo, utiliza<strong>da</strong> para caracterizar a acidez de<br />

um catalisador, deveria apresentar uma correlação entre a ativi<strong>da</strong>de catalítica média<br />

em condições similares às utiliza<strong>da</strong>s na reação de interesse e o número total de sítios<br />

ácidos. Algumas <strong>da</strong>s limitações e dificul<strong>da</strong>des que a técnica apresenta seriam:<br />

• A ativi<strong>da</strong>de mensura<strong>da</strong> de uma reação é influencia<strong>da</strong> pelo número e<br />

pela força dos sítios ácidos, o que acarreta a dificul<strong>da</strong>de de isolar os<br />

efeitos associados à variação <strong>da</strong> força dos efeitos oriundos <strong>da</strong> variação<br />

do número de sítios ácidos. Um método geral, para verificar a<br />

importância <strong>da</strong> força em relação ao número de sítios, é medir a energia<br />

de ativação <strong>da</strong> reação. “Mu<strong>da</strong>nças significativas” na energia de<br />

ativação, correspondem a mu<strong>da</strong>nças na natureza dos sítios, isto é, a<br />

alterações na força áci<strong>da</strong>;<br />

• As reações podem estar sendo controla<strong>da</strong>s pela etapa de difusão,<br />

levando a desvios significativos em relação a media intrínseca <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de.<br />

• A taxa de reação pode ser afeta<strong>da</strong> pela estrutura zeolítica, fazendo<br />

com que o efeito <strong>da</strong> acidez seja mascarado.<br />

Dentre as diversas reações reporta<strong>da</strong>s na literatura para caracterização <strong>da</strong><br />

acidez temos:<br />

99


• A Isomerização do n-butano para iso-butano é normalmente utiliza<strong>da</strong> como<br />

critério de verificação se um sólido possui superacidez, uma vez que esta<br />

reação não é catalisa<strong>da</strong> por ácido sulfúrico 100%. Com base neste critério<br />

considera-se que ZrO2-SO4 2- , TiO2-SO4 2- e Fe2O3-SO4 2- sejam superácidos,<br />

pois estes sólidos podem catalisar a reação de butano para isobutano em<br />

temperaturas entre 20 a 50 o C [126].<br />

• O craqueamento do n-hexano é uma <strong>da</strong>s reações mais utiliza<strong>da</strong>s para<br />

caracterização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e seletevi<strong>da</strong>de em catalisadores de FCC. Em<br />

zeólitas do tipo ZSM-5 a taxa de reação medi<strong>da</strong> a 538 o C (denominado teste α)<br />

é linearmente dependente do conteúdo de alumínio tetraédrico, levando a<br />

conclusão que os sítios ácidos na zeólita H-ZSM-5 têm a mesma ativi<strong>da</strong>de. No<br />

entanto, quando submeti<strong>da</strong> a “steaming”, a ativi<strong>da</strong>de destes sítios aumenta na<br />

ordem de 45 a 75 vezes, sendo este fato explicado pela interação de espécies<br />

de alumínio fora <strong>da</strong> rede com os sítios ácidos restantes [120]. Foi observado<br />

que a formação destes sítios de força áci<strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> na zeólita H-ZSM-5 é<br />

dependente <strong>da</strong> temperatura de pré-tratamento em atmosfera de ar seco,<br />

ocorrendo um máximo na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano e do<br />

propano na temperatura de pré-tratamento de 580 o C [122]. Com base no<br />

mecanismo reacional, Lukyanov [153][154] propôs o uso <strong>da</strong> taxa de formação<br />

do isobutano com valores de conversão do n-hexano inferiores a 4% e a 400<br />

o<br />

C como sendo um método quantitativo para determinação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de<br />

transferência de hidrogênio em zeólitas.<br />

• A conversão do metil-ciclo-hexeno foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por vários pesquisadores<br />

como reação modelo para caracterização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de transferência de<br />

hidrogênio em catalisadores de FCC. Uma limitação é que, para evitar a rápi<strong>da</strong><br />

desativação, a temperatura escolhi<strong>da</strong> para os experimentos se situa em torno<br />

de 250 o C, que é uma temperatura bem mais baixa do que as temperaturas<br />

tipicamente utiliza<strong>da</strong>s no processo de FCC [155].<br />

• O craqueamento do cumeno tem sido utilizado desde 1956 para<br />

caracterização <strong>da</strong> acidez [156]. Apesar de muito utiliza<strong>da</strong>, esta reação está<br />

sujeita a numerosa controvérsia na literatura para o seu uso como reação<br />

modelo de caracterização <strong>da</strong> acidez, como por exemplos: a) Corma e<br />

Wojwechowski [156] relatam 17 expressões cinéticas para esta reação<br />

100


ocorrendo sobre zeólitas e sílica-aluminas, o que coloca em dúvi<strong>da</strong> o uso de<br />

expressões simplifica<strong>da</strong>s para determinação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ; b) Alguns autores<br />

observam a formação de vários produtos primários, além de benzeno e<br />

propeno, defendendo a participação de sítios ácidos de Lewis na formação de<br />

alguns destes produtos [156]; c) A reação parece ser específica para<br />

caracterizar uma pequena fração dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong> [157].<br />

• A ativi<strong>da</strong>de catalítica de desidratação do álcool isopropílico para propileno (Rp)<br />

é proporcional à acidez do catalisador (Taxa = K1. Acidez) , enquanto que a<br />

ativi<strong>da</strong>de de desidrogenação do álcool isopropílico para acetona (Ra) é<br />

proporcional à acidez e à basici<strong>da</strong>de do catalisador ( Taxa = K2. Acidez .<br />

Basici<strong>da</strong>de) [141]. Desta forma pode se obter tanto a acidez do catalisador<br />

(Acidez = Rp/K1) quanto a sua basici<strong>da</strong>de (Basici<strong>da</strong>de = K2 . Ra/Rp). Este<br />

método não é recomen<strong>da</strong>do para a caracterização de sólidos com eleva<strong>da</strong><br />

basici<strong>da</strong>de, como La2O3 e ThO2, uma vez que os sítios básicos fortes catalisam<br />

a desidratação dos álcoois [141] ou quando utilizando catalisadores sensíveis à<br />

modificação <strong>da</strong> acidez pela água produzi<strong>da</strong> durante a reação.<br />

O uso de reações modelo para caracterização de acidez encontra ain<strong>da</strong><br />

aplicações em casos específicos, tais como a determinação <strong>da</strong> acidez externa de<br />

zeólitas. Neste caso, faz-se uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de de seletivi<strong>da</strong>de de forma, utilizando-se<br />

um reagente que, devido as suas dimensões, não penetre no interior dos poros. Como<br />

exemplo tem-se o uso do 1,3,5-trimetilbenzeno (TMB) para a caracterização <strong>da</strong> acidez<br />

externa de zeólitas do tipo ZSM5 [158].<br />

Uma <strong>da</strong>s grandes dificul<strong>da</strong>des para a determinação <strong>da</strong> acidez de catalisadores<br />

bifuncionais utilizando compostos modelos é eliminar o efeito <strong>da</strong> função metálica.<br />

Guisnet [153] revisa algumas reações propostas: a) O desproporcionamento do<br />

etilbenzeno em presença de hidrogênio apresenta a questão controversa do efeito<br />

inibidor do hidrogênio na ativi<strong>da</strong>de, existindo a proposta desta ação ser devido à<br />

diminuição <strong>da</strong> acidez ou <strong>da</strong> redução do teor de intermediários carbênios e b) O<br />

craqueamento do n-hexano em ausência de hidrogênio apresenta a questão<br />

controversa <strong>da</strong> possível participação de espécies olefínicas gera<strong>da</strong>s sobre os sítios<br />

metálicos. O envenenamento dos sítios metálicos (ex: com S) por sua vez, pode<br />

alterar a acidez, uma vez que é conheci<strong>da</strong> que ocorre uma forte interação entre os<br />

sítios metálicos e os sítios ácidos de catalisadores zeolíticos.<br />

101


<strong>II</strong>.4. Síntese e proprie<strong>da</strong>des de [Fe]HZSM5<br />

De forma a fun<strong>da</strong>mentar a síntese e a caracterização <strong>da</strong> zeólita do tipo ZSM5<br />

contendo ferro em sua estrutura (representado como sendo H[Fe]ZSM5 – seção<br />

<strong>II</strong>I.1.4.), realizou-se uma breve revisão sobre suas proprie<strong>da</strong>des e condições de<br />

síntese.<br />

Brabec e colaboradores [159] utilizaram as técnicas de TPD de amônia, TPR,<br />

FTIR de acetonitrila, ESR e as reações de desidrogenação oxi<strong>da</strong>tiva do etano e<br />

aromatização do etano e do eteno para caracterizar amostras de H[Fe]ZSM5 e<br />

Fe/ZSM5 prepara<strong>da</strong>s por síntese direta, por modificação <strong>da</strong> boralita, por troca iônica<br />

ou impregnação em meio aquoso e por reação em estado sólido de HZSM5 com<br />

compostos de ferro. Segundo os autores:<br />

• Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para o TPR observou-se a redução do ferro<br />

presente na estrutura como Fe 3+ em temperaturas acima de 800 o C e de<br />

espécies de óxido de ferro presentes fora <strong>da</strong> estrutura na faixa de 400 a<br />

800 o C (Figura <strong>II</strong>.65).<br />

• Por TPR e EPR foi visto que o Fe foi introduzido na estrutura somente pela<br />

rota de síntese direta em meio isento de álcalis ou em meio contendo<br />

fluoreto. O perfil de TPR indica uma maior quanti<strong>da</strong>de de Fe fora <strong>da</strong><br />

estrutura para rota fluoreto (Figura <strong>II</strong>.65 – consumo de hidrogênio abaixo de<br />

800 o C).<br />

• Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para o TPD, as amostras de HZSM5 troca<strong>da</strong>s ou<br />

impregna<strong>da</strong>s com Fe 3+ apresentaram um máximo a baixa temperatura<br />

(


Figura <strong>II</strong>.65: Perfis de TPR para amostras de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s em meio isento de<br />

álcalis (1B) ou em meio contendo fluoreto (3C). São ain<strong>da</strong> apresentados os perfis para<br />

uma amostra de HZSM5 troca<strong>da</strong> no estado sólido com nitrato de ferro (5Db), do oxido<br />

de ferro puro e de uma boralita (Si/B=11) aquecido em autoclave com solução aquosa<br />

de nitrato de ferro (10A) [159].<br />

Figura <strong>II</strong>.66: Perfis de TPD para amostras de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s em meio isento de<br />

álcalis (1C) e em meio contendo fluoreto (3C) [159].<br />

103


Gusman e colaboradores [160] estu<strong>da</strong>ram o efeito do uso de uma fonte de<br />

sílica coloi<strong>da</strong>l (Ludox AS) ou em forma de pó sobre as proprie<strong>da</strong>des de [Fe]ZSM5<br />

(Si/Fe=30.0). A cristalização foi efetua<strong>da</strong> em condições hidrotérmicas a 190 o C por 24<br />

horas utilizando uma mistura de NH4OH, Fe(NO3)3.9H2O, TPA-Br e a fonte de sílica<br />

(Ludox ou SiO2). Não foram observa<strong>da</strong>s diferenças no difratograma de raios X<br />

utilizando as duas fontes de sílica (Figura <strong>II</strong>.67). Ambas as amostras foram<br />

identifica<strong>da</strong>s como sendo do tipo ZSM5. No entanto, por microscopia de transmissão<br />

eletrônica (TEM), observou-se que a amostra prepara<strong>da</strong> com sílica coloi<strong>da</strong>l era<br />

constituí<strong>da</strong> de uma fase pura de [Fe]ZSM5, enquanto a amostra prepara<strong>da</strong> com o uso<br />

de SiO2 era constituí<strong>da</strong> de uma mistura de silicalite e zeólita do tipo [Fe]ZSM5.<br />

Figura <strong>II</strong>.67: DRX de amostras de ZSM5 (c) e de [Fe]ZSM5 sintetiza<strong>da</strong>s com sílica<br />

coloi<strong>da</strong>l (Cs) e sílica em pó (SP) [160]<br />

Borade [161] estudou a cinética de cristalização de [Fe]ZSM5. As amostras<br />

foram prepara<strong>da</strong>s pela adição de uma solução aquosa de Fe2(SO4)3.6H2O sobre uma<br />

solução de silicato de sódio e TPABr. O pH foi ajustado pela adição de H2SO4 diluído.<br />

A mistura foi agita<strong>da</strong> por 30 minutos e a seguir leva<strong>da</strong> autoclava<strong>da</strong> em diversas<br />

temperaturas de 140, 160 e 180 o C. O tempo de síntese para se obter cristalinili<strong>da</strong>de<br />

em torno de 100% variou com a temperatura de síntese, tendo sido de 24, 16 e 10 h<br />

104


para temperaturas de 140, 160 e 180 o C, respectivamente. O autor observou ain<strong>da</strong><br />

que: a) a estabili<strong>da</strong>de térmica dos ferrosilicatos é superior a 600 o C nas condições<br />

testa<strong>da</strong>s por TG e DTA e b- a força dos sítios ácidos dos ferrosilicados (Tmax ≈ 357 o C)<br />

é inferior a <strong>da</strong> zeólita ZSM5 (Tmax ≈ 527 o C) por TPD de amônia.<br />

Kim e Ahn [162] investigaram o efeito <strong>da</strong> razão Si/Fe, <strong>da</strong> temperatura de<br />

reação, do tempo de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional e do tempo de cristalização.<br />

Estes autores observaram que:<br />

• Ocorre um aumento na taxa de cristalização com o aumento <strong>da</strong> razão<br />

SiO2/Fe2O3 de síntese (na faixa estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de SiO2/Fe2O3 foi entre 50 a 300<br />

(molar)).<br />

• Observa-se um rápido aumento na taxa de cristalização e uma redução no<br />

tamanho dos cristalitos, quando se envelhece a mistura reacional a<br />

temperatura ambiente (30 o C) por 1 a 2 dias.<br />

Szostak e colaboradores [163] observaram que a estabili<strong>da</strong>de térmica e<br />

hidrotérmica do ferro é inferior a estabili<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> para o alumínio na estrutura<br />

<strong>da</strong> zeólita ZSM5. Devido a baixa estabili<strong>da</strong>de do ferro na estrutura, vários autores<br />

sugerem que uma amostra de [Fe]ZSM5 cui<strong>da</strong>dosamente calcina<strong>da</strong> em fluxo de ar<br />

apresenta coloração branca, enquanto o aparecimento de tonali<strong>da</strong>des marrons indica<br />

a presença de espécies de óxido de ferro fora <strong>da</strong> rede [ex:[159].<br />

Segundo a literatura várias técnicas de caracterização podem ser utiliza<strong>da</strong>s<br />

para evidenciar a presença de Fe na estrutura <strong>da</strong> zeólita ZSM5 e/ou espécies de Fe<br />

não estruturais:<br />

• Por TPR o Fe presente na estrutura se reduz a temperaturas mais<br />

eleva<strong>da</strong>s (> 800 o C) do que espécies de óxido de ferro eventualmente<br />

presentes [160] (Figura <strong>II</strong>.66).<br />

• A introdução de Fe na estrutura causa uma expansão <strong>da</strong> célula unitária<br />

vista por DRX devido ao comprimento de ligação Fe-O (1.84 o A) ser<br />

maior do que o comprimento de ligação Al-O (1.60 o A) [162][163]<br />

(Figura <strong>II</strong>.68). No entanto para baixos teores de ferro presentes este<br />

105


comportamento pode não ser observado, como indicado por Ribera e<br />

colaboradores com o uso de FeZSM5 com Fe/Si = 152 [164].<br />

Figura <strong>II</strong>.68: Expansão do volume <strong>da</strong> célula unitária de estruturas [Fe]ZSM5 com a<br />

razão molar SiO2/Fe2O3 ο= silicalite (com SiO2/Al2O3 = 1600) [163].<br />

Por ESR observa-se: a- um sinal a g ≅ 4.3 associado a presença de Fe na<br />

estrutura; b- um sinal intenso centrando em g ≅ 2.0 - 2.3 associado a presença de Fe<br />

3+ em coordenação octaédrica relacionado a presença de espécies de hidróxido/óxido<br />

ou como íons isolados em posições de troca iônica [165][166].<br />

106


<strong>II</strong>I. Materiais e Métodos<br />

<strong>II</strong>I.1. Preparo de catalisadores<br />

Os catalisadores estu<strong>da</strong>dos no presente trabalho podem ser agrupados nas<br />

categorias abaixo:<br />

• Zeólita HZSM5 modifica<strong>da</strong> por cátions (Li + , Ca 2+ e La 3+ );<br />

• Zeólitas H-βeta e HUSY modifica<strong>da</strong>s por Li + ;<br />

• zeólitas HZSM5 e H-βeta modifica<strong>da</strong>s por fósforo;<br />

• Zeólita H[Fe]ZSM5;<br />

• Pt/Al2O3;<br />

• Catalisadores comerciais.<br />

Os respectivos métodos de preparo são descritos a seguir:<br />

<strong>II</strong>I.1.1. Preparo de Ca-HZSM5, Li-HZSM5 e La-HZSM5<br />

A amostra Ca-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> por troca iônica de uma amostra de<br />

HZSM5 comercial (Degussa, KM 607, SiO2 = 95.4 %p/p; Al2O3 = 4.46 %p/p; Na2O <<br />

0.05% p/p), utilizando-se uma solução aquosa 1M de Ca(NO3)2.4H2O (Aldrich, ><br />

99%p/p) sob refluxo por 4 horas e com razão massa <strong>da</strong> solução/ massa de zeólita de<br />

10. Seguiu-se a lavagem com água desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 horas a 130 -<br />

140 o C e calcinação em ar estático a 450 o C por 4.5 horas. O pH inicial <strong>da</strong> suspensão<br />

foi de 7.10 e o final de 2.90 mostrando a ocorrência de troca iônica.<br />

A amostra La-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> amostra de HZSM5 comercial<br />

(Degussa KM 607) descrita acima. A introdução de lantânio foi efetua<strong>da</strong> por 4 trocas<br />

iônicas sucessivas sob refluxo com duração de 4h ca<strong>da</strong> uma, utilizando-se uma<br />

solução aquosa 0.23 M de La(NO3)3.6H2O (Aldrich) e razão entre a massa de<br />

solução/massa de zeólita de 20. Seguiu-se a etapa de lavagem com água<br />

desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 h a 130-140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5 horas.<br />

107


O pH inicial <strong>da</strong> suspensão foi de aproxima<strong>da</strong>mente 4.0 e o pH final ficou na faixa de<br />

2.5 a 3.5.<br />

A amostra de Li-HZSM5 foi prepara<strong>da</strong> também a partir <strong>da</strong> amostra de HZSM5<br />

comercial (Degussa KM 607) descrita acima. A introdução de lítio foi efetua<strong>da</strong> por 2<br />

(ou 4) trocas iônicas sucessivas à temperatura ambiente com duração de 2 horas<br />

ca<strong>da</strong>, utilizando-se solução aquosa 1M de LiNO3 (VETEC; > 95 %p/p) com razão entre<br />

a massa de solução/massa de zeólita de 10. Seguiu-se a etapa de lavagem com água<br />

desmineraliza<strong>da</strong>, secagem por 24 h a 130-140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5h. O<br />

pH inicial <strong>da</strong> suspensão foi de 2.9 e o pH final de aproxima<strong>da</strong>mente 3.0<br />

As condições de troca iônica utiliza<strong>da</strong>s se basearam em alguns critérios<br />

qualitativos: a) O Li por ser um cátion pequeno tem boa facili<strong>da</strong>de de troca iônica. Uma<br />

vez que o pH <strong>da</strong> suspensão inicial observado foi significativamente ácido (2.9), optouse<br />

por realizar as trocas iônicas a temperatura ambiente para evitar possíveis<br />

alterações na amostra (ex: dessaluminização); b) O La por ser um cátion grande tem<br />

maior dificul<strong>da</strong>de de troca iônica, neste caso optou-se por realizar as trocas iônicas<br />

sobre refluxo, mas utilizando uma concentração molar do cátion de somente 0.23 M<br />

(versus 1 M para as trocas iônicas com Ca e Li) de forma a se ter um pH moderado (o<br />

pH <strong>da</strong> suspensão inicial foi 4.0); c) Uma vez que o pH <strong>da</strong> suspensão inicial com a<br />

solução contendo a zeólita e o cátion Ca foi próximo a neutrali<strong>da</strong>de (7.10), optou-se<br />

pelo uso de refluxo para se ter um maior nível de troca. Estas condições obviamente<br />

não estão otimiza<strong>da</strong>s e como sugestão para futuros trabalhos (seção VI) sugere-se o<br />

estudo sistemático do efeito do grau de troca iônica sobre a ativi<strong>da</strong>de e seletivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s reações de hidroisomerização.<br />

<strong>II</strong>I.1.2. Preparo de Li-Hβ e Li-HUSY<br />

O método utilizado foi idêntico à preparação de Li-HZSM5. Utilizou-se amostras<br />

comerciais de Hβ (SudChemie H-β25) e HUSY (Zeolyst, CBV 720, SiO2/Al2O3 = 30,<br />

Na2O < 0.03 %p/p, 780 m 2 /g e tamanho de célula unitário de 24,28 o A).<br />

108


<strong>II</strong>I.1.3. Preparo de P-HZSM5 e P-Hβeta<br />

Foram utiliza<strong>da</strong>s as amostras comerciais (HZSM5 - Degussa, KM 607 e H-β -<br />

SudChemie H-β25). A introdução do fósforo foi efetua<strong>da</strong> por impregnação com uma<br />

solução aquosa de ácido fosfórico (Grupo Química; H3PO4, > 85 %p/p, PA ), utilizandose<br />

razão entre a massa de solução/massa de zeólita de 1.0 e as concentrações<br />

necessárias para se obter os teores de P desejados no produto final. A seguir tivemos<br />

a etapa de secagem do excesso de solução a 70 o C por 1 noite sob vácuo, secagem<br />

por 24 horas a 130 - 140 o C e calcinação a 450 o C por 4.5 h. Foram prepara<strong>da</strong>s<br />

amostras de HZSM5 contendo 1, 2 e 4% de P e H-βeta contendo 0.5; 1.5; 3.0; 6.0 e<br />

8.0 %p/p de P.<br />

<strong>II</strong>I.1.4. Preparo de H[Fe]HZSM5<br />

A amostra de Na[Fe]ZSM5 foi sintetiza<strong>da</strong> com o uso de silicato de sódio<br />

(CENPES, 27.50 %p/p de SiO2; 8.54 % de Na2O, 63,96 %p/p de H2O); sulfato férrico<br />

(VETEC, Fe2(SO4)3.xH2O, > 22.4 %p/p de Fe); brometo de tetra-propil-amônio<br />

(MERCK; TPA-Br, C12H28NBr; > 99%p/p); ácido sulfúrico (Merck, 95-97%p/p) e água<br />

desmineraliza<strong>da</strong>. A composição do gel reacional em base molar foi de: Fe2O3 = 0.01;<br />

SiO2= 1; OH - = 0.26; TPABr = 0.2 e H2O = 32.<br />

Num preparo típico (para SiO2/Fe2O3 = 100) a quanti<strong>da</strong>de dos diversos<br />

reagentes utilizados foi de: 118,76 g de silicato de sódio; 28.90 g de TPABr; 2.71 g de<br />

sulfato de férrico; 311.81 g de água desmineraliza<strong>da</strong> e 7.83 g de ácido sulfúrico,<br />

obtendo-se um produto de, aproxima<strong>da</strong>mente, 25 gramas após a calcinação.<br />

Os reagentes foram adicionados a temperatura ambiente sob contínua<br />

agitação, sendo a mistura reacional envelheci<strong>da</strong> a temperatura ambiente por 24 horas<br />

sob agitação e, a seguir, leva<strong>da</strong> para autoclave revesti<strong>da</strong> com teflon durante 50 horas<br />

a 160 o C. Após este período as amostras foram filtra<strong>da</strong>s e lava<strong>da</strong>s com água<br />

desmineraliza<strong>da</strong> e, a seguir secas a 120 o C por aproxima<strong>da</strong>mente 16 horas. A<br />

calcinação para a retira<strong>da</strong> do direcionador foi efetua<strong>da</strong> com secagem prévia a 150 o C<br />

por 30 minutos, segui<strong>da</strong> de calcinação em ar estático a 450 o C por 5 h. Para obtenção<br />

<strong>da</strong> forma áci<strong>da</strong> (H-[Fe]ZSM5) foram efetua<strong>da</strong>s 3 trocas iônicas sucessivas com<br />

109


solução aquosa 10 %p/p de NH4Cl (VETEC). Ao término <strong>da</strong>s trocas, a zeólita foi<br />

lava<strong>da</strong> com água desmineraliza<strong>da</strong>, seca a 110 o C por 24 h e calcina<strong>da</strong> em ar estático<br />

por 550 o C durante 5 horas.<br />

<strong>II</strong>I.1.5. Preparo de Pt/Al2O3<br />

A mostra de Pt/Al2O3 foi prepara<strong>da</strong> por impregnação de uma alumina comercial<br />

(CCI 331-3, 230 m 2 /g, 0.7 cm3/g) com H2PtCl6.6H2O dissolvido em solução 0.2 N de<br />

ácido clorídrico, seguido de secagem em rotavapor a 50 o C por 4 horas e em estufa a<br />

100 o C por 24 horas. A calcinação foi efetua<strong>da</strong> a 450 o C (com taxa de 1 o Cmin a partir<br />

<strong>da</strong> temperatura de 100 o C) por 2 horas em ar estático. O teor final de Pt obtido por<br />

absorção atômica e a dispersão obti<strong>da</strong> por quimissorção de hidrogênio foram<br />

respectivamente, 1.2 %p/p e 43 %. A área específica <strong>da</strong> amostra foi de 215 m 2 /g com<br />

volume de poros de 0.7 cm 3 /g determinados por adsorção de nitrogênio.<br />

Esta amostra foi utiliza<strong>da</strong> para a maioria dos experimentos de<br />

hidroisomerização em mistura mecânica com o sólido ácido (zeólitas ou sólidos<br />

amorfos). As misturas mecânicas foram realiza<strong>da</strong>s por moagem manual utilizando<br />

grau e pistilo durante 15 minutos aproxima<strong>da</strong>mente.<br />

<strong>II</strong>I.1.6. Outros catalisadores<br />

Nesta seção são reportados os preparos de catalisadores que não foram<br />

estu<strong>da</strong>dos sistematicamente pelas reações de hidroisomerização (n-heptano ou ndecano),<br />

tendo sido preparados para auxiliar na discussão de algum item específico.<br />

a) Fe/HZSM5 (I): Uma amostra contendo 3% de Fe2O3 foi prepa<strong>da</strong> por<br />

impregnação ao volume de poros <strong>da</strong> zeólita HZSM5 comercial Degussa KM607,<br />

utiliza<strong>da</strong> nos preparos anteriores (<strong>II</strong>.1.1 a <strong>II</strong>.1.3), utilizando solução aquosa de<br />

Fe(NO3)3.9H2O (Merck > 99%). Após a impregnação, a amostra foi seca por 1 noite<br />

a 130 – 140 o C em estufa e, a seguir, calcina<strong>da</strong> ao ar estático a 150 o C por 1 h<br />

seguido por 4.5 h a 450 o C.<br />

110


) Fe/HZSM5 (T): Uma amostra de HZSM5 comercial (Degussa KM607) foi<br />

submeti<strong>da</strong> a troca iônica com uma solução 1 M de Fe(NO3)3.9H2O (Merck > 99%),<br />

com razão entre massa de solução/massa de zeólita de 10. Foram efetua<strong>da</strong>s 4<br />

trocas iônicas a temperatura ambiente, com duração de 2 horas em ca<strong>da</strong> etapa.<br />

hexano<br />

<strong>II</strong>I.2. Caracterização de catalisadores<br />

<strong>II</strong>I.2.1. Caracterização <strong>da</strong> acidez pelo craqueamento do n-<br />

O craqueamento do n-hexano (Aldrich, > 99.3 % com presença de metilpentano-3,<br />

metil-pentano-2 e metil-ciclo-pentano) foi realizado em uni<strong>da</strong>de de microativi<strong>da</strong>de<br />

operando a pressão atmosférica e temperaturas entre 450 e 500 o C, como<br />

ferramenta de caracterização <strong>da</strong> acidez. O n-hexano foi alimentado ao reator pela<br />

passagem de nitrogênio como gás de arraste em um saturador mantido a 2 o C.<br />

Utilizaram-se massas de catalisadores entre 0.04 a 0.2 g previamente moídos para<br />

100-150 mesh. Antes <strong>da</strong> reação os catalisadores foram pré-tratados em fluxo de<br />

nitrogênio a 150 o C por 30 minutos, seguido de patamar de 500 o C por 40 minutos. A<br />

constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação foi obti<strong>da</strong> considerando-se cinética de 1 a ordem,<br />

com os valores normalizados pela área específica obtido por adsorção de nitrogênio<br />

(BET) (Detalhes dos cálculos e estimativa do erro experimental são apresentados na<br />

seção IV.1). As curvas de iso-conversão foram obti<strong>da</strong>s pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de<br />

espacial.<br />

Experimentos típicos utilizando-se zeólitas do tipo HZSM5 foram realizados de<br />

maneira contínua e tiveram duração aproxima<strong>da</strong> de 4 horas, com a desativação sendo<br />

inferior a 5% de conversão. Experimentos utilizando-se zeólitas do tipo H-β ou HUSY<br />

tiveram duração aproxima<strong>da</strong> de 1 hora, utilizando-se o procedimento de interromper o<br />

fluxo de reagentes durante o tempo de análise cromatográfica, de forma a minimizar a<br />

desativação.<br />

111


Reagente e produtos foram analisados em linha por cromatografia gasosa. O<br />

equipamento utilizado foi um cromatógrafo HP 4890 operando com software de<br />

controle "Chemistation". As condições utiliza<strong>da</strong>s para as análises foram: a) coluna<br />

PONA (HP) de 50 m x 0.2 mm x 0.5 µm de espessura de fase; b) programação de<br />

temperatura de -20 o C por 1.40 minutos, taxa de 50 o C/min e patamar de 170 o C por 7<br />

min; c) detector de ionização de chama operando a 200 o C; d) injetor a 150 o C; e)<br />

hidrogênio como gás de arraste na pressão de 20 psi. A tabela <strong>II</strong>I.1 apresenta os<br />

tempos de retenção dos diversos produtos identificados.<br />

Tabela <strong>II</strong>I.1 - Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />

observados na reação de craqueamento do n-hexano<br />

Componente Tempo de retenção (min)<br />

Metano 2,22<br />

Eteno 2,29<br />

Etano 2,33<br />

Propeno 2,69<br />

Propano 2,73<br />

Iso-butano 3,36<br />

1buteno/iso-buteno 3,67<br />

n-butano 3,79<br />

t-buteno-2 3,93<br />

c-buteno-2 4,12<br />

Iso-pentano 4,54<br />

Pentenos 5,1-5,6<br />

2,2 dimetil-butano 5,62<br />

2,3 dimetil-butano 5,73<br />

2-metil-pentano 5,78<br />

3-metil-pentano 6,00<br />

Hexenos 6,10<br />

n-hexano 6,12<br />

Hexenos 6,13-6,3<br />

Metil-ciclo-pentano 6,34<br />

C 6+ 6.4-6.5<br />

Benzeno 6.53<br />

C 6+ 6.6-7.25<br />

Tolueno 7,31<br />

Etil-benzeno 7,98<br />

M/p-xilenos 8,03<br />

σ-xileno 8,22<br />

Aromaticos > C 9+ >8,3<br />

112


<strong>II</strong>I.2.2. Caracterização <strong>da</strong> acidez por TPDA<br />

A técnica de dessorção de amônia a temperatura programa<strong>da</strong> (TPDA) foi<br />

realiza<strong>da</strong> no equipamento TPD/TPR 2900 <strong>da</strong> Micromeritics, utilizando-se as seguintes<br />

condições: a) massa de 0.2 g e fluxo de 60 cm 3 /min de He em to<strong>da</strong>s as etapas; b) prétratamento<br />

“in-situ” a 150 o C/1h, taxa de 10 o C/min e patamar de 500 o C/1h; c)<br />

adsorção de amônia por injeção de pulsos a 150 o C; d) purga a 150 o C/1h; e)<br />

dessorção com taxa de 10 o C/min entre 150 o C até 600 o C (mantido por 1h). A<br />

deconvolução dos perfis de dessorção foi efetua<strong>da</strong> com o auxilio do programa Peak-<br />

Solve (Galactic), definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios ou fortes em<br />

função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre 200 a 300 o C,<br />

300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente.<br />

<strong>II</strong>I.2.3. Caracterização <strong>da</strong> acidez por IR de piridina<br />

Utilizou-se um espectrômetro FTIR Nicolet modelo Magma 650 com detetor do<br />

tipo MCT empregando-se pastilhas auto-suporta<strong>da</strong>s pesando entre 10 e 15 mg/cm 2 .<br />

As condições utiliza<strong>da</strong>s foram: a)pré-tratamento "in-situ" a temperatura de 480 o C sob<br />

vácuo de 10 -6 Torr por 4 h; b) obtenção do espectro de referência à temperatura<br />

ambiente; c) adsorção de piridina (4 Torr) por 15 min a temperatura ambiente, seguido<br />

de vácuo a 200 o C por 2 h e obtenção do espectro após o retorno a temperatura<br />

ambiente ; d) elevação <strong>da</strong> temperatura para 350 o C manti<strong>da</strong> por 2 horas e registro do<br />

espectro de adsorção após o retorno a temperatura ambiente. Após subtração do<br />

espectro de referência, as áreas integra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s dos sítios ácidos de Bronsted<br />

e Lewis são calcula<strong>da</strong>s usando-se o programa de computador OMNIC <strong>da</strong> Nicolet. Os<br />

cálculos são normalizados para pastilhas de 10 mg/cm 2 e a seguir corrigidos pela área<br />

específica <strong>da</strong>s amostras.<br />

113


<strong>II</strong>I.2.4.. Caracterização por TPR<br />

As amostras de H[Fe]ZSM5 foram caracteriza<strong>da</strong>s pela técnica de reduçao a<br />

temperatura programa<strong>da</strong> (TPR) utilizando o equipamento TPD/TPR 2900 <strong>da</strong><br />

Micromeritics e as seguintes condições: a) massa de 0.1 g; b) pré-tratamento em fluxo<br />

de ar sintético a 150 o C por 30 minutos seguido de patamar a 550 o C por 1; c) redução<br />

<strong>da</strong> temperatura ambiente até 1000 o C (mantido por 1hora) com taxa de 10 o C/min em<br />

fluxo de 20 ml/min de H2 (5%v/v em argônio).<br />

<strong>II</strong>I.2.5. Outras caracterizações (DRX, FRX, BET)<br />

• Os difratogramas de raios X foram obtidos em difratômetro Phillips PW<br />

1820, com radiação Cu Kα utilizando-se o método do pó (granulometria<br />

menor que 100 mesh).<br />

• A quantificação dos elementos foi obti<strong>da</strong> por fluorescência de raios X (FRX)<br />

usando-se um espectrômetro Philips PW 1407.<br />

• A análise textural <strong>da</strong>s amostras foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por adsorção-dessorção de N2<br />

a 77 K em um equipamento ASAP 2400 <strong>da</strong> Micromeritics. Antes <strong>da</strong>s<br />

análises as amostras foram submeti<strong>da</strong>s a vácuo na temperatura de 450 o C.<br />

O modelo BET (Brunauer, Emmett e Teller) foi utilizado na faixa de pressão<br />

relativa entre 0.06 a 0.20 para calcular a área específica total. Embora a<br />

vali<strong>da</strong>de do modelo BET aplicado a isotermas do tipo I (típica de materiais<br />

microporosos como zeólitas) é questionável, considera-se adequado o seu<br />

uso para propósitos comparativos [171][172]. A distribuição de poros foi<br />

calcula<strong>da</strong> com base na isoterma de adsorção usando os métodos BJH e tplot.<br />

O volume de microporos e a área específica microporosa foram<br />

calculados utilizando-se o método t-plot.<br />

• A área metálica foi obti<strong>da</strong> por adsorção de hidrogênio em equipamento<br />

ASAP 2000 C <strong>da</strong> Micromeritics.<br />

• A análise de superfície por espectroscopia XPS, foi efetua<strong>da</strong> em um<br />

espectrômetro Escalab MK <strong>II</strong>, excitando-se as amostras com fótons de<br />

1486,6 eV de energia <strong>da</strong> transição K de um anodo de Al operado a 10kV e<br />

10 mA. Foram analisados os elementos O, C, Al, Si e Fe através de suas<br />

linhas O1s, C1s, Al2p, Si2s, Fe2p1/2 e Fe2p3/2.<br />

114


<strong>II</strong>I.3. Testes catalíticos<br />

<strong>II</strong>I.3.1. Hidroisomerização do n-heptano<br />

A hidroisomerização do n-heptano (VETEC, >99%p/p) foi realiza<strong>da</strong> em uni<strong>da</strong>de<br />

de microativi<strong>da</strong>de, operando a pressão atmosférica, temperaturas entre 230 a 300 o C<br />

e razão molar H2/n-C7 de 56. O n-heptano foi alimentado via saturador mantido na<br />

temperatura de 2 o C por banho termostático. A massa dos catalisadores ficou entre<br />

0.04 a 0.5 g, previamente moídos para faixa granulométrica menor do que 150 mesh.<br />

Antes <strong>da</strong> reação os catalisadores foram pré-tratados em fluxo de hidrogênio a 150 o C<br />

por 30 minutos, seguido de patamar a 350 o C por 2 horas. As curvas de iso-conversão<br />

foram obti<strong>da</strong>s pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial. Para minimizar a desativação<br />

utilizou-se o procedimento de interromper o fluxo de reagentes durante o tempo de<br />

análise cromatográfica. A análise foi efetua<strong>da</strong> em linha por cromatografia gasosa (HP<br />

4890) nas seguintes condições: a) coluna PONA (HP) de 50 m x 0.2 mm x 0.5 µm de<br />

espessura de fase; b) programação de temperatura de 35 o C por 8.0 minutos, taxa de<br />

30 o C/min e patamar de 220 o C por 14 min; c) detetor de ionização de chama<br />

operando a 200 o C; d) injetor a 170 o C; e) hidrogênio como gás de arraste na pressão<br />

de 15 psi. Na tabela <strong>II</strong>I.2 podemos ver os tempos de retenção dos diversos produtos,<br />

identificados por injeção de padrões e/ou espectrometria de massas. Na maioria <strong>da</strong>s<br />

discussões, os produtos foram agrupados nas frações: a) leves ≤ C7; b) monoramificados;<br />

c) bi-ramificados e d) tri-ramificados e e) outros (não identificados).<br />

Tabela <strong>II</strong>I.2- Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />

observados na reação de hidroisomerização do n-heptano nas condições testa<strong>da</strong>s.<br />

Componente Tempo de retenção (min)<br />

C1-C2 < 3,3<br />

Propano 3,40<br />

Butanos 3,6 – 4,1<br />

Parafinas C5 4,2-5,5<br />

Parafinas C6 5,6-8,8<br />

2,2 di-metil-pentano 8,87<br />

2,4 di-metil-pentano 9,13<br />

2,3,3, tri-metil-butano 9,34<br />

3,3 di-metil-pentano 9,97<br />

2 metil-hexano 10,28<br />

2,3 di-metil-pentano 10,36<br />

3-metil-hexano 10,54<br />

3 etil-propano 10,90<br />

n-heptano 11,22<br />

> C7 >11,3<br />

115


<strong>II</strong>I.3.2. Hidroisomerização do n-decano<br />

A hidroisomerização do n-decano (Aldrich, >99%) foi realiza<strong>da</strong> a pressão<br />

atmosférica, temperaturas entre 200 a 300 o C e razão molar H2/n-C10 de 759<br />

utilizando-se os mesmos procedimentos e condições de análise cromatográficas<br />

descritos para a hidroisomerização do n-heptano (item anterior). O n-decano foi<br />

alimentado via saturador mantido na temperatura de 16,5 o C por banho termostático. O<br />

valor elevado <strong>da</strong> razão H2/n-C10 utilizado foi devido a limitações <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de<br />

microativi<strong>da</strong>de utiliza<strong>da</strong>. Uma vez que as linhas após o saturador não eram aqueci<strong>da</strong>s,<br />

optou-se pelo uso de temperatura no saturador abaixo <strong>da</strong> temperatura ambiente, de<br />

forma a garantir que não haveria condensação do reagente antes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> no<br />

reator. Na tabela <strong>II</strong>I.3 podemos ver os tempos de retenção dos diversos produtos<br />

identificados por espectrometria de massas. Nas discussões os produtos foram<br />

agrupados nas frações: a- leves ≤ C9 e b- iso-decanos.<br />

Tabela <strong>II</strong>I.3 - Tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />

identificados na hidroisomerização do n-decano.<br />

Componente<br />

< parafinas C3<br />

Butanos<br />

Tempo de retenção (min)<br />

Parafinas C5 4,2-5.5<br />

Parafinas C6 5,6-8,8<br />

Parafinas C7 9,1- 11,2<br />

Parafinas C8 11,8-13,4<br />

Parafinas C9 13,5-14,9<br />

3-metil-nonano 15,1<br />

Tri-metil-nonanos 15,22<br />

Di-metil-octanos 15,3-15,7<br />

4-etil-octano + 4-metil-nonano 15,74<br />

3-etil-octano 15,8<br />

n-decano 16,14<br />

> C10 > 16,14<br />

hepteno<br />

<strong>II</strong>I.3.3. Craqueamento seqüencial do n-heptano e do 1-<br />

Algumas corri<strong>da</strong>s exploratórias foram realiza<strong>da</strong>s com as zeólitas na forma<br />

protônica e troca<strong>da</strong>s com Li + na reação de craqueamento do n-heptano (VETEC,<br />

>99%p/p) segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> reação de craqueamento do 1-hepteno (Merck, > 96%). O<br />

procedimento adotado foi: a -pré-tratar as amostras em fluxo de 40 ml/min de H2 com<br />

patamar de 150 o C por 30 minutos e 350 o C por 2 horas; b- reduzir a temperatura para<br />

116


230 o C e alimentar o n-heptano com razão molar H2/n-C7 de 56 por 10 minutos; c-<br />

purgar o reator com hidrogênio durante aproxima<strong>da</strong>mente 30 minutos com hidrogênio;<br />

d- reduzir a temperatura para 200 o C; e e- alinhar o 1-hepteno com o saturador<br />

mantido a 2 o C por 10 minutos (correspondendo a uma razão molar H2/n-hepteno de<br />

45 mol/mol). As analises cromatográficas foram efetua<strong>da</strong>s na mesma condição<br />

descrita no item <strong>II</strong>I 3.2. Os produtos, identificados por espectometria de massas, foram<br />

agrupados nas categorias abaixo (tabela <strong>II</strong>I.4):<br />

Tabela <strong>II</strong>I.4 - Relação dos tempos de retenção cromatográficos dos principais produtos<br />

observados na conversão do 1-hepteno (condições cromatográficas descritas no item<br />

<strong>II</strong>I.2).<br />

Categoria Tempo de retenção (min)<br />

Leves < C7


onde: x= conversão ( 0 ≤ x ≤ 1)<br />

Kapp= constante aparente de reação (ml/g.min)<br />

w = massa de catalisador (g)<br />

v= vazão volumétrica do gás de arraste (ml/min) 2<br />

Quando determina<strong>da</strong> em várias temperaturas, pode-se ain<strong>da</strong> obter a energia<br />

aparente de reação (Eap) utilizando-se a equação de Arhenius (eq. IV.2).<br />

Ln Kapp = lnko – (Eap/R) . (1/T) (IV.2)<br />

onde: T= temperatura (K)<br />

Eap = energia aparente de ativação (J/mol)<br />

R = constante universal dos gases ideais (J/mol.K)<br />

A obtenção dos parâmetros Kapp e Eap são problemas típicos de estimação de<br />

parâmetros presentes no estudo <strong>da</strong> cinética heterogênea, mas no entanto,<br />

freqüentemente é negligenciado o efeito dos erros experimentais. Para se estimar o<br />

erro experimental <strong>da</strong> reação de craqueamento do n-hexano foi realizado um<br />

planejamento fatorial em três níveis de temperatura e com réplicas em diversas<br />

condições. Os catalisadores utilizados foram: 1) zeólita HZSM5 comercial (SM27 – Alsi<br />

