Djalma Limongi Batista - Cineclube Brasil
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<strong>Cineclube</strong><br />
revista cineclubebrasil<br />
novembro 2004<br />
entrevista<br />
Cineclubista é pau pra toda obra. Prova disto é Leopoldo<br />
Nunes, que iniciou sua carreira cineclubista como lanterninha<br />
do <strong>Cineclube</strong> Cauim em Ribeirão Preto. Quando era chefe<br />
do gabinete da Secretaria do Audiovisual do Ministério da<br />
Cultura, assumiu interinamente o lugar de Orlando Senna, o<br />
secretário do Audiovisual (que estava de férias). Numa de<br />
suas vindas a São Paulo, no corre-corre da agenda apertada,<br />
numa tarde do fim de maio, temperatura abaixo de 15<br />
graus, falou a CINECLUBEBRASIL sobre as propostas do<br />
MinC para a área do cinema e de sua especial atenção para<br />
com o cineclubismo — bandeira defendida e fomentada por<br />
ele, desde o início da rearticulação do movimento. Pena que<br />
nosso espaço seja minguado (ah, a ditadura do espaço!).<br />
Tivemos de cortar muita coisa, mas a íntegra dessa boa<br />
conversa está em nossos arquivos e oportunamente poderá<br />
ser compartilhada com nossos leitores. Da equipe da<br />
CINECLUBEBRASIL, participaram da entrevista Diogo<br />
Gomes dos Santos, Cacá Mendes e Frank Ferreira.<br />
CINECLUBEBRASIL — Então, hoje, você é o secretário<br />
interino do Audiovisual?<br />
Leopoldo Nunes — É, mais uns dias. Meu mestre está<br />
de férias, foi pra Cannes e agora está em Lençóis (BA),<br />
descansando, garimpando e ensinando a garimpar. Nas<br />
férias, ele gosta de dar aulas, está dando um curso de<br />
roteiro, em Lençóis.<br />
CcBr — Como é ser secretário?<br />
LN — Não é fácil, não. Mas a gente está entrosado. Com<br />
uma convivência desde 1988, eu e o Orlando fomos juntos<br />
para a Secretaria e seguimos a mesma diretriz. Mesmo<br />
quando estamos os dois, a gente divide o trabalho, e já é<br />
difícil. Sozinho, fica superacumulado. Mas é um prazer, uma<br />
honra substituí-lo.<br />
CcBr — O que deve mudar na essência das leis de incentivo, a<br />
Rouanet e a do Audiovisual?<br />
LN — Na lei, não muda muita coisa. O que muda são os decretos<br />
e as regulamentações da lei. É preciso partir do princípio de que,<br />
se ficar um volume de recursos — que, teoricamente, é para se<br />
fazer a política cultural de um governo — nas mãos dos<br />
departamentos de marketing das empresas, não se está fazendo<br />
política, está se transferindo responsabilidade para as empresas.<br />
O que estamos introduzindo são medidas para aprimorar esse<br />
sistema. Antes de tudo, torná-lo mais acessível ao produtor<br />
cultural, que hoje precisa de um atravessador para inscrever e<br />
até habilitar um projeto e captar recursos. Depois, tem a<br />
habilitação aos recursos da lei e também um amplo trabalho a se<br />
fazer junto às empresas: o governo disponibiliza grande quantidade<br />
de recursos, e as empresas têm de ser trazidas para esse<br />
foto: Frank Roy<br />
o articulador<br />
leopoldo nunes<br />
projeto, têm de compartilhar com o governo a responsabilidade<br />
de fazer uma boa política cultural.<br />
CcBr — E a história dos 100% naquelas áreas privilegiadas?<br />
LN — Estamos estudando mecanismos, ali, onde as empresas<br />
que pagam o menor volume de imposto tenham os 100%,<br />
gradativamente, de acordo com a quantidade de imposto<br />
pago. Porque a empresa que paga grande volume de<br />
recurso pode, sim, colocar uma contrapartida, como era<br />
até recentemente.<br />
CcBr — Para haver o exercício da cidadania...<br />
LN — Exatamente. Porque se não é o Estado que está pagando<br />
100% da conta, emprestando para a empresa botar a sua<br />
marca, então essa é uma política de responsabilidade social.<br />
CcBr — Como você avalia o cinema brasileiro hoje, neste<br />
primeiro semestre, com vários lançamentos e uma ascensão<br />
de público de mais de 22%?