Projeto de Pesquisa - seeds usp

Na segunda metade da década de 1930, na esteira da crise do café, iniciou-se na região,
principalmente em Araçatuba, a cotonicultura, que alcançou sucesso imediato e nos anos de 1940 era
a maior zona produtora brasileira, o que atraiu as grandes empresas que manuseavam o algodão, como
a Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), a Anderson Clayton, a Óleos Menu, a IRFM
– Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo e outras de menor expressão. A presença dessas
importantes organizações dá a dimensão do que esta cultura representou. A Sanbra e a Óleos Menu
somente desativaram suas instalações na segunda metade da década de 1990, quando a produção
regional tornou-se insignificante e a cana-de-açúcar já ocupava a primazia entre as culturas agrícolas.
Paralelamente ao algodão e o café, com destaque também ao amendoim, a partir dos anos de
1940, a pecuária de cria e engorda do gado vacum tornou-se a principal e mais importante atividade
produtiva da região, projetando nacionalmente Araçatuba como a “capital do boi gordo”, sem olvidar
a sua posição impar como fonte de apuração da raça nelore, de origem Indiana, hoje predominante no
plantel dos rebanhos nacionais, exceto no Rio Grande do Sul, onde raças européias ainda mantêm a
preferência dos pecuaristas.
Atualmente, as invernadas para criação extensiva do gado vacum ainda ocupam a maioria das
terras agrícolas da região, mas está perdendo terreno rapidamente para as lavouras de cana-de-açúcar,
que em breve deve torna-se a principal atividade agrícola regional. A pecuária pouco a pouco está
sendo transferida para outras zonas, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais,
em grandes fazendas exploradas como empresas rurais. Convém salientar que são raras as
propriedades de porte ainda existentes na área em estudo, em face às sucessões familiares, tornando
assim pouco rentável a pecuária intensiva nos moldes de antigamente. Hoje, os pequenos plantéis de
alta carga genética são preferidos, devido a sua precocidade para o abate e pela qualidade da carne,
macia e de pouca gordura, típico produto de exportação com alto valor agregado. Vale lembrar que
este ano o Brasil tornou-se o maior exportador de carne bovina do mercado mundial, posição esta que
será, gradualmente, consolidada nos próximos anos.
Apesar da excelente estrutura viária existente, como ferrovias, estradas de rodagem e hidrovias
(Tietê-Paraná), a introdução da produção de grãos e frutas (manga, abacaxi e goiaba), do
desenvolvimento da olericultura, da presença cada vez maior do turismo em face aos grandes lagos
das UHEs construídos a partir dos anos setenta, de uma boa base industrial, com destaque para
indústria canavieira, alimentos, metalurgia, moveleira e calçadista, a região da alta noroeste ostenta a
posição pouco lisonjeira de ser uma das menores em desenvolvimento sócio-econômico do Estado de
São Paulo.
A principal cidade da região do alto noroeste, Araçatuba, foi simbolicamente fundada em 02
de Dezembro de 1908, como uma estação de parada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil,
atualmente Ferrovia Novoeste S.A. Era então sertão, de mata densa e inóspita, com uma população
autóctone formada por índios Caingangues, que impuseram feroz resistência à presença do “homem
branco”, motivos de muitas lutas e mortes de ambos os lados. A pacificação dos gentios ocorreu por
volta de 1912, com a participação do indianista José Cândido, companheiro do Marechal Rondon,
quando então surgiu a Vila de Araçatuba.
Iniciaram-se, na ocasião, as vendas de lotes de terras para os colonos imigrantes europeus:
portugueses, espanhóis e italianos. Naturalmente, dedicaram-se ao cultivo do café e para tanto
derrubaram as matas, espantaram os índios para mais longe, venceram as pestes e mataram os animais
selvagens, e assim o solo regional foi ocupado. O processo foi muito rápido e em 1914, foi autorizada
a construção do caminho rodoviário, ligando a Vila a Penápolis, passando por Birigui e General
Glicério. Em 1917 foi elevada a categoria de Distrito de Penápolis.
Por volta de 1920 chegaram os imigrantes japoneses, já como proprietários de terras e não
simples colonos. Trouxeram a diversificação da produção agrícola dando ênfase a horticultura e a
12