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ItinerárioRomânicoBeneditino - Rota do Românico

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I TI T IN N ER E RÁ Á R I O R OM O MÂN Â NI I CO C O BE B EN NED E DI ITI T IN N O<br />

E VA V AL L OR O RI I ZA Z AÇ ÇÃ ÃO O DA D A EN E NVO V OL LVE V EN NTE T E DO D O<br />

M OS O ST TE EI IR R O DE D E CÊ C ÊT TE E<br />

Ωα Ωα Ωα<br />

Pós Graduação: Turismo Cultural<br />

Entidade – ADERSOUSA<br />

Elabora<strong>do</strong> por: Vitória Alves<br />

Maio de 2006


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

ÍNDICE<br />

INDICE DE GRÁFICOS................................................................................................................................ 2<br />

INDICE DE QUADROS................................................................................................................................. 3<br />

INDICE DE FIGURAS................................................................................................................................... 4<br />

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 5<br />

OBJECTIVOS DO ESTUDO ......................................................................................................................... 6<br />

METODOLOGIA........................................................................................................................................... 7<br />

1­ TURISMO CULTURAL ............................................................................................................................ 8<br />

1.1 TURISMO E PATRIMÓNIO........................................................................................................ 10<br />

1.2 TURISMO CULTURAL OU TURISMO PATRIMONIAL............................................................ 12<br />

1.3 O TURISTA CULTURAL ­ AS SUAS NECESSIDADES ............................................................. 12<br />

1.4 ELEMENTOS QUE COMPÕE O PRODUTO TURISMO CULTURAL ........................................ 14<br />

2 – ANÁLISE DOS RECURSOS SÓCIO ECONÓMICOS QUE INTEGRAM OS CONCELHOS DO<br />

ITINERÁRIO BENEDITINO ...................................................................................................................... 15<br />

2.1­ TERRITÓRIO E POPULAÇÃO .......................................................................................................... 15<br />

2.1.1 ­ Densidade Populacional ............................................................................................................. 15<br />

2.1.2 – População residente segun<strong>do</strong> idade e sexo em 2001.................................................................... 17<br />

2.1.3 – Indica<strong>do</strong>res Demográficos em 2001............................................................................................ 19<br />

2.2 – INFRAESTRUTURAS AMBIENTAIS .............................................................................................. 19<br />

2.3 – EQUIPAMENTOS DE LAZER.......................................................................................................... 21<br />

2.3.1 – Bibliotecas ................................................................................................................................. 21<br />

2.3.2­ Cinemas, Museus e Galerias de arte em 2001............................................................................... 22<br />

2.4 – ACTIVIDADES ECONÓMICAS....................................................................................................... 23<br />

3­ IVENTÁRIO DOS RECURSOS TURÍSTICOS ...................................................................................... 25<br />

3.1 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TURISMO NOS CONCELHOS ......................................................... 25<br />

3.1.1 – Estabelecimentos e capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros ........................... 25<br />

3.1.2 ­ Estada média nos estabelecimentos hoteleiros em 2002 ............................................................... 27<br />

3.1.3 ­ Dormidas em estabelecimentos hoteleiros segun<strong>do</strong> o país de residência, em 2002........................ 28<br />

3.1.4­ Estabelecimentos e Capacidade de alojamento no Turismo em Espaço Rural 2002....................... 29<br />

3.2 – RECURSOS HISTÓRICOS ............................................................................................................... 30<br />

3.3 – RECURSOS NATURAIS................................................................................................................... 31<br />

3.4 – RECURSOS CULTURAIS – ARTESANATO E FESTIVIDADES ..................................................... 32<br />

3.4.1 ­ Artesanato .................................................................................................................................. 32<br />

3.4.2 – Gastronomia .............................................................................................................................. 33<br />

3.4.3 – Festas, Romarias e Eventos Culturais......................................................................................... 33<br />

4­ ITINERÁRIO ROMÂNICO BENEDITINO ........................................................................................... 34<br />

4.1­ OS BENEDITINOS EM PORTUGAL ................................................................................................. 34<br />

4.1.2­ A ESCOLHA DO LOCAL............................................................................................................. 36<br />

4.1.3 ­ A REGRA DE S. BENTO............................................................................................................. 36<br />

4.2­ PROPOSTA DE PERCURSO.............................................................................................................. 37<br />

4.2.1­ DESCRIÇÃO DOS MONUMENTOS............................................................................................ 39<br />

5­ ANÁLISE SWOT AO ITINERÁRIO ROMÂNICO BENEDITINO....................................................... 47<br />

6­ PROJECTO DE VALORIZAÇÃO DA ENVOLVENTE DO MOSTEIRO DE CÊTE .......................... 49<br />

CONCLUSÃO............................................................................................................................................... 54<br />

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 55<br />

1


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

INDICE DE GRÁFICOS<br />

Gráfico n.º1 – Pirâmide etária da população de Póvoa de Varzim­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­17<br />

Gráfico n.º2 – Pirâmide etária da população de Santo Tirso­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­17<br />

Gráfico n.º3 – Pirâmide etária da população de Felgueiras­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­17<br />

Gráfico n.º4 – Pirâmide etária da população de Penafiel­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­17<br />

Gráfico n.º5 – Pirâmide etária da população de Paredes­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­18<br />

Gráfico n.º6 – Populaça servida por abastecimento de água em 2001­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­19<br />

Gráfico n.º7 – População servida com estações de tratamento de águas residuais­­­­­­­­­­­­­­20<br />

Gráfico n.º8 – Pessoal ao serviço por CAE na Póvoa de Varzim­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­23<br />

Gráfico n.º9 – Pessoal ao serviço por CAE em Santo Tirso­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­23<br />

Gráfico n.º10 – Pessoal ao serviço por CAE em Felgueiras­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­24<br />

Gráfico n.º11 – Pessoal ao serviço por CAE em Penafiel­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­24<br />

Gráfico n.º12 – Pessoal ao serviço por CAE na Paredes­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­24<br />

Gráfico n.º13 – Dormidas nos estabelecimentos hoteleiros segun<strong>do</strong> o país de residência ­­­­28<br />

2


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

INDICE DE QUADROS<br />

Quadro n.º 1­ Indica<strong>do</strong>res demográficos­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­19<br />

Quadro n.º 2­Bibliotecas em 2001­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­21<br />

Quadro n.º 3 ­ Cinemas, Museus e Galerias de Arte­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­22<br />

Quadro n.º 4­Estabelecimentos e capacidade de alojamento em 2002 e proveitos de aposento<br />

nos estabelecimentos hoteleiros em 2002­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­25<br />

Quadro n.º5­ Estada média nos estabelecimentos hoteleiros em 2002­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­27<br />

Quadro n.º6­ Estabelecimentos e capacidade de alojamento em TER em 2002­­­­­­­­­­­­­­­­­29<br />

3


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

INDICE DE FIGURAS<br />

Imagem n.º1 – Igreja de S. Pedro de Rates­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­40<br />

Imagem n.º 2­ Igreja de S. Pedro de Roriz­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­42<br />

Imagem n.º 3 – Mosteiro de Pombeiro­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­43<br />

Imagem n.º 4 – Túmulo de Egas Moniz­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­45<br />

Imagem n.º 5 – Igreja de Cête­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­46<br />

Imagem n.º 6 – Área exterior com sequeiro e espigueiros­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­52<br />

Imagem n.º 7 – Jardim exterior­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­52<br />

Imagem n.º 8 – Pormenor <strong>do</strong> exterior junto à cabeceira da igreja­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­53<br />

Imagem n.º 9 – Propriedade privada contígua à igreja­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­53<br />

4


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

INTRODUÇÃO<br />

No âmbito <strong>do</strong> curso de pós­graduação em Turismo cultural desenvolvi<strong>do</strong> pela ADERSOUSA,<br />

propus a elaboração de um itinerário românico Beneditino que vai além <strong>do</strong>s concelhos <strong>do</strong><br />

Vale <strong>do</strong> Sousa bem como apresentar um projecto de valorização da envolvente <strong>do</strong> Mosteiro<br />

de Cête.<br />

O turismo cultural é um segmento em franco crescimento e nomeadamente nestes concelhos<br />

que possuem recursos de eleva<strong>do</strong> valor a esse nível é necessário implementar complementos<br />

para os tornar atractivos. Este itinerário em concreto para o Vale <strong>do</strong> Sousa funciona como<br />

uma alternativa ao itinerário românico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa.<br />

Pelo facto de integrar uma parte de pesquisa e de trabalho de campo bem como a<br />

possibilidade de desenvolver algumas ideias criativas este trabalho transformou­se num<br />

desafio agradável, que espero futuramente possa constituir um contributo positivo para o<br />

desenvolvimento de itinerários culturais nos concelhos a promover por algumas entidades.<br />

5


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

OBJECTIVOS DO ESTUDO<br />

Estudar o turismo cultural para enquadramento da temática;<br />

Estudar os concelhos que integram o itinerário nas várias vertentes (económica,<br />

cultural, social e turística);<br />

Demonstrar que monumentos fora da fronteira <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa têm semelhanças<br />

com os <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa e esta sinergia pode ser positiva para todas as partes;<br />

Estruturar um itinerário Beneditino coerente e atractivo;<br />

Breve estu<strong>do</strong> da vivência <strong>do</strong>s Beneditinos e da chegada desta ordem a Portugal;<br />

Descrever os monumentos <strong>do</strong> itinerário;<br />

Analisar os pontos fracos, fortes, oportunidades e ameaças <strong>do</strong> itinerário;<br />

6


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

METODOLOGIA<br />

Para a realização <strong>do</strong> trabalho foi privilegiada a pesquisa bibliográfica, nomeadamente<br />

na vertente de da<strong>do</strong>s estatísticos para a caracterização económica, social e turística <strong>do</strong>s<br />

concelhos. Foi também utilizada a Internet para pesquisa de informação no que se refere aos<br />

recursos culturais e históricos de cada concelho. Na elaboração <strong>do</strong> próprio itinerário recorri ao<br />

trabalho de campo, onde visitei to<strong>do</strong>s os monumentos e inventarei as estradas a percorrer.<br />

Recorri ao departamento de licenciamentos e projectos da Câmara de Paredes para obter a<br />

planta topográfica da área envolvente de Cête para o projecto de caracterização da envolvente.<br />

7


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

1­ TURISMO CULTURAL<br />

O que torna um local um espaço turístico por excelência? As atracções que o mesmo tem. São<br />

as atracções que definem os destinos turísticos e constituem uma das principais componentes<br />

<strong>do</strong> sistema turístico: os visitantes deslocam­se para um determina<strong>do</strong> destino porque aí existem<br />

elementos ou factores, qualquer que seja a natureza, que sobre eles exercem uma atracção<br />

(Cunha, 2001). No caso específico <strong>do</strong> itinerário Beneditino que é apresenta<strong>do</strong>, o motivo que<br />

leva uma pessoa a deslocar­se é cultural, o elemento que atrai os visitantes são os mosteiros.<br />

Swarbrooke (cita<strong>do</strong> por Cunha, 2001) classifica as atracções turísticas da seguinte forma:<br />

1. Atracções naturais: praias, montanhas, parques naturais, rios etc.<br />

2. Atracções criadas pelo homem sem a intenção de atrair visitantes: catedrais, monumentos,<br />

palácios, centros urbanos.<br />

3. Atracções artificiais criadas com o fim de atrair visitantes: parques temáticos, casinos,<br />

centros de convenções, recintos desportivos etc.<br />

4. Eventos especiais e mega eventos: festivais de arte, música, desportivos, exposições (ex:<br />

Expo 98, Euro 2004).<br />

O turismo cultural é uma actividade que tem como fundamento o elo de ligação entre o<br />

passa<strong>do</strong> e o presente, o contacto com o lega<strong>do</strong> cultural com as tradições que permanecem. O<br />

turismo cultural define­se segun<strong>do</strong> as visitas realizadas por pessoas externas ao local<br />

motivadas total ou parcialmente pelo interesse na oferta histórica, artística, científica, estilo de<br />

vida e património de uma comunidade (Izquier<strong>do</strong>, et all, 2004).<br />

Segun<strong>do</strong> Beni (1997), a vocação turística <strong>do</strong> núcleo receptor na vertente turismo cultural<br />

manifesta­se naquilo que “oferecem como produto essencial o lega<strong>do</strong> histórico <strong>do</strong> homem em<br />

distintas épocas, representa<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> património e <strong>do</strong> acervo cultural, encontra<strong>do</strong> nas<br />

ruínas, nos monumentos, nos museus e nas obras de arte…”.<br />

Neste senti<strong>do</strong> o autor vais mais além e encontra outro tipo de turismo cultural que designa de<br />

turismo étnico­ histórico­ cultural cujos fluxos turísticos são motiva<strong>do</strong>s pelas suas origens<br />

étnicas locais e regionais, pelo lega<strong>do</strong> histórico e por aqueles que se deslocam com objectivos<br />

antropológicos para conhecer in loco as características étnico­ culturais <strong>do</strong>s autóctones.<br />

