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comércio em são paulo - Museu da Pessoa

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“Quando vim para São<br />

Paulo, vim para trabalhar na<br />

Farmácia Silveira, que ficava<br />

na Aveni<strong>da</strong> Tiradentes. A<br />

ci<strong>da</strong>de devia ter, naquela<br />

época, uns 600, 700 mil<br />

habitantes. Havia muitos<br />

<strong>da</strong>queles bondes, bondes<br />

abertos. Tinha cortina no<br />

estribo pra você entrar no<br />

ônibus e ca<strong>da</strong> banco levava<br />

até cinco pessoas senta<strong>da</strong>s.<br />

Nas horas de movimento, é<br />

claro, tinha cinco sentados<br />

e cinco <strong>em</strong> pé entre os dois<br />

bancos. Eu l<strong>em</strong>bro que<br />

os cobradores recebiam a<br />

passag<strong>em</strong> e marcavam, tinha<br />

um cordão ali onde eles<br />

faziam tim-tim, tim-tim. E<br />

a gente então dizia: ‘Dois<br />

pra Light, três pra mim.’”<br />

30<br />

light<br />

Thomaz de Carvalho,<br />

Drogaria São Paulo,<br />

Centro/Jardins,<br />

nascido <strong>em</strong> 1904<br />

Calogero Miragliotta Netto<br />

Calogero Miragliotta Netto nasceu <strong>em</strong> São Paulo, <strong>em</strong> 18 de julho de 1937, mas viveu sua<br />

infância <strong>em</strong> Ribeirão Preto. Lá seu pai tinha uma revendedora de carros, que na Segun<strong>da</strong> Guerra<br />

foi confisca<strong>da</strong> pelo governo. De volta à terra natal, acompanhou o crescimento do bairro do<br />

Bom Retiro. Trabalhou <strong>em</strong> ótica, na extinta TV Tupi, nos Diários Associados e na Rede Globo.<br />

Foi também dono de uma <strong>em</strong>presa de animação. Hoje é fotógrafo, por paixão e profis<strong>são</strong>.<br />

factótum<br />

“Quando vim para São Paulo, isso com oito, nove anos, primeiro trabalhei<br />

na loja de um tio. Ele tinha uma loja grande de tecidos, fogões, geladeiras;<br />

era uma loja dessas enormes, era muito b<strong>em</strong> conceitua<strong>da</strong> na época.<br />

Depois, quando meus pais vieram de Ribeirão Preto, eu parti para trabalhar<br />

numa loja <strong>da</strong> Fotoptica. Tomava o bonde até o Largo São Bento; ficava no<br />

estribo do bonde, porque todo garoto que se prezasse precisava mostrar<br />

que era hom<strong>em</strong> e viajar ali no estribo. Quando era de tarde, a ci<strong>da</strong>de<br />

ficava uma loucura, porque juntava um monte de gente e todo mundo<br />

ia para os bondes. E havia aquelas coisas curiosas, como o cobrador.<br />

Ele cobrava de você e marcava lá: ‘clein clein clein’. Marcava lá, só que<br />

ele fazia assim, ele cobrava de cinco e marcava dois. Era interessante.<br />

Naquele t<strong>em</strong>po não tinha carro, não tinha isso, não tinha aquilo, e quase<br />

não aconteciam desastres, na<strong>da</strong>. Era muito difícil você ouvir falar de uma<br />

coisa trágica. A criminali<strong>da</strong>de era pequena e os jovens eram mais simples.<br />

A diver<strong>são</strong> era jogar futebol, ir ao cin<strong>em</strong>a e parava por aí. Mas enfim eu<br />

trabalhei nessa loja <strong>da</strong> Fotoptica por três anos e depois passei para a<br />

TV Tupi, onde projetava filmes. Naquele t<strong>em</strong>po, a programação vinha<br />

dos Estados Unidos. Eu chegava lá tipo sete horas, tinha aquele monte<br />

de filme, botava na máquina, tal, entravam os slides. Hoje não é mais<br />

isso, mas antigamente entravam slides, entrava um slide assim: ‘Ses<strong>são</strong><br />

Musical’. Era o t<strong>em</strong>po de pôr o filme, ‘puf’, e disparar para o pessoal ver<br />

<strong>em</strong> casa. Dali, anos depois, fui trabalhar com a Globo. Caminhei, fui para<br />

o jornalismo. Naquele t<strong>em</strong>po, o ‘Jornal Nacional’ não tinha um locutor<br />

só; eram quatro, cinco, seis locutores. Um que falava sobre esportes, um<br />

que falava sobre isso, sobre aquilo. E eu era o coordenador, lá na mesa de<br />

switch. Não sei mais como chama isso; na época era uma mesa onde as<br />

câmeras entravam: entra o filme, entra o comercial, entra o slide. Saí, fui<br />

fazer desenho animado. Não sei se você chegou a ver isso, mas tinha um<br />

bonequinho <strong>da</strong> Brast<strong>em</strong>p que nós animávamos e fazíamos historinhas<br />

para a televi<strong>são</strong>. Fiz a página de mo<strong>da</strong> dos Diários Associados, tive um<br />

estúdio de filmes... Fiz de tudo, mas s<strong>em</strong>pre busquei uma coisa que me<br />

desse mais liber<strong>da</strong>de e aí, depois do casamento, acabei voltando para a<br />

fotografia. Primeiro fui trabalhar para construtoras que faziam estra<strong>da</strong>s,<br />

faziam essas barragens: Itaipu, Ilha Solteira, Água Vermelha, trabalhei <strong>em</strong><br />

um monte de barragens e estra<strong>da</strong>s. Fui ficando mais íntimo do pessoal <strong>da</strong>s<br />

construtoras e percebi que podia me especializar <strong>em</strong> fazer fotos aéreas.<br />

Era um momento <strong>em</strong> que o país estava <strong>em</strong> crescimento e eu percebi que<br />

era um nicho no qual podia me especializar. Eu sou do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

an<strong>da</strong>r de helicóptero era incomum, era um pavor, mas de uns dez anos<br />

para cá houve uma liberação. O que t<strong>em</strong> de heliporto <strong>em</strong> São Paulo é<br />

incrível. Você passa por cima <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, você vê que pipoca heliporto.”

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