Penta - Catalisador A) 2) a zeólita HZSM5 (SM27) modifica<strong>da</strong> por troca iônica com Zn<br />

(Catalisador B) e 3) a zeólita HZSM5 (SM27) modificados por troca iônica com Zn e Li<br />

(Catalisador C). A análise completa dos resultados pode ser vista na referência [173].<br />

As figuras IV.1.1 a IV.1.3 mostram, de acordo com a equação IV.1, os gráficos<br />

de ln(1/(1-X) em função <strong>da</strong> “veloci<strong>da</strong>de espacial (w/v)” e <strong>da</strong> temperatura de reação<br />

para as zeólitas HZSM5 testa<strong>da</strong>s na reação de craqueamento do n-hexano. Um<br />

primeiro ajuste dos resultados apresentados nas figuras IV.1.1 a IV.1.3 foi efetuado<br />

utilizando-se o método dos mínimos quadrados. Os resultados são apresentados na<br />

tabela IV.1.1. Para valores de até 50% de conversão, observa-se um bom ajuste<br />

baseado na cinética de 1ª ordem (equação IV.1) para a faixa de temperatura testa<strong>da</strong><br />

(430 a 480 o C). Estes resultados estão de acordo com a literatura, que mostra a<br />

vali<strong>da</strong>de do uso de cinética de primeira ordem para a reação de craqueamento do nhexano,<br />

especialmente para baixos valores de conversão e de temperatura de reação<br />

(< 10% e 400 o C) [174].<br />

118


Tabela IV.1.1: Ajuste pelo método dos mínimos quadrados <strong>da</strong> reação de<br />

craqueamendo do n-hexano forçando-se a passagem pela origem<br />

Cat. T. ( o C) Equação * R 2 Faixa de X<br />

%<br />

430 322 w/v 0,82 25 – 72<br />

A 450 398 w/v 0,86 22 – 73<br />

480 487 w/v 0,81 22 – 80<br />

430 193 w/v 0.98 12 – 53<br />

B 450 265 w/v 0.92 13 – 44<br />

480 365 w/v 0.90 22 – 50<br />

430 11 w/v 0,34 6 – 12<br />

C 450 22 w/v 0,67 7 – 18<br />

480 54 w/v 0,65 15 – 36<br />

* y= ln(1/(1-x) e x = w/v, coeficiente angular = Kapp<br />

ln (1/(1-X))<br />

Equação * R 2 Faixa de X<br />

%<br />

426 w/v 0,90 25 - 37<br />

498 w/v 0,95 22 - 44<br />

684 w/v 0,97 22 - 51<br />

- - -<br />

- - -<br />

- - -<br />

- - -<br />

- - -<br />

- - -<br />

1,80<br />

1,60<br />

1,40<br />

1,20<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

0,00<br />

0,0E+00 1,0E-03 2,0E-03 3,0E-03 4,0E-03 5,0E-03<br />

w/v (g/ml.min)<br />

T= 430oC T=450oC T=480oC<br />

Figura IV.1.1: Craqueamento do n-hexano – Catalisador A (HZSM5)<br />

ln (1/(1-X))<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

0,00<br />

0,0E+00 1,0E-03 2,0E-03 3,0E-03 4,0E-03 5,0E-03<br />

w/v (g/ml.min)<br />

T= 430oC T=450oC T=480oC<br />

Figura IV.1.2: Craqueamento do n-hexano – Catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>)<br />

2 No caso do reagente alimentado via saturador<br />

119


ln (1/(1-X))<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

0,00<br />

0,0E+00 5,0E-03 1,0E-02 1,5E-02 2,0E-02 2,5E-02<br />

w/v (g/ml.min)<br />

T= 430oC T=450oC T=480oC<br />

Figura IV.1.3: Craqueamento do n-hexano – Catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>)<br />

Uma estimativa mais rigorosa dos valores de ativi<strong>da</strong>de e dos erros<br />

experimentais envolvidos foi efetua<strong>da</strong> considerando-se inicialmente os valores <strong>da</strong><br />

variância e do teste F <strong>da</strong> variável conversão (Tabelas IV.1.2 a IV.1.4). Considerando<br />

um intervalo de confiança de 97,5% com os respectivos valores de F para 3 ou 4<br />

experimentos (Tabela IV.1.5), podemos observar que erro associado a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

conversão não pode ser diferenciado, ou seja, pode ser considerado constante em<br />

relação a variação de temperatura e do catalisador. A estimativa do erro pode ser<br />

então obti<strong>da</strong> considerando a média pondera<strong>da</strong> dos valores obtidos nas réplicas (eq.<br />

IV.3). Análise similar pode ser efetua<strong>da</strong> para os valores de seletivi<strong>da</strong>de aos diversos<br />

produtos. Os resultados são sumarizados na tabela IV.1.6.<br />

s 2 (global) = ∑µ s 2 x/ ∑µ , onde µ = número de réplicas na condição i (IV.3)<br />

s 2 x = variância para o conjunto i<br />

Tabela IV.1.2: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />

catalisador A (HZSM5)<br />

Experimento 1 2 3<br />

N o de réplicas 4 4 3<br />

T.( o C) 430 450 480<br />

V. (ml/min) 40 40 40<br />

s 2 s 2 s 2 F12 F13 F23<br />

X. (%p/p) 1,4 11,8 6,3 0,12 0,23 1,88<br />

120


Tabela IV.1.3: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />

catalisador B (HZSM5 modifica<strong>da</strong>s com Zn)<br />

Experimento 6 7 8 9 10 11<br />

N o de réplicas 4 4 4 3 4 3<br />

T.( o C) 430 450 480 430 450 480<br />

V.(ml/min) 40 40 40 20 20<br />

s 2 s 2 s 2 F67 F68 F78 s 2 s 2 s 2 F9-10 F 9-11 F 10-11<br />

X. (%p/p) 0,8 0,9 5,3 0,93 0,15 0,16 2,9 10,9 9,1 0,26 0,31 1,20<br />

Tabela IV.1.4: Variância e teste “F” para os experimentos feitos com réplicas do<br />

catalisador C (HZSM5 modifica<strong>da</strong> com Zn e Li)<br />

Experimento 12 13 13 14<br />

N o de réplicas 4 4 3 4<br />

T.( o C) 450 480 430 450<br />

V.(ml/min) 40 40 20 20<br />

s 2 s 2 F12-13 s 2 s 2 F 13-14<br />

X. (%p/p) 1.39 2.64 0.53 2.70 2.39 1.13<br />

Tabela IV.1.5: Valores de F<br />

N o de experimentos (N1 e N2) Faixa de variação do parâmetro F<br />

3 e 3 0.0256 < F < 39.00<br />

4 e 4 0.0648 < F < 15.439<br />

3 e 4 0.0623 < F < 16.044<br />

4 e 3 0.0255 < F < 39.165<br />

Tabela IV.1.6: Variância observa<strong>da</strong> nos resultados experimentais<br />

Variável s 2 Observação<br />

Massa de catalisador (g) 0.01 Erro associado ao equipamento / leitura<br />

Temperatura ( o C) 2 “<br />

Vazão (ml/min) 1 “<br />

Conversão X. (%p/p) 8,06 Calculado a partir <strong>da</strong>s réplicas (tabelas IV.2-4)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

. metano 0.008 “<br />

. eteno 0.381 “<br />

. etano 0.243 “<br />

. propeno 2.233 “<br />

. propano 0.767 “<br />

. butanos 0.487 “<br />

. butenos 0.326 “<br />

. C5+ 0.377 “<br />

. Aromáticos 4.171 “<br />

Com as varianças determina<strong>da</strong>s (tabela IV.1.6) utilizou-se o programa<br />

“máxima” desenvolvido na COPPE/<strong>UFRJ</strong> para obtenção do valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de,<br />

considerando-se: a) expressão IV.1 rearranja<strong>da</strong> sob a forma <strong>da</strong> expressão IV.6 e b)<br />

variança na variável de saí<strong>da</strong> conversão fixa<strong>da</strong> em 8.06 (tabela IV.1.6); c) erros nas<br />

variáveis de entra<strong>da</strong> w, v e T considerados desprezíveis. Os resultados <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

121


são apresentados na tabela IV.1.7 e são similares aos obtidos utilizando-se o<br />

procedimento mais simples de regressão via o método dos mínimos quadrados (tabela<br />

IV.1.1). A inclusão dos erros associados as demais váriaveis (tabela IV.1.6) não<br />

alterou significativamente os resultados [173].<br />

X = 100 (1 - e –w/v. k ) X = conversão percentual ( 0 ≤ x ≤ 100) (IV.6)<br />

Tabela IV.1.7: Estimação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp) utilizando-se o programa “máxima”<br />

Catalisador Temp.<br />

( o Kapp Desvio Dp/Kapp C.<br />

C)<br />

padrão (dp) *100 correlação<br />

430 409 31<br />

7 1.000<br />

A 450 457 17<br />

4 1.000<br />

480 630 39<br />

6 1.000<br />

430 203<br />

6<br />

3 1.000<br />

B 450 291 10<br />

3 1.000<br />

480 385 15<br />

4 1.000<br />

430 12<br />

0.6<br />

5 1.000<br />

C 450 23<br />

1.5<br />

6 1.000<br />

480 51<br />

4.0<br />

8 1.000<br />

Baseado nestes resultados, adotou-se as seguintes considerações e<br />

simplificações para a comparação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do craqueamento do n-hexano,<br />

utiliza<strong>da</strong> como ferramenta de caracterização <strong>da</strong> acidez “forte”:<br />

• Obter valores de conversão entre 5 a 50% (preferencialmente entre<br />

entre 5 a 15%) pela variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de espacial (w/v) na<br />

temperatura de 450 o C;<br />

• Obter o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp) baseado na eq. IV.1 utilizando-se o<br />

método dos mínimos quadrados;<br />

• Dividir o valor obtido de ativi<strong>da</strong>de em base mássica (Kapp) pelo valor <strong>da</strong><br />

área especifíca determinado pela adsorção de nitrogênio (BET) para se<br />

obter o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de em base superficial.<br />

• Considerar o desvio padrão como sendo de ± 8% no valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

medi<strong>da</strong>.<br />

Uma vez que se utilizou a mesma uni<strong>da</strong>de de avaliação de catalisadores<br />

utiliza<strong>da</strong> na reação de craqueamento do n-hexano, bem como procedimentos<br />

similares de operação, adotou-se para as reações de hidroisomerização do nheptano<br />

e do n-decano os seguintes critérios para o erro experimental:<br />

122


• Desprezar os erros associados a massa do catalisador, a<br />

temperatura de reação e a vazão de gás de arraste;<br />

• Considerar erros constantes no valor <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />

conversão. Estimou-se então o erro experimental com base na<br />

média pondera<strong>da</strong> dos valores obtidos na repetição de alguns<br />

experimentos (eq. IV.3), obtendo-se o valor <strong>da</strong> variança de 4 e 3,8<br />

para o erro associado a conversão e a seletivi<strong>da</strong>de,<br />

respectivamente. Por simplicia<strong>da</strong>de adotou-se colocar um valor de ±<br />

2 (um desvio padrão aproxima<strong>da</strong>mente) como barra de erros nos<br />

gráficos do capítulo IV.3;<br />

• Utilizar cinética de 1ª ordem e método dos mínimos quadrados para<br />

se determinar o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (Kapp). Esta abor<strong>da</strong>gem é<br />

justifica<strong>da</strong> com base na modelagem desenvolvi<strong>da</strong> por Runstraat e<br />

colaboradores[48]. Estes autores determinaram que para a reação<br />

de hidroisomerização do n-hexano efetua<strong>da</strong> a baixa pressão de<br />

hidrogênio e de hidrocarboneto (tabela <strong>II</strong>.2), têm-se que a taxa de<br />

reação pode ser expressa como:<br />

R = kiso __Kdesidro . Kprot. (pp/pH2) ≅ kiso. Kdesidro. Kprot. (pp/pH2) (<strong>II</strong>.20)<br />

1 + Kdesidro. Kprot. (pnC6/pH2)<br />

onde:<br />

R = taxa de reação global de isomerização<br />

Kdesidro = constante de equilíbrio para a desidrogenação<br />

Kprot = constante de equilíbrio para a protonação<br />

kiso = constante <strong>da</strong> taxa de isomerização<br />

pp = pressão parcial <strong>da</strong> n-parafina<br />

pH2 = pressão parcial do hidrogênio<br />

Nas condições utiliza<strong>da</strong>s para os experimentos (seção <strong>II</strong>I.3) a pressão<br />

parcial do hidrogênio e a temperatura foi manti<strong>da</strong> constante, logo a taxa de reação<br />

pode ser expressa por:<br />

R = (kiso. Kdesidro.Kprot/pH2) pnc6 = cte. kiso. Kprot . pnc6 = Kapp. pp (IV.7)<br />

123


Kapp = constante aparente de reação<br />

Podemos ver o que o valor de Kapp, mesmo nesta modelagem simplifica<strong>da</strong>,<br />

engloba constantes de equilíbrio e de pressão parcial do hidrogênio, não podendo ser<br />

tomado como uma medi<strong>da</strong> direta <strong>da</strong> acidez dos catalisadores.<br />

Os resultados experimentais, mostram que a cinética de 1ª ordem permite uma<br />

representação aceitável do sistema (ex: tabela IV.1.8). O uso de eleva<strong>da</strong>s conversões<br />

foi necessário para se obter uma melhor discriminação de seletivi<strong>da</strong>de entre os<br />

catalisadores. No entanto, do ponto de vista <strong>da</strong> obtenção do valor de ativi<strong>da</strong>de seria<br />

preferível se trabalhar com baixas conversões (< 10%) obtendo a taxa de reação em<br />

condições diferenciais.<br />

Tabela IV.1.8: Valores do coeficiente de correlação (R 2 ) para o ajuste utilizando o<br />

método dos mínimos quadrados na reação de hidroisomerização do n-decano e do nheptano<br />

sobre zeólitas HBeta modifica<strong>da</strong>s a 230 o C e 1 atm modela<strong>da</strong> como cinética<br />

de 1ª ordem.<br />

n-decano n-heptano<br />

Catalisador Faixa de R<br />

conversão<br />

2 Faixa de R<br />

conversão<br />

2<br />

HBeta 55 - 97 0,99 7 – 54 0,98<br />

P(0,5)HBeta 68 - 99 0,90 37 – 64 0,92<br />

P(1,5)HBeta 68 - 99 0,95 30 – 90 0,82<br />

P(3)HBeta 55 - 99 0,76 20 – 85 0,90<br />

P(6)HBeta 41 - 93 0,97 9 – 63 0,91<br />

P(8)HBeta 30 - 88 0,96 4 – 17 0,93<br />

LiHBeta 47 - 86 0,96 30 - 60 0,81<br />

De forma a facilitar a discussão, os valores de ativi<strong>da</strong>de para a reação de<br />

hidroisomerização do n-heptano e do n-decano foram expressos como ativi<strong>da</strong>de<br />

relativa (Krel – eq. IV.8), considerando-se a ativi<strong>da</strong>de do catalisador baseado na<br />

zeólita HZSM5 como sendo igual a 100.<br />

Krel = Kapp do catalisador / Kapp do catalisador baseado na zeólita HZSM5 * 100 (IV.8)<br />

124


IV.2. Catalisadores<br />

IV.2.1. Síntese e caracterização de H[Fe]ZSM5<br />

Metalosilicatos, de estrutura similar à <strong>da</strong> zeólita ZSM5 podem ser preparados<br />

pela substituição isomórfica do alumínio por diversos elementos, tais como Be, B, Ti,<br />

Cr, Fe, Zn, Ga, Ge ou V. Conforme mostrado por vários autores [126] [136] [137], a<br />

substituição do alumínio de rede pelo ferro (formando os denominados ferrosilicatos)<br />

acarreta a redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita (como revisado na seção <strong>II</strong>.2.4).<br />

Nas condições experimentais de síntese descritas na seção <strong>II</strong>I.1.4 observou-se<br />

por difração de raios X (DRX) a formação de uma estrutura do tipo ZSM5 (Figura<br />

IV.2.1 e Figura IV.2.2). A boa cristanili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra foi confirma<strong>da</strong> pelos resultados<br />

de caracterização textural, que mostram um elevado volume de microporos (Tabela<br />

IV.2.1). A zeólita HZSM5 utiliza<strong>da</strong> como comparação (Figura IV.2.1 e tabela IV.2.1) foi<br />

uma amostra comercial (KM 607) forneci<strong>da</strong> pela Degussa (SiO2 = 95.4 %p/p, Al2O3 =<br />

4.46 p/p, e Na2O < 0.05 %p/p).<br />

A etapa de envelhecimento utiliza<strong>da</strong> no método de preparo (seção <strong>II</strong>I.1.4) se<br />

mostrou essencial para obtenção de um produto cristalino nas condições de síntese<br />

adota<strong>da</strong>s. Sem esta etapa obtém-se um produto de baixa cristanili<strong>da</strong>de (amostra A -<br />

tabela IV.2.1). Kim e Ahn [162] também observaram um aumento na taxa de<br />

cristalização adotando-se uma etapa de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional a<br />

temperatura ambiente (30 o C por 1 a 2 dias).<br />

Tabela IV.2.1: Dados de caracterização <strong>da</strong>s amostras de H[Fe]ZSM5<br />

Amostra DRX (%) S(m 2 /g) Smicro (m 2 /g) V.m. (cm 3 /g)<br />

HZSM5 100 363 346 0,164<br />

AFe 3 102 - -<br />

H[Fe]ZSM5 70 396 353 0,177<br />

Obs: Amostra “AFe” obti<strong>da</strong> sem a etapa de envelhecimento <strong>da</strong> mistura reacional;<br />

V.m. = volume de microporos. Valor de DRX para a amostra de H[Fe]ZSM5 sem<br />

correção para o teor de Fe.<br />

125


Figura IV.2.1: Difratograma <strong>da</strong> amostra de H[Fe]ZSM5 (tabela IV.2.1)<br />

Figura IV.2.2: Difratograma <strong>da</strong> amostra de HZSM5 toma<strong>da</strong> como referência (tabela<br />

IV.2.1)<br />

126


Dados de caracterização por XPS (X-Ray photoelectron spectroscopy) nas<br />

amostras de alta cristanili<strong>da</strong>de (H[Fe]ZSM5), de baixa cristanili<strong>da</strong>de (AFe) e em<br />

amostras onde se incorporou ferro sobre a zeólita HZSM5 por impregnação (código<br />

Fe/HZSM5-I) e por troca iônica (código Fe/HZSM5-TC), conforme metodologia descrita<br />

na seção <strong>II</strong>I.1.6, são apresentados na tabela IV.2.2. Os valores de energia de ligação<br />

para o nível Fe 2p3/2 (tabela IV.2.2) e a análise do espectro de XPS (Figura IV.2.3)<br />

indicam a presença predominante de ferro no estado de coordenação trivalente (Fe 3+ )<br />

em to<strong>da</strong>s as amostras. Valores similares, de 711,6 eV e de 711.0 eV para o nível Fe<br />

2p3/2 em amostras de ferrosilicato e impregna<strong>da</strong> (contendo Fe2O3), respectivamente,<br />

foram obtidos por Borade [161]. Os resultados, no entanto, não permitem afirmar se as<br />

espécies de Fe 3+ se encontram incorpora<strong>da</strong>s à rede cristalina <strong>da</strong> zeólita.<br />

Tabela IV.2.2: Resultados de caracterização por XPS <strong>da</strong>s amostras contendo Fe<br />

(tomando como padrão interno o nível C1s).<br />

735,0<br />

Amostra método<br />

Fe 2p3/2<br />

(eV)<br />

O1s<br />

(eV)<br />

Fe/HZSM5-TC troca iônica 711,5 532,5<br />

Fe/HZSM5-I impregnação 710,7 532,4<br />

H[Fe]ZSM5 síntese 711,7 532,7<br />

AFe amorfo 710,6 531,9<br />

730,0<br />

725,0<br />

720,0 715,0<br />

Energia de Ligação (eV)<br />

Figura IV.2.3: Espectro de XPS para as amostras contendo Fe prepara<strong>da</strong>s por<br />

diversos métodos (tabela IV.2.2).<br />

710,0<br />

705,0<br />

AFe<br />

Fe/HZSM5-I<br />

H[Fe]ZSM5<br />

Fe/HZSM5-TC<br />

700,0<br />

127


O perfil de TPR mostra a redução de espécies de ferro em três regiões distintas<br />

para a amostra de alta cristanili<strong>da</strong>de (H[Fe]HZSM5), com máximos em torno de 400<br />

o o o o<br />

C, 700 C e 970 C (parcial) e uma única região entre 400 e 870 C com máximo em<br />

torno de 750 o C, para a amostra de baixa cristanili<strong>da</strong>de (AFe) (Figuras IV.2.4 e<br />

IV.2.5). Por sua vez, a amostra impregna<strong>da</strong> (contendo 3% de Fe2O3) mostra um perfil<br />

complexo de redução, mas com consumo de hidrogênio finalizando abaixo de 600 o C<br />

(Figura IV.2.6).<br />

SINAL[u.a]<br />

48<br />

47<br />

46<br />

45<br />

44<br />

43<br />

42<br />

Figura IV.2.4: Perfil de TPR para a amostra H[Fe]ZSM5<br />

SINAL[u.a]<br />

82<br />

72<br />

62<br />

52<br />

42<br />

PERFIL TPR - H[Fe]ZSM5<br />

0 200 400 600 800 1000<br />

TEMPERATURA[°C]<br />

AFe<br />

0 200 400 600 800 1000<br />

TEMPERATURA[°C]<br />

Figura IV.2.5: Perfil de TPR para a amostra AFe (Tabela IV.2)<br />

128


SINAL[u.a]<br />

49<br />

48<br />

47<br />

46<br />

45<br />

44<br />

43<br />

Fe/HZSM5-I<br />

0 200 400 600 800 1000<br />

TEMPERATURA[°C]<br />

Figura IV.2.6: Perfil de TPR para a amostra Fe/HZSM5-I<br />

A comparação dos perfis de redução <strong>da</strong>s figuras IV.2.4 a IV.2.6 mostra que: a)<br />

espécies de óxido de ferro deposita<strong>da</strong>s sobre a zeólita HZSM5 (ou outras espécies de<br />

