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O mutirão autogerido como procedimento inovador na ... - Habitare

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quanto dos movimentos, das assessorias técnicas e da produção acadêmica. Entretanto, cada<br />

significado implicará numa distinção maior ou menor entre os dois termos, conduzindo,<br />

muitas vezes, a uma confusa e muitas vezes útil submissão de um termo ao outro;<br />

c. E, por fim e sem pretender esgotar o leque de questões: a confusão entre ‘plano e<br />

programa’ muitas vezes permite fragmentar e subverter o significado de ‘política<br />

pública’. Assim, muitas vezes o <strong>mutirão</strong> – e até mesmo a autogestão – é elevado à<br />

condição de política habitacio<strong>na</strong>l. Relevando o fato de que o caráter político do<br />

planejamento da ação estatal é i<strong>na</strong>lienável e <strong>na</strong> medida em que um programa se estrutura<br />

<strong>como</strong> plano de provisão descolado de uma política que realmente estruture o planejamento<br />

da produção habitacio<strong>na</strong>l no Brasil, segue que, ao se instalar o <strong>mutirão</strong> <strong>autogerido</strong> <strong>como</strong><br />

sinônimo de política habitacio<strong>na</strong>l, desfaz-se a própria possibilidade de existência de uma<br />

política pública nesta área. Além disso, é nessa lacu<strong>na</strong> que surge a rearticulação dos<br />

mecanismos clientelistas de provisão estatal de moradias – o sorteio, a venda de vagas nos<br />

mutirões, o atrelamento das lideranças pelo regime do escambo eleitoral etc. – só que, desta<br />

vez, legitimados por uma “política habitacio<strong>na</strong>l participativa”.<br />

1.2. Sobre o Objeto<br />

Ajustando a proposta de abordagem às suas especificidades, a pesquisa propunha<br />

“identificar e a<strong>na</strong>lisar os principais programas e projetos alter<strong>na</strong>tivos de habitação<br />

popular baseados em <strong>mutirão</strong> e autogestão já desenvolvidos no Brasil”. Dessa forma, era<br />

necessário circunscrever muito claramente o objeto, focando-o em relação ao todo e<br />

destacando-o do conjunto da produção habitacio<strong>na</strong>l promovida mais recentemente no país.<br />

Além disso, era imprescindível construir uma matriz de referência que localizasse este<br />

objeto em relação a um determi<strong>na</strong>do contexto, político, social e crítico.<br />

Para isso, fazia-se necessária a constituição de um pano de fundo, resgatando algumas<br />

referências, textos, trabalhos, informações e dados quanto aos programas e ações que<br />

previam, além da aplicação da mão-de-obra dos futuros moradores, também o repasse dos<br />

recursos para construção das moradias e sua administração autônoma, promovida através<br />

das formas jurídicas de organização dos mutirantes 3 .<br />

3 Uma observação importante: se a idéia de “autonomia” dá <strong>como</strong> pressuposto o exercício de existência sem a regulação coercitiva de<br />

estruturas jurídicas exóge<strong>na</strong>s, é aparentemente paradoxal <strong>como</strong> justamente, para o exercício de alguma autonomia no processo de<br />

produção da casa pelo <strong>mutirão</strong> <strong>autogerido</strong>, faz-se imprescindível o estabelecimento de alguma forma jurídica de organização dos<br />

mutirantes: associações comunitárias, associações habitacio<strong>na</strong>is, clube de mães, federações, confederações etc. que, se acabam<br />

correspondendo a variações sobre o mesmo tema (o estatuto jurídico é quase sempre o mesmo: associação sem fins lucrativos), também<br />

permitem formas diversas de organização funcio<strong>na</strong>l dos grupos. No entanto, coube melhor precisarmos, ao longo do desenvolvimento da<br />

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