Ano 6 Ed 060 Abr 2005 - Colégio de Umbanda Sagrada Pena Branca
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Página -6- São Paulo, <strong>Abr</strong>il <strong>de</strong> <strong>2005</strong> Jornal <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong><br />
Altares, Imagens, Templos, Fé e Religiosida<strong>de</strong> - I<br />
RUBENS SARACENI templo <strong>de</strong> <strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong>, vemos imagens<br />
OS ALTARES<br />
Toda religião tem seu altar, on<strong>de</strong> estão<br />
imagens, símbolos, ícones ou elementos<br />
indispensáveis à sua liturgia.<br />
Por liturgia, entendam como o conjunto <strong>de</strong><br />
recursos ou “artigos” indispensáveis às práticas<br />
religiosas.<br />
Bom, o fato é que os altares não existem<br />
só porque alguém inventou um e <strong>de</strong>pois todos<br />
os copiaram, só modificando<br />
os elementos distribuídos<br />
neles.<br />
Não mesmo, sabem?<br />
Sim, porque nós bem<br />
sabemos que um altar tem<br />
como principal função a <strong>de</strong><br />
criar todo um magnetismo <strong>de</strong><br />
nível terra, através do qual<br />
as irradiações verticais das<br />
divinda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scerão até ele,<br />
e a partir <strong>de</strong>le, continuarão<br />
fluindo na horizontal,<br />
ocupando todo o espaço<br />
<strong>de</strong>stinado às práticas<br />
religiosas que serão<br />
realizadas diante <strong>de</strong>le, e em<br />
nome das divinda<strong>de</strong>s<br />
cultuadas e nele assentadas.<br />
Um altar é um ponto <strong>de</strong> forças religiosas e,<br />
se <strong>de</strong>vidamente erigido e fundamentado,<br />
através <strong>de</strong>le as irradiações das divinda<strong>de</strong>s<br />
alcançarão todos os fiéis postados diante <strong>de</strong>le.<br />
Nós, ao contemplarmos o altar <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong> santos católicos, <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>s naturais,<br />
<strong>de</strong> anjos, arcanjos, caboclos, pretos velhos,<br />
crianças, sereias, etc.<br />
Para um leigo no assunto, a miscelânea<br />
religiosa não tem uma explicação lógica, pois<br />
junta elementos <strong>de</strong> diferentes religiões num<br />
mesmo espaço religioso, quando o mais comum<br />
é as religiões banirem <strong>de</strong> seus templos todo e<br />
qualquer elemento estranho a ela ou<br />
pertencente a outras, certo?<br />
Mas a <strong>Umbanda</strong> é<br />
uma síntese <strong>de</strong> todas as<br />
religiões, e todas<br />
reunidas num mesmo<br />
espaço religioso.<br />
Portanto, nela<br />
estão presentes correntes<br />
<strong>de</strong> espíritos hindus,<br />
chineses, persas, árabes,<br />
ju<strong>de</strong>us, budistas,<br />
dóricos, egípcios, maias,<br />
incas, astecas, tupisguaranis,<br />
... e cristãos!<br />
E cada corrente<br />
espiritual se formou sob<br />
o manto luminoso da<br />
religião, à qual seus<br />
membros formaram sua<br />
crença no Deus único e nas suas divinda<strong>de</strong>s<br />
humanizadas, para melhor falarem <strong>de</strong>le aos<br />
seus filhos.<br />
Cada linha <strong>de</strong> trabalho do Ritual <strong>de</strong><br />
<strong>Umbanda</strong> <strong>Sagrada</strong> é regida por um Orixá<br />
intermediador, que também po<strong>de</strong> ser um espírito<br />
a <strong>Umbanda</strong> é uma síntese<br />
<strong>de</strong> todas as religiões, e<br />
todas reunidas num<br />
mesmo espaço religioso.<br />
Portanto, nela estão<br />
presentes correntes <strong>de</strong><br />
espíritos hindus, chineses,<br />
persas, árabes, ju<strong>de</strong>us,<br />