8


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Assim pensan<strong>do</strong>, a actividade turística cultural centra­se na revitalização da identidade<br />

cultural, da preservação <strong>do</strong>s bens culturais e das suas tradições e no estimular a participação<br />

da comunidade local, ten<strong>do</strong> em conta mecanismos que garantem a sustentabilidade das<br />

actividades turísticas.<br />

Os monumentos são a expressão da cultura e da maneira de viver <strong>do</strong>s povos que tornam­se<br />

num símbolo representativo de um país, localidade ou região que interferem na decisão da<br />

viagem (Cunha, 2001). Pode então dizer­se que a arte, monumentos, a cultura são um factor<br />

de incremento <strong>do</strong> turismo. No Egipto, as pirâmides, na Grécia o parténon, na França a Torre<br />

Eiffel, em Barcelona a Sagrada Família, em Londres Westminster Cathedral constituem<br />

ícones motivo de visita de milhões de pessoas.<br />

Neste contexto são consideradas as cidades, vilas ou aldeias históricas que se caracterizam<br />

pela existência de um património arquitectónico específico ou que representam épocas <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong>. São exemplos de aglomera<strong>do</strong>s históricos as aldeias históricas de Portugal, como o<br />

caso de Castelo Rodrigo, muralhas vestígio <strong>do</strong>s nossos antepassa<strong>do</strong>s.<br />

Dada a importância <strong>do</strong> património histórico, a ONU, através da UNESCO, procurou encontrar<br />

medidas que o salvaguardassem, caso da “Declaração de Património da Humanidade”, que se<br />

tem revela<strong>do</strong> um instrumento para a preservação <strong>do</strong>s valores histórico­culturais. Em Portugal<br />

temos alguns exemplos como o centro histórico de Guimarães, <strong>do</strong> Porto, Óbi<strong>do</strong>s, Sintra,<br />

Douro Vinhateiro, que pelas suas características constituem atracções turísticas únicas.<br />

Muito para além <strong>do</strong> património existente propriamente dito é imprescindível a sua<br />

preservação. Nesse senti<strong>do</strong> a “Carta de Veneza”, aprovada pelo Congresso Internacional <strong>do</strong>s<br />

Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos estabelece princípios a seguir para a<br />

preservação <strong>do</strong>s monumentos. Desde a conservação e restauro <strong>do</strong> monumento que deve<br />

salvaguardar as características básicas e a sua integridade que compreende também a<br />

envolvente em que está inseri<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> pela atribuição a estes de uma função útil à<br />

sociedade (caso das Pousadas de Portugal em monumentos recupera<strong>do</strong>s para alojamento).<br />

Para tal, toda e qualquer intervenção patrimonial deve ser desenvolvida a nível local, com a<br />

participação activa de to<strong>do</strong>s os agentes locais.<br />

O turismo cultural como elemento de atracção produz actividades motiva<strong>do</strong>ras para os turistas<br />

expressas no:<br />

9


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

­ Artesanato;<br />

­ Idioma;<br />

­ Gastronomia;<br />

­ Tradição;<br />

­ Arte e Música (concertos, teatro, pintura);<br />

­ História da região (monumentos, património cultural e natural);<br />

­ Tipos de trabalho que os habitantes desenvolvem;<br />

­ Religião com as suas manifestações habituais (ex.: festas e romarias);<br />

­ Vestimentas (ex.: trajes típicos)<br />

1.1 TURISMO E PATRIMÓNIO<br />

Segun<strong>do</strong> a acepção clássica, o conceito de património refere­se ao lega<strong>do</strong> que herdamos <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> e que é transmiti<strong>do</strong> às gerações futuras. (Moreira, 1996)<br />

Ten<strong>do</strong> em conta estas características, não podemos entender o património apenas como<br />

vestígios tangíveis <strong>do</strong> património histórico, mas alia<strong>do</strong> aos costumes da região.<br />

Assim sen<strong>do</strong> o património cultural compreenderá então to<strong>do</strong>s aqueles elementos que fundam<br />

a identidade de um grupo e que o diferenciam <strong>do</strong>s demais. (Moreira, 1996)<br />

Actualmente o património representa para a sociedade uma verdadeira necessidade, uma<br />

forma de recuperação <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> que se tornou culto popular.<br />

A exploração turística <strong>do</strong>s recursos patrimoniais trás alguns benefícios para as comunidades<br />

locais:<br />

Revitalização das economias locais;<br />

Criação de emprego;<br />

Benefícios económicos para ajuda na recuperação e preservação <strong>do</strong> património<br />

(Moreira, 1996).<br />

Para além destes benefícios Izquier<strong>do</strong> et all, (2004) refere a melhoria da qualidade de vida da<br />

população, desenvolvimento de oportunidades de negócio, atracções de programas Europeus<br />

de desenvolvimento local, entrada de divisas, recuperação de actividades artesanais e<br />

tradicionais e financiamento para projectos de conservação.<br />

10


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

No caso português especificamente, o turismo cultural surge como uma alternativa à forte<br />

exploração da vertente turismo sol e praia no litoral permitin<strong>do</strong> uma deslocalização <strong>do</strong><br />

turismo para o interior e distribuição equitativa <strong>do</strong>s benefícios.<br />

Não podemos negar que o relacionamento entre património e turismo se instalou<br />

definitivamente. Há porém que estabelecer regras de convivência entre ambos numa<br />

perspectiva de rentabilização económica e de desenvolvimento social. O desafio que se coloca<br />

no turismo é o de utilizar os recursos patrimoniais numa perspectiva de desenvolvimento<br />

sustentável, assente em critérios de qualidade, para que os seus benefícios resultem numa<br />

efectiva melhoria da qualidade de vida <strong>do</strong>s cidadãos, tanto daqueles que o praticam como<br />

daqueles que o acolhem.<br />

Contu<strong>do</strong> há um perigo latente. O turismo pode produzir um efeito negativo sobre as<br />

comunidades em que se desenvolve. O 1º efeito prende­se com o crescimento de infra­<br />

estruturas que arquitectónicamente não se coadunam com o espaço e o sobrecarregam à<br />

medida que as visitas aumentam exceden<strong>do</strong> a capacidade de carga. Um número excessivo de<br />

turistas e um uso demasia<strong>do</strong> intensivo pode gerar a destruição total ou parcial <strong>do</strong> património.<br />

No entanto e como vimos em alguns casos não é só o turismo o causa<strong>do</strong>r desses males. O<br />

crescimento demográfico, desordenamento urbanístico e a especulação imobiliária contribuem<br />

muito para a desvirtualização <strong>do</strong>s espaços (Izquier<strong>do</strong> et. all, 2004).<br />

Izquier<strong>do</strong> et all (2004) define um conjunto de princípios que visam o desenvolvimento<br />

económico sustentável <strong>do</strong>s projectos turísticos ten<strong>do</strong> em conta os recursos culturais e naturais<br />

e o seu uso racional:<br />

Preservação <strong>do</strong> património e da identidade cultural;<br />

Participação <strong>do</strong>s locais no desenvolvimento económico local;<br />

Melhoria das condições de vida <strong>do</strong>s locais, por exemplo dan<strong>do</strong>­lhe perspectivas<br />

de criação de emprego, formação profissional;<br />

Planeamentos segun<strong>do</strong> critérios rigorosos que não tenham em conta apenas a<br />

procura.<br />

Não podemos esquecer que a massificação <strong>do</strong> turismo o atingir o limite da capacidade de<br />

carga que o espaço suporta pode originar o fim desse produto. É cada vez mais necessário a<br />

existência de projectos de ordenamento territorial que evitem a destruição de monumentos ou<br />

11


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

centros históricos. Por exemplo o parque Nacional da Peneda Gerês tem medidas que<br />

impedem a entrada de visitantes em áreas preservadas, ou o Palácio Nacional de Sintra que<br />

para além <strong>do</strong> limite de visitantes por razões espaciais tem determinadas épocas em que fecha<br />

para trabalhos de conservação. Ao nível <strong>do</strong> ordenamento <strong>do</strong>s espaços territoriais temos vários<br />

exemplos que vão desde o mau ordenamento no litoral com a construção nas dunas, caso de<br />

Esposende e o bom exemplo de ordenamento que foi a recuperação <strong>do</strong> centro histórico de<br />

Guimarães.<br />

1.2 TURISMO CULTURAL OU TURISMO PATRIMONIAL<br />

O desenvolvimento <strong>do</strong> turismo cultural como uma nova forma de actividade converteu­se no<br />

objectivo de muitas entidades. Regra geral o turismo cultural e patrimonial consiste em viajar<br />

para experimentar nos lugares aquilo que têm para oferecer.<br />

Segun<strong>do</strong> Izquier<strong>do</strong> et. all (2004), existem diferenças entre aquilo que se designa de turismo<br />

cultural e turismo <strong>do</strong> património. O turismo patrimonial assenta num território específico<br />

ten<strong>do</strong> em conta as suas especificidades, o seu povo, as tradições e as histórias enquanto que o<br />

turismo cultural relaciona­se com menor ênfase no lugar. Por exemplo visitar a oficina de um<br />

artesão é um evento patrimonial, mas ver o mesmo trabalho numa exposição itinerante é<br />

considera<strong>do</strong> evento cultural.<br />

Neste senti<strong>do</strong> podemos afirmar que o itinerário Beneditino, pela sua especificidade, pela<br />

necessidade intrínseca que tem de usufruto <strong>do</strong> espaço é considera<strong>do</strong> turismo patrimonial.<br />

1.3 O TURISTA CULTURAL ­ AS SUAS NECESSIDADES<br />

O turista tem ao seu dispor várias actividades que vão desde o turismo sol e praia, turismo<br />

ecológico, turismo neve, turismo natureza, turismo cultural, entre outros. Ao seleccionar<br />

visitar um monumento ou museu em detrimento de outros o turista teve em conta um conjunto<br />

concreto de expectativas. Podemos considerar que essa opção pode ter si<strong>do</strong> tomada<br />

antecipadamente recolhen<strong>do</strong> informações sobre o destino que pesou na sua escolha. Os<br />

factores que desencadeiam esse processo de escolha podem ter si<strong>do</strong> de forma espontânea, pela<br />

12


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

vontade de visitar aquele monumento ou por influência de amigos, um anúncio ou um agente<br />

de viagens (Izquier<strong>do</strong> et all, 2004).<br />

Izquier<strong>do</strong> et all (2004) identifica um conjunto de necessidades básicas essenciais para que a<br />

visita se torne positiva e influencie a compra desse “produto”:<br />

• Segurança – factor básico para que os visitantes se movimentem à vontade, desde<br />

a correcta sinalética e informação turística, passan<strong>do</strong> pelos espaços de<br />

parqueamento que facilitem o usufruto <strong>do</strong> espaço turístico. Por exemplo na RRVS<br />

(<strong>Rota</strong> <strong>do</strong> <strong>Românico</strong> <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa) a sinalização e informação junto <strong>do</strong>s<br />

monumentos é praticamente inexistente.<br />

• Pertença – o turista pretende viver experiências únicas, busca vestígios da sua<br />

identidade. O objectivo é conseguir que o turista seja participante da visita. Neste<br />

caso para a entidade gestora impõem­se a criação de actividades interactivas que<br />

incitem a participação <strong>do</strong> visitante. Envolver os visitantes em festas das vindimas,<br />

criar um centro interpretativo com dispositivos interactivos são actividades que se<br />

podem desenvolver.<br />

• Auto­ estima – o visitante gosta de sentir­se bem recebi<strong>do</strong> por isso há necessidade<br />

de formar aqueles que contactam directamente com o público sejam os guias,<br />

motoristas, técnicos de turismo que estão nos postos de informação turística e<br />

inclusive a polícia e a população local. Portugal tem o rótulo de bem saber<br />

receber, há sempre alguém disposto a indicar onde fica este ou aquele<br />

monumento, salvo alguns casos em que fazem mesmo questão acompanhar o<br />

turista ao local. Isso revela desde logo uma atitude positiva perante aqueles que<br />

entre múltiplos destinos escolhem o nosso.<br />

• Modernização <strong>do</strong>s serviços – é importante a actualização de sistemas face às<br />

novas tecnologias, no senti<strong>do</strong> de melhorar a oferta. Um exemplo concreto, na<br />

Póvoa de Lanhoso, a informação disponibilizada no castelo de Lanhoso evoluiu<br />

de um programa de vídeo para um sistema multimédia interactivo que permite ao<br />

turista seleccionar a informação sobre o espaço em que se encontra.<br />

• Conhecimento e compreensão – esta é uma necessidade muito importante, pois o<br />

turista que visita um da<strong>do</strong> monumento quer conhecer, ter informações para<br />

compreender aquilo que observa. Os centros interpretativos colmatam essa<br />

necessidade.<br />

13


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

• Estética – é necessário estabelecer uma uniformização <strong>do</strong>s elementos que fazem<br />

parte desse produto turístico. Criar uma imagem de marca, que esteja presente em<br />

to<strong>do</strong>s os matérias de merchandising, sinalização, estabelecer critérios de<br />

informação quanto ao conteú<strong>do</strong> e à forma.<br />

1.4 ELEMENTOS QUE COMPÕE O PRODUTO TURISMO CULTURAL<br />

O turismo é uma actividade complexa que implica uma série de serviços e recursos para a sua<br />

constituição.<br />

1 – Recursos – estes são os elementos base da constituição de um produto turístico. São<br />

considera<strong>do</strong>s os seguintes recursos:<br />

o Recursos históricos – igrejas, museus, espaços arqueológicos, castelos,<br />

pontes, entre outros;<br />

o Recursos culturais – tradições, gastronomia, folclore, artesanato,<br />

festividades;<br />

o Recursos naturais – clima, praias, paisagens, fauna, flora, rios, montanhas,<br />

entre outros (Cunha, 2001).<br />

2 – Serviços e equipamentos – os serviços e equipamentos necessários à oferta turística,<br />

hotéis, meios de transporte, restaurantes, lojas de artesanato, postos de turismo, empresas<br />

de animação permitem ao turista suprir as suas necessidades básicas e desfrutar das<br />

atracções <strong>do</strong> destino (Cunha, 2001).<br />

Ten<strong>do</strong> em conta os serviços disponíveis, não podemos falar de uma única oferta turística, mas<br />

de várias ofertas. O turista, por vezes, não visita um local apenas por uma única motivação,<br />

por isso impõem­se a existência de produtos complementares. Por exemplo associar à cultura<br />

a gastronomia, as actividades de animação que são um bom complemento que vai contribuir<br />

para a originalidade e valorização de um itinerário.<br />

14


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

2 – ANÁLISE DOS RECURSOS SÓCIO ECONÓMICOS QUE INTEGRAM OS<br />

CONCELHOS DO ITINERÁRIO BENEDITINO<br />

Feita uma breve abordagem à temática <strong>do</strong> turismo cultural, importa também fazer uma<br />

contextualização a nível sócio­ económico e demográfico <strong>do</strong>s concelhos de Póvoa de Varzim,<br />