óxidos gera<strong>da</strong>s no processo de redução) se reduzem abaixo de 600 o C (Figura IV.2.4);<br />

b) espécies de ferro presentes no material de baixa cristanili<strong>da</strong>de se reduzem entre<br />

600 e 800 o C (Figura IV.2.5) e c) existem espécies de ferro no material de alta<br />

cristanili<strong>da</strong>de que se reduzem somente a temperaturas superiores a 900 o C (Figura<br />

IV.2.4). Brabec e colaboradores [159], combinando técnicas de TPR e EPR,<br />

identificaram que a redução de espécies de ferro fora <strong>da</strong> rede de ferrosilicatos na<br />

região entre 400 o C e 800 o C e de espécies de ferro presentes na estrutura <strong>da</strong> zeólita<br />

em uma região de maior temperatura (acima de 800 o C nas condições utiliza<strong>da</strong>s por<br />

estes autores – seção <strong>II</strong>.4). Baseado nos trabalhos de Brabec e colaboradores [159], e<br />

na análise <strong>da</strong>s figuras IV.2.4 a IV.2.6, o consumo de hidrogênio acima de 900 o C<br />

indicaria a incorporação de ferro na estrutura cristalina <strong>da</strong> zeólita do tipo ZSM5 (Figura<br />

IV.2.1) formando um ferrosilicato (H[Fe]ZSM5).<br />

Embora as análises de TPR forneçam fortes evidências para a presença de<br />

ferro na estrutura zeolítica, seria recomen<strong>da</strong>do o uso de técnicas como EPR (“Electron<br />

paramagnetic resonance spectroscopy”), em que existe boa concordância na literatura<br />

(ex: [170]) do seu uso na identificação de íons Fe 3+ presentes na estrutura cristalina,<br />

diferenciando-os de íons Fe 3+ eventualmente presentes, sob a forma de óxidos,<br />

hidróxidos ou em sítios de troca iônica.<br />

129


A caracterização por TPD de NH3 mostra que a zeólita H[Fe]ZSM5 apresenta<br />

uma maior concentração de sítios ácidos de força média e uma significativa redução<br />

dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong> (Tabela IV.2.3 e Figura IV.2.7). Os resultados de IR<br />

de piridina confirmam que a amostra de H[Fe]ZSM5 apresenta uma significativa<br />

redução <strong>da</strong> acidez forte (de Bronsted, como mostrado pela dessorção de piridina a<br />

350ºC) mas, por outro lado, apresenta um aumento <strong>da</strong> acidez de Lewis. Consistente<br />

com a redução dos sítios ácidos de força eleva<strong>da</strong>, como mostrado pelo TPD de<br />

amônia e indicado pelo IR de piridina, observa-se uma drástica redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

de craqueamento do n-hexano, reação que é associa<strong>da</strong> à presença de sítios ácidos<br />

fortes (Tabela IV.2.3). Estes resultados estão de acordo com a literatura, que indicam<br />

uma menor força áci<strong>da</strong> para ferrosilicatos quando comparados com seus análogos<br />

aluminosilicatos [137][136][159].<br />

SINAL[u.a]<br />

46<br />

45<br />

44<br />

43<br />

PERFIL TPDA<br />

100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600<br />

TEMPERATURA[°C]<br />

HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />

Figura IV.2.7: Perfis de TPD de amônia para as amostra HZSM5 e H[Fe]ZSM5<br />

Tabela IV.2.3. Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />

e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />

TPD de amônia IR de piridina<br />

Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />

fraca média forte total<br />

o C T= 200<br />

Bronsted<br />

o C T= 350<br />

Lewis<br />

o C T= 350<br />

Bronsted<br />

o C Kapp<br />

Lewis l/s.m 2 x 10E 7<br />

HZSM5 1,14 0,39 1,51 3,0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />

H[Fe]ZSM5 0,21 0,72 - 0,9 0,52 0,43 0,40 0,21 2<br />

Obs: a) TPD de amônia: Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo<br />

fracos, médios ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia<br />

ocorrer entre 200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente; b)<br />

Kapp = constante aparente <strong>da</strong> taxa de 1ª ordem <strong>da</strong> reação do craqueamento do nhexano<br />

em l/s.m 2 x 10E 7 . Desvio padrão no valor de Kapp de 8%.<br />

130


Em resumo, podemos concluir que foi sintetiza<strong>da</strong> uma zeólita de eleva<strong>da</strong><br />

cristalini<strong>da</strong>de e de estrutura similar a <strong>da</strong> zeólita ZSM5, muito provavelmente com ferro<br />

incorporado na sua estrutura. Esta zeólita apresenta uma menor concentração de<br />

sítios ácidos fortes quando compara<strong>da</strong> com a amostra HZSM5 toma<strong>da</strong> como<br />

refêrencia.<br />

IV.2.2. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por impregnação com ácido fosfórico<br />

A acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Degussa KM 607 - SiO2 = 95.4 %p/p, Al2O3 =<br />

4.46%p/p, Na2O < 0.05%p/p) foi altera<strong>da</strong> por impregnação com ácido fosfórico, como<br />

descrito na seção <strong>II</strong>I.1.3. Os resultados de caracterização textural e de acidez podem<br />

ser vistos nas Tabelas IV.2.4 e IV.2.5, respectivamente.<br />

Tabela IV.2.4: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s com ácido fosfórico<br />

Amostra Preparo DRX (%) Área específica<br />

(m 2 Volume microporos<br />

/g)<br />

(cm 3 /g)<br />

HZSM5 Comercial 100 363 0,164<br />

P(1%)HZSM5 Impregnação 91 276 0,125<br />

P(2%)HZSM5 Impregnação 88 247 0,111<br />

P(4%)HZSM5 Impregnação 50 102 0,044<br />

Tabela IV.2.5. Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />

e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />

TPD de amônia 1 IR de piridina<br />

Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />

fraca média forte total<br />

o C T= 200<br />

Bronsted<br />

o C T= 350<br />

Lewis<br />

o C T= 350<br />

Bronsted<br />

o C<br />

Lewis<br />

HZSM5 1.14 0.39 1.51 3.0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />

P(1%)HZSM5 0.71 0.77 0.18 1.8 0,53 0,10 0,46 0,03 25<br />

P(2%)HZSM5 0.72 0.94 0.09 1.7 0,71 0.13 0,30 0.05 13<br />

P(4%)HZSM5 - - - - 0.06 0.01 0.01 0.00 1<br />

Obs: 1= Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios<br />

ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre<br />

200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente ; 2= Kapp =<br />

constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano a 450 o C em<br />

l/s.m 2 x 10E 7 (corrigindo-se os valores mássicos pela área específica determina<strong>da</strong> por<br />

adsorção de nitrogênio – tabela IV.2.4). Desvio padrão no valor de Kapp estimado em<br />

8%.<br />

Kapp 2<br />

131


Com base nas tabelas IV.2.4 e IV.2.5 podemos ver que a introdução de fósforo<br />

por impregnação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 com ácido fosfórico, acarretou:<br />

a) A redução <strong>da</strong> cristanili<strong>da</strong>de, com a amostra contendo 4% de fósforo tendo<br />

apresentado uma drástica que<strong>da</strong> <strong>da</strong> cristanili<strong>da</strong>de (coerente com a<br />

significativa per<strong>da</strong> de volume de microporos);<br />

b) Uma redução linear na área específica e no volume de microporos com o<br />

aumento do teor de fósforo (Figuras IV.2.8 e IV.2.9);<br />

Área superficial (m2/g)<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />

Teor de P (%p/p)<br />

Figura IV.2.8: Efeito <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico sobre a área específica <strong>da</strong><br />

zeólita HZSM5 .<br />

Volume de microporos (cm3/g)<br />

0,180<br />

0,160<br />

0,140<br />

0,120<br />

0,100<br />

0,080<br />

0,060<br />

0,040<br />

0,020<br />

0,000<br />

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />

Teor de P (%p/p)<br />

Figura IV.2.9: Efeito <strong>da</strong> impregnação com ácido fosfórico sobre o volume de<br />

microporos <strong>da</strong> zeólita HZSM5 .<br />

132


acidez (u.a)<br />

c) A redução no número de sítios ácidos “fortes” e o aumento do número de<br />

sítios ácidos com força “média” como quantificado por TPD de NH3 (Tabela<br />

IV.2.5 e figura IV.2.10). A redução <strong>da</strong> acidez forte ocorreu principalmente pela<br />

redução <strong>da</strong> acidez de Bronsted, como visto por IR de piridina adsorvi<strong>da</strong><br />

(tabela IV.2.5) e figuras IV.2.11 e IV.2.12.<br />

u.a.<br />

44,0<br />

43,5<br />

43,0<br />

42,5<br />

42,0<br />

41,5<br />

41,0<br />

0 200 400 600 800<br />

Temperatura (oC)<br />

HZSM5 P(1%)HZSM5 P(2%)HZSM5<br />

Figura IV.2.10: Perfis de TPD de amônia para as amostras contendo fósforo.<br />

1,20<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

0,00<br />

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />

Teor de P (%p/p)<br />

Bronsted Lewis<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0<br />

Teor de P (%p/p)<br />

Bronsted/Lewis (350oC)<br />

Figuras IV.2.11: Teor de sítios ácidos de Bronsted e de Lewis e Figura IV.2.12: razão<br />

entre sítios de Bronsted e de Lewis, em função do teor de P por IR de piridina<br />

adsorvi<strong>da</strong> (tempetura de dessorção de 350 o C).<br />

133


d) A ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano se reduziu com o aumento do<br />

teor de fósforo (Tabela IV.2.5), podendo ser bem correlaciona<strong>da</strong> com a<br />

redução <strong>da</strong> acidez forte medi<strong>da</strong> por TPD de amônia (Figura IV.2.12) ou por<br />

IR de piridina (Figura IV.2.13).<br />

Kapp (l/s.m2) x 10E7<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00<br />

Acidez forte (umol/m2)<br />

T = 450oC T = 400oC<br />

Figura IV.2.12: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (1 atm, 400 e 450 o C)<br />

versus o teor de sítios ácidos fortes determinados por TPD de amônia em<br />

amostras <strong>da</strong> zeólita HZSM5 contendo 0, 1 e 2% p/p de P.<br />

Kapp (l/s.m2) x 10E7<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20<br />

Acidez forte (u.a)<br />

T = 450oC T = 400oC<br />

Figura IV.2.13: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (1 atm, 400 e 450 o C)<br />

versus o teor de sítios ácidos fortes determinados por IR de piridina (dessorvi<strong>da</strong><br />

a 350 o C).<br />

134


A redução observa<strong>da</strong> no número de sítios ácidos de Bronsted “fortes” e o<br />

aumento do número de sítios ácidos de Bronsted de “força média” com a introdução<br />

de P na zeólita HZSM5 está de acordo com a literatura [134] (conforme revisado na<br />

na seção <strong>II</strong>.2.3).<br />

e) A introdução de fósforo acarretou mu<strong>da</strong>nças na seletivi<strong>da</strong>de aos diversos<br />

produtos, tendo sido observado o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para metano, etano,<br />

propeno e butenos e a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para propano e butanos. A fração C 5+ e<br />

os aromáticos não foram significativamente alterados. Estes resultados puderam ser<br />

explicados com base no mecanismo de reação, como publicado pelos presentes<br />

autores anteriormente ([169]).<br />

IV.1.3. Modificação <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica com cálcio ou lantânio<br />

Procurou-se alterar a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Degussa KM 607 - SiO2 = 95.4<br />

%p/p, Al2O3 = 4.46%p/p, Na2O < 0.05%p/p) pela troca iônica (em solução aquosa com<br />

nitrato de Ca 2+ ou La 3+ , conforme metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.1). Os resultados<br />

de caracterização textural e de acidez podem ser vistos nas Tabelas IV.2.6 IV.2.7<br />

respectivamente.<br />

Tabela IV.2.6 Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s por troca iônica.<br />

Amostra Preparo DRX<br />

(%)<br />

Área<br />

específica<br />

(m 2 /g)<br />

Volume<br />

microporos<br />

(cm 3 /g)<br />

Teor do<br />

elemento<br />

%p/p<br />

HZSM5 Comercial 100 363 0.164 -<br />

LaHZSM5 (1x) Troca iônica 100 364 0,166 0,26<br />

LaHZSM5 (2x) Troca iônica 94 368 0,167 0,36<br />

LaHZSM5 (3x) Troca iônica 94 331 0,150 0,36<br />

LaHZSM5 (4x) Troca iônica 102 342 0,155 0,34<br />

CaHZSM5 Troca iônica 98 343 0.155 0,50<br />

Obs: (1 a 4x) nas amostras LaHZSM5 representam o número de trocas iônicas<br />

realiza<strong>da</strong>s. Teores do elemento introduzido (% La ou % Ca p/p) obtido por FRX.<br />

135


Tabela IV.2.7 Resultados <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> acidez por TPD de NH3, IR de piridina<br />

e pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano a 450 o C.<br />

TPD de amônia 1 IR de piridina<br />

Amostra Acidez Acidez Acidez Acidez T= 200<br />

fraca média forte total<br />

o C T= 200<br />

Bronsted<br />

o C T= 350<br />

Lewis<br />

o C T= 350<br />

Bronsted<br />

o C<br />

Lewis<br />

HZSM5 1.14 0.39 1.51 3.0 1,25 0,18 1,12 0,07 126<br />

LaHZSM5(4x) 1.18 0.43 1.60 3.2 1,18 0,27 1,08 0,11 134<br />

CaHZSM5 1.22 0.31 1.75 3.3 1,34 0,87 1,23 0,30 50<br />

Obs: 1= Acidez em µmol/m 2 , definindo-se os sítios ácidos como sendo fracos, médios<br />

ou fortes em função <strong>da</strong> temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia ocorrer entre<br />

200 a 300 o C, 300 a 400 o C e acima de 400 o C, respectivamente; 2= Kapp = constante<br />

aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2 x 10E 7 a 450 o C<br />

(corrigindo-se os valores mássicos pela área específica determina<strong>da</strong> por adsorção de<br />

nitrogênio – tabela IV.2.6). Desvio padrão no valor de Kapp estimado em 8%.<br />

O teor de La introduzido na zeólita HZSM5 se mostrou constante após 2 trocas<br />

iônicas (0,35 ± 0,1 %p/p – tabela IV.2.6). A amostra que foi submeti<strong>da</strong> a 4 trocas<br />

iônicas (LaHZSM5(4x)), designa<strong>da</strong> a partir de agora somente por LaHZSM5 foi<br />

seleciona<strong>da</strong> para a caracterização de acidez (tabela IV.2.7) e para os experimentos de<br />

hidroisomerização. Podemos ver <strong>da</strong> tabela IV.2.7 que a introdução de La não<br />

acarretou uma alteração significativa na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano, o<br />

que estaria de acordo com a pequena variação dos sítios ácidos fortes vistos por TPD<br />

(Lewis + Bronsted) e por IR de piridina (Bronsted) (tabela IV.2.7). Estes resultados<br />

permitem concluir que não ocorreram modificações marcantes na acidez de Bronsted<br />

<strong>da</strong> zeólita HZSM5, com a troca iônica com La 3+ , o que estaria de acordo com a<br />

literatura [128].<br />

A introdução de cálcio acarretou uma significativa redução na ativi<strong>da</strong>de de<br />

craqueamento do n-hexano, o que indicaria uma redução na acidez forte de Bronsted.<br />

No entanto, o mesmo não pode ser concluído analisando-se a acidez pelas pelas<br />

técnicas de TPD de amônia e por IR de piridina (tabela IV.2.7). Para conciliar estas<br />

observações podemos considerar que:<br />

• O TPD de amônia quantifica sítios ácidos de Bronsted e de Lewis. Esta<br />

técnica portanto não seria adequa<strong>da</strong> para quantificar a modificação na<br />

acidez de Bronsted, quando introduzindo cátions alcalinos por troca iônica<br />

nas zeólitas, uma vez que estes cátions geram acidez de Lewis, como pode<br />

ser visto pelos resultados de IR de piridina (tabela IV.2.7);<br />

Kapp 2<br />

136


• A técnica de IR de piridina permite distinguir entre sítios ácidos de Bronsted<br />

e de Lewis. Para as amostras de HZSM5 impregna<strong>da</strong>s com fósforo, os<br />

resultados de ativi<strong>da</strong>de do n-hexano versus a acidez de Bronsted<br />

determina<strong>da</strong> por IR de piridina mostram uma boa correlação (Figura<br />

IV.2.13), indicando que a temperatura de dessorção utiliza<strong>da</strong> (350 o C)<br />

permite quantificar os sítios ácidos de Bronsted “fortes”. No entanto,<br />

podemos especular que sítios ácidos de menor força áci<strong>da</strong>, oriundos <strong>da</strong><br />

presença do Ca, possam também ser quantificados nesta temperatura de<br />

dessorção. Estes sítios, devido a menor força áci<strong>da</strong>, não estariam<br />

influenciando significativamente a ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano<br />

nas condições testa<strong>da</strong>s.<br />

Uma segun<strong>da</strong> hipótese para explicar as diferenças nos resultados de acidez<br />

obti<strong>da</strong>s por IR e pelo craqueamento do n-hexano, é considerar a presença de<br />

restrições difusionais na amostra contendo Ca (devido ao tamanho e/ou teor do<br />

cátion), o que favoreceria uma menor ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano. Para<br />

procurar verificar esta hipótese foi realiza<strong>da</strong> a reação de craqueamento do 2-metilpentano<br />

(nas mesmas condições descritas na seção <strong>II</strong>I.2.1 para o n-hexano).<br />

Podemos ver na tabela IV.2.8 que a introdução do cálcio acarreta a redução <strong>da</strong> taxa<br />

de craqueamento do 2-metil-pentano, a semelhança do observado para o<br />

craqueamento do n-hexano. No entanto, a razão entre as duas taxas não é altera<strong>da</strong><br />

significativamente.<br />

Tabela IV.2.8: Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (Kapp) e do 2-metil-pentano<br />

(K2mp) sobre zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s (450 o C e 1 atm)<br />

HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5<br />

Kapp 126 134 50<br />

K2mp 52 48 22<br />

Kapp/K2mp 2.4 2.8 2.3<br />

Kapp e K2mp= constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano e<br />

do 2-metil-pentano, respectivamente, em l/s.m 2 x 10E 7<br />

Haag e colaboradores [89] observaram que sobre a zeólita HZSM5, a taxa de<br />

craqueamento <strong>da</strong>s parafinas ramifica<strong>da</strong>s é menor do que <strong>da</strong>s parafinas lineares<br />

(Tabela <strong>II</strong>.23), o que foi explicado devido a imposição de restrições estéricas pelos<br />

poros. Estes autores propuseram a comparação entre as taxas de craqueamento do nhexano<br />

e do 3-metil-pentano (no teste denominado de “constraint index”) como uma<br />

ferramenta de caracterização <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de seletivi<strong>da</strong>de de forma e de largura<br />

de poros <strong>da</strong>s zeólitas. Este teste foi largamente adotado por duas déca<strong>da</strong>s,<br />

137


especialmente em literatura de patentes (Ex:[175] ), embora mais recentemente tenha<br />

sido identificado limitações para o seu uso [176].<br />

O fato <strong>da</strong> razão entre as taxas de craqueamento do n-hexano e do 2-metilpentano<br />

na zeólita HZSM5 se manter constante após a introdução de La e do Ca<br />

(tabela IV.2.8), sugere que não ocorreu uma variação significativa nas restrições<br />

difusionais. Podemos então considerar como sendo mais provável, que a diferença de<br />

resultados <strong>da</strong> acidez utilizando as técnicas de IR de piridina e do craqueamento do nhexano,<br />

seja devido a quantificação pelo IR de piridina (a temperatura de dessorção<br />

de 350 o C) de sítios ácidos de Bronsted que não tem ativi<strong>da</strong>de significativa para o<br />

craqueamento do n-hexano. Foi então adotado para os demais catalisadores<br />

(baseados em zeólita Beta e Y) o uso somente o uso <strong>da</strong> reação de craqueamento do<br />

n-hexano para monitorar as modificações na acidez forte.<br />

IV.2.4. Modificação <strong>da</strong> zeólita Beta por impregnação com ácido fosfórico<br />

Uma amostra de zeólita Beta comercial (SudChemie H-β25 – difratograma na<br />

figura IV.2.14) foi modifica<strong>da</strong> pela impregnação com ácido fosfórico, segundo<br />

metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.3, em teores entre 0,5 a 8,3%p/p. Os resultados de<br />

caracterização textural por adsorção de nitrogênio e de acidez pela reação de<br />

craqueamento do n-hexano são apresentados na tabela IV.2.9. Podemos ver <strong>da</strong> tabela<br />

IV.2.9 e figura IV.2.15, que a introdução de fósforo na zeólita Beta acarretou uma<br />

significativa redução na área específica, no volume de microporos e na acidez “forte”<br />

para as amostras contendo P ≥ 6%. Para amostras contendo até 3% de P, não houve<br />

variação significativa nas proprie<strong>da</strong>des texturais ou na acidez “forte”, mensura<strong>da</strong> pela<br />

ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano.<br />

138


Figura IV.2.14: Difratograma <strong>da</strong> amostra comercial de zeólita Beta utiliza<strong>da</strong><br />

Tabela IV.2.9: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas H-Beta modifica<strong>da</strong>s por impregnação com<br />

ácido fosfórico.<br />

Amostra Área<br />

específica<br />

(m 2 /g)<br />

Área<br />

microporos<br />

(m 2 /g)<br />

Volume<br />

microporos<br />

(cm 3 /g)<br />

Kapp<br />

l/s.m 2 x 10E 7<br />

H-Beta 575 382 0,173 74<br />

P (0,5%) H-Beta 543 360 0,161 76<br />

P (1,5%) H-Beta 545 371 0,173 70<br />

P (3,0%) H-Beta 516 357 0,161 78<br />

P (6,0%) H-Beta 418 302 0,138 0,9<br />

P (8,3%) H-Beta 202 144 0,066 0,5<br />

volum e de m icroporos (cm 3/g)<br />

0,20<br />

0,18<br />

0,16<br />

0,14<br />

0,12<br />

0,10<br />

0,08<br />

0,06<br />

0,04<br />

0,02<br />

0,00<br />

0 2 4 6 8 10<br />

Teor de P (%p/p)<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10<br />

Teor de P (%p/p)<br />

Figura IV.2.15: Efeito do teor de P sobre as proprie<strong>da</strong>des texturais <strong>da</strong> zeólita Beta<br />

