15.04.2013 Views

comércio em são paulo - Museu da Pessoa

comércio em são paulo - Museu da Pessoa

comércio em são paulo - Museu da Pessoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“O <strong>comércio</strong> t<strong>em</strong> altos e<br />

baixos, e o negócio com<br />

pedras preciosas não estava<br />

<strong>da</strong>ndo certo para o meu pai.<br />

Então nós fomos pro Rio<br />

de Janeiro, porque meu tio<br />

estava lá. Ele montou um<br />

apartamento para nós e nós<br />

ficamos lá. Meu pai, de vez<br />

<strong>em</strong> quando, ain<strong>da</strong> viajava<br />

para o sertão de Mato Grosso,<br />

para lá de Cuiabá, insistindo<br />

com o negócio de comprar<br />

pedras. Mas aí ele voltava<br />

e na<strong>da</strong>. Não estava <strong>da</strong>ndo<br />

certo. Tinha que mu<strong>da</strong>r<br />

alguma coisa. E mamãe<br />

falou: ‘Olha, vamos para São<br />

Paulo. Lá nós vamos ver o<br />

que vamos fazer. Vamos<br />

ver o futuro que nós vamos<br />

enfrentar.’ Enfim vi<strong>em</strong>os e<br />

abrimos uma loja. Eu devia ter<br />

11 anos. Era uma camisaria e<br />

nós começamos a trabalhar.”<br />

98<br />

vamos ver<br />

o futuro<br />

Jorgete Bichara Jeleilate,<br />

Casa Mimosa, Centro,<br />

nasci<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1924<br />

Miriam de Oliveira Lima<br />

Nasci<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1966, no bairro do Ipiranga, Miriam de Oliveira Lima cedo percebeu que tinha facili<strong>da</strong>de<br />

para se comunicar. Fez facul<strong>da</strong>de de Administração de Empresas, com ênfase <strong>em</strong> Comércio Exterior,<br />

mas descobriu sua vocação ao entrar <strong>em</strong> contato com associações volta<strong>da</strong>s à economia solidária.<br />

Atualmente, dedica-se ao Instituto Asta, organização que auxilia mulheres que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>des<br />

carentes do Brasil, promovendo sua inclu<strong>são</strong> no setor produtivo através do <strong>comércio</strong> justo e sustentável.<br />

<strong>comércio</strong> justo<br />

“Trabalhei na Zoomp, passei para a Jauense e, quando chegou 2004, fui para a Santista.<br />

S<strong>em</strong>pre, de algum modo, relacionado com tecidos e <strong>comércio</strong> exterior. Aí, <strong>em</strong> 2006, me<br />

falaram: ‘Olha, agora você vai começar América Central.’ Aí era outro mundo. Era sair<br />

<strong>da</strong>quela história de desenvolver o produto para ir para preço. Era só China, China, China.<br />

Aí eu falei: ‘Ah, não.’ E, de todo modo, eu estava num fechamento de ciclo na minha vi<strong>da</strong>.<br />

Quando chegou 2005, mais ou menos, o Instituto Camargo Corrêa tinha uma coisa do<br />

funcionário voluntário. Eu fui ver o que era e conheci a Associação Comunitária Monte<br />

Azul. Continuei na Santista, mas comecei, <strong>em</strong> paralelo, um trabalho lá. Só que eu me<br />

envolvi. E muito. Tanto que chegava nas reuniões <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa eu não conseguia pensar<br />

mais no trabalho. E aí vinha chefe: ‘O estoque está alto? O que você vai fazer?’ E a minha<br />

cabeça pensando <strong>em</strong> captação de recursos, essas coisas. Então acabei me desligando <strong>da</strong><br />

<strong>em</strong>presa <strong>em</strong> 2007 e fiquei um t<strong>em</strong>po no trabalho voluntário. Eu sei que a coisa evoluiu de<br />

um modo que acabei conhecendo outro grupo, a Associação Lua Nova, que trabalhava<br />

com adolescentes que ficam grávi<strong>da</strong>s. Elas faz<strong>em</strong> bolsas, bonecas e vend<strong>em</strong> os produtos.<br />

Lá eu tive uma experiência superinteressante, porque, quando eu comecei, elas estavam<br />

justamente num processo de exportar para a Itália. Eu l<strong>em</strong>bro que ficava enrolando os<br />

italianos um t<strong>em</strong>pão porque elas atrasavam o trabalho: ‘Não, na s<strong>em</strong>ana que v<strong>em</strong>.’ ‘Não,<br />

olha, a fulana não veio porque o filho está com dor de barriga.’ Eu sofria, mas era assim:<br />

era uma relação diferente <strong>em</strong> relação ao ritmo e à veloci<strong>da</strong>de que eu trazia do segundo<br />

setor. Nesse meio t<strong>em</strong>po, eu conheci uma organização que trabalhava para fortalecer<br />

ONGs, a Ficas, e o pessoal de lá percebia o seguinte: que o trabalho começava com amor à<br />

causa, mas se perdia na hora <strong>da</strong> gestão. E foi trabalhando lá que eu ouvi falar pela primeira<br />

vez de <strong>comércio</strong> justo. Quer dizer, você comprar o café que v<strong>em</strong> de uma comuni<strong>da</strong>de do<br />

Equador, o chocolate que v<strong>em</strong> de Gana, o artesanato que v<strong>em</strong> <strong>da</strong> Índia, tudo numa loja<br />

só. E eu fiquei com vontade de me dedicar a essa ideia: fazer com que a base <strong>da</strong> pirâmide<br />

pudesse se incluir na economia. E, de contato <strong>em</strong> contato, conheci mais um pessoal, o<br />

pessoal <strong>da</strong> Asta. Aí eu encontrei exatamente o que vinha buscando nos últimos quatro<br />

anos, ou seja, trabalhar numa organização social que tivesse viés para o negócio, que<br />

fosse capaz de gerar pontes entre o pessoal de baixa ren<strong>da</strong> e o consumidor final. Eu me<br />

envolvi na preparação de um catálogo e num trabalho com as revendedoras de porta<br />

<strong>em</strong> porta; até como vendedora eu trabalhei. E fui divulgando a ideia: ‘De garrafa PET é<br />

possível fazer uma bolsa? Uma carteira? Com garrafa PET?’ E aí tira, faz um chaveirinho.<br />

Os grupos, na ver<strong>da</strong>de, iam até reinventando seus equipamentos: como cortar, como<br />

fazer faixas, pintar com giz de cera. É muito fascinante. E, por outro lado, você contribui<br />

também com essa ideia do consumo consciente, ou seja, é bom comprar aquilo que<br />

você precisa, mas é melhor comprar algo que tenha uma história por trás, que tenha<br />

outro valor. Hoje eu vivo s<strong>em</strong> rotina: uma hora eu estou entregando produto, outra<br />

hora eu estou recebendo uma pessoa, outra hora eu estou na <strong>em</strong>presa, outra hora eu<br />

estou fazendo bazar. As d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s vêm aparecendo: é alguém que quer tirar foto, é<br />

alguém que quer comprar pelo site. É um desafio grande, mas eu amo esse trabalho.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!