16.04.2013 Views

RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom

RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom

RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Oscar Carlos Faifer – 52 anos<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, no bairro Porto Blos. Meu pai tinha comércio, criação<br />

<strong>de</strong> animais, serralheria, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 8 anos já ajudava meu pai nos<br />

afazeres dos negócios <strong>de</strong>le. Nesta época <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> tinha duas ruas, a Avenida<br />

Brasil e a Presi<strong>de</strong>nte Vargas, e para sair do Porto Blos e ir para a Barrinha, não<br />

tínhamos a ponte que temos hoje. Daí atravessava por balsa, e em época <strong>de</strong> estiagem,<br />

para não pagar travessia, o pessoal atravessava o rio à pé, <strong>de</strong> carroça<br />

ou <strong>de</strong> carreta. Depois <strong>de</strong> um mês do nascimento do meu segundo filho, o Carlos,<br />

é que foi diagnosticado a síndrome <strong>de</strong>le que me levou a procurar a Apae.<br />

Enquanto as coisas acontecem na vida dos outros, a gente acaba não se envolvendo,<br />

mas quando acontece com a gente é diferente. A Apae tem um papel<br />

importante na formação <strong>de</strong>le em relação a quem é hoje, muito in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. A gente acaba se apaixonando<br />

pela Apae <strong>de</strong>pois que se sabe o trabalho sério <strong>de</strong> uma instituição como esta”. (APAE)<br />

Paulo Saenger (Bilú) – 59 anos<br />

Em 1969 fui trabalhar numa empresa calçadista e nesta época em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> existia um time chamado Santos Futebol Clube. Quando<br />

recebi meu primeiro pagamento fui para o centro da cida<strong>de</strong> e encontrei<br />

com o então presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste time e me convi<strong>de</strong>i para jogar. Sabia que eles<br />

precisam <strong>de</strong> jogadores e foi assim que comecei a participar do futebol. Estava<br />

com 16 anos e já comecei tar<strong>de</strong>, jogava como ponta direita, não tinha<br />

habilida<strong>de</strong> nenhuma, mas corria bastante. Depois me machuquei e fiquei<br />

dois meses afastado do futebol. Quando já estava recuperado, fui olhar<br />

um jogo do Santos no campo do 15, e ao chegar lá o meu time estava sem<br />

goleiro. Eu louco pra jogar pedi pra ser o goleiro e daquele momento em<br />

diante nunca mais saí daquela posição. Em 1969 comecei a treinar também no juniores do clube 15 <strong>de</strong><br />

novembro e joguei durante um tempo nos dois times, no Santos que foi o time que me revelou, e no<br />

15, on<strong>de</strong> fiquei até 1989. Pelo Santos só disputei amistosos e pelo 15 tive a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficar oito vezes<br />

campeão estadual e uma vez campeão Sul Brasileiro <strong>de</strong> amador. Naquela época se jogava futebol<br />

por amor a camiseta, não se recebia salário para vestir a camisa do time.” (ex-goleiro)<br />

Pedro Dos Santos Dutra – 54 anos<br />

A igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus está completando em 2011, 100 anos no<br />

Brasil, e <strong>de</strong>stes, estamos 73 anos em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> on<strong>de</strong> cheguei por meio<br />

<strong>de</strong> uma convenção <strong>de</strong> pastores da Assembléia <strong>de</strong> Deus no RS on<strong>de</strong> fui convidado<br />

para pastorear. Sou natural <strong>de</strong> Três <strong>de</strong> Maio e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979 me <strong>de</strong>dico aos trabalhos<br />

da igreja e, exclusivamente ao pastorado, <strong>de</strong>ste 1983. Pelo tempo que estou em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, já me consi<strong>de</strong>ro <strong>de</strong> campo-bonense e estou muito realizado<br />

e me sinto honrado por testemunhar o progresso fantástico <strong>de</strong>ste município.<br />

Desejo que as pessoas sintam-se cada vez mais felizes por fazerem parte da<br />

história dos 52 anos <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>.” (pastor da igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus)<br />