Á rea su p erficial ( m2/g)<br />

139


Podemos observar que sobre a zeólita HZSM5 houve uma que<strong>da</strong> linear na<br />

área superficial e no volume de microporos com o aumento do teor de P entre 1 a 4<br />

%p/p (figuras IV.2.8 e IV.2.9, respectivamente). Por outro lado, somente para teores<br />

acima de 6% se observa uma modificação significativa nas proprie<strong>da</strong>des texturais <strong>da</strong><br />

zeólita H-Beta utiliza<strong>da</strong> (tabela IV.2.9). Podemos ver na tabela IV.2.10 que a zeólita<br />

HBeta utiliza<strong>da</strong> (amostra comercial) contém uma eleva<strong>da</strong> mesoporosi<strong>da</strong>de, indicando<br />

que foi submeti<strong>da</strong> a procedimentos de dessaluminização. Podemos especular que<br />

esta mesoporosi<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong> contribua (por exemplo, reduzindo os efeitos do<br />

bloqueio dos poros por compostos de P) para que somente a elevados teores de P se<br />

observe redução do volume de microporos sobre a zeólita Hbeta utiliza<strong>da</strong>. Outra<br />

hipótese que não pode ser descarta<strong>da</strong> é que os teores de Al na rede e fora <strong>da</strong> rede<br />

afetem a distribuição e/ou natureza do P e conseqüentemente modifiquem os seus<br />

efeitos sobre as proprie<strong>da</strong>des texturais.<br />

Tabela IV.2.10: Caracterização comparativa entre as zeólitas HZSM5 e H-Beta<br />

utiliza<strong>da</strong>s<br />

Amostra Área<br />

específica<br />

(m 2 /g)<br />

Área<br />

microporos<br />

(m 2 /g)<br />

Volume<br />

microporos<br />

(cm 3 /g)<br />

Kapp<br />

l/s.m 2 x 10E 7<br />

HZSM5 363 346 0,164 126<br />

H-Beta 575 382 0,173 74<br />

IV.1.6. Modificação de zeólitas HZSM5, Beta e USY por troca iônica<br />

com lítio<br />

Zeólitas comerciais do tipo HZSM5 (Degussa KM 607), Beta (SudChemie H-<br />

β25) e HUSY (Zeolyst CBV 720) foram submeti<strong>da</strong>s a troca iônica com solução aquosa<br />

de nitrato de lítio, conforme metodologia descrita na seção <strong>II</strong>I.1.2 e <strong>II</strong>I.1.3.<br />

A tabela IV.2.11 reporta os resultados de caracterização textural por adsorção<br />

de nitrogênio e de acidez pela reação de craqueamento do n-hexano. Podemos ver,<br />

que, a introdução de lítio nas zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY, tendeu a reduzir o<br />

volume de microporos e em to<strong>da</strong>s as zeólitas testa<strong>da</strong>s acarretou a redução <strong>da</strong> acidez<br />

forte, como medido pela ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano. Existem poucos<br />

estudos na literatura sobre troca iônica de zeólitas com sais de lítio. Em zeólitas<br />

HZSM5, têm sido reportado que a introdução de lítio reduz a acidez “forte” e aumenta<br />

a “acidez média” [129].<br />

140


Tabela IV.2.11: Caracterização <strong>da</strong>s zeólitas troca<strong>da</strong>s com lítio.<br />

Amostra Área<br />

específica<br />

(m 2 /g)<br />

Área<br />

microporos<br />

(m 2 /g)<br />

Volume<br />

microporos<br />

(cm 3 /g)<br />

Kapp<br />

l/s.m 2 x 10E 7<br />

HZSM5 363 346 0,164 126<br />

LiHZSM5 290 274 0,130 0,4<br />

HBeta 575 382 0,173 74<br />

LiHBeta 561 365 0,164 22<br />

HUSY 767 692 0,331 4,4<br />

LiHUSY 739 664 0,319 1,6<br />

Kapp = constante aparente <strong>da</strong> taxa de reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2<br />

x 10E 7 a 450 o C. Desvio padrão no valor de Kapp estimado em 8%.<br />

IV.3. Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano<br />

Testes iniciais foram conduzidos para se definir as condições <strong>da</strong> reação de<br />

hidroisomerização do n-heptano e, em menor extenção, do n-decano:<br />

• Testes com o reator contendo somente lã de vidro (teste em branco) não<br />

mostraram conversão do n-heptano na faixa de temperatura de 230 a 290 o C,<br />

ou do n-decano na faixa de 230 a 260 o C, indicando ausência de craqueamento<br />

térmico;<br />

• A possibili<strong>da</strong>de de ocorrência de limitação difusional, para as reações de<br />

hidroisomerização do n-heptano e do n-decano, foi investiga<strong>da</strong> utilizando-se<br />

um catalisador comercial à base de metal nobre/mordenita, nas faixas<br />

granulométricas de -115 + 150 mesh e de -32 + 115 mesh e temperatura de<br />

230 o C. Optou-se pelo uso deste catalisador devido a sua eleva<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de, o<br />

que faria com que fosse mais níti<strong>da</strong> a eventual presença de limitações<br />

difusionais. Os resultados não mostraram diferenças significativas de ativi<strong>da</strong>de,<br />

entre as duas faixas granulométricas testa<strong>da</strong>s, indicando ausência de<br />

restrições difusionais nestas condições. Foi padronizado o uso <strong>da</strong> fração<br />

menor do que 150 mesh nos demais experimentos.<br />

141


• Não se observou desativação significativa (assumi<strong>da</strong> como sendo uma que<strong>da</strong><br />

superior a 5% no valor de conversão após 1 hora de reação) durante os<br />

experimentos nos catalisadores preparados no presente trabalho à base de<br />

zeólitas HZSM5, Beta ou USY. A amostra comercial à base de mordenita<br />

(zeólita unidirecional), apresentou no entanto, forte desativação (per<strong>da</strong> média<br />

de 40% no valor <strong>da</strong> conversão após 30 minutos de reação).<br />

IV.3.1. Efeito <strong>da</strong> razão Pt/H + utilizando a zeólita HZSM5<br />

O efeito <strong>da</strong> razão entre os sítios metálicos e os sítios ácidos foi testado na<br />

reação de hidroisomerização do n-heptano (condições descritas na seção <strong>II</strong>I.3.1.)<br />

variando-se o teor <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 em mistura mecânica com a zeólita HZSM5 (tabela<br />

IV.3.1 e figura IV.3.1). Os resultados mostram que:<br />

• A amostra de Pt/Al2O3 apresenta uma conversão de aproxima<strong>da</strong>mente 0.4%<br />

nas condições testa<strong>da</strong>s. Testes adicionais realizados, até a temperatura de<br />

350 o C, mostraram que a conversão do n-heptano é inferior a 1%.<br />

Conseqüentemente, a contribuiçao <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 foi desconsidera<strong>da</strong> na<br />

análise dos resultados.<br />

• Na ausência <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3, a zeólita HZSM5 apresenta uma conversão<br />

significativa, mas com baixa seletivi<strong>da</strong>de para formação de isômeros do nheptano.<br />

Os produtos principais foram parafinas e olefinas leves, oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />

reações de craqueamento;<br />

• Com a adição de somente 5% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3, não se observa variações<br />

significativas na ativi<strong>da</strong>de, no entanto, não se detecta mais a presença de<br />

olefinas nos produtos de reação;<br />

• A ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano passou por um máximo em<br />

torno de 50% do teor <strong>da</strong> fase desidrogenante (Pt/Al2O3), condizente com o<br />

mecanismo bifuncional [24]. Podemos então considerar que, acima de 50% p/p<br />

de fase desidrogentante (Pt/Al2O3) na mistura com a zeólita HZSM5, a etapa<br />

limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os sítios ácidos <strong>da</strong> zeólita.<br />

142


Tabela IV.3.1. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de a isômeros na hidroisomerização do nheptano<br />

sobre misturas mecânicas de Pt/Al2O3 com a zeólita HZSM5 (230 o C, 1 atm e<br />

W/Fao entre 32 e 38 g.h.gmol -1 ).<br />

Teor de Pt/Al2O3 0 5 50 70 90 100<br />

Conversão (%p) 7.4 6.5 23.6 20.3 9.3 0,4<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p) 4.6 24.3 44.4 56.1 58.0 21,8<br />

Rendimento (%p/p) 0.2 1.6 10.5 11.4 5.4 0,1<br />

Obs: A amostra de Pt/Al2O3 apresenta conversão inferior a 1% até a temperatura de<br />

350 o C.<br />

Conversão %<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Pt/Al2O3 % (p/p)<br />

Figura IV.3.1: Conversão do n-heptano em função do teor de Pt/Al2O3 em mistura<br />

mecânica com a zeólita HZSM5 (T=230 o C, P= 1 atm, W/Fao = 32 a 38 g.h/mol)<br />

• Acima de 50% <strong>da</strong> fase desidrogenante (Pt/Al2O3), a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />

não é mais afeta<strong>da</strong> significativamente pela proporção entre a fase desidrogente<br />

e a fase áci<strong>da</strong>, ou seja, pela razao entre os sítios metálicos e os sítios ácidos<br />

(Figura IV.3.2).<br />

Como podemos ver na tabela IV.3.2., a zeólita HZSM5 apresenta um dos valores<br />

mais elevados de acidez dentre as amostras testa<strong>da</strong>s (mensura<strong>da</strong> pela ativi<strong>da</strong>de de<br />

craqueamento do n-hexano). Com base nos resultados mostrados na figura IV.3.1 e<br />

tabela IV.3.1, podemos assumir que, para teores em torno de 50% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 na<br />

mistura mecânica com a zeólita HZSM5, a etapa limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os<br />

sítios ácidos. Desta forma, podemos assumir que, mantendo a mesma proporção de<br />

143


fase desidrogenante na mistura mecânica para as demais amostras de menor acidez,<br />

a etapa limitante tenderia a ocorrer sobre os sítios ácidos. Como mostrado na figura<br />

IV.3.2, acima de 50% <strong>da</strong> fase desidrogenante também não se observa diferenças na<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, o que nos permite supor, que possíveis diferenças na razão<br />

entre os sítios metálicos e os sítios ácidos existente entre a zeólita HZSM5 e as<br />

amostras de menor acidez (ex: CaHZSM5, LiHZSM5 e H[Fe]ZSM5) não afetariam os<br />

resultados <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Adotou-se então a padronização para os<br />

experimentos de conversão do n-heptano e do n-decano, o uso <strong>da</strong> mistura mecânica<br />

contendo 50% <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 e 50% <strong>da</strong> fase zeolítica.<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0 20 40 60<br />

Conversão nC7 (%p/p)<br />

Figura IV.3.2: Influência do teor <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 (entre 5 e 90%p p/) em mistura<br />

mecânica com a zeólita HZSM5 na seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do nheptano<br />

(230 o C, 1 atm).<br />

A estratégia <strong>da</strong> utilização de misturas mecânicas entre a fase desidrogenante e<br />

a fase áci<strong>da</strong> foi utiliza<strong>da</strong> de forma evitar a variação <strong>da</strong> dispersão <strong>da</strong> fase metálica entre<br />

os diversos catalisadores ou uma possível interação <strong>da</strong> Pt outros elementos presentes<br />

(ex: P) o que dificultaria a interpretação dos resultados. Degnam e Kennedy [24]<br />

utilizaram esta mesma abor<strong>da</strong>gem para estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> razão entre sítios metálicos<br />

de uma fase Pt/Al2O3 com os sítios ácidos de uma zeólita H-Beta.<br />

5<br />

50<br />

70<br />

90<br />

144


Tabela IV.3.2. Ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano (T=450 o C, P=1atm)<br />

Zeólitas do tipo ZSM5 Zeólitas do tipo Beta Zeólitas do tipo Y<br />

HZSM5<br />

126 H-Beta<br />

74 HUSY<br />

4,4<br />

LaHZSM5 (4x) 134 P(0,5%)H-Beta 76 LiHUSY<br />

1,6<br />

CaHZSM5<br />

50 P(1,5%)H-Beta 70<br />

P(1%)HZSM5 25 P(3,0%)H-Beta 78<br />

P(2%)HZSM5 13 LiH-Beta<br />

22<br />

H[Fe]ZSM5 2 P(6,0%)H-Beta 0,9<br />

P(4%)HZSM5 1 P(8,3%)H-Beta 0,5<br />

LiHZSM5<br />

0,4<br />

Obs: Ativi<strong>da</strong>de representa<strong>da</strong> pela constante aparente (Kapp) <strong>da</strong> taxa de 1ª ordem <strong>da</strong><br />

reação do craqueamento do n-hexano em l/s.m 2 x 10E 7 . Desvio padrão no valor de<br />

Kapp estimado em 8%.<br />

IV.3.2. Efeito <strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas<br />

As zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY em misturas mecânicas com Pt/Al2O3 (50%<br />

p/p) foram testa<strong>da</strong>s na hidroisomerização do n-heptano e do n-decano. Comparandose<br />

os resultados de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais (mono-ramificados + biramificados<br />

+ triramifacados + etil-ramificados) observa-se que a zeólita HZSM5<br />

apresenta a menor seletivi<strong>da</strong>de em isômeros dentre as zeólitas testa<strong>da</strong>s (com a ordem<br />

sendo HUSY > HBeta > HSM5) (Figura IV.3.3). Diversos autores tem observado o<br />

mesmo comportamento, ou seja, uma baixa seletivi<strong>da</strong>de em isômeros quando<br />

utilizando a zeólita HZSM5 [[55] [57] [65] [66]), o que tem sido atribuído a presença de<br />

fortes restrições difusionais aos compostos biramificados [67][66] ou a eleva<strong>da</strong> acidez<br />

desta zeólita que favoreceria as reações de craqueamento[17][18].<br />

Para se investigar o papel <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5, na baixa seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros observa<strong>da</strong> na hidroisomerização de n-heptano e de n-decano (Figura<br />

IV.3.3), realizou-se a troca iônica <strong>da</strong> zeólita com soluções aquosas de cálcio, lantânio<br />

e lítio. Os efeitos <strong>da</strong> troca iônica sobre a acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 já foram discutidos<br />

anteriormente (seção IV.2). Com base na ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano<br />

(tabela IV.3.2) podemos afirmar que: a) A introduçao de lântanio acarretou uma<br />

pequena variação na acidez forte de Bronsted; b) A introdução de cálcio e<br />

principalmente de lítio ocasionaram uma acentua<strong>da</strong> redução na acidez forte de<br />

Bronsted.<br />

145


Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

HZSM5-nC10 Hbeta-nC10 HUSY-nC10<br />

HZSM5-nC7 Hbeta-nC7 HUSY-nC7<br />

Figura IV.3.3.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros na reação de hidroisomerização do<br />

n-heptano e do n-decano (230 o C e 1 atm) sobre zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY em<br />

mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 . Barra de erro em ± 2 não representa<strong>da</strong> em<br />

to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />

Os resultados de ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do n-heptano e do<br />

n-decano (estima<strong>da</strong>s pela constante aparente de 1ª ordem – seção IV.1) são<br />

apresentados na tabela IV.3.3. A ativi<strong>da</strong>de de conversão do n-decano foi superior a<br />

observa<strong>da</strong> para o n-heptano, o que está de acordo com a literatura que mostra o<br />

aumento <strong>da</strong> taxa de hidroisomerização com o aumento do tamanho <strong>da</strong> cadeia de<br />

hidrocarboneto (seção <strong>II</strong>.1.7) [46][55][116].<br />

A ordem de ativi<strong>da</strong>de para a hidroisomerização do n-heptano seguiu a ordem<br />

de acidez forte mensura<strong>da</strong> pelo craqueamento do n-hexano:<br />

LaHZSM5 > HZSM5 > CaHZSM5 > LiHZSM5<br />

Por outro lado a ordem de ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-decano mostrou<br />

alteração na posição relativa <strong>da</strong> amostra modifica<strong>da</strong> com cálcio, que apresentou<br />

ativi<strong>da</strong>de superior a amostra original <strong>da</strong> zeólita HZSM5 (Tabela IV.3.3).<br />

LaHZSM5 ≅ CaHZSM5 > HZSM5 > LiHZSM5<br />

146


Tabela IV.3.3: ativi<strong>da</strong>des relativas de craqueamento do n-hexano (450 o C, 1atm) e<br />

hidroisomerizaçao do n-heptano e do n-decano (230 o C, 1 atm). Ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra<br />

HZSM5 defini<strong>da</strong> como sendo 100.<br />

HZSM5<br />

LaHZSM5<br />

CaHZSM5<br />

LiHZSM5<br />

H[Fe]ZSM5<br />

Ativ. relat. n-C6 Ativ. relat. n-C7 Ativ. Relat. n-C10 Ativ. n-C10/n-C7<br />

100<br />

106<br />

40<br />

0,3<br />

1,6<br />

100<br />

133<br />

68<br />

35<br />

1,3<br />

100<br />

225<br />

217<br />

45<br />

18<br />

Obs: erros médios estimados em 20% para os valores de ativi<strong>da</strong>de relativa.<br />

A redução <strong>da</strong> acidez por troca iônica com lítio na zeólita HZSM5, e em menor<br />

extenção com cálcio, acarretou o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros totais (monoramificados<br />

+ bi-ramificados + triramifacos + etil-ramificados) na reação de<br />

hidroisomerização do n-heptano (Figura IV.3.4) e do n-decano (Figura IV.3.5.). Por<br />

outro lado, a introdução de lantânio que não afetou em grande extensão a acidez <strong>da</strong><br />

zeólita HZSM5 tendeu a reduzir a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Podemos concluir que a<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros <strong>da</strong> zeólita HZSM5 pode ser substancialmente incrementa<strong>da</strong><br />

pela redução <strong>da</strong> acidez forte.<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão do n-C7(%p/p)<br />

HZSM5 CaHZSM5 LaHZSM5 LiZSM5<br />

Figura IV.3.4.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HZSM5 em mistura mecânica<br />

(50% p/p) com Pt/Al2O3 . Obs: Para a amostra de LiZSM5 os valores correspondem a<br />

temperaturas entre 230 a 260 o C.<br />

4<br />

6<br />

11<br />

4<br />

49<br />

147


Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10(%p/p)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão n-C10(%p/p)<br />

HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />

Figura IV.3.5.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas ZSM5 em mistura mecânica<br />

(50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

A redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 também foi investiga<strong>da</strong> substituindo-se<br />

o Al <strong>da</strong> rede por Fe. Conforme discutido na seção IV.2.1., a amostra contendo ferro<br />

(H[Fe]HZSM5) apresenta uma significativa redução <strong>da</strong> acidez “forte” de Bronsted<br />

(medido por IR de piridina após dessorção a temperatura de 350 o C e pela ativi<strong>da</strong>de de<br />

craqueamento do n-hexano a 450 o C – Tabela IV.2.3) em acordo com a literatura, que<br />

reporta uma menor força áci<strong>da</strong> para ferrosilicatos, quando comparados com seus<br />

análogos aluminosilicatos [137][136][159].<br />

Os resultados de seletivi<strong>da</strong>de para a hidroisomerização do n-heptano e do ndecano<br />

sobre misturas mecânicas contendo 50% p/p de Pt/Al2O3 e 50% <strong>da</strong> zeólita<br />

HZSM5 ou do ferrosilicato H[Fe]ZSM5 são apresentados nas figuras IV.3.6 e IV.3.7,<br />

respectivamente. Podemos observar que a amostra H[Fe]ZSM5 de menor força áci<strong>da</strong>,<br />

apresenta um significativo aumento na seletivi<strong>da</strong>de em iso-heptanos e iso-decanos.<br />

148


Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7 (%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão n-C7 (%p/p)<br />

HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />

Figura IV.3.6.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão para as zeólitas<br />

HZSM5 (T=230 o C, P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) e para a zeólita H[Fe]ZSM5<br />

(230 o C ≤ T ≤.290 o C) em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso - C10 (%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C10 (%p/p)<br />

HZSM5 H[Fe]ZSM5<br />

Figura IV.3.7.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

149


A análise <strong>da</strong> curva de distribuição de produtos (Figuras IV.3.8 a IV.3.10), na<br />

hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas ZSM5 troca<strong>da</strong>s com Ca, La ou Li e<br />

sobre H[Fe]ZSM5, mostra que os isômeros mono-ramificados (2-metil-hexano e 3metil-hexano)<br />

são formados preferencialmente. Têm sido observado que sobre<br />

Pt/ZSM5 forma-se preferencialmente mono-metil-isômeros[26]. Este mesmo<br />

comportamento é observado para outras estruturas de poros médios, sendo tão<br />

característico que foi incluído em um dos critérios para identificação de estruturas<br />

zeóliticas por Martens e Jacobs (Figura <strong>II</strong>.16) [17]. A baixa formação de bi-ramificados<br />

sobre zeólitas de poros médios, como a HZSM5, é atribuí<strong>da</strong> à ocorrência de restrições<br />

estéricas e/ou difusionais [31][48][56]. É proposto por alguns autores, que os isômeros<br />

bi-ramificados podem ser formados na interseção dos canais <strong>da</strong> zeólita ZSM5<br />

(representa<strong>da</strong> na figura <strong>II</strong>.18 [68]), mas sofreriam forte restrição para se difundir para<br />

fora dos poros, sendo conseqüentemente, craqueados [67][66]). Outros autores<br />

propõem que o favorecimento <strong>da</strong>s reações de craqueamento ocorre devido a eleva<strong>da</strong><br />

força áci<strong>da</strong> <strong>da</strong> zeólita HZSM5, o que levaria a um maior tempo de residência dos<br />

intermediários olefínicos [17][18].<br />

Seletivi<strong>da</strong>de monor.(%p/p)<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7(%p/p)<br />

H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />

Figura IV.3.8. Seletivi<strong>da</strong>de para mono-ramificados na hidroisomerização do n-heptano<br />

