RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom
RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom
RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Infância para ser criança<br />
Experiências <strong>de</strong> infância compõem<br />
muitos dos relatos contidos<br />
nestas páginas e que nos permitem<br />
medir a alegria dos então<br />
‘pequenos filhos <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>’.<br />
Feita <strong>de</strong> atos simples, como o narrado<br />
na página 8 por Erni João<br />
Hilgert (que tinha por hábito ouvir<br />
música junto com os pais e vizinhos)<br />
ou <strong>de</strong> gestos que já apontavam<br />
um talento (como o do locutor<br />
Adão Moraes na página 2, que<br />
brincava <strong>de</strong> narrar futebol usando<br />
um toco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como microfone),<br />
a infância usava <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>.<br />
Relatos como o da professora<br />
Lizane Tomiello (página<br />
10), que brincava <strong>de</strong> dar aula para<br />
os sobrinhos e o <strong>de</strong> