O mutirão autogerido como procedimento inovador na ... - Habitare
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prosseguimento da pesquisa.<br />
No entanto, foram justamente os questio<strong>na</strong>mentos suscitados pela própria diversidade de<br />
abordagens que nos permitiu compreender a enorme complexidade do universo com o qual<br />
lidávamos, implicando não só abrir mão de posturas pré-concebidas, <strong>como</strong> estabelecer<br />
outros parâmetros de análise, reflexão e crítica. Já de início, coube-nos perguntar: qual<br />
<strong>mutirão</strong>? Qual autogestão? Quais os sentidos de ‘<strong>procedimento</strong> <strong>inovador</strong>’? Por que a<br />
‘inovação’ aparece quase invariavelmente <strong>como</strong> argumento para produção de moradia para<br />
a população de baixa renda? Algum <strong>procedimento</strong> de produção habitacio<strong>na</strong>l é passível de<br />
dissemi<strong>na</strong>ção num país que abriga tanta diversidade? Neste sentido, o que se entende então<br />
por ‘programa público’?<br />
Dessa forma, no bojo de nossas próprias formulações, já encontrávamos a necessidade de<br />
considerar suas outras possíveis dimensões, suscitadas pelo questio<strong>na</strong>mento acerca do<br />
caráter e abordagem, do objeto e do campo da pesquisa em pauta.<br />
1.1. Sobre o caráter e abordagem da Pesquisa<br />
Inicialmente identificamos três aspectos daquilo que considerávamos ‘<strong>inovador</strong>’ – aquilo<br />
que se apresentaria <strong>como</strong> novidade em relação às práticas historicamente promovidas para<br />
produção habitacio<strong>na</strong>l popular – nos processos desse tipo específico de promoção<br />
habitacio<strong>na</strong>l e que deveriam ser avaliados:<br />
- novos processos de gestão popular de fundos públicos: concepção e instalação<br />
de <strong>procedimento</strong>s autônomos de gestão de recursos públicos investidos <strong>na</strong> produção da<br />
moradia, implicando <strong>na</strong> articulação de mecanismos autogestionários de administração de<br />
obras e no estímulo à organização da sociedade civil através de Associações Comunitárias;<br />
além disso, tais processos acabariam promovendo uma espécie de auditoria “não-oficial” da<br />
produção estatal que contribuiria para um maior controle popular e autônomo do<br />
investimento público;<br />
- novos <strong>procedimento</strong>s tecnológicos: agenciamento de expedientes para<br />
desenvolvimento de projetos e realização de obras, pretendendo efetiva redução de custos,<br />
racio<strong>na</strong>lidade produtiva e adequada apropriação do processo, sem detrimento de um padrão<br />
superior de qualidade da moradia;<br />
- novas formas de prática política e social: democratização do saber técnico,<br />
novas relações entre produtor e produto, transformação das relações de gênero, organização<br />
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