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edição 208 impresso pdf - Jornal Copacabana

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ANUNCIE: 2549-1284 / copa@jornalcopacabana.com.br<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Copacabana</strong>: Você é de uma família<br />

de músicos. Tendia para essa profissão<br />

desde a infância?<br />

Danilo Caymmi: Creio em dois fatores: o<br />

ambiente que você cresce, que é o meio, e<br />

a genética.<br />

Cresci vendo meu pai trabalhar no ofício<br />

de cantor, compositor, viajando muito, tocando<br />

em casa... Claro que isso influenciou.<br />

E a genética forte por parte de pai e mãe<br />

(cantora Stella Maris). Acabou pegando em<br />

cheio meus irmãos e eu. E foi bom porque<br />

consolidamos carreiras no cenário musical<br />

brasileiro.<br />

J.C.: Além de tocar violão você é flautista,<br />

que veio antes. Por que escolheu a flauta?<br />

D.C.: Na verdade acho que o instrumento<br />

escolhe você, não o contrário.<br />

Meu pai trouxe uma flauta Block para casa,<br />

gostei daquele instrumento. Toda vez que ele<br />

ia na loja de música eu pedia uma nova flauta.<br />

Acabei virando flautista! (risos).<br />

J.C.: E porque fez faculdade de Arquitetura?<br />

D.C.: Pela mamãe. Sabendo das dificuldades<br />

e inconstâncias da carreira de músico,<br />

ela queria que tivéssemos outra profissão<br />

também. O que era algo antagônico, uma<br />

vez que papai sempre teve uma boa carreira.<br />

Acabei fazendo por ela. Escolhi Arquitetura<br />

porque tem muito a ver com a música.<br />

J.C.: Desculpe minha ignorância, mas em<br />

que elas se parecem?<br />

D.C.: Na forma, que usei muito nas canções<br />

que fiz para televisão.<br />

O mais difícil na Arquitetura é fazer a casa<br />

mais simples possível: sala, quarto, cozinha<br />

e banheiro. A chamada casa mínima.<br />

Levei isso para fazer a música mínima, na<br />

televisão. Como passar o máximo de informação<br />

possível, com qualidade, em pouco<br />

tempo. Como exemplo as músicas da minissérie<br />

Riacho Doce, da Rede Globo.<br />

J.C.: Acabou abandonando a faculdade?<br />

D.C.: Pois é. Em 1968 ganhei o 3º Festival<br />

Internacional da Canção.<br />

J.C.: Em 67 gravou com seu pai, em 68 o<br />

festival (com Andança) e resolveu se dedicar<br />

à música?<br />

D.C.: Não tinha mais tempo, a música estava<br />

falando mais alto e eu não tinha muito<br />

espírito de ficar confinado em escritório...<br />

Politicamente foi um ano faccionado. Com o<br />

AI5 houve muita perseguição política dentro<br />

da faculdade, isso me desiludiu um pouco.A<br />

música estava me seduzindo muito mais. Comecei<br />

a compor.<br />

Existiam vários grupinhos em <strong>Copacabana</strong>:<br />

o pessoal do Posto 6, o pessoal do Leme, do<br />

Guttemberg Guarabyra, Mariozinho Rocha...<br />

Depois vieram os mineiros: Nelson Ângelo,<br />

Toninho Horta, Milton Nascimento, Fernando<br />

Brant... É tanto nome que tenho medo de<br />

esquecer alguém! (risos).<br />

J.C.: Ajudou o fato de ser filho do Dorival<br />

Caymmi e de ter feito seu primeiro traba-<br />

lho com ele? Houve cobrança?<br />

D.C.: Gravei o disco Caymmi visita Tom.<br />

Nessa época, minha preocupação era com<br />

a professora de Química do Andrews (colégio),<br />

não com a cobrança musical. Tinha<br />

que estudar muito. Lembro que nas gravações<br />

estava com um fichário, bem concentrado<br />

na matéria. O legal foi ter conhecido<br />

o Tom Jobim!<br />