(230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura mecânica (50% p/p) com<br />

Pt/Al2O3 . A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a<br />

leitura.<br />

150


Seletivi<strong>da</strong>de biram.(%p/p)<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7 (%p/p)<br />

H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />

Figura IV.3.9. Seletivi<strong>da</strong>de para produtos bi-ramificados observados na<br />

hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em<br />

mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3. A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em<br />

to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />

Seletivi<strong>da</strong>de leves(%p/p)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7 (%p/p)<br />

H[Fe]ZSM5 HZSM5 LaHZM5 CaHZSM5 LiHZSM5<br />

Figura IV.3.10. Seletivi<strong>da</strong>de para produtos leves na hidroisomerização do n-heptano<br />

(230 o C e 1 atm) sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5 em mistura mecânica (50% p/p) com<br />

Pt/Al2O3. A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a<br />

leitura.<br />

151


A análise detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong> distribuição de produtos em valores de conversão<br />

similares (Tabela IV.3.4) mostra que os principais produtos de craqueamento são<br />

propano e isobutano, formados em quanti<strong>da</strong>des equimoleculares.<br />

Tabela IV.3.4.: Resultados observados na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />

HSM5 modifica<strong>da</strong>s (zeólita HBeta incluí<strong>da</strong> para facilitar a comparação).<br />

T=230 o C, P=1atm HZSM5 LaZSM5 CaHZSM5 LiHZSM5 H[Fe]ZSM5 HBeta<br />

Conversão (%)<br />

Seletivi<strong>da</strong>des (%molar)<br />

55,1 54,9 56,5 63,8 68.8 54,2<br />

. metano<br />

. etano<br />

. propano<br />

. iso-butano<br />

. n-butano<br />

. outros leves < C7<br />

. 2,2-DMP<br />

. 2,4-DMP<br />

. 2,3-DMP<br />

. 3,3-DMP<br />

. 2,3,3-TMP<br />

. 2MH<br />

. 3MH<br />

. 3EP<br />

. não identificados<br />

- razão C3/I-C4<br />

- razão 2MH/3MH<br />

Seletivi<strong>da</strong>des (%p/p)<br />

. leves (< C7)<br />

. mono-ramificados<br />

. bi-ramificados<br />

. tri-ramificados<br />

. etil-ramificados<br />

. outros<br />

0,4<br />

0,4<br />

49,9<br />

49,6<br />

0,4<br />

0,3<br />

0,03<br />

1,2<br />

0,6<br />

0,0<br />

0,0<br />

25,3<br />

20,6<br />

0,7<br />

0,9<br />

1,0<br />

1,2<br />

48,0<br />

51,3<br />

45,9<br />

1,8<br />

0,0<br />

0,3<br />

0,9<br />

0,6<br />

0,9<br />

56,4<br />

55,5<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,04<br />

0,8<br />

0,4<br />

0,0<br />

0,0<br />

22,8<br />

17,7<br />

0,1<br />

0,7<br />

1,0<br />

1,3<br />

41,8<br />

57,8<br />

40,5<br />

1,2<br />

0,0<br />

0,1<br />

0,7<br />

0,0<br />

0,1<br />

44,9<br />

44,3<br />

0,5<br />

0,2<br />

0,04<br />

1,1<br />

0,0<br />

0,0<br />

0,0<br />

29,5<br />

21,5<br />

0,2<br />

2.0<br />

1,0<br />

1,4<br />

52.3<br />

45,9<br />

51,0<br />

1,1<br />

0,0<br />

0,2<br />

2,1<br />

1,5<br />

0,2<br />

35,5<br />

34,1<br />

0,3<br />

0,1<br />

0,02<br />

2,4<br />

1,0<br />

0,0<br />

0,0<br />

30,4<br />

29,4<br />

0,3<br />

0,5<br />

1,0<br />

1,0<br />

63.5<br />

36,0<br />

59,8<br />

3,5<br />

0,0<br />

0,2<br />

0,5<br />

2,1<br />

1,1<br />

7,5<br />

5,0<br />

2,6<br />

3,0<br />

3,0<br />

6,8<br />

6,1<br />

0,7<br />

0,0<br />

32,9<br />

34,5<br />

2,0<br />

4,0<br />

1,5<br />

0,9<br />

86.0<br />

10,8<br />

67,4<br />

16,6<br />

0,0<br />

2,0<br />

4,2<br />

Com base no mecanismo de craqueamento do tipo β-cisão (Figura <strong>II</strong>.3), a<br />

formação de quanti<strong>da</strong>des equimoleculares de propano e isobutano é atribuí<strong>da</strong> ao<br />

craqueamento dos isômeros bi-ramificados [66]. Com base neste mecanismo,<br />

podemos concluir que a redução <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por troca iônica com Ca<br />

e principalmente com lítio, ou por substituição isomórfica do Al por Fe na rede,<br />

ocasiona a redução <strong>da</strong>s taxas de craqueamento dos compostos bi-ramificados. Desta<br />

forma, estes isômeros teriam um maior tempo de residência para se difundirem para o<br />

exterior dos poros ou se converterem em isômeros mono-ramificados, que possuem<br />

uma menor tendência a sofrerem reações de craqueamento (Figura <strong>II</strong>.49 [81]). A<br />

reação de conversão entre mono-ramificados e bi-ramificados é reversível, como<br />

152<br />

0,2<br />

0,1<br />

18,1<br />

17,9<br />

0,4<br />

0,7<br />

3,5<br />

6,0<br />

7,4<br />

1,1<br />

0,4<br />

29,1<br />

30,7<br />

2,3<br />

0,3<br />

1,0<br />

0,9<br />

80,4<br />

19,1<br />

59,7<br />

18,0<br />

0,4<br />

2,3<br />

0,7


mostrado por exemplo por Guisnet e colaboradores [81] (Figura <strong>II</strong>.49). O efeito global<br />

seria portando uma redução na seletivi<strong>da</strong>de a produtos leves e um aumento na<br />

formação de mono-ramificados, o que estaria de acordo com o observado<br />

experimentalmente (Figuras IV.3.8 e IV.3.10, respectivamente).<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão n-C7 (%p/p)<br />

LiHBeta H-Beta<br />

Figura IV.3.11.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HBeta e LiHBeta em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

Os resultados (Figuras IV.3.11 a IV.3.13) mostram que a a redução <strong>da</strong> acidez<br />

pela introdução do lítio, também pode se constituir num método eficiente para o<br />

aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de hidroisomerização para zeólitas de poros grandes. O fato<br />

<strong>da</strong> introdução do lítio ter aumentado a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros sobre a zeólita HBeta<br />

e ter tido pouco efeito sobre a zeólita HUSY, pode estar relacionado a baixa acidez<br />

inicial (Tabela IV.3.5) e excelente perfomance <strong>da</strong> zeólita HUSY testa<strong>da</strong> (Figura<br />

IV.3.13), o que a tornaria pouco sensível a modificações na acidez e/ou melhores na<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />

153


Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão n-C10 (%)<br />

HBeta H-LiBea<br />

Figura IV.3.12.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HBeta e LiHBeta em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7 (%)<br />

USY LiUSY<br />

Figura IV.3.13.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HUSY e LiHUSY em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

154


O próximo passo <strong>da</strong> investigação do efeito <strong>da</strong> acidez foi modificar a s zeólitas<br />

HZSM5 e HBeta pela impregnação com ácido fosfórico. O efeito sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />

(medi<strong>da</strong> como Kapp de reação – seção IV.1) é apresentado na tabela IV.3.5. Podemos<br />

ver que:<br />

• A introdução do fósforo na zeólita HZSM5 acarretou a redução significativa na<br />

ativi<strong>da</strong>de de craqueamento do n-hexano, que é associa<strong>da</strong> à presença de sítios<br />

ácidos fortes. A ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano foi pouco<br />

influencia<strong>da</strong> pelo teor de fósforo, enquanto a reação de hidroisomerização do<br />

n-decano passa por um máximo em torno de 2% p/p de fósforo (Figura<br />

IV.3.14);<br />

• Sobre a zeólita HBeta, a introduçao de fósforo, em teores acima de 6%,<br />

acarreta a drástica redução <strong>da</strong> acidez forte (medi<strong>da</strong> pelo craqueamento do nhexano),<br />

o que se refletiu na redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do nheptano<br />

e do n-decano. Para esta zeólita fica bem nítido a ocorrência de um<br />

máximo de ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano e do n-decano para<br />

teores de P em torno de 0,5 e 1,5 %p/p (Figura IV.3.14), respectivamente.<br />

Tabela IV.3.5: ativi<strong>da</strong>des relativas de craqueamento do n-hexano (450 o C, 1atm) e<br />

hidroisomerizaçao do n-heptano e do n-decano (230 o C, 1 atm). Ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra<br />

HZSM5 defini<strong>da</strong> como sendo 100.<br />

HZSM5<br />

P(1,0)HZSM5<br />

P(2,0)HZSM5<br />

P(4,0)HZSM5<br />

HBeta<br />

P(0,5)HBeta<br />

P(1,5)HBeta<br />

P(3,0)HBeta<br />

P(6,0)HBeta<br />

P(8,3)HBeta<br />

Ativ. relat. n-C6 Ativ. relat. n-C7 Ativ. relat. n-C10 Ativ. n-C10/n-C7<br />

100<br />

20<br />

10<br />

0,8<br />

59<br />

60<br />

56<br />

62<br />

0,7<br />

0,4<br />

100<br />

102<br />

55<br />

79<br />

90<br />

154<br />

129<br />

64<br />

58<br />

2<br />

100<br />

84<br />

166<br />

112<br />

224<br />

300<br />

360<br />

219<br />

105<br />

67<br />

Obs: erros médios estimados em 20% para os valores de ativi<strong>da</strong>de relativa<br />

4<br />

3<br />

10<br />

5<br />

9<br />

7<br />

10<br />

12<br />

6<br />

124<br />

155


Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

0 2 4 6<br />

Teor de P (%p/p)<br />

n-C6<br />

n-c7<br />

c-c10<br />

Figura IV.3.14.: Ativi<strong>da</strong>de relativa <strong>da</strong> conversão do n-hexano (450 o C, 1 atm) e <strong>da</strong><br />

hidroisomerização do n-heptano (230 o C, 1 atm) e do n-decano (230 o C, 1 atm) para<br />

zeólitas HZSM5 contendo diversos teores de P em mistura mecânica (50% p/p) com<br />

Pt/Al2O3 .<br />

Ativi<strong>da</strong>de relativa<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10<br />

Teor de P (%p/p)<br />

n-C6<br />

n-c7<br />

c-c10<br />

Figura IV.3.15.: Ativi<strong>da</strong>de relativa <strong>da</strong> conversão do n-hexano (450 o C, 1 atm) e <strong>da</strong><br />

hidroisomerização do n-heptano (230 o C, 1 atm) e do n-decano (230 o C, 1 atm) para<br />

zeólitas HBeta contendo diversos teores de P em mistura mecânica (50% p/p) com<br />

Pt/Al2O3 .<br />

156


Considerando-se que a etapa limitante <strong>da</strong> reação ocorra sobre os sítios ácidos<br />

em todos os catalisadores utilizados (conforme discussão efetua<strong>da</strong> na seção IV.1.1),<br />

poderíamos correlacionar a variação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização com variações<br />

na acidez <strong>da</strong>s zeólitas. Sobre a zeólita HZSM5, por exemplo, a introdução de fósforo<br />

tende a reduzir a acidez forte e aumentar o número de sítios ácidos médios (Tabela<br />

IV.2.5). No entanto, a introduçao de fósforo, muito provavelmente, pode acarretar<br />

mu<strong>da</strong>nças nas proprie<strong>da</strong>des de adsorção <strong>da</strong>s zeólitas. Como enfatizado em várias<br />

propostas recentes para explicar a diferença de ativi<strong>da</strong>de entre zeólitas, uma maior<br />

entalpia de adsorção resulta num aumento <strong>da</strong> concentração dos reagentes dentro dos<br />

poros e conseqüentemente leva a uma maior ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização [58][90].<br />

Com nas figuras IV.3.14 e IV.3.15 podemos afirmar que é possível se ter uma eleva<strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização, mesmo após uma substancial redução <strong>da</strong> acidez forte.<br />

O efeito do teor do fósforo sobre a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros variou em função<br />

<strong>da</strong> zeólita estu<strong>da</strong><strong>da</strong> (Figuras IV.3.16 a IV.3.19):<br />

• Para a zeólita HZSM5, a introdução de 1% de P não afetou a seletivi<strong>da</strong>de para<br />

isômeros. No entanto, para teores mais elevados (2 e 4%p/p), observa-se a<br />

redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para as reações de hidroisomerização do n-heptano e<br />

do n-decano (Figuras IV.3.16 e IV.3.17, respectivamente);<br />

• Para a zeólita HBeta, podemos concluir que os diversos teores de fósforo<br />

testados acarretam um aumento similar na seletivi<strong>da</strong>de em iso-heptanos<br />

(Figura IV.3.18). Para a hidroisomerização do n-decano, o aumento na<br />

seletivi<strong>da</strong>de foi influenciado pelo teor de P, segundo a sequência abaixo<br />

(Figura IV.3.19):<br />

P(8,3)HBeta > P(6)HBeta > P(3,0) HBeta ≅ (1,5)HBeta > P(0,5)HBeta ≅ Hbeta<br />

157


Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7(%p/p)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

10 30 50 70 90<br />

Conversão do n-C7 (%p/p)<br />

HZSM5 P(1)HZSM5 P(2)HZSM5 P(4)HZSM5<br />

Figura IV.3.16.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HZSM5 com diversos teores de<br />

fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C10 (%p/p)<br />

HZSM5 P(1)HZSM5 P(2)HZSM5 P(4)HZSM5<br />

Figura IV.3.17.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HZSM5 com diversos teores de<br />

fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

158


Seletivi<strong>da</strong>de iso-C7 (%p/p)<br />

100<br />

95<br />

90<br />

85<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão n-C7 (%p/p)<br />

HBeta P(0,5)HBeta P(1,5)HBeta<br />

P(3)HBeta P(6)HBeta P(8)HBeta<br />

Figura IV.3.18.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para zeólitas HBeta com diversos teores de<br />

fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3.<br />

Seletivi<strong>da</strong>de iso-C10 (%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

Conversão iso-C10(%)<br />

P(0,5)HBeta P(1,5)HBeta P(3)HBeta<br />

P(6)HBeta P(8)HBeta HBeta<br />

Figura IV.3.19.: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-decanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-decano de 759 mol/mol) para zeólitas HBeta com diversos teores de<br />

fósforo em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 .<br />

159


Os resultados mostram que a modificação <strong>da</strong> acidez, pela introdução de fósforo<br />

na zeólita HBeta, acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para isômeros nas reações de<br />

hidroisomerização do n-heptano e do n-decano. O exato efeito do teor de fósforo se<br />

mostrou, no entanto, dependente <strong>da</strong> reação estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Em contraste, sobre a zeólita<br />

HZSM5, o efeito <strong>da</strong> presença de fósforo foi o de não alterar os valores de seletivi<strong>da</strong>de<br />

para baixos teores de fósforo (1%p/p) e de reduzir a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, para<br />

teores mais elevados (>2% p/p) para ambas as reações. Para racionalizar estes<br />

efeitos, temos de considerar na discussão o papel <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> zeólita sobre a<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros.<br />

Os resultados <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano e do n-decano sobre<br />

HZSM5, HBeta e HUSY (Figura IV.3.3) mostram que as zeólitas de poros grandes<br />

HBeta e HUSY apresentam uma maior seletivi<strong>da</strong>de para isômeros do que a observa<strong>da</strong><br />

para a zeólita HZSM5 de poros médios. Segundo vários autores [53] [66][67][69],<br />

conforme revisado na seção <strong>II</strong>.1.3.2 em detalhes, uma maior seletivi<strong>da</strong>de a isômeros é<br />

atribuí<strong>da</strong> a estruturas que permitam uma rápi<strong>da</strong> difusão dos produtos, em especial dos<br />

produtos mais ramificados, o que é conhecido, apresentam uma maior tendência ao<br />

craqueamento (Figura <strong>II</strong>.49 [81]). De acordo com esta proposição, se observa sobre a<br />

zeólita HBeta (tabela IV.3.4) uma significativa formação de produtos bi-ramificados,<br />

incluindo os isômeros contendo o grupamento metil no mesmo átomo de carbono, que<br />

tendem a apresentar maiores restrições difusionais [31].<br />

Da mesma forma que observado sobre a zeólita HZSM5 (tabela IV.3.4.), sobre<br />

a zeólita HBeta observa-se a formação equimolecular de propano e isobutano como<br />

produtos principais de craqueamento (tabela IV.3.4), o que pelo mecanismo de<br />

craqueamento do tipo β-cisão (Figura <strong>II</strong>.3) indica que a maioria dos produtos leves é<br />

oriun<strong>da</strong> do craqueamento dos produtos bi-ramificados [66].<br />

Analisando a distribuição de produtos na hidroisomerização do n-heptano sobre<br />

HBeta, LiHBeta e P(6)HBeta (Figura IV.3.20), podemos observar que o efeito <strong>da</strong><br />

redução <strong>da</strong> acidez forte por lítio e por fósforo são semelhantes. Observa-se um<br />

aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de total em isômeros, embora ocorra a redução na formação de<br />

compostos bi- e tri-ramificados.<br />

160


Seletivi<strong>da</strong>de leves (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de monoramif. (%p/p)<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7(%p/p)<br />

LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7(%p/p)<br />

LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />

Seletivi<strong>da</strong>de biramificados (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de triramificados (%p/p)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0,8<br />

0,7<br />

0,6<br />

0,5<br />

0,4<br />

0,3<br />

0,2<br />

0,1<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7(%p/p)<br />

LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão n-C7(%p/p)<br />

LiHBea HBeta P(6)HBeta<br />

Figura IV.3.20: Distribuição dos principais produtos na hidroisomerização do<br />

n-heptano sobre zeólitas HBeta modifica<strong>da</strong>s por lítio (LiHBeta) e por fósforo<br />

(P(6)HBeta) (T= 230 o C, P= 1 atm) com diversos teores de fósforo em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 . A barra de erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as<br />

curvas para facilitar a leitura.<br />

O comportamento observado <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez forte acarretar a redução<br />

<strong>da</strong> formação de isômeros bi- e tri-ramificados (Figura IV.3.20) foi reportado<br />

anteriormente na literatura por Zhang e Smimiotis [16]. Estes autores estu<strong>da</strong>ram a<br />

hidroisomerização do n-octano sobre HBeta com diferentes razões Si/Al, chegaram à<br />

conclusão de que a redução <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (medido somente por TPD de amônia)<br />

acarreta a redução no grau de ramificação dos isômeros. No entanto, contrariamente a<br />

estes autores, os resultados presentes mostram que a redução <strong>da</strong> acidez “forte”<br />

161


contribui para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais (mono-ramificados + biramificados<br />

+ tri-ramifacados). Uma vez que é bem conhecido que os isômeros biramificados<br />

e principalmente os tri-ramificados tem uma maior taxa de craqueamento<br />

[81], a redução <strong>da</strong> taxa de formação destes isômeros contribui para o aumento <strong>da</strong><br />

seletivi<strong>da</strong>de total. Na zeólita de poros médios HZSM5, esta última rota para o aumento<br />

<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de toal em isômeros não seria significativa, uma vez que a seletivi<strong>da</strong>de<br />

para produstos bi-ramificados é pouco altera<strong>da</strong> para CaHZSM5 e LiHZSM5 ou mesmo<br />

aumenta significativamente para a amostra H[Fe]ZSM5 (Figura IV.3.9).<br />

Um fato que merece destaque é o significativo aumento <strong>da</strong> fração de biramificados<br />

sobre a amostra H[Fe]ZSM5 na hidroisomerização do n-heptano (Figura<br />

IV.3.9) , sugerindo que para esta zeólita a difusão dos compostos bi-ramificados é<br />

favoreci<strong>da</strong>. Uma evidência <strong>da</strong> redução <strong>da</strong>s restrições difusionais na amostra<br />

H[Fe]ZSM5 é forneci<strong>da</strong> pela análise <strong>da</strong> razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3metil-hexano<br />

(2-MH/3-MH) nos produtos <strong>da</strong> reação (Figura IV.3.21):<br />

• Para a zeólita de poros grandes HBeta o valor <strong>da</strong> razão entre os<br />

isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) se aproxima do<br />

equilíbrio termodinâmico a baixos valores de conversão (Figura<br />

IV.3.21). Resultados semelhantes foram obtidos por Patrigeon e<br />

colaboradores na hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas de<br />

poros grandes Y e HBeta [96]. Este comportamento tem sido explicado,<br />

considerando-se que a transferência de grupamentos alquil ocorre<br />

rapi<strong>da</strong>mente entre íons carbênio secundários (Figura <strong>II</strong>.3 [16])<br />

estabelecendo o equilíbrio termodinâmico entre os isômeros 2-metilhexano<br />

e 3-metil-hexano [96].<br />

• Para a zeólita de poros médios HZSM5 forma-se preferencialmente o<br />

isômero 2-metil-hexano e somente a valores elevados de conversão, a<br />

razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano se aproxima<br />

do valor previsto pelo equilíbrio termodinâmico (Figura IV.3.21).<br />

Resultados semelhantes <strong>da</strong> formação preferencial em zeólitas de poros<br />

médios do 2-metil-octano ou do 2-metil-nonano na hidroisomerização do<br />

n-nonano e do n-decano, respectivamente, têm sido observados na<br />

literatura e explicados pela ocorrência de seletivi<strong>da</strong>de de forma ao<br />

estado de transição dos intermediários “PCP” (seção <strong>II</strong>.1.1) sobre estas<br />

zeólitas [17]. Os resultados são tão característicos que serviram de<br />

base para o estabelecimento de critérios de identificação de estruturas<br />

162


zeolíticas [17] (ver seção <strong>II</strong>.1.3.2 para uma revisão sobre este item<br />

específico). Mais recentemente, surgiram fortes controvérsias na<br />

literatura para explicar a formação preferencial de isômeros com<br />

grupamentos metila na posição terminal em algumas peneiras<br />

moleculares de poros médios, tais como a ZSM22, ZSM23 e SAPO11.<br />

Uma nova proposição seria a ocorrência dos mecanismos denominados<br />

“catálise na boca dos poros” (pore mouth catalysis) e “chave-fechadura”<br />

(“key lock catalysis”). Segundo estes mecanismos o n-alcano penetraria<br />

somente parcialmente nos poros, levando a uma formação preferencial<br />

de isômeros do tipo 2-metil- [71][72].<br />

razão 2-MH/3-MH mol/mol<br />

1,8<br />

1,7<br />

1,6<br />

1,5<br />

1,4<br />

1,3<br />

1,2<br />

1,1<br />

1,0<br />

0,9<br />

0,8<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%)<br />

HZSM5 H[Fe]ZSM5 LiHZSM5<br />

LaHZSM5 CaHZSM5 HBeta<br />

Figura IV.3.21. Razão entre os isômeros 2-metil-hexano (2-MH) e 3-metil-hexano (3-<br />