Santo Tirso, Felgueiras, Penafiel e Paredes, que entram no Itinerário Beneditino proposto.<br />

2.1­ TERRITÓRIO E POPULAÇÃO<br />

2.1.1 ­ Densidade Populacional<br />

Mapa nº.1­ Densidade populacional 2001 Póva de Varzim<br />

Fonte: INE – Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Mapa nº.3­ Densidade populacional 2001 Felgueiras<br />

Fonte: INE – Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Mapa nº.2­ Densidade populacional 2001 Santo Tirso<br />

Fonte: INE – Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Mapa nº.4­ Densidade populacional 2001 Penafiel<br />

Fonte: INE – Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

15


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Mapa nº.5­ Densidade populacional 2001 Paredes<br />

Fonte: INE – Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Dos concelhos em análise Póvoa de Varzim é aquele que apresenta menor área total<br />

(82,1km2), mas ao mesmo tempo aquele que detém maior densidade populacional 771<br />

hab./km2 em 2001. Como se pode verificar através <strong>do</strong> mapa n.º 1 a população está<br />

concentrada no centro urbano, junto à área marítima sen<strong>do</strong> que à medida que caminhamos<br />

para o interior a densidade populacional diminui.<br />

O concelho de Santo Tirso com uma área total de 135,6 km2 distribuí<strong>do</strong>s por 24 freguesias<br />

apresenta 516 hab./km2 e uma distribuição da população com uma concentração no núcleo<br />

urbano central diminuin<strong>do</strong> de densidade para os núcleos rurais das extremidades das<br />

fronteiras concelhias.<br />

A nível <strong>do</strong>s concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa, Penafiel tem 212,2 km2 de área total segui<strong>do</strong> de<br />

Paredes com 156,3 km2 e Felgueiras com 115,7 km2, cada com 38, 24 e 32 freguesias<br />

respectivamente. Nos 3 concelhos à semelhança <strong>do</strong> de Santo Tirso, encontram­se pequenos<br />

núcleos urbanos com maior densidade populacional, haven<strong>do</strong> grandes espaços em que se situa<br />

entre [0­500] hab./km2 que corresponde aos núcleos rurais tradicionais que ainda persistem.<br />

O concelho com maior densidade populacional é Paredes com 531,3 hab./km2 e aquele que<br />

tem menor densidade é o de Penafiel com 335,5 hab./km2.<br />

16


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

2.1.2 – População residente segun<strong>do</strong> idade e sexo em 2001<br />

Gráfico n.º 1 – Pirâmide etária da População<br />

residente Póvoa de Varzim<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Gráfico n.º3 – Pirâmide etária da População<br />

residente Felgueiras<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Gráfico n.º 2 – Pirâmide etária da População residente<br />

Santo Tirso<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Gráfico n.º4 – Pirâmide etária da População residente<br />

Penafiel<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

17


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Gráfico n.º5 – Pirâmide etária da População<br />

residente Paredes<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

As pirâmides etárias comparan<strong>do</strong> com o quadro n.º 1 que mostra os indica<strong>do</strong>res demográficos<br />

permite­nos tirar as seguintes elações:<br />

Na pirâmide etária da Póvoa de Varzim a faixa etária com maior população é a de<br />

entre os 25­29 anos. Tem a taxa de natalidade mais alta <strong>do</strong>s concelhos em análise<br />

13,7% que está acima da média nacional e da região Norte.<br />

A pirâmide etária de Santo Tirso permite­nos concluir que se trata de um concelho<br />

envelheci<strong>do</strong> com um índice de envelhecimento de 93,4%. Do total de 71644<br />

habitantes 10470 têm mais de 65 anos.<br />

Paredes é o concelho com menor taxa de mortalidade 6%, inferior à <strong>do</strong> país e da<br />

região Norte. Dos [0 aos 14anos] <strong>do</strong>s 3 concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa, Paredes é o que<br />

tem mais população.<br />

Felgueiras é o concelho com maior taxa de fecundidade.<br />

To<strong>do</strong>s s concelhos apresentam uma taxa de crescimento natural positiva (taxa de<br />

mortalidade mais baixa que a taxa de natalidade).<br />

18


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

2.1.3 – Indica<strong>do</strong>res Demográficos em 2001<br />

Quadro n.º 1 – Indica<strong>do</strong>res demográficos em 2001<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Txa.<br />

Natalidade<br />

Txa Mortalidade<br />

Txa Crescimento<br />

natural<br />

Txa de Fecundidade Índice de envelhecimento<br />

Portugal 10.9 10.2 0.7 43.2 103.6<br />

Norte 11.4 8.7 2.6 42.8 81.9<br />

Póvoa Varzim 13.7 8.3 5.3 49.5 53.1<br />

Santo Tirso 11.0 8.2 2.8 41.4 93.4<br />

Felgueiras 13.7 6.1 7.6 51.5 58.5<br />

Penafiel 13.3 7.5 5.8 49 61.9<br />

Paredes 13.7 6.0 7.7 49.4 53.4<br />

Fonte: INE­ Anuário estatístico da Região Norte 2002<br />

2.2 – INFRAESTRUTURAS AMBIENTAIS<br />

Os indica<strong>do</strong>res de abastecimento de água e tratamento de águas residuais evidenciam o grau<br />

de empenho e desenvolvimento <strong>do</strong>s Municípios.<br />

Gráfico n.º6 – População servida por abastecimento de água ­2001<br />

100,00%<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

Portugal<br />

90,40% 95%<br />

78,80%<br />

Norte<br />

Póvoa<br />

Varzim<br />

Santo Tirso<br />

29,40%<br />

Felgueiras<br />

67% 75%<br />

Penafiel<br />

Paredes<br />

26%<br />

Fonte: INE­ Anuário estatístico da Região Norte 2002<br />

O município da Póvoa de Varzim é aquele que tem mais população servida por abastecimento<br />

de água, 95%. Neste senti<strong>do</strong> importa ter em conta que a Póvoa de Varzim é o concelho com<br />

menos área e que a população está mais concentrada no núcleo urbano o que torna mais fácil<br />

%<br />

19


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

o processo. Apesar disso Penafiel é <strong>do</strong>s concelhos com maior área e 75% da população já está<br />

com esse serviço.<br />

Gráfico N.º 7 – População servida com estações de tratamento de águas residuais – 2001<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

Portugal<br />

54,90%<br />

42,30% 65%<br />

Norte<br />

Póvoa de<br />

Varzim<br />

Santo<br />

Tirso<br />

34% 30% 20% 13%<br />

Fonte: INE­ Anuário estatístico da Região Norte 2002<br />

Felgueiras<br />

Penafiel<br />

Paredes<br />

A nível da população servida por estações de tratamento de águas residuais Póvoa de Varzim<br />

continua a ser o concelho com maior % que inclusive está acima da média nacional e da<br />

região Norte. Em relação à população servida por abastecimento de água, o tratamento de<br />

águas residuais é inferior em to<strong>do</strong>s os concelhos.<br />

20


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

2.3 – EQUIPAMENTOS DE LAZER<br />

Os equipamentos de lazer quer cultural quer desportivos (pavilhões desportivos, campos de<br />

futebol, piscinas) proliferam por to<strong>do</strong>s os concelhos.<br />

2.3.1 – Bibliotecas<br />

Quadro n.º 2 – Bibliotecas em 2001<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Total<br />

Existentes<br />

Documentos Utiliza<strong>do</strong>res<br />

Adquiri<strong>do</strong>s no<br />

ano<br />

Consulta<strong>do</strong>s Empresta<strong>do</strong>s Por consulta<br />

Para<br />

empréstimo<br />

Portugal 1912 40440698 2140186 16473271 6049245 12095624 3157436<br />

Norte 514 9812466 607646 5527472 1797517 3642245 1079799<br />

Póvoa<br />

Varzim<br />

Santo<br />

Tirso<br />

Nº<br />

7 150349 13102 419285 41336 165586 50631<br />

8 98210 8838 63322 23819 133782 10997<br />

Felgueiras 7 81941 4589 41108 32643 23473 19110<br />

Penafiel 5 96894 6500 34680 10360 11634 7531<br />

Paredes 9 67079 6360 24576 9566 23030 7335<br />

Fonte: INE­ Anuário estatístico da Região Norte 2002<br />

Segun<strong>do</strong> o INE, Paredes é o concelho com mais bibliotecas, sen<strong>do</strong> que as da Póvoa de Varzim<br />

são as mais consultadas e as que possuem no seu conjunto maior <strong>do</strong>cumentação. De salientar<br />

neste aspecto que grande parte das bibliotecas estão equipadas com espaço Internet e<br />

auditórios bem como bibliotecas móveis que vão ao encontro <strong>do</strong>s leitores. Por exemplo o<br />

auditório de Felgueiras tem capacidade para 200 pessoas, Paredes 178 e Santo Tirso 200.<br />

21


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

2.3.2­ Cinemas, Museus e Galerias de arte em 2001<br />

Quadro n.º 3 – Cinemas, Museus e Galerias de Arte em 2001<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Cinema Museus<br />

Recintos Ecrãs Lotação Sessões Especta<strong>do</strong>res Receitas<br />

Nº Milhares €<br />

Galerias de<br />

Arte<br />

Nº Visitantes Nº Visitantes<br />

Portugal 238 455 102001 450201 19470793 69182 234 8556042 556 4196013<br />

Norte 60 140 31233 157984 6444596 21829 57 1719470 144 1191666<br />

Póvoa<br />

Varzim<br />

2 ­ ­ ­ ­ ­ 1 ­ 2 ­<br />

Santo Tirso 1 ­ ­ ­ ­ ­ 1 ­ 1 ­<br />

Felgueiras 1 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ 1 ­<br />

Penefiel ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ 2 ­<br />

Paredes ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ 1 ­<br />

Fonte: INE­ Anuário estatístico da Região Norte 2002<br />

No que diz respeito a cinemas, museus e galerias de arte Póvoa de Varzim é o concelho com<br />

mais recintos.<br />

O museu que existe na Póvoa de Varzim – Museu Municipal de Etnografia e História está<br />

instala<strong>do</strong> no solar <strong>do</strong>s Carneiros, um edifício brasona<strong>do</strong> da 2ª metade <strong>do</strong> século XVIII.<br />

Santo Tirso integra 2 museus, um <strong>do</strong>s quais o Museu Abade Pedrosa a que se refere o quadro<br />

n.º 3, instala<strong>do</strong> no edifício <strong>do</strong> Mosteiro Beneditino da cidade com espólio das escavações <strong>do</strong><br />

Monte Padrão e outro ao ar livre ­ Museu de Escultura Contemporânea, com esculturas<br />

espalhadas pelos jardins.<br />

Apesar de o quadro <strong>do</strong> INE não indicar a existência de museu no concelho de Penafiel<br />

através <strong>do</strong> site da entidade é possível comprovar que já existem. Quanto a Paredes está<br />

previsto a inauguração <strong>do</strong> Museu Municipal em Setembro de 2006.<br />

22


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

De referir também, a Casa da Cultura de Paredes, cita no Palacete Granja com anfiteatro ao ar<br />

livre, 3 salas de exposição e um auditório.<br />

Estes espaços, museus, bibliotecas, auditórios, centros de exposições são importantes ao<br />

serviço da população bem como <strong>do</strong>s turistas. Os auditórios são uma forma de dinamização e<br />

atribuir funcionalidade a muitos espaços que de outra forma estariam ao aban<strong>do</strong>no,<br />

permitin<strong>do</strong> a realização de eventos liga<strong>do</strong>s ao turismo cultural, com a realização de<br />

seminários, encontros culturais, festivais de música, ou turismo de negócios.<br />

2.4 – ACTIVIDADES ECONÓMICAS<br />

Este ponto em análise vai incidir sobretu<strong>do</strong> sobre a população ao serviço nos concelhos.<br />