J.C.: E agora que sua filha está se lançando<br />

como cantora? Como se sente do outro<br />

lado, sendo você o pai?<br />

D.C.: Pois é. A mesma coisa.<br />

Eu não me preocupei, mas na verdade o<br />

filho de artista sofre Bullyng! No caso ela<br />

tem que ser um Danilo ao cubo! (risos). É<br />

complicada a maneira que as pessoas exigem<br />

isso. É chato porque amigos se afastaram<br />

da profissão por isso, por essa cobrança<br />

de serem filhos de músicos. Pessoas talentosíssimas<br />

desistiram da profissão.Por outro<br />

lado é natural que cobrem.<br />

Minha filha Alice está distante da minha<br />

obra, tem outro trabalho. Não ouvi o disco<br />

ainda.<br />

Ela foi criada em um ambiente de liberdade<br />

de expressão. Claro que incentivei que estudasse<br />

violão quando vi que ela tinha facilidade<br />

desde pequena, como o avô e o tio Dori.<br />

Ela tem outra visão. Existe o peso do nome,<br />

mas acho que está indo bem. Saiu uma boa<br />

crítica em São Paulo e está se preparando<br />

para lançar o show, aí eu vou ver. Sei que<br />

Danilo<br />

Caymmi<br />

O sucesso não bateu à porta de Danilo Caymmi à toa, a resposta está na genética e no ambiente em que foi criado. Filho mais novo de Dorival Caymmy, ele se descobriu flautista ainda<br />

criança e seguiu a carreira de músico traçada pelos pais e pelos irmãos Dori e Nana Caymmi. O primeiro disco foi ao lado do pai, mas logo conquistou o Festival Internacional da Canção<br />

e seguiu seus próprios passos. Na década de 70 a flauta, na de 80 a descoberta como cantor através de Tom Jobim, logo o sucesso nas músicas tocadas na dramaturgia da Rede Globo.<br />

Danilo quer lançar um DVD do disco Alvear, ainda esse ano e diz em primeira mão ao <strong>Jornal</strong> <strong>Copacabana</strong> que está trabalhando com os irmãos para um cd, filme, livro para comemorar<br />

o centenário de Dorival Caymmi. Saiba mais sobre esse apaixonado morador de <strong>Copacabana</strong> na entrevista abaixo.<br />

ela tem uma preocupação estética, está terminando<br />

o curso de Artes Cênicas na PUC,<br />

acredito que complementa no palco, a filosofia<br />

ajuda a escrever, já que ela é compositora.<br />

Gravou Björk, Dorival Caymmi e o restante<br />

do CD é autoral. As críticas têm sido boas.<br />

Me preocupo que ela tenha uma profissão,<br />

escolheu viver disso, com todos os percauços<br />

que podem acontecer. Me distancio do<br />

trabalho dela para que tenha liberdade.<br />

A mãe e eu sempre demos espaço para a<br />

criação, mas oriento. Tiro a glamurização da<br />

profissão, mostro a importância de compor,<br />

de ter cultura.<br />

Ela está procurando os parceiros dela. Assim<br />

Adriana Calcanhoto vai fazer parte de um<br />

show na Miranda. Acho isso bacana, que encontre<br />

o espaço dela.<br />

J.C.: Voltando à sua história. Depois do<br />

festival trabalhou com Tom Jobim, em seguida<br />

com as novelas?<br />

D.C.: Na década de 70 gravei meus discos<br />

como flautista, inclusive um dos primeiro de<br />

produção independente no Brasil, chamado<br />

Cheiro Verde. Hoje é um disco disputadíssimo,<br />

foram feitas 3000 cópias. O original está<br />

até caro! (risos).<br />

Depois foi tudo aparecendo paralelamente.<br />

Comecei a tocar com o Tom em 83/84, a convite<br />

do Paulinho Jobim, meu compadre, filho<br />

do Tom. Ele tinha que formar uma banda<br />

para o pai fazer um concerto em Viena... Dalí<br />

comecei a freqüentar a casa do Tom e ele me

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