MH) observados na hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre diferentes<br />

zeólitas em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3. (valor de equilíbrio estimado em<br />

1,1 a 230 o C e 1 atm – anexo V<strong>II</strong>.2.1)<br />

Podemos observar que sobre a amostra H[Fe]ZSM5 a razão entre os isômeros<br />

2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) é idêntica ao observado sobre a zeólita<br />

HBeta de poros grandes (Figura IV.3.21), indicando uma menor restrição estérica e/ou<br />

difusional na amostra H[Fe]ZSM5 quando compara<strong>da</strong> com a amostra HZSM5. Esta<br />

menor restrição difusional, provavelmente se deve a formação de mesoporos durante<br />

as etapas de preparo e/ou ativação, facilita<strong>da</strong> pela grande tendência de saí<strong>da</strong> do Fe<br />

<strong>da</strong> estrutura, como reportado por vários autores [159][163]. Esta hipótese será<br />

163


verifica<strong>da</strong> em próximos estudos, com a criação intencional de mesoporosi<strong>da</strong>de e a<br />

verificação do seu efeito na seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização.<br />

Os resultados apresentados na figura IV.3.21 mostram também que a razão<br />

entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano (2-MH/3-MH) pode ser influencia<strong>da</strong><br />

pela acidez <strong>da</strong> zeólita. Comparando-se os resultados para as amostras HZSM5,<br />

LaHZSM5, CaHZSM5 e LiHZSM5, podemos ver que sobre a amostra LiHZSM5 que<br />

teve a sua acidez reduzi<strong>da</strong> significativamente (tabela IV.3.2), o valor do equilíbrio<br />

termodinâmico entre os isômeros tende a ser atingido mais rapi<strong>da</strong>mente, enquanto as<br />

amostra LaHZSM5 e HZSM5 de acidez similares (tabela IV.3.2) tendem também a ter<br />

também valores similares para a razão 2-MH/3-MH. A redução <strong>da</strong> acidez forte <strong>da</strong><br />

amostra CaHZSM5, por outro lado, aparentemente não foi suficiente para alterar a<br />

razão entre os isômeros. A acidez forte <strong>da</strong> amostra H[Fe]ZSM5 medi<strong>da</strong> pela reação de<br />

craqueamento do n-hexano é similar a <strong>da</strong> amostra LiHZSM5 (tabela IV.3.2),<br />

conseqüentemente esta menor acidez poderia estar contribuindo para uma menor<br />

razão 2-MH/3-MH. No entanto, se observarmos que a amostra H[Fe]ZSM5 atinge o<br />

valor de equilíbrio entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano mesmo a baixos<br />

valores de conversão, num comportamento típico de zeólitas de poros grandes<br />

(HBeta), podemos concluir que o fator determinante para este comportamento é a<br />

presença de menores restrições estéricas e/ou difusionais.<br />

A análise <strong>da</strong> distribuição de produtos sugere que a redução <strong>da</strong>s restrições<br />

difusionais, a semelhança <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez forte, é fator significativo para o<br />

aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros sobre a amostra H[Fe]ZSM5. Por outro lado, é<br />

de se esperar que modificações na zeólita, em especial em zeólitas de poros médios,<br />

que aumentem as restrições difusionais, irão contribuir para o aumento <strong>da</strong> taxa de<br />

craqueamento. Podemos propor que, sobre a zeólita HZSM5 de poros médios, a<br />

redução <strong>da</strong> acidez “forte” por impregnação por ácido fosfórico não propiciou o aumento<br />

<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros observa<strong>da</strong> para a amostra HBeta, devido a ocasionar o<br />

aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais. O aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais<br />

contrabalancearia o efeito benéfico <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> acidez, com o resultado final sendo<br />

a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de. Sobre a zeólita HBeta, devido ao maior tamanho dos poros,<br />

não ocorreu um aumento significativo <strong>da</strong>s restrições difusionais e o resultado final <strong>da</strong><br />

redução <strong>da</strong> acidez foi o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. A análise <strong>da</strong><br />

distribuição de produtos <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano sobre as zeólitas HZSM5<br />

modifica<strong>da</strong>s por ácido fosfórico fornece indícios <strong>da</strong> vali<strong>da</strong>de desta proposta:<br />

164


• A razão entre os isômeros 2-metil-hexano e 3-metil-hexano é mais eleva<strong>da</strong><br />

para a amostra de HZSM5 contendo 4% de fósforo (Figura IV.3.22). Como<br />

discutido anteriormente um aumento nesta razão sugere um aumento nas<br />

restrições estéricas na zeólita;<br />

• Em valores similares de conversão, as amostras de HZSM5 contendo<br />

fósforo tendem a ter uma menor seletivi<strong>da</strong>de para os isômeros biramificados<br />

(Tabela IV.3.5), sugerindo o aumento nas restrições difusionais.<br />

razão 2-MH/3-MH mol/mol<br />

2,0<br />

1,8<br />

1,6<br />

1,4<br />

1,2<br />

1,0<br />

0,8<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%)<br />

HZSM5 P(1%)HZSM5 P(2%)HZSM5 P(4%)HZSM5<br />

Figura IV.3.22: Razão entre os isômeros 2-metil-hexano (2-MH) e 3-metil-hexano (3-<br />

MH) observados na hidroisomerização do n-heptano (230 o C e 1 atm) sobre zeólitas<br />

modifica<strong>da</strong>s por ácido fosfórico em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3<br />

O efeito <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> temperatura sobre a distribuição de produtos foi<br />

estu<strong>da</strong>do para a série de zeólitas HZM5 com a acidez modifica<strong>da</strong> por troca iônica (com<br />

cálcio, lantânio e lítio) e por impregnação com ácido fosfórico. O aumento de<br />

temperatura acarretou a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para as amostras de<br />

HZSM5, CaHZSM5 e LaHZSM5, enquanto não afetou significativamente a seletivi<strong>da</strong>de<br />

para as amostras impregna<strong>da</strong>s com fósforo ou submeti<strong>da</strong>s a troca iônica com lítio<br />

(Figura IV.3.23). Têm sido reportado na literatura que a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros é<br />

função somente <strong>da</strong> conversão, não sendo influencia<strong>da</strong> pela temperatura ou pela<br />

pressão para zeólitas para Pt/HY (180 a 240 o C, 7 a 130 bar) [61] [79] e Pt/HBeta [61].<br />

Por outro lado é reportado que o aumento <strong>da</strong> temperatura acarreta a redução <strong>da</strong><br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para Pt/HZSM22 e Pt/HEU-1 (210 a 250 o C) [61] e para<br />

Pt/sílica-aluminas (250 a 300 o C)[18].<br />

165


Tabela IV.3.5.: Resultados observados na hidroisomerização do n-heptano.<br />

T=230 o C, P=1atm HZSM5 P(1)HZSM5 P(4)HZSM5<br />

Conversão (%) 55,1 56,4 54,1<br />

Seletivi<strong>da</strong>des (%molar)<br />

. metano<br />

. etano<br />

. propano<br />

. iso-butano<br />

. n-butano<br />

. outros leves < C7<br />

. 2,2-DMP<br />

. 2,4-DMP<br />

. 2,3-DMP<br />

. 3,3-DMP<br />

. 2,3,3-TMP<br />

. 2MH<br />

. 3MH<br />

. 3EP<br />

. não identificados<br />

- razão C3/I-C4<br />

- razão 2MH/3MH<br />

Seletivi<strong>da</strong>des (%p/p)<br />

. leves (< C7)<br />

. mono-ramificados<br />

. bi-ramificados<br />

. tri-ramificados<br />

. etil-ramificados<br />

. outros<br />

0,4<br />

0,4<br />

49,9<br />

49,6<br />

0,4<br />

0,3<br />

0,03<br />

1,2<br />

0,6<br />

0,0<br />

0,0<br />

25,3<br />

20,6<br />

0,7<br />

0,9<br />

1,0<br />

1,2<br />

48,0<br />

51,3<br />

45,9<br />

1,8<br />

0,0<br />

0,3<br />

0,9<br />

0,2<br />

0,1<br />

35,5<br />

34,1<br />

0,3<br />

0,1<br />

0,02<br />

0,9<br />

0,4<br />

0,0<br />

0,0<br />

28,1<br />

23,3<br />

0,2<br />

0,3<br />

1,0<br />

1,2<br />

50,9<br />

48,6<br />

49,4<br />

1,4<br />

0,0<br />

0,2<br />

0,6<br />

0,1<br />

0,5<br />

72,6<br />

72,1<br />

0,2<br />

0,2<br />

0,0<br />

0,5<br />

0,2<br />

0,0<br />

0,0<br />

14,0<br />

10,7<br />

0,1<br />

0,2<br />

1,0<br />

1,3<br />

25,4<br />

74,2<br />

24,7<br />

0,7<br />

0,0<br />

0,1<br />

0,6<br />

166


Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

HZSM5<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

T=230oC T = 260oC T = 290oC<br />

LaHZSM5<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

T=230oC T=260oC T=290oC<br />

P(4)HZSM5<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

T=230oC T=260oC T=290oC<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

Seletivi<strong>da</strong>de (%p/p)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

CaHZSM5<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

T=230oC T=260oC T=290oC<br />

P(1)HZSM5<br />

0 20 40 60 80 100 120<br />

Conversão (%p/p)<br />

T=230oC T=260oC T=290oC<br />

LiHZSM5<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%p/p)<br />

T=230oC T=260oC T=290oC<br />

Figura IV.3.23: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão em função <strong>da</strong><br />

temperatura de reação (P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) para a zeólitas HZSM5<br />

com acidez modifica<strong>da</strong> em mistura mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3.<br />

167


Podemos racionalizar os resultados observados (Figura IV.3.23)<br />

considerando que sobre a zeólita HZSM5 o efeito <strong>da</strong> temperatura sobre a seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros é fortemente influenciado pela distribuição de força áci<strong>da</strong>. A redução<br />

significativa <strong>da</strong> acidez pela impregnação com ácido fosfórico ou pela troca iônica com<br />

lítio (tabela IV.3.2) faz com que a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros não seja mais influencia<strong>da</strong><br />

pela temperatura de reação (na faixa estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de 230 a 290 o C). Sobre a zeólita<br />

LaHZSM5, de acidez próxima a HZSM5, e sobre a amostra de CaHZM5 que ain<strong>da</strong><br />

conta uma acidez forte significativa (tabela IV.3.2), o aumento <strong>da</strong> temperatura acarreta<br />

a redução <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Estes resultados sugerem que a energia de<br />

ativação para as reações de craqueamento e isomerização sejam similares sobre os<br />

sítios ácidos de força modera<strong>da</strong>.<br />

Os resultados do presente trabalho mostram claramente que a redução <strong>da</strong><br />

força áci<strong>da</strong> favorece o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais. Esta posição é<br />

defendi<strong>da</strong> por outros autores [17][18] [42][54][80] [85] [88]. É sugerido que uma menor<br />

força áci<strong>da</strong> acarreta uma menor vi<strong>da</strong> dos carbocátions sobre os sítios ácidos,<br />

favorecendo a sua dessorção como olefinas, que seriam a seguir hidrogena<strong>da</strong>s sobre<br />

os sítios metálicos, ao invés de sofrerem reações de hidrocraqueamento. No entanto,<br />

outros autores defendem a proposta de que o aumento <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> acarreta o<br />

aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de [16] [87] ou que este parâmetro não influencia a seletivi<strong>da</strong>de<br />

para formação de isômeros [89][90][66].<br />

Um levantamento <strong>da</strong> literatura (Tabela IV.3.6) permite identificar vários fatores<br />

que contribuem para a existência de propostas contraditórias sobre o efeito <strong>da</strong> força<br />

áci<strong>da</strong>, tais como:<br />

• A dificul<strong>da</strong>de ou a ausência de caracterização <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. Vários autores<br />

utilizam a temperatura máxima de dessorção <strong>da</strong> amônia (TPDA) como medi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> força áci<strong>da</strong>. No entanto, é bem conhecido que a temperatura máxima do<br />

TPD de amônia é influencia<strong>da</strong> por vários fatores além <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> (seção<br />

<strong>II</strong>.3.1). A técnica de TPDA também não permite distinguir entre sítios de<br />

Bronsted e de Lewis. Outros autores utilizam a própria ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reação de<br />

hidroisomerização como medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> acidez, quando esta pode ser influencia<strong>da</strong><br />

por vários fatores, tais como: a estrutura <strong>da</strong> zeólita, efeitos difusionais,<br />

diferença no número de sítios ácidos e mu<strong>da</strong>nça nas proprie<strong>da</strong>des de<br />

adsorção. No presente trabalho procurou-se caracterizar a acidez por váris<br />

técnicas de forma a se ter um quadro mais completo.<br />

168


• O método de alteração <strong>da</strong> razão Si/Al (e <strong>da</strong> acidez) por tratamento hidrotérmico<br />

<strong>da</strong> zeólita, muito empregado, pode gerar espécies de Al fora <strong>da</strong> rede, cujo<br />

papel na acidez ain<strong>da</strong> está sujeito a numerosa controvérsia (sítios superácidos,<br />

sítios de Lewis, alteração nas proprie<strong>da</strong>des de difusão, etc – ver seção<br />

<strong>II</strong>.2.1). No presente trabalho optou-se pela estratégia de reduzir a acidez por<br />

métodos bem aceitos na literatura;<br />

• A variação <strong>da</strong> conversão pela variação <strong>da</strong> temperatura de reação pode<br />

acarretar desvios, devido a diferenças nas energias de ativação para as<br />

reações de craqueamento e de hidroisomerização, como visto na figura<br />

IV.3.23. No presente trabalho, manteve-se para a maioria dos experimentos a<br />

temperatura fixa em 230 o C;<br />

• Dificul<strong>da</strong>de de se ter uma relação sítios metálicos/sítios ácidos que garanta que<br />

a etapa limitante ocorra sobre os sítios ácidos, devido à variação <strong>da</strong> estrutura<br />

e/ou <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong> zeólita. O uso de misturas mecânicas <strong>da</strong> fase<br />

desidrogenante e <strong>da</strong> fase áci<strong>da</strong> (zeólita), utiliza<strong>da</strong> no presente trabalho,<br />

permitiu garantir que a etapa limitante ocorresse sobre os sítios ácidos para os<br />

catalisadores testados;<br />

• Conclusões basea<strong>da</strong>s na reação de um único tipo de parafina, que podem não<br />

ser uma regra geral quando se varia o tamanho <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong> parafina,<br />

especialmente se considerarmos que a reativi<strong>da</strong>de (seção <strong>II</strong>.1.7) e os<br />

mecanismos possíveis de craqueamento variam com o tamanho <strong>da</strong> cadeia <strong>da</strong><br />

n-parafina (Figura <strong>II</strong>.3). No presente trabalho utilizou-se o n-heptano e o ndecano<br />

que apresentam reativi<strong>da</strong>des bem distintas.<br />

Os resultados comparativos do efeito <strong>da</strong> impregnação por ácido fosfórico sobre<br />

a zeólita de poros médios HZSM5 e a de poros grandes HBeta, mostram que a<br />

estrutura <strong>da</strong> zeólita influência significativamente os efeitos <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> acidez<br />

sobre a seletivi<strong>da</strong>de em isômeros, sendo provavelmente um fator adicional para a<br />

controvérsia existente na literatura.<br />

169


Tabela IV.3.6.: Condições utiliza<strong>da</strong>s para investigação do efeito <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> sobre a<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />

Ref. ano O aumento <strong>da</strong> força<br />

áci<strong>da</strong>:<br />

Carac. <strong>da</strong> acidez condições zeólitas<br />

[88] 1982 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de Sugerem que a ordem n-decano [M]ZSM5<br />

em isômeros<br />

de ativi<strong>da</strong>de indica a<br />

(metasilicatos)<br />

força áci<strong>da</strong><br />

M=Al, B, Fe, Be<br />

[85] 1982 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de IR ban<strong>da</strong>s OH e teoria n-decano 13 diferentes<br />

em isômeros<br />

de eletronegativi<strong>da</strong>de<br />

zeólitas<br />

[54] 1996 Favorece a TPD de amônia n-heptano MgHbeta e<br />

seletivi<strong>da</strong>de em<br />

MgHmordenita<br />

isômeros sobre<br />

[18] 1997<br />

Mgmordenita e não tem<br />

efeito sobre MgHBeta<br />

Reduz a seletivi<strong>da</strong>de Assumido uma menor n-decano<br />

em isômeros<br />

acidez de sílica- 240 –<br />

alumina x USY 300 o Sílica-alumina<br />

USY<br />

C<br />

[87] 1999 Favorece a seletivi<strong>da</strong>de A - Tmax do TPD n-heptano<br />

em isômeros<br />

amônia; B-<br />

300<br />

deslocamento <strong>da</strong><br />

Ban<strong>da</strong> OH com<br />

benzeno adsorvido<br />

o SAPO-11 e 5<br />

C CoAPO-11 e 5<br />

X = 5%<br />

[16] 1999 Favorece a seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros<br />

[42] 2000 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros<br />

[89] 2000 Reduz a seletivi<strong>da</strong>de<br />

em isômeros<br />

TPD de amônia (criou<br />

o conceito de T.média<br />

de dessorção)<br />

n-octano<br />

195-415 o C<br />

X=0 a<br />

100%<br />

TPD de amônia Hexadeca<br />

no<br />

350 o C,<br />

Craqueamento do nhexano<br />

[90] 2000 Não influencia Sem caracterização.<br />

Curvas x Si/Al<br />

[66] 2004 Não influencia desde<br />

que se tenha um<br />

balanço adequado <strong>da</strong><br />

função metálica<br />

TPD de amônia<br />

Craqueamento do nhexano<br />

(420 o C)<br />

103 bar<br />

n-octano,<br />

n-decano,<br />

n-<br />

dodecano<br />

n-hexano,<br />

n-heptano,<br />

n-octano e<br />

n-nonano<br />

233 o C<br />

n-heptano<br />

210 a<br />

360 o C<br />

ZSM12, Beta,<br />

mordenita, USY<br />

e L com<br />

diversas razões<br />

Si/Al<br />

ZSM5, ZSM22,<br />

SAPO-11, Al-<br />

MCM-41, HY e<br />

HBeta<br />

USY<br />

USY com varias<br />

razões Si/Al<br />

Y, USY, Beta,<br />

mordenita,<br />

ZSM12 e ZSM5<br />

com várias<br />

razões Si/Al<br />

170


Os catalisadores estu<strong>da</strong>dos foram ain<strong>da</strong> comparados com amostras<br />

comerciais, de forma a se estimar o potencial de aplicação. Os catalisadores<br />

comerciais testados foram à base de H-mordenita (catalisador 1) e à base de zeólita<br />

HUSY (catalisador 2), ambos promovidos por metais nobres. Os resultados<br />

comparativos <strong>da</strong> hidroisomerização do n-heptano são apresentados na Figura IV.3.24.<br />

As amostras LiHBeta e H[Fe]ZSM5 ain<strong>da</strong> não otimiza<strong>da</strong>s (ex: pela introdução <strong>da</strong> fase<br />

metálica na zeólita) mostraram desempenho similar ao melhor catalisador comercial<br />

testado para esta reação.<br />

Seletivi<strong>da</strong>de em iso-C7 (%p/p)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Conversão (%)<br />

comercial 1 comercial 2 LiHBeta H[Fe]ZSM5<br />

Figura IV.3.24: Curva de seletivi<strong>da</strong>de a iso-heptanos versus conversão (T=230 o C,<br />

P=1atm e H2/n-heptano de 56 mol/mol) obti<strong>da</strong> para a zeólita LiHBeta em mistura<br />

mecânica (50% p/p) com Pt/Al2O3 e para dois catalisadores comerciais. A barra de<br />

erro não foi representa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as curvas para facilitar a leitura.<br />

171


V. Conclusões<br />

Uma série de zeólitas HZSM5, HBeta e HUSY com a acidez modifica<strong>da</strong> por<br />

troca iônica com cátions não redutíveis (Ca, Li e La), por impregnação com ácido<br />

fosfórico e por substituição do Al <strong>da</strong> rede <strong>da</strong> zeólita HZSM5 por Fe, foram testa<strong>da</strong>s na<br />

hidroisomerização do n-heptano e do n-decano em mistura mecânica com Pt/Al2O3 em<br />

temperaturas de 230ºC a 260 o C e 1 atm.<br />

Utilizando a reação de craqueamento do n-hexano foi observa<strong>da</strong> a redução <strong>da</strong><br />

acidez forte sobre a zeólita HZSM5 pela troca iônica com cálcio e principalmente lítio.<br />

Por outro lado, a troca iônica com lantânio acarreta um efeito pouco significativo no<br />

valor <strong>da</strong> acidez. A impregnação por ácido fosfórico <strong>da</strong> zeólita HZSM5 acarretou a<br />

redução <strong>da</strong> acidez forte e o aumento do número de sítios ácidos de força média (estes<br />

quantificados pela dessorção a temperatura programa<strong>da</strong> <strong>da</strong> amônia e por IR de<br />

piridina adsorvi<strong>da</strong>). A introdução de lítio por troca iônica nas zeólitas HBeta e HUSY<br />

ocasiona, <strong>da</strong> mesma forma que o observado para a zeólita HZSM5, a redução <strong>da</strong><br />

acidez forte quantifica<strong>da</strong> pela taxa de craqueamento do n-hexano. Sobre a zeólita<br />