As principais actividades económicas no conjunto <strong>do</strong>s municípios são a indústria têxtil,<br />

calça<strong>do</strong> e mobiliário. Póvoa de Varzim, como cidade piscatória não poderiam as suas<br />

populações estar ligadas ao mar. Os gráficos apresenta<strong>do</strong>s não fazem referência, mas estes<br />

concelhos integram a rota <strong>do</strong>s vinhos verdes e têm unidades de produção, com pessoal ao<br />

serviço. Por outro la<strong>do</strong>, ainda na vertente <strong>do</strong> sector agrícola a Póvoa de Varzim tem várias<br />

unidades de produção de produtos hortícolas em estufas.<br />

Gráfico nº 8 – Pessoal ao serviço por CAE Póvoa de<br />

Varzim<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Gráfico nº 9 – Pessoal ao serviço por CAE Santo<br />

Tirso<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

23


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Nos gráficos apresenta<strong>do</strong>s é notório uma dependência elevada face à actividade industrial,<br />

80% da população em Felgueiras, 70% em Santo Tirso são um exemplo. A crise industrial<br />

têxtil e <strong>do</strong> calça<strong>do</strong> tem aumenta<strong>do</strong> nos últimos anos deixan<strong>do</strong> muitos no desemprego,<br />

obrigan<strong>do</strong> à criação de alternativas por parte de entidades públicas e privadas na criação de<br />

novas empresas e na modernização das existentes.<br />

O sector <strong>do</strong> comércio é mais significativo em Paredes e Penafiel e tem vin<strong>do</strong> a crescer no<br />

número de pessoas ao serviço.<br />

Gráfico nº 10 – Pessoal ao serviço por CAE<br />

Felgueiras<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

Gráfico nº 12 – Pessoal ao serviço por CAE Paredes<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

CAE – Classificação das Actividades Económicas<br />

Gráfico nº 11 – Pessoal ao serviço por CAE Penafiel<br />

Fonte: INE ­Atlas das Cidades de Portugal, 2002<br />

24


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

O alojamento e a restauração, a abordar no capítulo seguinte, são essenciais para a<br />

constituição de um produto turístico. Tem mais pessoal ao serviço em Penafiel, 16% e Póvoa<br />

de Varzim 5,4%.<br />

3­ IVENTÁRIO DOS RECURSOS TURÍSTICOS<br />

Neste ponto são apresenta<strong>do</strong>s os recursos e serviços e equipamentos necessários à<br />

constituição de um produto turístico.<br />

3.1 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TURISMO NOS CONCELHOS<br />

A análise estatística <strong>do</strong> turismo nos concelhos vai estar centrada no alojamento (hotéis e<br />

unidades de turismo em espaço rural), fazen<strong>do</strong> uma comparação <strong>do</strong>s concelhos com a região<br />

Norte e o Vale <strong>do</strong> Sousa.<br />

3.1.1 – Estabelecimentos e capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros<br />

Quadro n.º 4 – Estabelecimentos e capacidade de alojamento em 31.07.2002 e proveitos de<br />

aposento nos estabelecimentos hoteleiros em 2002<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Estabelecimentos Capacidade de Alojamento Proveitos de Aposento<br />

N.º Milhares de euros<br />

T H P O T H P O T H P O<br />

Portugal 1898 525 860 513 239903 104727 40594 94582 995758 635749 76819 283190<br />

Norte 436 107 271 58 31308 16317 11501 3490 104621 74267 15789 14565<br />

Póvoa de<br />

Varzim<br />

Santo<br />

Tirso<br />

14 7 3 4 1598 1200 80 318 4657 3844 221 593<br />

6 1 5 ­ 285 136 149 ­ 1089 ­ ­ ­<br />

Felgueiras 3 1 1 1 143 86 24 33 291 ­ ­ ­<br />

Penafiel 6 1 5 ­ 294 106 188 ­ 337 ­ ­ ­<br />

Paredes 3 1 2 ­ 184 92 92 ­ 367 ­ ­<br />

Totais<br />

concelhos<br />

32 11 16 5 2504 1620 533 351 6037 4548 221 593<br />

Fonte: INE – Anuário Estatístico da Região Norte 2002<br />

25


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Legenda: T­ Totais, H – Hotéis, P – Pensões, O – Outros<br />

A nível da oferta hoteleira e capacidade de alojamento é pouco expressiva nos concelhos <strong>do</strong><br />

Vale <strong>do</strong> Sousa. A maioria são estabelecimentos de carácter familiar com pouca qualidade nos<br />

serviços presta<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> nesse senti<strong>do</strong> necessário inovação e formação nessa área. Sen<strong>do</strong> que<br />

o Vale <strong>do</strong> Sousa se centra num eixo de fluxos turísticos relevante no Norte <strong>do</strong> país, quer mais a<br />

norte por Braga e Guimarães e a sul pelo Douro e pela cidade <strong>do</strong> Porto e área metropolitana, o<br />

Vale <strong>do</strong> Sousa pode apresentar­se como um elemento inova<strong>do</strong>r e suplementar à oferta desses<br />

destinos. Importa sobretu<strong>do</strong> criar as condições necessárias para que os opera<strong>do</strong>res turísticos<br />

possam incluir na sua oferta o Vale <strong>do</strong> Sousa. Um exemplo muito concreto é o Douro,<br />

Património da Humanidade e destino consolida<strong>do</strong> no ramo <strong>do</strong>s cruzeiros que pode ser uma<br />

porta de entrada para a visita aos monumentos <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa. As facilidades de<br />

acesso entre to<strong>do</strong>s os concelhos são um factor importante na circulação de turistas e no<br />

estabelecimento de sinergias como é o caso <strong>do</strong> itinerário Beneditino apresenta<strong>do</strong> que se inicia<br />

no concelho da Póvoa de Varzim e finda em Paredes.<br />

No quadro n.º4 são apresenta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> INE relativos aos estabelecimentos, capacidade de<br />

alojamento e proveitos <strong>do</strong>s concelhos. Neste senti<strong>do</strong> podemos concluir:<br />

A Póvoa de Varzim é o concelho com maior número de hotéis, alguns <strong>do</strong>s quais de<br />

cadeias hoteleiras como o Mercure e o Novotel Vermar ambos de 4 estrelas, sen<strong>do</strong> este<br />

um destino de estância de veraneio. De referir também a existência elevada de segunda<br />

habitação por parte de muitos veraneantes e de casas que são alugadas que não são<br />

contabilizadas estatisticamente no turismo.<br />

A Póvoa de Varzim representa 3,2% <strong>do</strong> alojamento da região com 5,1% da capacidade<br />

de alojamento enquanto que o Vale <strong>do</strong> Sousa representa 4,2% <strong>do</strong>s estabelecimentos e<br />

2,3% da capacidade de alojamento. Tal facto é indicativo que o Vale <strong>do</strong> Sousa possui<br />

pequenas unidades de carácter familiar à excepção <strong>do</strong>s hotéis de Felgueiras com<br />

capacidade para 86 camas, Penafiel 106 e Paredes 92.<br />

A capacidade de alojamento o tipo de unidades reflecte­se posteriormente nos proveitos<br />

provenientes. Póvoa de Varzim obtém mais ganhos que os 3 concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Sousa que integram o itinerário.<br />

26


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Esta área <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa é um pólo de desenvolvimento económico que se reflecte<br />

na vertente turismo de negócios que se desenvolve. Estes homens de negócio são pela<br />

sua natureza exigentes, quer na qualidade <strong>do</strong>s estabelecimentos e serviços presta<strong>do</strong>s<br />

quer pelos meios que devem estar à disposição, espaço para reuniões e meios de<br />

comunicação, que se são incipientes, pelos fáceis acessos à região <strong>do</strong> Porto ou<br />

Guimarães leva a região a perder economicamente.<br />

Fora desta análise ficaram os parques de campismo, mas fica aqui a referência de um<br />

que existe em Felgueiras, o parque de campismo rural de Vila Fria com capacidade<br />

para albergar 30 tendas e o da Póvoa de Varzim<br />

Analisada que está a oferta de estabelecimentos turísticos importa saber o tempo de<br />

permanência e a nacionalidade de quem nos visita.<br />

3.1.2 ­ Estada média nos estabelecimentos hoteleiros em 2002<br />

Quadro n.º 5 – Estada média nos estabelecimentos hoteleiros em 2002<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Estabelecimentos<br />

Taxa de ocupação cama<br />

(bruta)<br />

N.º de noites %<br />

T H P O T H P O<br />

Portugal 3.2 2.6 2.2 5.3 41.1 44.4 24.5 44.3<br />

Norte 1.8 1.8 1.8 1.7 29.4 35.4 19.4 33.1<br />

Póvoa de Varzim 2.0 2.0 1.2 2.7 32.6 33.8 23.8<br />

Santo Tirso 2.2 ­ ­ ­ 30.2 ­ ­ ­<br />

Felgueiras 1.7 ­ ­ ­ 14.4 ­ ­ ­<br />

Penafiel 1.7 ­ ­ ­ 18.8 ­ ­<br />

Paredes 1.6 ­ ­ ­ 22.3<br />

Fonte: INE – Anuário Estatístico da Região Norte 2002<br />

Legenda: T­ Totais, H – Hotéis, P – Pensões, O – Outros<br />

A este nível a conclusão que podemos tirar é que o número de noites nos estabelecimentos é<br />

superior no concelho se Santo Tirso 2,2 noites e na Póvoa de Varzim com 2 noites indicativo<br />

27


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

que são estadas de curta duração normalmente de turismo de negócios, famílias que repartem<br />

as férias fazen<strong>do</strong> circuitos pelo país com estadia em várias unidades. Tal facto é comprova<strong>do</strong><br />

nas agências de viagens pela crescente procura de unidades hoteleiras para fins­de­semana em<br />

família como fuga e terapia ao stress da vida quotidiana.<br />

Sobre este ponto, devi<strong>do</strong> à escassez de da<strong>do</strong>s estatísticos não podemos verificar se a<br />

permanência será maior ou não nos hotéis, pensões ou outros estabelecimentos (estalagens,<br />

residenciais).<br />

Quanto à taxa de ocupação estas são novamente mais elevadas nos concelhos da Póvoa de<br />

Varzim e Santo Tirso.<br />

3.1.3 ­ Dormidas em estabelecimentos hoteleiros segun<strong>do</strong> o país de residência, em 2002<br />

Gráfico n.º 13 ­ Dormidas em estabelecimentos hoteleiros segun<strong>do</strong> o país de residência, em<br />

2002<br />

90%<br />

80%<br />

70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

P S.T. F PE PA<br />

Concelhos<br />

Portugal Alemanha Espanha<br />

França Itália Países Baixos<br />

Reino Uni<strong>do</strong> E.U.A Outros<br />

Legenda: P – Póvoa de Varzim, S.T. – Santo Tirso, F­ Felgueiras, PE – Penafiel, PA­ Paredes<br />

Fonte: INE – Anuário Estatístico da Região Norte, 2002<br />

28


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Em to<strong>do</strong>s os concelhos a maioria das <strong>do</strong>rmidas são de nacionais, o que demonstra a forte<br />

dependência destes destinos. O segun<strong>do</strong> país é Espanha, mas com uma percentagem muito<br />

baixa face à primeira, o que é indicativo da fraca promoção exterior <strong>do</strong>s concelhos.<br />

3.1.4­ Estabelecimentos e Capacidade de alojamento no Turismo em Espaço Rural 2002<br />

Quadro n.º 6 ­ Estabelecimentos e Capacidade de alojamento no Turismo em Espaço Rural<br />

2002<br />

NUTS<br />

Concelhos<br />

Total<br />

Turismo<br />

rural<br />

Estabelecimentos (n.º)<br />

Turismo de<br />

Habitação<br />

Agro­<br />

turismo<br />

Casas de<br />

Campo<br />

Turismo<br />

de Aldeia<br />

Total de<br />

Quartos<br />

Capacidade de<br />

alojamento<br />

Portugal 866 359 243 145 116 3 4351 8579<br />

Norte 372 178 114 47 33 ­ 1826 3594<br />

Póvoa de<br />

Varzim<br />

1 1 ­ ­ ­ ­ 5 6<br />

Santo Tirso 2 2 ­ ­ ­ ­ 14 28<br />

Felgueiras 6 3 2 ­ 1 ­ 28 56<br />

Penafiel 6 4 1 1 ­ ­ 33 66<br />

Paredes 2 1 1 ­ ­ ­ 6 12<br />

Fonte: INE – Anuário Estatístico da região Norte 2002<br />

O Turismo em Espaço Rural (TER) com as diferentes tipologias de unidades de alojamento foi<br />

uma alternativa à recuperação de muitas habitações através de inúmeros projectos de apoio<br />

financeiro que surgiram que de outra forma, pelas despesas que tais obras implicam teríamos<br />

perdi<strong>do</strong> esse património rural. As receitas inerentes <strong>do</strong> alojamento permitem dessa forma a<br />

manutenção desses espaços e aos turistas sentir mais de perto as vivências e a cultura das<br />

populações que os acolhem. São espaços que pela sua natureza tem pouca capacidade de<br />

alojamento, mas impõem­se um serviço personaliza<strong>do</strong> e de qualidade. Pressupõem­se que o<br />

proprietário, em algumas tipologias habite na casa e possa ser um cicerone para os visitantes.<br />

total<br />

29


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Nestes concelhos prolifera a tipologia de casas de turismo rural, ten<strong>do</strong> Penafiel o maior<br />

número. De referir que em Penafiel tem uma casa de agro­turismo, que pelas suas<br />

características integram uma unidade de produção e possibilitam aos hóspedes estar em<br />

