edição 208 impresso pdf - Jornal Copacabana
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18 ANUNCIE: 2549-1284 / copa@jornalcopacabana.com.br<br />
Nunca mais aquele cãozarrão nos esperando<br />
no topo da escada, latindo com uma<br />
expressão feliz e olhos arregalados. Os<br />
olhos amarelos que a gente tanto gostava.<br />
Nunca mais aqueles pelos<br />
“cheirosos” ficando nas<br />
nossas mãos e nas nossas<br />
roupas quando ele se arrastava<br />
na gente, doido por um<br />
carinho, ou a “neve” de pelos<br />
que cobria o chão da sala<br />
quando ele, apesar de saber<br />
que não podia, se esgueirava<br />
para dentro.<br />
O pastor canadense, com<br />
os pelos densos amarelados<br />
pelo sol, o tamanho descomunal<br />
e as orelhas triangulares,<br />
erguidas o tempo todo, se foi.<br />
Hunter se foi sem sofrer,<br />
sem dar trabalho a ninguém,<br />
sem um longo calvário de<br />
alguma doença. Partiu assim, de repente, em<br />
uma noite comum. Partiu na presença da família,<br />
sentiu que estava protegido, que podia<br />
relaxar e ir para onde tinha que ir. Sim, porque<br />
ele tinha que ir, a idade estava se tornando<br />
impossível, e a vida não é infinita.<br />
Eu gosto de pensar que agora ele está correndo<br />
ao lado da Lua, sua grande companhei-<br />
Hunter<br />
ra que partiu antes dele. Devem estar correndo<br />
sob os olhares do Bull – o mais bonito<br />
de todos – que, agora, não briga mais com o<br />
pai. Hunter, Lua e Bull, juntos, correndo em<br />
algum lugar...<br />
No mesmo dia - aliás<br />
madrugada - em que Hunter<br />
partia, nove filhotes nasciam.<br />
Na mesma casa, há<br />
dez metros de distância.<br />
Cada um tem sua crença,<br />
muitos dirão que se trata<br />
de simples coincidência,<br />
outros dirão que é destino,<br />
ou obra de uma força superior.<br />
Longe de mim dizer o<br />
que é certo ou errado, mas<br />
que foi um fato simbólico,<br />
isso é inegável. Foi o ciclo<br />
da vida que se evidenciou.<br />
O nascimento no mesmo<br />
dia da morte, o começo de<br />
uma vida – ou no caso nove – no mesmo<br />
momento do final de outra. Vida e morte,<br />
lados opostos de uma mesma moeda. Negar<br />
um é negar o outro.<br />
Só nos resta aceitar aquilo que não podemos<br />
mudar ou controlar, e compreender que<br />
é parte de um ciclo natural. O ciclo da vida.<br />
Grande abraço e até a próxima.