Ruy Juarez Corrêa – 53 anos<br />

Sou do tempo em que havia trem em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, o bon<strong>de</strong> que eu e<br />

minha mãe íamos para Novo Hamburgo e que em algumas ocasiões<br />

eu fazia peraltices. Enchia os trilhos do trem <strong>de</strong> sabão na subida do morro<br />

só para ver ele patinar. Nasci nesta bela cida<strong>de</strong> e gostaria <strong>de</strong> ter sido várias<br />

coisas, e não fui. Queria ter sido guarda florestal, marinheiro e policial. Aos<br />

18 anos fui ser taxista, profissão em que me achei, porque nela se vive um<br />

pouco <strong>de</strong> tudo. Já tentei largar a profissão, fazer outras coisas, mas voltei<br />

para o táxi, que é o que gosto <strong>de</strong> fazer e on<strong>de</strong> vou ficar até o fim. Aqui tu<br />

conversa com todo mundo, tem liberda<strong>de</strong>, anda por vários lugares. Tem<br />

corridas que são tão boas que se pu<strong>de</strong>sse, não cobraria o passageiro, porque<br />

a conversa é tão boa, o cliente <strong>de</strong>ixa a gente <strong>de</strong> bom astral. É por isso que gosto. Só vou parar <strong>de</strong><br />

dirigir quando não pu<strong>de</strong>r mais entrar em um carro, e se eu só não pu<strong>de</strong>r mais trocar <strong>de</strong> marcha, compro<br />

um carro hidramático.” (taxista)<br />

Silvio Reichert – 61 anos<br />

Nasci em um casarão amarelo que mais parecia uma vagão <strong>de</strong> trem,<br />

bem no centro <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Durante todos meus anos <strong>de</strong> vida, só<br />

estive fora da cida<strong>de</strong> por dois anos, <strong>de</strong>pois nunca mais sai daqui, on<strong>de</strong> formei<br />

minha família. Trabalhei em fábricas <strong>de</strong> calçados, e um dia, quando tinha 19<br />

anos, passei na Rua Voluntários da Pátria e vi uma placa escrito: `ven<strong>de</strong>-se<br />

esta sapataria’, falei com meu sogro que topou uma socieda<strong>de</strong>. A sapataria<br />

custou mil cruzeiros e meu sogro ven<strong>de</strong>u uma vaca para po<strong>de</strong>r entrar <strong>de</strong> sócio<br />

comigo. Trabalhamos um ano juntos, mas <strong>de</strong>pois ele preferiu sair do negócio.<br />

Segui sozinho e <strong>de</strong>pois comprei uma outra sapataria que tinha na cida<strong>de</strong>. Estou<br />

no negócio <strong>de</strong>ste 1969 e agora trabalho com o meu filho. Me aposentei em<br />

1994 mas não consigo parar <strong>de</strong> trabalhar porque aqui todo dia é uma novida<strong>de</strong>. O melhor da profissão<br />

é ter o prazer <strong>de</strong> consertar e ver as pessoas felizes pelo trabalho que eu realizei.” (sapateiro)<br />

11<br />

Teresinha <strong>de</strong> Jesus T. <strong>de</strong> Oliveira – 75 anos<br />

Estou em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1969, quando meu<br />

marido Ari Serpa veio para fazer a hidráulica da<br />

cida<strong>de</strong>. Depois <strong>de</strong> passar por outros bairros, fomos morar<br />

em frente à capela mortuária, em 1973. Fui a primeira<br />

pessoa a trabalhar na capela e lá fiquei por 15<br />

anos até me aposentar. Durante este período fiz <strong>de</strong> tudo:<br />

recebia o cadáver, abria a capela, cobrava, acertava<br />

na <strong>Prefeitura</strong> e limpava a capela. Muitas vezes funerárias<br />

<strong>de</strong> fora <strong>de</strong>ixavam lá indigentes. Uma vez o<br />

IML foi lá para exumar um corpo que tinha suspeita<br />

<strong>de</strong> que não fosse morte natural, e eu participei <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senterro. Nada é coincidência, tudo<br />

é providência, mas antes <strong>de</strong> trabalhar na capela, tinha medo <strong>de</strong> ir em velório à noite.<br />