contacto e até participar nas actividades agrícolas.<br />

Na vertente <strong>do</strong> TER estão em desenvolvimento alguns projectos que visam a implementação<br />

de mais unidades mas que não vão implicar um crescente aumento da capacidade de<br />

alojamento no Vale <strong>do</strong> Sousa.<br />

Não fazen<strong>do</strong> parte <strong>do</strong>s concelhos que integram o itinerário Beneditino o Vale <strong>do</strong> Sousa<br />

dispõem de 4 unidades de hotéis rurais num total de 60 camas.<br />

3.2 – RECURSOS HISTÓRICOS<br />

Para além <strong>do</strong>s monumentos que integram o Itinerário Beneditino os concelhos dispõem de<br />

uma panóplia de recursos históricos, naturais e culturais os quais vamos enumerar os mais<br />

importantes segun<strong>do</strong> o concelho.<br />

Assim ao nível <strong>do</strong>s recursos históricos no concelho da Póvoa de Varzim temos os seguintes<br />

monumentos:<br />

o Igreja Românica de S. Pedro de Rates;<br />

o Pelourinho de Rates;<br />

o Aqueduto, construção <strong>do</strong> século XIII com 999 arcos que transportavam água das<br />

nascentes de Terroso para o Mosteiro de Santa Clara, em Vila <strong>do</strong> Conde;<br />

o Igreja de N.sa Sr.ª da Conceição;<br />

o Igreja Matriz;<br />

o Paços <strong>do</strong> Concelho<br />

Em Santo Tirso merecem a visita:<br />

o Mosteiro de S. Bento, funda<strong>do</strong> no século X por S. Frutuoso ou S. Martinho de Dume e<br />

reedifica<strong>do</strong> no século XVII cuja igreja tem um exuberante altar­mor Barroco. Na<br />

fachada abre­se uma galilé de 3 arcos, sobre as quais se rasgam nichos com as<br />

esculturas de S. Bento, Santo Tirso e Santa Escolástica. Integra o espaço a escola<br />

agrícola de Santo Tirso e o Museu Municipal Abade Pedrosa.;<br />

30


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

o Mosteiro de Roriz;<br />

o Basílica de Nsa. Sr. da Assunção;<br />

o Castro <strong>do</strong> Monte Padrão;<br />

o Mosteiro de Vilarinho.<br />

Em Felgueiras, a estação arqueológica <strong>do</strong> Sr. Dos Perdi<strong>do</strong>s, a igreja românica de Airães, a de<br />

Unhão, pertencente a um antigo Mosteiro rural com um curioso tímpano de cruza vazada com<br />

decoração de laçaria, Santuário de Santa Quitéria e o Mosteiro de Pombeiro alvo de<br />

caracterização no capítulo seguinte.<br />

Para além de Paço de Sousa, os monumentos como a igreja da Misericórdia, Torre de Durigo,<br />

Castro <strong>do</strong> Monte Mózinho, Igreja de S. Gens de Boelhe, Memorial da Ermida, Igreja de S.<br />

Miguel de Gândara/ Cabeça Santa, Igreja de S. Pedro de Abragão (fundada no século XII com<br />

particular interesse pela escultura românica que apresenta), e o Sameiro são o património<br />

histórico que se pode visitar em Penafiel. Neste concelho de referir também a aldeia preservada<br />

de Quintan<strong>do</strong>na com incidência na vertente da arquitectura rural.<br />

Quanto ao concelho de Paredes, faz parte <strong>do</strong> património edifica<strong>do</strong>:<br />

o Termas de S. Vicente;<br />

o Igreja de S. Pedro de Cête;<br />

o Capela de Nsa. Sr.a <strong>do</strong> Vale;<br />

o Dólmen <strong>do</strong> Padrão – trata­se de um <strong>do</strong>s monumentos megalíticos mais importantes no<br />

noroeste peninsular pelas pinturas que representam uma figura humana e figura astral<br />

ou solar;<br />

o Pelourinho de Loure<strong>do</strong>;<br />

o Torre/Castelo de Aguiar <strong>do</strong> Sousa;<br />

o Palacete Granja<br />

3.3 – RECURSOS NATURAIS<br />

Do oceano Atlântico aos concelhos <strong>do</strong> interior com paisagens idílicas serpenteadas por cursos<br />

de água (Ave, Vizela, Sousa, Tâmega) com excelentes planos de água este é um itinerário que<br />

permite desfrutar de paisagens eminentemente rurais.<br />

31


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Nos centros das cidades podem­se apreciar os jardins e parques de lazer urbanos, como por<br />

exemplo o parque da cidade de Penafiel, o Parque D. Maria com casa de chá em Santo Tirso<br />

ou os jardins <strong>do</strong> Palacete Granja em Paredes.<br />

Outros espaços como o Sameiro em Penafiel, Santa Quitéria em Felgueiras, Monte da<br />

Assunção, parque de oliveiras de Valinhas e a nascente <strong>do</strong> rio Leça em Santo Tirso, a serra de<br />

Santiago e o lugar da Sra. <strong>do</strong> Alto com escarpas que permitem a prática de rappel e escaladas<br />

em Paredes constituem os recursos naturais <strong>do</strong>s concelhos.<br />

3.4 – RECURSOS CULTURAIS – ARTESANATO E FESTIVIDADES<br />

Os recursos culturais expressos nas tradições <strong>do</strong> povo quer na arte <strong>do</strong> artesanato quer na arte da<br />

cozinha e nas festas e romarias complementam um produto turístico.<br />

3.4.1 ­ Artesanato<br />

O artesanato poveiro está liga<strong>do</strong> ao mar. As camisolas de lã, bordadas com ponto de cruz com<br />

motivos a preto e branco (escu<strong>do</strong>, remos, coroa real etc.), miniaturas de embarcações, gravuras<br />

em madeira, trabalhos com conchas, ourivesaria e tapeçaria são os artigos artesanais que se<br />

pode encontrar.<br />

Em Santo Tirso podemos apreciar miniaturas em madeira e pedra, borda<strong>do</strong>s, tapeçaria, cestaria<br />

e trabalhos em ferro forja<strong>do</strong>.<br />

Felgueiras caracteriza­se pelos borda<strong>do</strong>s também conheci<strong>do</strong>s como borda<strong>do</strong>s da Lixa. No<br />

concelho existem mais de 600 bordadeiras e foi criada a Casa <strong>do</strong> Risco cujo objectivo é a<br />

homogeneização da qualidade <strong>do</strong> borda<strong>do</strong> e a qualificação das bordadeiras. Para além <strong>do</strong><br />

borda<strong>do</strong> tem artesãos que se dedicam à feitura de instrumentos musicais.<br />

Em Paredes e Penafiel podemos encontrar vários trabalhos de madeira, ferro, cestaria,<br />

tapeçaria e outros materiais.<br />

32


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

3.4.2 – Gastronomia<br />

Alia<strong>do</strong> a uma visita cultural a boa gastronomia é sempre um aliciante. Em toda a região Norte<br />

a gastronomia é prato forte e poder­se­ão encontrar bons restaurantes que preparam esses<br />

manjares.<br />

A gastronomia poveira tem por um la<strong>do</strong> a influência minhota nos rojões, no cozi<strong>do</strong> à<br />

Portuguesa e por outro <strong>do</strong> mar com bons prepara<strong>do</strong>s de peixe (cação, sardinha, robalo, marisco<br />

etc).<br />

Em Felgueiras destacam­se o Pão­de­Ló de Margaride, o cozi<strong>do</strong> à Portuguesa, o arroz de<br />

cabidela, o cabrito assa<strong>do</strong>, os rojões e o sarrabulho aquan<strong>do</strong> da matança <strong>do</strong> porco<br />

acompanha<strong>do</strong>s pelo Vinho verde da região.<br />

Em Santo Tirso são famosos os pratos de bacalhau seja bacalhau gratina<strong>do</strong>, à Lagareiro,<br />

pataniscas de bacalhau, ao cozi<strong>do</strong> à Portuguesa, rojões à moda <strong>do</strong> Minho, coelho à caça<strong>do</strong>r,<br />

cabrito no forno, arroz de cabidela passan<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>çaria conventual com os Jesuítas, bolachas<br />

de Santa Escolástica de Roriz e Pelo Licor de Singeverga.<br />

Em Penafiel somos convida<strong>do</strong>s a provar a Lampreia e o Sável, o cabrito assa<strong>do</strong> no forno, o<br />

cozi<strong>do</strong> à Portuguesa e na <strong>do</strong>çaria os bolinhos de amor, as tortas de S. Martinho, a Sopa­ Seca e<br />

o Pão­de­Ló de Rio Moinhos.<br />

Paredes não poderia fugir às ementas de to<strong>do</strong>s estes concelhos disponibilizan<strong>do</strong> o cabrito<br />

assa<strong>do</strong> no forno, o cozi<strong>do</strong> à Portuguesa, a vitela assada, o bacalhau assa<strong>do</strong> ou o arroz de<br />

cabidela.<br />

3.4.3 – Festas, Romarias e Eventos Culturais<br />

Nesta região durante to<strong>do</strong> o ano, com mais frequência no Verão, realizam­se várias festas e<br />

romarias maioritariamente de carácter religioso, <strong>do</strong>s quais vão ser referencia<strong>do</strong>s alguns.<br />

Na Póvoa de Varzim destacam­se as festividades da Semana Santa, Festa de S. Pedro, Sr.ª da<br />

Assunção e a Sr.ª das Dores. Acrescenta­se os acontecimentos de carácter cultural e desportivo<br />

Festival Internacional de Música e o Rallye Casino da Póvoa e as faienas na Praça de Touros.<br />

A acrescentar a estes eventos o Casino da Póvoa de Varzim pontualmente organiza eventos de<br />

carácter musical.<br />

Em Santo Tirso as festas em honra de S. Bento com cortejo etnográfico, festas de<br />

Sanguinhe<strong>do</strong>, Valinhas e da Nsa. Sr.ª da Assunção. O festival Internacional de Guitarra, o<br />

33


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Simpósio de Escultura bem como a feira das Tasquinhas e a feira de artesanato são alguns<br />

eventos que decorrem no concelho.<br />

Em Felgueiras pre<strong>do</strong>minam as festas religiosas como o S. Brás, Corpo de Deus, S. Pedro e S.<br />

Tiago, eventos liga<strong>do</strong>s às actividades económicas como o Descalço – gala anual de design e<br />

calça<strong>do</strong> e às tradições com Festivais de Folclore e a Desfolhada Tradicional de Varziela.<br />

Em Paredes as festas religiosas ocorrem um pouco por todas as freguesias. Festas em honra da<br />

N.sa Sra. <strong>do</strong> Vale, N.sa Sr.a <strong>do</strong> Alto, Sr.a <strong>do</strong>s Aflitos, Sra. Do Alivio ou Sr.a das Necessidades<br />

são um exmplo.<br />

Em Penafiel destacam­se as festas da Páscoa com as En<strong>do</strong>enças de Quinta­feira Santa em<br />

Entre­os­ Rios com uma procissão e um deslumbrante espectáculo de dezenas de milhares de<br />

velas colocadas nas margens <strong>do</strong>s rios Douro e Tâmega, a Festa da Paixão <strong>do</strong> Senhor, a romaria<br />

da Senhora da Saúde, as festas <strong>do</strong> Corpo de Deus e a feira de S. Martinho com venda de ga<strong>do</strong><br />

onde a tradição manda que se prove o vinho novo e se coma as castanhas. A nível de eventos<br />

destaca­se a AGRIVAL onde está presente o sector empresarial da região ligadas às mais<br />

diversas actividades desde o têxtil à agricultura.<br />

4­ ITINERÁRIO ROMÂNICO BENEDITINO<br />

No senti<strong>do</strong> de enquadrar os monumentos <strong>do</strong> itinerário proposto importa fazer uma<br />

contextualização da ordem Beneditina e da sua vinda para Portugal.<br />

4.1­ OS BENEDITINOS EM PORTUGAL<br />

Foi no mosteiro de Cluny que S. Bento, a convite de Guilherme, duque da Aquitânea,<br />

estabeleceu a sua regra, que em pouco tempo deu origem à criação de um grande número de<br />

mosteiros em França.<br />

A regra da ordem de S. Bento foi trazida para Portugal pelos monges franceses que terão<br />

acompanha<strong>do</strong> o conde D. Henrique quan<strong>do</strong> este se deslocou para a Galiza, auxilian<strong>do</strong> D.<br />

Afonso VI na luta contra os Muçulmanos. Este conde, que casou com D. Teresa, filha ilegítima<br />

34


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

<strong>do</strong> rei de Leão, era sobrinho­neto de D. Hugo, abade <strong>do</strong> mosteiro de Cluny. A vinda <strong>do</strong>s<br />

Beneditinos e a sua protecção por parte de D. Afonso Henriques fica a dever­se ao facto <strong>do</strong>s<br />

laços de sangue que uniam o rei à região de Borgonha, de onde o conde D. Henrique era<br />

natural e por outro la<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à necessidade de ocupação <strong>do</strong>s territórios, com fraquíssima<br />

densidade populacional, que eram reconquista<strong>do</strong>s aos mouros. Dada a influência <strong>do</strong>s<br />

Cistercienses não admira também essa atitude, no senti<strong>do</strong> de conseguir apoio para a fundação<br />

<strong>do</strong> reino de Portugal.<br />

O primeiro mosteiro beneditino instaura<strong>do</strong> em Portugal foi o de Lorvão, <strong>do</strong>a<strong>do</strong> no ano de 1109<br />