HBeta, somente para teores acima de 3% p/p de fósforo, se observa uma redução<br />

significativa no valor <strong>da</strong> acidez forte.<br />

Acima de 50% p/p <strong>da</strong> fase Pt/Al2O3 em mistura mecânica com a zeólita HZSM5,<br />

observa-se que a etapa limitante ocorre sobre os sítios ácidos e a seletivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros é pouco afeta<strong>da</strong>. Nas condições testa<strong>da</strong>s, observa-se uma baixa formação<br />

de metano e etano, indicando que a fase Pt/Al2O3 possui baixa ativi<strong>da</strong>de de<br />

hidrogenólise.<br />

A redução <strong>da</strong> acidez forte por troca iônica com lítio acarretou nas três zeólitas<br />

testa<strong>da</strong>s (HZSM5, HBeta e HUSY) a redução <strong>da</strong> taxa de hidroisomerização do nheptano<br />

e do n-decano. O efeito <strong>da</strong> alteração <strong>da</strong> acidez <strong>da</strong>s zeólitas HZSM5 e HBeta<br />

por impregnação com ácido fosfórico sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização foi mais<br />

complexo. Para a zeólita HBeta observa-se a ocorrência de um máximo na ativi<strong>da</strong>de<br />

de hidroisomerização do n-heptano e do n-decano para teores de 0,5 e 1.5 %p/p de P,<br />

respectivamente. Para teores acima de 3% p/p de fósforo observa-se a redução <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização <strong>da</strong>s duas reações sobre a zeólita HBeta. Para a<br />

zeóllita HZSM5, a introdução do fósforo em teores entre 1 a 4% não acarretou a<br />

alteração significativa <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização do n-heptano, enquanto a<br />

172


conversão do n-decano passa por um máximo em torno de 2% p/p de fósforo. O efeito<br />

complexo do fósforo sobre a ativi<strong>da</strong>de de hidroisomerização pode estar relacionado a<br />

redistribuição do número de sítios ácidos fortes e médios e/ou alterações nas<br />

proprie<strong>da</strong>des de adsorção <strong>da</strong>s zeólitas.<br />

Sobre a zeolita HZSM5 de poros médio a acidez e os efeitos difusionais<br />

influenciam a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização do n-heptano e do ndecano.<br />

A redução <strong>da</strong> acidez forte por troca iônica com cálcio e lítio ou por<br />

substituição isomórfica do alumínio <strong>da</strong> rede por ferro, contribui significativamente para<br />

o aumento de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros totais, pela redução <strong>da</strong>s taxas de<br />

craqueamento dos isômeros bi-ramificados. Por sua vez, a troca iônica com lantânio<br />

não reduz a acidez forte e conseqüentemente não tem um impacto positivo sobre a<br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. A introdução do fósforo na zeólita HZSM5, apeasar de<br />

reduzir a acidez forte, ocasiona o aumento <strong>da</strong>s restrições difusionais, levando a um<br />

maior tempo de residência dos isômeros bi-ramificados, o que facilita a ocorrência <strong>da</strong>s<br />

reações de hidrocraqueamento. Sobre H[Fe]ZSM5 também se observa uma<br />

significativa contribuição <strong>da</strong> redução <strong>da</strong>s restrições difusionais ao aumento <strong>da</strong><br />

seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Sobre a zeólita HZSM5 a força aci<strong>da</strong> influencia a taxa<br />

relativa de craqueamento e isomerização. Para zeólita HZSM5 com a acidez reduzi<strong>da</strong><br />

por fósforo e por lítio, a curva de seletivi<strong>da</strong>de versus conversão é independente <strong>da</strong><br />

temperatura, indicando que as reações de craqueamento e isomerização tem energia<br />

de ativação similares sobre estes sítios ácidos de força reduzi<strong>da</strong>.<br />

Sobre as zeólitas com poros grandes, onde os efeitos difusivos têm papel<br />

menos significativo, a redução <strong>da</strong> acidez forte, por troca iônica com lítio ou por<br />

impregnação com ácido fosfórico, acarreta o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros<br />

totais na hidroisomerização do n-heptano e do n-decano, pela redução <strong>da</strong>s taxas de<br />

craqueamento dos isômeros bi-ramificados e pela redução <strong>da</strong> taxa de formação dos<br />

isômeros multi-ramificados.<br />

173


VI – Sugestões para futuros estudos<br />

1. Estu<strong>da</strong>r o efeito do grau de troca iônica sobre a ativi<strong>da</strong>de e a<br />

seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

Como continui<strong>da</strong>de ao presente trabalho, sugere-se a realização de diversos<br />

graus de troca iônica (ex: com La 3+ , Ca 2+ , Li + ou outros cátions) em zeólitas<br />

características de poros médios e de poros grandes (ex: ZSM5 e Beta,<br />

respectivamente) permitindo o estudo do efeito do grau de troca iônica sobre a acidez,<br />

a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização de n-parafinas maiores<br />

do que n-C6. Um dos poucos estudos abor<strong>da</strong>ndo a variação do grau de troca iônica<br />

em reações de hidroisomerização foi reporado por Mao e Saberi [81]. Estes autores<br />

estu<strong>da</strong>ram o efeito do grau de troca iônica de Al 3+ em Pt/Y, tendo observado um valor<br />

máximo de seletivi<strong>da</strong>de em isômeros para teores aproximados de 1% de Al 3+ (figura<br />

<strong>II</strong>.41). Os resultados foram explicados com base na formação de uma “configuração<br />

triangular” de sítios, como revisado na seção <strong>II</strong>.I.4.3. Estes resultados poderiam ser<br />

questionados com base na presente proposta de estudo.<br />

2. Estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> adição de compostos nitrogenados sobre a ativi<strong>da</strong>de<br />

e seletivi<strong>da</strong>de dos catalisadores de hidroisomerização<br />

A idéia seria testar o conceito de que com o uso de compostos nitrogenados<br />

com diversos tamanhos moleculares e força básica (Ex: quinolina, propil-aminas, etc)<br />

poderia se envenenar seletivamente os sítios ácidos fortes e/ou os sítios ácidos<br />

externos, contribuindo para o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. As zeólitas<br />

seleciona<strong>da</strong>s deveriam ter o mesmo tipo de estrutura e uma distribuição níti<strong>da</strong> de força<br />

áci<strong>da</strong>, tal como a zeólita HZSM5 promovi<strong>da</strong> por fósforo, discuti<strong>da</strong> presente trabalho.<br />

Os resultados <strong>da</strong> literatura utilizando compostos nitrogenados na alimentação foram<br />

revisados na seção <strong>II</strong>.1.6. O trabalho mais completo foi efetuado por Galperim e<br />

colaboradores [91][92][93] utilizando zeólitas HZSM5 com razões Si/Al entre 38 e 400<br />

e MAPSO-31, ambas promovi<strong>da</strong>s por Pt, mas sem estu<strong>da</strong>r em detalhes o efeito <strong>da</strong><br />

174


presença de nitrogenados em uma mesma estrutura zeolítica com diferentes<br />

distribuições de força áci<strong>da</strong>.<br />

3. Estu<strong>da</strong>r o efeito do tamanho de cristalito <strong>da</strong> zeólita HZSM5 e H[Fe]ZSM5<br />

sobre a ativi<strong>da</strong>de e a seletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reações de hidroisomerização<br />

Existem resultados esparsos na literatura mostrando que o aumento do<br />

tamanho do cristalito, em geral, acarreta uma menor seletivi<strong>da</strong>de em isômeros. Chica<br />

e Corma [69], por exemplo, estu<strong>da</strong>ram zeólitas HBeta com diferentes tamanhos de<br />

cristalito, tendo explicado a maior seletivi<strong>da</strong>de para as zeólitas de menor tamanho de<br />

cristalito, devido a maior facili<strong>da</strong>de de difusão dos produtos, em especial dos produtos<br />

mais ramificados que possuem maior tendência ao craqueamento. Uma comparação<br />

do efeito do tamanho de cristalito entre as zeólitas iso-estruturais HZSM5 e<br />

H[Fe]ZSM5, que possuem diferentes forças áci<strong>da</strong>s, poderia indicar qual é o fator mais<br />

importante para se ter uma eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de (efeitos difusivos ou força áci<strong>da</strong>) para<br />

este tipo de estrutura. Opcionalmente, um interessante estudo também poderia ser<br />

gerado, realizando-se como no presente trabalho a alteração <strong>da</strong> força áci<strong>da</strong> por troca<br />

iônica com cátions não redutíveis ou por impregnação com compostos de P (ou B) <strong>da</strong><br />

zeólita HZSM5 com diferentes tamanhos de cristalitos.<br />

4. Testar a reação de conversão de olefinas, considera<strong>da</strong>s intermediários de<br />

reação, tais como heptenos e decenos, como ferramenta de caracterização<br />

<strong>da</strong> acidez de catalisadores de hidroisomerização.<br />

Embora aceita na literatura e permitindo obter resultados coerentes no<br />

presente trabalho, o uso <strong>da</strong> reação de craqueamento do n-hexano para caracterizar a<br />

acidez tem o inconveniente de medir principalmente a acidez forte e de ser realiza<strong>da</strong><br />

em condições de temperatura (400 a 550 o C) bem acima <strong>da</strong> temperatura tipicamente<br />

utiliza<strong>da</strong> nas reações de hidroisomerização (200 a 350 o C). A conversão de olefinas<br />

como n-heptenos e n-decenos seria uma alternativa interessante para a<br />

caracterização <strong>da</strong> acidez, por ser conduzi<strong>da</strong> nas mesmas condições de temperatura<br />

utiliza<strong>da</strong> nas reações de hidroisomerização e pelo fato destas olefinas serem<br />

considera<strong>da</strong>s intermediários de reação na proposta de mecanismo bifuncional. Na<br />

175


seção <strong>II</strong>I.3.3 é descrita uma condição experimental utiliza<strong>da</strong> em caráter exploratório.<br />

Duas dificul<strong>da</strong>des experimentais observa<strong>da</strong>s foram a rápi<strong>da</strong> desativação do<br />

catalisador, o que dificulta a obtenção de <strong>da</strong>dos a iso-conversão e a grande<br />

quanti<strong>da</strong>de de produtos, o que dificulta a separação e a identificação cromatográfica.<br />

A tabela V1.1 reporta resultados iniciais segundo a metodologia descrita na seção<br />

<strong>II</strong>I.3.3.<br />

Tabela VI.1. Conversão do 1-hepteno a 200 o C e 1 atm sobre a zeólita HZSM5<br />

w/v (g.cat/ml.min) 1523 1205<br />

. leves 0,9 11,4<br />

. metil-hexenos 4,2 22,9<br />

. heptenos 87,9 52,3<br />

. oligômeros 3,7 11,5<br />

. 1-hepteno 2,2 1,9<br />

5. Aprimorar o teste de hidroisomerização do n-decano, identificando<br />

individualmente os diversos isômeros formados, permitindo aumentar o grau de<br />

interpretação do efeito <strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> acidez.<br />

6. Estu<strong>da</strong>r o efeito <strong>da</strong> pressão de hidrogênio sobre zeólitas com diferentes<br />

forças áci<strong>da</strong>s, buscando identificar efeitos sinérgicos entre estes dois fatores sobre as<br />

taxas de hidroisomerização e craqueamento de n-parafinas.<br />

7. Estu<strong>da</strong>r em maior profundi<strong>da</strong>de a zeólita H[Fe]ZSM5, variando-se<br />

parâmetros como a razão Si/Fe e caracterizando-se em detalhe os diversos tipos de<br />

ferro presentes na estrutura.<br />

176


V<strong>II</strong> – Anexos<br />

V<strong>II</strong>.1. Resumo de trabalhos publicados em congressos<br />

a) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., “Mecanismo de craqueamento do nhexano<br />

sobre zeólitas HZSM5 modifica<strong>da</strong>s por fósforo, lantânio, cálcio ou pelo<br />

tratamento hidrotérmico”, 10º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.3, pp.82-89, 1999<br />

A conversão de n-hexano foi investiga<strong>da</strong> sobre zeólitas HZSM5, modifica<strong>da</strong>s<br />

por troca iônica com La ou Ca, impregna<strong>da</strong>s com teores de 1 e 2 p/p de P ou<br />

submeti<strong>da</strong>s ao tratamento hidrotérmico. Observou-se uma redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e um<br />

aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de para olefinas (propeno e butenos) com o uso de P e Ca. A<br />

introdução de La não modificou sensivelmente a ativi<strong>da</strong>de ou seletivi<strong>da</strong>de, enquanto<br />

que o tratamento hidrotérmico aumentou a ativi<strong>da</strong>de, mas reduziu a seletivi<strong>da</strong>de para<br />

olefinas leves. O efeito sobre a ativi<strong>da</strong>de foi explicado com base na modificação sobre<br />

a acidez observa<strong>da</strong> por TPD de amônia. O efeito sobre a seletivi<strong>da</strong>de foi explicado<br />

considerando-se que a redução <strong>da</strong> acidez (número e/ou força) ocasiona o aumento <strong>da</strong><br />

participação relativa do mecanismo de craqueamento protolítico monomolecular<br />

versus o mecanismo de craqueamento bimolecular.<br />

b) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Monteiro, J.L., “Efeito <strong>da</strong> presença de<br />

compostos nitrogenados na hidroisomerização do n-hexano sobre Pt-USY”, 10º<br />

Congresso Brasileiro de Catálise, vol.3, pp.357-358, 1999<br />

Estu<strong>da</strong>ndo-se a hidroconversão do n-hexano, observou-se que tanto o<br />

aumento <strong>da</strong> razão Si/Al no catalisador Pt/USY, como o aumento <strong>da</strong> pressão de<br />

operação, acarretaram a redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e o aumento <strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de em<br />

isômeros. Na presença de 150 ppm de N como butil-amina, a ativi<strong>da</strong>de não pode ser<br />

correlaciona<strong>da</strong> com a razão Si/Al. Tem-se como hipótese, que a resistência a<br />

compostos nitrogenados esteja associa<strong>da</strong> à distribuição de força áci<strong>da</strong>. As amostras<br />

com maior número de sítios ácidos de força média, seriam mais resistentes ao<br />

envenenamento por nitrogenados.<br />

177


c) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Bittencourt, C.P., “Hidroisomerização de<br />

n-heptano sobre HZSM5 e H[Fe]ZSM5”, 11º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.2,<br />

pp. 984-988, 2001<br />

Misturas mecânicas de Pt/Al2O3 com HZSM5 ou H[Fe]ZSM5 foram testa<strong>da</strong>s<br />

para a hidroisomerização do n-heptano. A ordem de ativi<strong>da</strong>de foi HZSM5 ><br />

H[Fe]ZSM5, que está de acordo com a ordem de força áci<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> por TPD de<br />

amônia e craqueamento do n-hexano. H[Fe]ZSM5 apresenta eleva<strong>da</strong> seletivi<strong>da</strong>de de<br />

isomerização devido a sua força áci<strong>da</strong> modera<strong>da</strong>..<br />

d) Bittencourt, R.C.P., Lam, Y.L., Schmal, M., Reis, A.R., Matos,<br />

T.L.P.,”“Hidroisomerização do n-heptano e do n-decano sobre misturas mecânicas de<br />

Pt/Al2O3 e zeólitas H-Beta modifica<strong>da</strong>s com fósforo”, Recentes Resultados de<br />

Pesquisa - 12º Congresso Brasileiro de Catálise, vol.2, pp. 13-14, 2003<br />

178


V<strong>II</strong>.2. Cálculo do equilíbrio termodinâmico<br />

V<strong>II</strong>.2.1. Reação de hidroisomerização do n-heptano<br />

O equilíbrio termodinâmico <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do h-heptano a<br />

pressão atmosférica foi calculado utilizando-se o programa PRO <strong>II</strong> (Simulations<br />

Science Inc) versão 5.6, assumindo: 1) vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> equação de Soave-Redlick-Kwong;<br />

2) alimentação contendo 1 mol de n-heptano; 3) ocorrência somente de reações de<br />

hidroisomerização: a) formação de metil-mono-ramificados (2-metil-hexano (2MH) e 3metil-hexano<br />

(3MH)); b) formação de metil-bi-ramificados (2-2-metil-pentano (22DMP),<br />

2-3-metil-pentano (23DMP), 2-4-metil-pentano (24DMP) e 3-3-metil-pentano (33DMP)<br />

e c) formação de metil-triramifacados (2-2-3-trimetil-butano (223TMB)). Os resultados<br />

são apresentados nas tabelas V<strong>II</strong>.1 e V<strong>II</strong>.2 e figura V<strong>II</strong>.1.<br />

Tabela V<strong>II</strong>.1. Frações molares no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do nheptano<br />

a 1 atm e temperaturas entre 150 a 360 o C. Alimentação de 1 mol de nheptano.<br />

Pressao (atm) 1 1 1 1 1 1 1<br />

Temper. ( o C) 150 200 230 260 290 320 360<br />

22DMP 0,198 0,151 0,130 0,113 0,099 0,088 0,076<br />

23DMP 0,100 0,108 0,111 0,113 0,114 0,115 0,115<br />

24DMP 0,099 0,085 0,078 0,072 0,067 0,062 0,056<br />

33DMP 0,070 0,063 0,060 0,056 0,053 0,050 0,047<br />

heptano 0,079 0,103 0,117 0,130 0,142 0,153 0,167<br />

2MHX 0,237 0,251 0,255 0,258 0,259 0,259 0,258<br />

3MHX 0,174 0,204 0,219 0,232 0,242 0,252 0,262<br />

223TMB 0,044 0,035 0,031 0,027 0,025 0,022 0,020<br />

total 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000<br />

Tabela V<strong>II</strong>.2. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização<br />

do n-heptano a 1 atm e temperaturas entre 150 a 360 o C. Alimentação de 1 mol de nheptano.<br />

Pressao atm 1 1 1 1 1 1 1<br />

T( o C) 150 200 230 260 290 320 360<br />

conversao % 92,09 89,67 88,30 87,02 85,82 84,70 83,33<br />

Sel. (%p/p)<br />

22DMP 21,5 16,8 14,7 13,0 11,5 10,4 9,1<br />

23DMP 10,8 12,0 12,5 12,9 13,3 13,5 13,8<br />

24DMP 10,8 9,5 8,9 8,3 7,8 7,3 6,8<br />

33DMP 7,6 7,1 6,8 6,5 6,2 5,9 5,6<br />

2MHX 25,7 27,9 28,9 29,6 30,1 30,5 30,9<br />

3MHX 18,9 22,8 24,8 26,6 28,2 29,7 31,4<br />

223TMB 4,7 3,9 3,5 3,1 2,9 2,6 2,4<br />

total 100,0 100,0 100,0 100,0, 100,0 100,0 100,0<br />

179


100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

200 250 300 350<br />

conversão monoramificados<br />

biramificados triramificados<br />

Figura V<strong>II</strong>.1: Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização do<br />

n-heptano a 1 atm não considerando a ocorrência de reações de craqueamento.<br />

Para estimar se as reações de craqueamento são termodinamicamente<br />

favoráveis em condições típicas de hidroisomerização, foi incluí<strong>da</strong> a reação de<br />

craqueamento do n-heptano, originando propano e iso-buteno. Esta escolha é<br />

jsutifica<strong>da</strong> considerando-se que experimentalmente forma-se principalmente propano e<br />

iso-butano nos produtos leves de reação. O iso-butano seria originário do iso-buteno<br />

por rápi<strong>da</strong> hidrogenação (não incluí<strong>da</strong> nos cálcuos). Os resultados são apresentados<br />

na tabela V<strong>II</strong>.3 e V<strong>II</strong>.4.<br />

Tabela V<strong>II</strong>.3. Frações molares e mássicas no equilíbrio <strong>da</strong> reação de<br />

hidroisomerização do n-heptano a 1 atm e 230 o C, considerando a ocorrência de<br />

reação de craqueamento. Alimentação de 1 mol de n-heptano.<br />

Pressao (atm) 1 1<br />

T( o C) 230 230<br />

% molar % massica<br />

22DMP 5,96 8,16<br />

23DMP 5,08 6,96<br />

24DMP 3,60 4,93<br />

33DMP 2,74 3,76<br />

heptano 5,37 7,36<br />

2MHX 11,73 16,07<br />

3MHX 10,07 13,80<br />

223TMB 1,41 1,93<br />

PROPANO 27,02 16,29<br />

IS0-C4= 27,02 20,73<br />

total 100,000 100,000<br />

180


Tabela V<strong>II</strong>.4. Conversão e seletivi<strong>da</strong>de no equilíbrio <strong>da</strong> reação de hidroisomerização<br />

do n-heptano a 1 atm e 230 o C considerando ocorrência de reação de craqueamento<br />

do n-heptano. Alimentação de 1 mol de n-heptano.<br />

Conversao % 92,64 92,64<br />

Seletivi<strong>da</strong>de % molar mássica<br />

n-heptanos 60,02 60,04<br />

. mono-ramificados 32,24 32,24<br />

. bi-ramificados 25,70 25,71<br />

. tri-ramificados 2,08 2,09<br />

produtos leves (C3 iso-C4) 79,92 39,96<br />

Total de produtos 139,95 100,00<br />

Os resultados apresentados na tabela V<strong>II</strong>.4 mostram que nas condições<br />

testa<strong>da</strong>s a formação de produtos leves é favoreci<strong>da</strong> termodinamicamente.<br />

V<strong>II</strong>.2.2. Reação de desidrogenaçao do n-heptano<br />

Uma estimativa do equilíbrio <strong>da</strong> desidrogenaçãoo do n-heptano a 1-hepteno foi<br />

realiza<strong>da</strong> considerando-se dois casos: a) ausência de hidrogênio na alimentação e b)<br />

razão H2/n-heptano de 56 mol/mol (condição típica <strong>da</strong> maioria dos experimentos). Os<br />

resultados são apresentados na tabela V<strong>II</strong>.5.<br />

Tabela V<strong>II</strong>.5. Fração molar no equilíbrio <strong>da</strong> reação de desidrogenação do n-heptano a<br />

n-hepteno.<br />

Pressão (atm) 1 1<br />

T ( o C) 230 230<br />

Razão H2/n-C7 0 56<br />

Fração molar<br />

heptano 0,9993 0,9984<br />

1-hepteno 6,80E-04 3,16E-7<br />

181


V<strong>II</strong>I. Bibliografia<br />

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