Advir 22 - Asduerj

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Uma Uma história história a a ser ser contada contada196 A HISTÓRIA DE contada No início de 2008, o professor Valter Duarte procurou a Asduerj para propor apoio à realização de um evento sobre 1968. A princípio, nada de novo. Afinal, há pelo menos três décadas, o mundo, cada vez mais conservador, rende-se em homenagens nostálgicas ao ano rebelde. Felizmente, não era esta a intenção do professor de Ciências Políticas da Uerj. Segundanista da Faculdade de Ciências Médicas naquele ano emblemático, sua proposta buscava, na verdade, saldar uma dívida histórica. Efetivar o nome de Luiz Paulo da Cruz Nunes como patrono da turma de Ciências Médicas que se formara em 1972, na UEG. A história da turma, impedida de se formar por tentar homenagear o colega assassinado em 1968 pela ditadura, impressionava não só pelo relato, mas pelo total silêncio que a cerca. São poucos os que, hoje, conhecem os fatos que culminaram no assassinato do estudante de Ciências Médicas durante um protesto na Avenida 28 de Setembro, em 1968. Menos ainda os que têm alguma informação sobre a frustrada homenagem de seus colegas, quatro anos depois. O relato do professor Valter nos instisgou a contar esta história. Do início do projeto à sua finalização, foram meses de entrevistas, trocas de mensagens, pesquisas em arquivos e orientações. Como fio de novelo, acompanhamos o esforço de atualização da memória dos que nos ajudaram a contar esta história – algumas mais afetivas outras mais analíticas. O cirurgião Fernando Pinto Bravo, logo que soube do nosso intento, procurou-nos e generosamente colocou à disposição preciosa documentação que conservara, como espécie de arquivista da turma. A partir dele, chegamos à professora Evelyn Eisenstein. Referência para quase todos os que viveram aquela época, ela foi como um “coelho branco” de Lewis Carroll nos abrindo portas, apresentado pessoas, informando datas, disponibilizando dados, fotografias. Por fim, a principal responsável pela rara entrevista concedida por João Lopes Salgado. Sem Evelyn, não chegaríamos ao psiquiatra Adail Ivan Lemos, um dos poucos que não mantém mais vínculos institucionais com a Uerj. Numa noite de segunda-feira, recebeu-nos em seu apartamento em Copacabana. Por mais de duas horas, ouvimos sem cansar o relato e a aguda avaliação de um dos que sacrificou a juventude e a carreira ao optar pela luta armada contra o regime. Para nossa tristeza um dos mais ricos depoimentos foi quase que completamente inutilizado por uma falha no equipamento de gravação. Restou-nos como alento a sua concordância em escrever um artigo para este número. Entre Evelyn e Salgado, nossa última e marcante entrevista, foram horas de gravação, que conjugaram a emoção de Dilson Pires, a descontração de Renato Cordeiro, o encantamento de Jane Corona, a contudência de Luiz Roberto Tenório e a análise de João Ramos Andrade. A todos eles que se colocaram à nossa disposição para a concretização deste trabalho esperamos poder retribuir com este registro. ADVIR ADVIR Nº Nº 22 22 • • OUTUBRO OUTUBRO DE DE 2008 2008 • • 6 6
8 UMA BATALHA ADVIR ADVIR Nº Nº 22 22 • • OUTUBRO OUTUBRO DE DE 2008 2008 • • 7 7
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