budistas, dóricos, egípcios,<br />
maias, incas, astecas,<br />
tupi-guaranis, ... e cristãos!<br />
ascencionado e assentado nas hierarquias<br />
naturais pelos senhores Orixás intermediários,<br />
que os tem no grau <strong>de</strong> seus intermediadores<br />
para a dimensão humana da vida, que é on<strong>de</strong><br />
os seres espiritualizados (nós) vivem e evoluem.<br />
Então os médiuns, todos com alguma<br />
formação cristã, colocam Jesus Cristo, um Oxalá<br />
intermediário humanizado, como o pontificador<br />
<strong>de</strong> seu altar, distribuindo mais abaixo as imagens<br />
dos santos sincretizados com os outros Orixás.<br />
O sincretismo explica o uso <strong>de</strong> imagens<br />
cristãs, e o fato <strong>de</strong> que muitos espíritos que<br />
incorporam nos seus médiuns terem evoluído<br />
sob a irradiação do cristianismo as justifica.<br />
Assim como a imagem <strong>de</strong> “caboclos” índios ou<br />
soldados “romanos” (linha dórica) são explicadas<br />
como sinalizadoras <strong>de</strong> que ali baixam mentores<br />
espirituais cuja formação religiosa processouse<br />
sob a irradiação <strong>de</strong> outras religiões.<br />
E o uso <strong>de</strong> cristais, minérios, flores, colares<br />
<strong>de</strong> pedras semipreciosas, armas simbólicas,<br />
símbolos mágicos, etc., explica que muitas linhas<br />
<strong>de</strong> forças intermediárias, intermediadoras ou<br />
espirituais ali estão representadas, ativadas e<br />
prontas para intervirem em benefício <strong>de</strong> quem<br />
for merecedor do auxílio dos espíritos ou dos<br />
Orixás.<br />
Os fundamentos religiosos e mágicos <strong>de</strong><br />
um altar, só mesmo quem o erigiu po<strong>de</strong> explicálo.<br />
Mas o fundamento divino que justifica a<br />
existência <strong>de</strong>les nos templos, é esta:<br />
— “Todo altar é um local on<strong>de</strong>, se nos<br />
postarmos reverentes diante <strong>de</strong>le, estaremos<br />
bem <strong>de</strong> frente e bem próximos <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong><br />
suas divinda<strong>de</strong>s humanizadas”.<br />
Mas existem altares naturais que são locais<br />
altamente magnetizados ou são vórtices<br />
eletromagnéticos, cujo magnetismo e energia<br />
criam um santuário natural que, se o<br />
consagrarem às práticas religiosas, neles as<br />
pessoas entrarão em comunhão com as<br />
divinda<strong>de</strong>s naturais regentes da natureza.<br />
Saibam que o culto junto a elementos da<br />
natureza, on<strong>de</strong> são tidos como potencializadores<br />
da fé das pessoas não é um privilégio do<br />
Candomblé ou da <strong>Umbanda</strong>, pois todas as<br />
religiões os tem. Vamos a alguns locais:<br />
— Islamismo: culto à Caaba ou pedra<br />
fundamental da religião islâmica.<br />
— Judaísmo: culto à Montanha <strong>Sagrada</strong><br />
on<strong>de</strong> Moisés recebeu <strong>de</strong> Deus os Dez<br />
Mandamentos.<br />
— Religião Grega: Monte Olimpo.<br />
— Taoísmo: Montanhas <strong>Sagrada</strong>s.<br />
— Budismo: Montanhas <strong>Sagrada</strong>s.<br />
— Hinduísmo: Rio Ganges, e muitos outros<br />
pontos da natureza.<br />
— Xintoísmo: Monte Fuji (Japão),<br />
montanha sagrada e símbolo religioso nacional<br />
do povo japonês.<br />
— Naturalismo Inglês: Stonehenge,<br />
santuário natural construído por gigantescos<br />
monólitos, com datação <strong>de</strong> uns 3.000 anos<br />
antes <strong>de</strong> Cristo.<br />
— Hunas: Havaí, Kilauea, o vulcão sagrado.<br />
— Cristianismo: Monte das Oliveiras e a<br />
Colina do Gólgota.<br />
Bom, paramos por aqui, pois como viram,<br />
(continua na próxima página)