à Sé de Coimbra pelo conde D. Henrique e D. Teresa. Desta época são também os mosteiros de<br />

Tibães e Tarouca. No ano de 1100, por <strong>do</strong>ação de D. Henrique e D. Teresa, os monges<br />

Cluniacenses fundam o mosteiro de D. Pedro de Rates.<br />

A ligação <strong>do</strong>s monges Cluniacenses ao poder real deu origem a grandes <strong>do</strong>ações, riqueza essa<br />

que contribuiu para o enriquecimento <strong>do</strong>s mosteiros levan<strong>do</strong> os monges a relegar para segun<strong>do</strong><br />

plano os ideais de S. Bento, dan<strong>do</strong> lugar ao luxo e ao ócio.<br />

No ano de 1098 deu­se uma cisão na ordem Beneditina. Muitos frades descontentes com o<br />

desvio <strong>do</strong>s ideais de S. Bento aban<strong>do</strong>naram o mosteiro de Molesme e dirigiram­se para Cister<br />

com o objectivo de observar a regra de S. Bento em to<strong>do</strong> o seu rigor. Reformularam a antiga<br />

regra de S. Bento e trocaram o hábito preto por uma capa branca, viven<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho da terra<br />

e da oração. Mais tarde os “Monges Brancos” de Cister receberam S. Bernar<strong>do</strong>, um jovem que<br />

veio reformular a regra seguida pelos seus companheiros dan<strong>do</strong> origem à ordem de Cister<br />

consagrada na “Carta de Caridade” seguin<strong>do</strong>­se o movimento monástico expansionista,<br />

reunin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os seus mosteiros numa única família ten<strong>do</strong> como núcleo central o de Cister.<br />

O confronto entre a ordem de S. Bento (Beneditinos/ Cluniacenses) e os seus dissidentes<br />

(Cistercienses) só ficou resolvi<strong>do</strong> após um escrito de S. Bernar<strong>do</strong> intitula<strong>do</strong> “Apologia a<br />

Guilherme de Saint­Thierry”.<br />

Em Portugal a ruralidade e habitat dispersos <strong>do</strong>minavam. Com a solidificação da reconquista<br />

seguem­se as transformações económicas, técnicas, demográficas e político­administrativas<br />

forman<strong>do</strong>­se novos aldeamentos. As ordens vão ter influência na implementação de novos<br />

35


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

cultivos, novas técnicas sobretu<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong> ara<strong>do</strong> e da força <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> bem como na utilização<br />

<strong>do</strong>s espaços de cultivo para áreas mais distantes <strong>do</strong>s cursos de água.<br />

4.1.2­ A ESCOLHA DO LOCAL<br />

A escolha <strong>do</strong> local onde implementar um mosteiro não é aleatória. Normalmente esses já eram<br />

espaços sacraliza<strong>do</strong>s, pela eventual existência de cultos, igrejas ou cemitérios. Eram espaços<br />

privilegia<strong>do</strong>s com cursos de água e arvore<strong>do</strong>s instala<strong>do</strong>s em áreas planas, exemplo <strong>do</strong> mosteiro<br />

de Pombeiro ou em áreas montanhosas sobre as encostas. A eles estão agrega<strong>do</strong>s espaços<br />

agrícolas para corresponder às necessidades <strong>do</strong>s monges e habitat envolvente.<br />

4.1.3 ­ A REGRA DE S. BENTO<br />

A regra de S. Bento tem como característica essencial a procura incessante de Deus. Para S.<br />

Bento o mosteiro é uma escola onde o monge aprende a servir a Deus, a corrigir os seus<br />

defeitos, a trabalhar diariamente para assegurar a sobrevivência e obedecer ao abade – Ora et<br />

Labora.<br />

No mosteiro não se admitia pessoas <strong>do</strong> mesmo sexo, que reuni<strong>do</strong>s para fazer uma vida comum<br />

se sujeitavam a regras rigorosas e privações. Dentro <strong>do</strong> mosteiro os monges tinham desde<br />

água, moinho, horta, forno etc. As tarefas eram distribuídas desde os trabalhos <strong>do</strong>mésticos de<br />

lavagem de roupa, à confecção das refeições. Naquele espaço tu<strong>do</strong> era de to<strong>do</strong>s, não havia<br />

lugar à propriedade individual. A alimentação era racionada, havia duas refeições diárias onde<br />

era proibida a carne, à excepção da carne branca e o vinho era restrito. A oração era a principal<br />

ocupação <strong>do</strong>s frades. Os monges deviam acordar a meio da noite para as suas orações em<br />

comum. As virtudes que se recomendam na regra são a humilhação completa e a abnegação<br />

total de vontade própria, ou seja, o monge deve obedecer cegamente aos seus superiores que<br />

detém a direcção <strong>do</strong> convento. Impunha­se absoluta castidade e castigos corporais,<br />

nomeadamente o açoite, para aqueles que violassem as regras.<br />

Cada mosteiro vivia isola<strong>do</strong> sobre si, e os abades dependiam <strong>do</strong> bispo das respectivas dioceses.<br />

Só no século XI os cluniacenses criam a primeira forma de centralização, subordinan<strong>do</strong> os<br />

abades ao abade <strong>do</strong> mosteiro de Cluny, que dependiam directamente <strong>do</strong> papa. Em cada<br />

mosteiro os abades eram eleitos pelos monges e deviam reunir­se anualmente para tomarem<br />

decisões relativas a toda a ordem.<br />

36


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

O movimento de Cister é uma aplicação mais rigorosa da regra de S. Bento voltan<strong>do</strong> à ideia<br />

<strong>do</strong>s padres <strong>do</strong> deserto. Os primeiros Cistercienses estabelecem­se longe das povoações em<br />

lugares não cultiva<strong>do</strong>s e viviam exclusivamente <strong>do</strong> trabalho das suas mãos desbravan<strong>do</strong> as<br />

matas e cultivan<strong>do</strong>­as e dedican<strong>do</strong>­se à pastorícia. Um exemplo concreto em Portugal é Sanfins<br />

de Friestas, que ainda conserva o isolamento.<br />

4.2­ PROPOSTA DE PERCURSO<br />

O Vale <strong>do</strong> Sousa integra uma área mais vasta que é a região norte. Os concelhos envolventes<br />

têm com estes relações comerciais e características em tu<strong>do</strong> semelhantes, nas actividades<br />

económicas, paisagísticas e até <strong>do</strong> ponto de vista arquitectónico.<br />

Desta forma entendemos que para a valorização <strong>do</strong> itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino seria<br />

necessário ultrapassar a fronteira <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa.<br />

S. Pedro de Rates surge como um <strong>do</strong>s primeiros mosteiros Beneditinos Cluniacenses, liga<strong>do</strong> à<br />

fundação <strong>do</strong> conda<strong>do</strong> portucalense e arquitectónicamente tem um <strong>do</strong>s tímpanos mais<br />

importantes <strong>do</strong> românico português.<br />

S. Pedro de Roriz porque tem afinidades artísticas com os momentos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa.<br />

Pombeiro, apesar de arquitectónicamente não ter grandes valências românicas e de necessitar<br />

de grandes obras que assegurem uma visita adequada, porque foi um <strong>do</strong>s monumentos da<br />

grande nobreza local – os Sousas.<br />

Paço de Sousa em Penafiel é outro <strong>do</strong>s monumentos mais importantes pela dimensão histórica,<br />

com forte ligação a Egas Moniz cujo túmulo se encontra no interior da igreja.<br />

Finalmente o mosteiro de Cête com uma ligação umbilical ao de Paço de Sousa é um <strong>do</strong>s<br />

mosteiros que ainda preserva o claustro. Neste último é proposto um projecto de valorização da<br />

sua envolvente, no senti<strong>do</strong> de dar mais vida a este espaço.<br />

­ Igreja de S. Pedro de Rates<br />

­ Igreja de S. Pedro de Roriz<br />

­ Mosteiro de Pombeiro de Ribavizela<br />

­ Mosteiro de Paço de Sousa<br />

­ Mosteiro de Cête<br />

37


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Mapa n.º 5­ Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

Fonte: Guia turístico <strong>do</strong> Norte Escala: 1:600 000<br />

Para visitar os 5 monumentos que integram o itinerário Beneditino sugerimos que iniciem a<br />

visita pelo Mosteiro de S. Pedro de Rates, um <strong>do</strong>s primeiros mosteiros Beneditinos em<br />

Portugal. Siga o mapa e as nossas instruções.<br />

Igreja de S. Pedro de Rates – para quem vem <strong>do</strong> Porto poderá seguir pela A28 em direcção à<br />

Póvoa de Varzim ou a A3 e sair em Famalicão e seguir pela EN206, onde encontra a placa<br />

indicativa de Rates. Após a visita siga para Santo Tirso. Entre Rates e Santo Tirso (centro)<br />

percorre 25km. Siga pela EN206 até Vila Nova de Famalicão, onde passarão pela avenida<br />

central e depois entre na a EN104 em direcção a Santo Tirso. No caminho passarão pelo<br />

Instituto Nuno Álvares e pelas termas das Caldas da Saúde. Aconselhamos que siga em<br />

direcção a Santo Tirso e pare junto ao Mosteiro de S. Bento para apreciar o edifício e os jardins<br />

envolventes. Poderão passar pela Casa de Chá e provar um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces tradicionais ­ os Jesuítas.<br />

Passan<strong>do</strong> pelo centro siga pela EN105 no senti<strong>do</strong> Porto­ Guimarães para a freguesia de Roriz.<br />

5.7km depois encontrará uma placa à direita a indicar a igreja. É uma estrada municipal<br />

íngreme e com algumas curvas perigosas pelo que aconselhamos que tenham cuida<strong>do</strong>. 3.5 Km<br />

à frente <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> encontrará a igreja envolvida pelos campos rurais e pelo mosteiro<br />

de Singeverga.<br />

38


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

Daqui seguimos em direcção aos concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa. Faça o percurso inverso até<br />

chegar à EN 105 e aí vire à direita no senti<strong>do</strong> de Guimarães. Vai passar por Vila das Aves,<br />

Moreira de Cónegos e Nespereira e no cruzamento vire à direita para a EN 101 em direcção a<br />

Felgueiras, onde passará por Vizela e antes de chegar à sede de concelho encontrará à sua<br />

esquerda a placa indicativa da freguesia de Pombeiro e sinalética que o levará ao Mosteiro de<br />

Pombeiro. Depois de visitar o Mosteiro de Pombeiro, na rua em que se encontra siga em frente<br />

e na 1ª volte à esquerda em direcção a Felgueiras, onde pode optar por almoçar num <strong>do</strong>s<br />

restaurantes regionais ou por seguir directamente para Penafiel pela EN207, passan<strong>do</strong> por<br />

Lousada e depois entre na via rápida. Com a nova auto­ estrada A11 pode fazer o percurso<br />

Felgueiras/Lousada em vez de seguir pela A7.<br />

Após o almoço percorra a EN 106 em direcção a Paço de Sousa, no concelho de Penafiel.<br />

Por fim visite o último monumento <strong>do</strong> itinerário, o Mosteiro de Cête, no concelho de Paredes,<br />

basta seguir a EN319 e ao chegar a Cête encontra uma placa <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, pouco visível<br />

para quem vem no de senti<strong>do</strong> Penafiel, com a indicação <strong>do</strong> mosteiro, vire e 300m depois<br />

encontra­o <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> envolvi<strong>do</strong> por um enorme arvore<strong>do</strong>.<br />

4.2.1­ DESCRIÇÃO DOS MONUMENTOS<br />

4.2.1.1 ­ Igreja de S. Pedro de Rates<br />

Envolvente: O edifício encontra­se inseri<strong>do</strong> num centro histórico com um amplo adro e uma<br />

envolvente extremamente bem cuidada. O espaço encontra­se protegi<strong>do</strong> onde só é permiti<strong>do</strong><br />

passagem de peões. As casas e os canteiros estão preserva<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> a um arranjo urbanístico<br />

em 1999. Existe ao la<strong>do</strong> da igreja o edifício <strong>do</strong> centro arqueológico onde é possível ver<br />

objectos fruto das escavações efectuadas no exterior <strong>do</strong> templo bem como exposições<br />

temporárias que lá ocorrem. O centro arqueológico está aberto de Quarta­feira a Domingo.<br />

Caracterização histórica: Edifício românico resulta<strong>do</strong> de <strong>do</strong>ação de D. Henrique e D. Teresa à<br />

Ordem de Cluny. Igreja de fundação Beneditina pertenceu ao primeiro cenóbio que a<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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congregação de Cluny possuiu em Portugal. Nesta igreja esteve deposita<strong>do</strong> o túmulo de S.<br />

Pedro de Rates, importante evangeliza<strong>do</strong>r que em 1552 foi traslada<strong>do</strong> para a Sé de Braga.<br />

