A questão da prova no crime de embriaguez - Trânsito Brasil
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A <strong>questão</strong> <strong>da</strong> <strong>prova</strong> <strong>no</strong> <strong>crime</strong> <strong>de</strong> <strong>embriaguez</strong> ao volante em face <strong>da</strong><br />
recusa ao teste do etilômetro - Julia<strong>no</strong> Del Antonio<br />
ingestão <strong>de</strong> bebi<strong>da</strong> alcoólica acima do limite fixado, ain<strong>da</strong> que a condução do<br />
veículo se dê <strong>de</strong> modo regular.<br />
Se anteriormente bastava, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> álcool<br />
ingeri<strong>da</strong>, a com<strong>prova</strong>ção <strong>de</strong> uma direção temerária e/ou perigosa, a qual<br />
<strong>de</strong><strong>no</strong>mina-se, <strong>crime</strong> <strong>de</strong> perigo concreto 9 , hodiernamente, faz-se mister a<br />
com<strong>prova</strong>ção <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> alcoolemia fixa<strong>da</strong> em lei, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> se haver ou não, uma direção perigosa, passando, portanto, a ser tratado<br />
como <strong>crime</strong> <strong>de</strong> perigo abstrato 10 .<br />
Nesse sentido, expõe Roger Spo<strong>de</strong> Brutti, para quem<br />
“Efetivamente, a tipificação dos <strong>crime</strong>s <strong>de</strong> perigo abstrato<br />
representa uma preocupação <strong>de</strong> cunho prevencionista do<br />
direito criminal <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contemporânea a qual<br />
<strong>de</strong>seja antecipar a punição <strong>de</strong> certas condutas, com o fim <strong>de</strong><br />
prevenir perturbações futuras e garantir o bem-estar social,<br />
porquanto já fatiga<strong>da</strong> está com as lesões efetivas aos seus<br />
bens juridicamente tutelados.” 11<br />
To<strong>da</strong>via, a temática dos <strong>crime</strong>s <strong>de</strong> perigo abstrato não é uníssona na<br />
doutrina. Doutrinadores como Luiz Flávio Gomes, negam a existência <strong>de</strong>sse<br />
tipo <strong>de</strong> <strong>crime</strong>, pois, enten<strong>de</strong> o autor, referenciado por Eduardo Luiz Santos<br />
Cabette que<br />
“(...) mencione ou não o legislador em <strong>da</strong>do tipo penal a<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> perigo concreto, esta se faz presente, ain<strong>da</strong><br />
que tacitamente, em estrito respeito ao Princípio <strong>da</strong><br />
Ofensivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Portanto, ‘todo tipo penal que <strong>de</strong>screve um<br />
perigo abstrato <strong>de</strong>ve ser interpretado na forma <strong>de</strong> perigo<br />
9 Há <strong>crime</strong> <strong>de</strong> perigo concreto, “(...) quando a realização do tipo exige a existência <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> efetivo<br />
perigo.” (CAPEZ, Fernando. Curso <strong>de</strong> Direito Penal – parte geral. Vol I. p. 263).<br />
10 Há <strong>crime</strong> <strong>de</strong> perigo abstrato, quando “(...) a situação <strong>de</strong> perigo é presumi<strong>da</strong>, (...).” (CAPEZ, Fernando. Op. Cit. p.<br />
263).<br />
11 BRUTTI, Roger Spo<strong>de</strong>. A eficácia <strong>da</strong> <strong>prova</strong> testemunhal <strong>no</strong>s <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> <strong>embriaguez</strong> ao volante. p. 4.<br />
INSTITUTO TRÂNSITO BRASIL – ITB www.transitobrasil.org 7