Mas se Deus me colocou naquela função, foi para apren<strong>de</strong>r e eu fui me acostumando que<br />

a morte faz parte da natureza.” (moradora do bairro Metzler)<br />

Valter Foerster – 69 anos<br />

Minha lembrança mais remota <strong>de</strong> <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> é da Avenida Andradas, quando tinha só<br />

um trilho <strong>de</strong> carreta que dava acesso a uma empresa <strong>de</strong><br />

caminhões. Tive a infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r meu pai muito<br />

cedo e como estava fora para um período <strong>de</strong> estudos,<br />

voltei para assumir uma parte da olaria que meu pai era<br />

sócio e que foi fundada por meu bisavó há mais <strong>de</strong> cem<br />

anos. Esta empresa existe até hoje. Fiquei na empresa <strong>de</strong><br />

1963 até 1974 e neste período fui fazer o curso <strong>de</strong> arquitetura.<br />

Como tinha a olaria, convivia muito com obras<br />

e por isso a escolha pela profissão foi natural, e se não estou enganado, fui o primeiro arquiteto<br />

formado <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Tenho projetos <strong>de</strong> hotel em várias cida<strong>de</strong>s, até no Chuí.<br />

Quando comecei na área, a tecnologia que existia era um papel vegetal, on<strong>de</strong> tínhamos<br />

que <strong>de</strong>senhar e <strong>de</strong>pois passar caneta nanquim, e a evolução foi enorme a partir <strong>de</strong> 1990<br />

com a chegada da computação. Em 1992 me foi solicitado um projeto arrojado para <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>, anos <strong>de</strong>pois esta a obra saiu do papel e está aí, é o CEI.“ (arquiteto)<br />

Vania Olívia Schmidt Pacheco – 69 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, e cresci numa cida<strong>de</strong><br />

que era muito discreta, com poucas casas<br />

e poucos moradores. Des<strong>de</strong> criança meu sonho era<br />

ser professora. Em casa eu não tinha companhia pra<br />

brincar então brincava sozinha <strong>de</strong> professora, e com<br />

18 anos fiz concurso para a área e passei. Fui chamada<br />

para lecionar em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, quando já era município.<br />

Minha primeira vaga foi em Santa Maria do<br />

Butiá, numa escola que ficava ao lado das olarias.<br />

Para chegar até lá, tinha que atravessar o Rio dos<br />

Sinos <strong>de</strong> barco ou balsa. Por isso quando tinha enchente não era possível chegar até a<br />

escola. Quando as águas baixavam, o então prefeito Adriano Dias colocava seu carro à<br />

disposição, um Jipe, e seu motorista, Alfredo Cafuncho, para nos levar até a escola. Eu<br />

e uma colega professora lecionávamos cinco turmas na mesma sala. Boas lembranças<br />

tenho daquele tempo quando os alunos eram crianças muito queridas e vinham nos<br />

encontrar na meta<strong>de</strong> do caminho. Em 1962 fui lecionar na escola Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros,<br />

e em 1977 assumi a direção, on<strong>de</strong> fiquei por oito anos.” (professora)<br />

Vera Maria Freitas – 57 anos<br />

Faz 27 anos que moro aqui no bairro. Quando<br />

cheguei aqui não tinha posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e como<br />

sempre gostei <strong>de</strong> ajudar as pessoas, os vizinhos vinham<br />

me pedir pra aplicar injeção, ajudar quando tinha criança<br />

doente, levar no médico. Sempre que me pe<strong>de</strong>m um<br />

favor eu ajudo, não tem hora, inclusive na madrugada.<br />

Hoje eu ganho por alguns dos trabalhos que eu faço, mas<br />

muito trabalhei sem ganhar, porque gosto do que faço.<br />

Meu marido faz parte da Pastoral da Criança e eu sempre<br />

aju<strong>de</strong>i. Uma história que me marcou foi com uma<br />

criança <strong>de</strong> uma vizinha, que fui ajudar a socorrer, mas a criança não resistiu e morreu. Nesta<br />

época a gente não tinha nem luz em casa, eu tinha meus dois filhos mais velhos pequenos.<br />

Deixei os dois sozinhos em casa para socorrer esta criança que morreu no meu colo, e isto<br />

me dá força para cada vez mais querer ajudar. Muitas vezes <strong>de</strong>ixo <strong>de</strong> estar com a minha<br />

família para cuidar <strong>de</strong> doentes. Mesmo que não precisasse trabalhar, eu faria essas ações.<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> pra mim é tudo <strong>de</strong> bom e quando eu vou pra outras cida<strong>de</strong>s, visitar parentes,<br />

chegando lá já me dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar.” (moradora bairro Aurora)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!