Imagem n.º 1 – Igreja de S. Pedro de Rates<br />

Foto: Vitória<br />

Arquitectura: Igreja de 3 naves e 4 tramos com falso transepto e cobertura em madeira. Capela­<br />

mor ladeada por 2 absidíolos, coberta por abóbada cilíndrica que se prolonga em quarto de<br />

esfera. No exterior <strong>do</strong> edifício é possível observar a capela­mor mais prolongada que se<br />

destaca <strong>do</strong>s absidíolos. É possível encontrar algumas irregularidades no seu traça<strong>do</strong>,<br />

nomeadamente na nave norte que é mais larga que o <strong>do</strong> sul, no ritmo espacial <strong>do</strong>s pilares que<br />

não é harmonioso e no portal axial que está mais desvia<strong>do</strong> para sul. A primeira fase da<br />

construção, como é tradição nas igrejas românicas corresponde à cabeceira que datará <strong>do</strong><br />

século XII. A segunda fase corresponde ao transepto, à construção <strong>do</strong>s 2 primeiros pilares e à<br />

delimitação e início da construção <strong>do</strong>s muros exteriores das naves bem como <strong>do</strong> portal lateral.<br />

Para a terceira fase, e talvez devi<strong>do</strong> a demora das obras houve um desvio em relação ao<br />

projecto que vinha a ser segui<strong>do</strong>, no intuito de o terminar rapidamente. Recorreram à<br />

construção de pilares rectangulares mais simples e à reutilização de materiais existentes da<br />

igreja anterior. Fachada contrafortada composta por uma rosácea e um portal de 5 arquivoltas,<br />

assentes em colunelos. A iluminação vem apenas pela rosácea e pelas 6 altas frestas das naves<br />

laterais. A igreja foi alvo de restauro que destruiu to<strong>do</strong>s os acrescentos <strong>do</strong>s séculos XVII e<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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XVIII, dan<strong>do</strong>­lhe o aspecto de hoje, onde reconstruíram a rosácea, a capela­mor e demoliram a<br />

torre, o coro alto e altares em talha <strong>do</strong>urada que se encontravam no interior.<br />

Escultura: A escultura, como acontece nos monumentos românicos surge nos tímpanos <strong>do</strong><br />

portal principal e laterais bem como nos capitéis e modilhões da igreja. No tímpano <strong>do</strong> portal<br />

principal está representa<strong>do</strong> o Cristo Pantocrator, na man<strong>do</strong>rla ladea<strong>do</strong> por 4 evangelistas que<br />

sob os pés pisa 2 homens nus. O portal tem ainda o tetramorfo S. João, S. Mateus, S. Marcos e<br />

S. Lucas. No tímpano <strong>do</strong> portal lateral um Agnus Dei, o cordeiro que sustenta uma cruz, está<br />

também presente no interior <strong>do</strong> tímpano <strong>do</strong> portal principal, como guardiões <strong>do</strong> templo. Um<br />

<strong>do</strong>s capitéis da nave central apresenta uma curiosa imagem de 2 homens tocan<strong>do</strong> uma trompa,<br />

a restante temática baseia­se no Antigo Testamento como o castigo <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>res ou Daniel na<br />

cova com os leões.<br />

4.2.1.2 – Igreja de S. Pedro de Roriz<br />

Envolvente: Ocupan<strong>do</strong> uma área rural e habitacional, a igreja de Roriz encontra­se implantada<br />

na freguesia com o mesmo nome a cerca de 8km da sede <strong>do</strong> concelho, onde no século X foi<br />

funda<strong>do</strong> o mosteiro Beneditino de S. Bento que apesar de aparentemente não apresentar<br />

vestígios românicos e não integrar este itinerário aconselhamos uma visita.<br />

Caracterização histórica: Em concreto não se sabe da comunidade que existia no templo desde<br />

a sua fundação atribuin<strong>do</strong>­se aos Beneditinos. Em 1173 D. Afonso Henriques <strong>do</strong>a o mosteiro<br />

aos cónegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra, que transformam o edifício arruinan<strong>do</strong><br />

também o claustro primitivo <strong>do</strong> qual subsiste o terreiro. Nos finais <strong>do</strong> século XII deu­se início<br />

à construção da capela­mor e abertura <strong>do</strong>s alicerces. A consolidação das paredes da capela­mor<br />

e reconstrução da abóbada, devi<strong>do</strong> a uma provável derrocada cujo motivo aponta<strong>do</strong> terá si<strong>do</strong> a<br />

prolongada interrupção <strong>do</strong>s trabalhos, bem como a elevação <strong>do</strong>s muros laterais da nave iniciou<br />

no século XIII. Só no final <strong>do</strong> século XIII terminam as obras com os acabamentos da empena<br />

sobre o arco triunfal, a elevação da fachada oeste e a construção da torre sineira. Entre 1936 e<br />

1971 recorreram obras de restauro com a demolição de quase to<strong>do</strong> o muro norte da nave e<br />

consolidação da parte superior <strong>do</strong> muro sul, eliminação de 2 portas no muro sul e<br />

reconstituição das frestas.<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Imagem n.º 2­ Igreja de S. Pedro de Roriz<br />

Foto: Vitória<br />

Arquitectura: Igreja que apresenta uma altura considerável com uma nave comprida e uma<br />

ampla capela­mor. A igreja de uma só nave está coberta por um tecto de madeira de 2 águas<br />

sen<strong>do</strong> a cabeceira abobadada dividida em 2 tramos, o 1º em abóbada de berço e o 2º em quarto<br />

de esfera e circundada por um conjunto de arcadas cegas e pequenas frestas enquadradas por<br />

arcos e assentes em colunelos capitaliza<strong>do</strong>s. A pouca iluminação <strong>do</strong> templo é feita através das<br />

6 frestas e da rosácea. Ao la<strong>do</strong> encontram­se as ruínas da igreja lateral começada em 1158 ao<br />

que tu<strong>do</strong> indica dedicada a Santa Maria.<br />

Escultura: Na frontaria destaca­se o portal, com 3 arquivoltas levemente apontadas sobreposto<br />

por uma enorme rosácea com motivos bolea<strong>do</strong>s e vegetalistas. A semelhança, na sua vertente<br />

mais simplificada com o de Paço de Sousa e Pombeiro é notória pelo que se pode concluir que<br />

estes teriam servi<strong>do</strong> de modelo à de Roriz. Na fachada aparece também a alusão ao tema <strong>do</strong><br />

castigo com uma pequena cabeça humana que espreita através de um óculo, tal como em Paço<br />

de Sousa. No portal o lintel é sustenta<strong>do</strong> por 2 bois <strong>do</strong> Minho. A decoração <strong>do</strong>s capitéis assume<br />

temáticas vegetalistas, desde as folhas de acanto, às vieiras, que significam que este mosteiro<br />

se encontra no caminho de Santiago, passan<strong>do</strong> pela volutas. A enorme parede lateral é<br />

rematada por uma banda de pequenos arcos. De salientar ainda no cimo da fachada a cruz<br />

recortada românica.<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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4.2.1.3­ Mosteiro de Pombeiro<br />

Envolvente: O mosteiro encontra­se na freguesia de Pombeiro de Ribavizela, inseri<strong>do</strong> num<br />

núcleo rural isola<strong>do</strong> de cultivo agrícola.<br />

Caracterização histórica: A construção primitiva <strong>do</strong> mosteiro data entre 1059 em que terá si<strong>do</strong><br />

funda<strong>do</strong> um Mosteiro Beneditino por D. Gomes Aciegas, protegi<strong>do</strong> de D. Gomes de Cela<br />

Nova, patriarca <strong>do</strong>s Sousas, família da nobreza com influências em to<strong>do</strong> o vale <strong>do</strong> Sousa. Em<br />

1112 o Mosteiro é couta<strong>do</strong> por D. Teresa. No século XVI realizaram várias obras, mas as<br />

grandes alterações à construção inicial acontece durante a dinastia Filipina. Extintas as ordens<br />

religiosas em 1834, o mosteiro foi pilha<strong>do</strong> e aliena<strong>do</strong>.<br />

Arquitectura: Do perío<strong>do</strong> românico apenas restam os 2 absidiolos, o portal principal de 4<br />

arquivoltas e a estrutura das 3 naves. A estrutura das 3 naves revela a importância desta casa<br />

no contexto medieval <strong>do</strong> país. Estas estão divididas em 3 tramos. Os pilares cruciformes que<br />

hoje estão com a pedra desnudada foram pica<strong>do</strong>s para no barroco estarem envolvi<strong>do</strong>s por talha<br />

<strong>do</strong>urada. A cabeceira foi totalmente transformada na época barroca. A fachada ainda conserva<br />

características <strong>do</strong> românico com um nartex profun<strong>do</strong> com abóbada abatida. Da fachada<br />

destacam­se as 2 torres, à maneira borgonhesa, acentuan<strong>do</strong> o carácter basilical, e a enorme<br />

rosácea já no perío<strong>do</strong> transição para o gótico. Quanto às dependências monásticas o claustro<br />

primitivo era mais profun<strong>do</strong> que o actual, este remodela<strong>do</strong> no inicio <strong>do</strong> século XIX.<br />

Imagem n.º 3 – Mosteiro de Pombeiro<br />

Foto: Vitória<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Escultura: A escultura românica propriamente dita é visível nas arquivoltas e capitéis <strong>do</strong> portal<br />

de entrada. Temas como o castigo <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>res nas arquivoltas e motivos fitomórficos nos<br />

capitéis com influências na escultura bracarense.<br />

Em termos conclusivos podemos afirmar que este mosteiro tem uma relevância histórica para a<br />

região, casa associada à grande família da nobreza os Sousas. O claustro encontra­se com<br />

trabalhos de escavação <strong>do</strong>s quais foram descobertas 2 estruturas de fundição de sinos. Para este<br />

mosteiro que tanta importância teve em outros tempos é visível a necessidade de uma<br />

intervenção e valorização que lhe devolva a dignidade e o torne com mais condições para<br />

visitas.<br />

4.2.1. 4 – Mosteiro de Paço de Sousa<br />

Envolvente: Inseri<strong>do</strong> num parque cuida<strong>do</strong>, com jardins e bancos de repouso, junto <strong>do</strong> qual está<br />

o cemitério, envolvi<strong>do</strong> por área habitacional. Á entrada no junto ao cemitério uma torre.<br />

Caracterização histórica: Antes <strong>do</strong> actual mosteiro, obra consagrada pelo Bispo D Pedro de<br />

Braga em 1088, existia uma villa romana, com um mosteiro de carácter familiar, que foi<br />

construí<strong>do</strong> por D. Troicosen<strong>do</strong> Galendiz em 956. Ao que tu<strong>do</strong> indica esse mosteiro foi<br />

destruí<strong>do</strong> na vaga <strong>do</strong> Almansor, tal como o de Cête. A fortuna <strong>do</strong> mosteiro aumenta quan<strong>do</strong><br />

Egas Moniz, tutor de Afonso Henriques, lega metade da sua fortuna pessoal, deixan<strong>do</strong><br />

expresso que após a sua morte pretendia ficar aí sepulta<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> da sua esposa. A sua<br />

morte ocorre em 1146 e em 1166 o mosteiro passa para a “gerência” <strong>do</strong>s Beneditinos<br />

Cluniacenses. Paço de Sousa torna­se um pólo de dinamização <strong>do</strong> rito no Vale <strong>do</strong> Sousa sen<strong>do</strong><br />

uma casa gera<strong>do</strong>ra de outras fundações como por exemplo Cête. Em 1927, na sequência de um<br />

grande incêndio, ainda visível na cor e rachas de algumas paredes, foi restaura<strong>do</strong>.<br />

Arquitectura: Igreja de planta basilical composta por 3 naves, sen<strong>do</strong> a central mais alta, com 4<br />

tramos e transepto não saliente. A separar a nave central das laterais arcos quebra<strong>do</strong>s assentes<br />

nas colunas que se agrupam em pilares cruciformes. Esta disposição condiciona os crentes para<br />

uma visão obliqua com o objectivo de os direccionar para o ponto que interessa. A abside<br />

comprida e rectangular, objecto de ampliação, cuja maioria <strong>do</strong>s elementos datam século XVIII,<br />

é constituída por 3 capelas e 2 absidíolos evoluin<strong>do</strong> para quarto de esfera no semicírculo final.<br />

No cruzeiro, de salientar a existência de uma torre lanterna.<br />

Escultura: No exterior o portal axial de 5 arquivoltas em arco aponta<strong>do</strong>, rodea<strong>do</strong> por um friso<br />

com motivos geométricos, com capitéis de temas fitomórficos. Sobre as mísulas um bovídeo e<br />

uma cabeça humana. Tímpano ladea<strong>do</strong> por 2 círculos onde estão esculpi<strong>do</strong>s 2 bustos humanos<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

(Atlantes), um feminino outro masculino sustentan<strong>do</strong> a lua e o sol aludin<strong>do</strong> ao Alfa e Ómega,<br />

ao princípio e fim <strong>do</strong>s tempos. Encima o portal uma ampla rosácea, característica <strong>do</strong> gótico,<br />

envolvida por temas fitomórficos e esferas. A título de curiosidade, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito da fachada<br />

um óculo com uma figura, que neste momento está sem cabeça, resulta<strong>do</strong> da deslocação da<br />

torre sineira, interpreta<strong>do</strong> como o arquitecto que emerge orgulhoso da sua obra. No interior os<br />

capitéis são maioritariamente vegetalistas cujos motivos se estendem em frisos. Da capela<br />

fúnebre de Egas Moniz resta apenas a arca tumular, da segunda metade <strong>do</strong> século XII ou já <strong>do</strong><br />

século XIII. A tampa original ao que tu<strong>do</strong> indica perdeu­se nas obras de restauro da igreja. Este<br />

é certamente um <strong>do</strong>s elementos mais representativos da escultura românica. Uma das faces<br />

com relevo extremamente alto representa um cortejo funerário com o pormenor de 2 figuras<br />

que moldam a esquina da arca e espreitam o cortejo passar, conforme se pode observar na<br />

imagem n.º4. Um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s apresenta o corpo de Egas Moniz coloca<strong>do</strong> no leito com as<br />

carpideiras. Outra representação curiosa é a de um corpo deita<strong>do</strong> numa cama, <strong>do</strong>nde sai da<br />

boca uma figura nua, cujas mãos cobrem os genitais, representan<strong>do</strong> a alma que é recolhida<br />

numa man<strong>do</strong>rla por 2 anjos, alcançan<strong>do</strong> assim a transcendência. Dada a importância deste<br />

túmulo, a sua colocação junto à entrada principal num espaço exíguo retiran<strong>do</strong> a possibilidade<br />

de se apreciar a arte nele contida em melhores condições, não é a mais indicada.<br />

Imagem n.º 4 – Pormenor <strong>do</strong> túmulo de Egas Moniz<br />

Foto: Vitória<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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4.2.1.5 – Mosteiro de Cête<br />

Envolvente: Localiza<strong>do</strong> na freguesia de Cête, concelho de Paredes, inseri<strong>do</strong> no meio rural,<br />

junto <strong>do</strong> qual se encontram edifícios habitacionais e de apoio à agricultura (um espigueiro e um<br />

sequeiro) em esta<strong>do</strong> de degradação. Junto à igreja um amplo jardim com camélias<br />

subaproveita<strong>do</strong>.<br />

Caracterização histórica: Igreja fundada por 2 Mouros converti<strong>do</strong>s ao Cristianismo,<br />

posteriormente <strong>do</strong>ada aos Beneditinos confirma<strong>do</strong> por um <strong>do</strong>cumento data<strong>do</strong> de 882. O 1º<br />

edifício foi destruí<strong>do</strong> no século X pela vaga <strong>do</strong> Almansor. Esta incursão <strong>do</strong>s Árabes teve como<br />

principal objectivo comprometer a fixação <strong>do</strong>s grandes Cristãos, foi uma reacção ao avanço<br />

Cristão para Sul. Só no final <strong>do</strong> século XI um cavaleiro francês da Gasconha terá reergui<strong>do</strong> o<br />

Mosteiro e entregue aos Beneditinos de Paço de Sousa. Entre 1121 e 1128 Cête torna­se<br />

independente de Paço de Sousa. No século XIII o abade Estêvão I transformou grande parte da<br />

igreja, que viria a sofrer mais alterações, no século XV, de estilo manuelino, visíveis nas<br />

janelas das dependências monásticas, claustro e na sala capitular.<br />

Imagem n.º 5 – Igreja de Cête<br />

Foto: Vitória<br />

Arquitectura: Fachada composta por uma torre com ameias e um contraforte de suporte à<br />

parede da mesma, também ele decora<strong>do</strong> com pináculos e uma corrente esculpida. No cimo a<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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presença das armas <strong>do</strong> Abade D. Estêvão. O portal principal tem 4 arquivoltas, ligeiramente<br />

quebradas, reminiscência <strong>do</strong> gótico. A cabeceira tem 3 tramos cobertos por uma abóbada com<br />

remate semicircular e termina em quarto de esfera. Característicos <strong>do</strong> românico Borgonhês são<br />

as arcadas cegas presentes na cabeceira, para animar o espaço. Igreja de uma só nave com<br />

cobertura em madeira e pequenas frestas rasgadas nas paredes laterais e duas rosáceas, uma<br />

sob o arco cruzeiro e a outra na fachada, esta última obra de recuperação no século XX.<br />

No Claustro de salientar a porta de entrada que é o elemento mais antigo deste conjunto, com<br />

um arco em ferradura de tradição Visigótica, e tímpano decora<strong>do</strong> por um toro semi­circular.<br />

Escultura: A escultura está presente neste edifício no portal axial, nos capitéis vegetalistas e<br />

nos frisos de esferóides que envolvem o conjunto. No interior o capitel <strong>do</strong> arco triunfal esboça<br />

diversas cabeças humanas. Outro elemento representa<strong>do</strong> é os 2 pássaros afronta<strong>do</strong>s, de pescoço<br />

entrelaça<strong>do</strong>, símbolo da redenção.<br />

A existência de inúmeros sarcófagos, a maioria com tampa de 2 águas, revela a presença de<br />

cavaleiros nesta área e da existência da Nobreza <strong>do</strong>s Infanções. É possível em algumas tampas<br />

<strong>do</strong>s túmulos encontrar esculpida uma espada que nos remete para a dignidade <strong>do</strong>s tumula<strong>do</strong>s –<br />

tratam­se portanto de nobres.<br />

5­ ANÁLISE SWOT AO ITINERÁRIO ROMÂNICO BENEDITINO<br />

Feita a descrição <strong>do</strong>s monumentos e executa<strong>do</strong> o traça<strong>do</strong> importa agora fazer uma análise no<br />

senti<strong>do</strong> de verificar a mais valia deste itinerário, quais os seus pontos fortes, pontos fracos,<br />

ameaças e oportunidades.<br />

Pontos fortes:<br />

o Acessibilidades entre os concelhos;<br />

o Envolvente da igreja de S. Pedro de Rates;<br />

o Túmulo de Egas Moniz em Paço de Sousa;<br />

o Centro arqueológico de S. Pedro de Rates;<br />

o História <strong>do</strong>s edifícios;<br />

o Arquitectura e escultura presente;<br />

o População local receptiva a prestar informação – hospitalidade e simpatia;<br />

o Locais pouco conheci<strong>do</strong>s pelo que podem despertar alguma curiosidade ­ novidade;<br />

o Região Norte tem vin<strong>do</strong> a crescer o número de visitantes;<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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o Imagem de ruralidade;<br />

o Boa gastronomia;<br />

o Forte identidade regional;<br />

Pontos fracos:<br />

o Falta de sinalização;<br />

o Falta de informação junto aos monumentos, á excepção de Roriz e Rates que tem uma<br />

pequena placa informativa e Rates que tem o centro arqueológico;<br />

o Falta de unidades de alojamento no Vale <strong>do</strong> Sousa;<br />

o Esta<strong>do</strong> de conservação de alguns monumentos que necessitam de limpeza (Cête, Paço<br />

de Sousa);<br />

o Falta de horários e guias para apoio aos visitantes;<br />

o Falta de infraestruturas de apoio ao turista (ex. entro interpretativo), à excepção de<br />

Rates;<br />

o Falta de formação e técnicos especializa<strong>do</strong>s;<br />

o Esta<strong>do</strong> de conservação de algumas estradas;<br />

o Falta de divulgação da região como potencial turístico e não associada apenas a uma<br />

região essencialmente <strong>do</strong> sector têxtil e mobiliário;<br />

o Túmulo de Egas Moniz e imagem que esta figura representa em Portugal<br />

subaproveitada;<br />

Oportunidades:<br />

o Nova tendência da procura de destinos turístico­ culturais;<br />

o Tendência crescente para investimentos na área <strong>do</strong> turismo e no caso <strong>do</strong> vale <strong>do</strong><br />

Sousa para implementação de unidades de alojamento;<br />

o Surgimento de empresas que invistam no fabrico de souveniers para venda aos<br />

turistas que visitem o itinerário;<br />

o Proximidade com locais por excelência turísticos como Guimarães, Braga, Porto e o<br />

rio Douro;<br />

o Possibilidade de aproveitar os milhares de turistas que navegam no Douro, por um<br />

la<strong>do</strong> e <strong>do</strong> outro os banhistas que procuram as praias da Póvoa de Varzim para os<br />

convidar a visitar os monumentos;<br />

o Melhoria da economia local com a aposta no sector <strong>do</strong> turismo (empregabilidade);<br />

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Ameaças:<br />

Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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o Recursos inexplora<strong>do</strong>s;<br />

o Oportunidade de realização de acções pedagógicas;<br />

o Oportunidade para tornar estes espaços em centros de cultura com a realização de<br />

espectáculos de animação;<br />

o Novos itinerários que surgem com temática cultural ­ concorrência;<br />

o Falta de uma entidade que possa coordenar e elaborar planos estratégicos para a<br />

colocar em funcionamento um projecto de valorização <strong>do</strong>s monumentos;<br />

o Desinteresse Governamental em preservar e valorizar os monumentos, sem os quais<br />

não é exequível a valorização <strong>do</strong>s monumentos – desinvestimento no sector<br />

cultural;<br />

6­ PROJECTO DE VALORIZAÇÃO DA ENVOLVENTE DO MOSTEIRO DE CÊTE<br />

Apresenta<strong>do</strong>s os pontos fracos deste itinerário a proposta de valorização da envolvente <strong>do</strong><br />

Mosteiro de Cête visa colmatar um desses factores.<br />

A sugestão passa por recuperar o jardim e as dependências agrícolas que poderiam funcionar<br />

como bar, no caso <strong>do</strong> sequeiro degrada<strong>do</strong> visível na imagem n.º6 com esplanada na eira de<br />

lousa que lá se encontra, que em outras épocas permitiria a realização de actividades culturais,<br />

como a malhada ou a desfolhada. Ao la<strong>do</strong> encontra­se 2 espigueiros de madeira que seriam<br />

também para recuperar. O restante espaço desse campo seria ocupa<strong>do</strong> por um parque infantil<br />

(ver planta) e por área relvada para usufruto <strong>do</strong>s visitantes e <strong>do</strong>s residentes. As casas que<br />

evolvem o mosteiro encontram­se em eleva<strong>do</strong> grau de degradação. A proposta passa pela<br />

apresentação de um projecto que visa recuperá­las manten<strong>do</strong> a traça original, que nesse senti<strong>do</strong><br />

podia advir de fun<strong>do</strong>s públicos com o apoio <strong>do</strong>s prprietários.<br />

Para o espaço interior, claustro e salas laterais a proposta passa por transformar num núcleo<br />

museológico com centro de <strong>do</strong>cumentação sobre os Beneditinos e o românico na região, bem<br />

como dispor de um espaço para exposições temporárias.<br />

No exterior, junto ao cruzeiro <strong>do</strong> jardim disponibilizar um quiosque multimédia interactivo que<br />

contenha toda a informação sobre o itinerário beneditino (descrição <strong>do</strong>s monumentos, horários<br />

de visitas, mapa, restaurantes, alojamento e outros recursos da região a visitar).<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Levantamento topográfico<br />

Escala: 1/2000 Fonte: Câmara Municipal de Paredes<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Imagem n.º 6 – Área exterior com sequeiro e espigueiros em mau esta<strong>do</strong><br />

Foto: Vitória<br />

Imagem n.º 7­ Jardim exterior<br />

Foto: Vitória<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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Imagem n.º 8 – Pormenor <strong>do</strong> exterior junto à cabeceira da igreja<br />

Foto: Vitória<br />

Imagem n.º 9 – Propriedade privada contigua ao mosteiro<br />

Foto: Vitória<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

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CONCLUSÃO<br />

O turismo não conhece fronteiras, o turismo resume­se a um conjunto de elementos (recursos<br />

culturais, naturais, climatéricos, paisagísticos) que integram outros como a animação a<br />

hotelaria, restauração, transportes que coordena<strong>do</strong>s geram os fluxos turísticos. No caso <strong>do</strong>s<br />

concelhos em análise vimos que esse fluxo de turistas não é muito acentua<strong>do</strong> e na maioria <strong>do</strong>s<br />

casos resume­se a nacionais. A falta de infra­estruturas hoteleiras de qualidade, nomeadamente<br />

nos concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa é notória, pese embora algum crescimento na vertente <strong>do</strong><br />

alojamento de cariz rural. Com os recursos que os concelhos <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa apresentam<br />

quer na vertente turismo cultural quer no turismo de negócios já era de apostar numa unidade<br />

hoteleira de qualidade.<br />

A nível <strong>do</strong> itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino, este surge como mais um produto que pode ser<br />

trabalha<strong>do</strong> em coordenação com to<strong>do</strong>s os concelhos no senti<strong>do</strong> de o promoverem, criar uma<br />

imagem de marca, sinalética adequada e revitalizar os monumentos com a colocação de<br />

informação, reprodução de material informativo para os turistas, estabelecer horários de visitas<br />

e guias que possam receber os visitantes e a nível pedagógico grupos escolares. Neste senti<strong>do</strong><br />

foi feita uma análise SWOT identifican<strong>do</strong> os factores positivos e negativos que devem ser<br />

interpreta<strong>do</strong>s. Dos monumentos visita<strong>do</strong>s é notório que Rates e Roriz, fora <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Sousa<br />

estão com processos de tratamento, cuida<strong>do</strong> exterior e informação mais evoluí<strong>do</strong>s que os que<br />

integram o itinerário no Vale <strong>do</strong> Sousa, por isso a sugestão apresentada de valorização da<br />

envolvente <strong>do</strong> mosteiro de Cête.<br />

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Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

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www.cm­felgueiras.pt (consulta<strong>do</strong> em 6 de Março de 2006);<br />

www.cm­penafiel.pt (consulta<strong>do</strong> em 6 de Março de 2006);<br />

www.cm­santotirso.pt (consulta<strong>do</strong> em 6 de Maio de 2006);<br />

55


Itinerário <strong>Românico</strong> Beneditino<br />

________________________________<br />

56

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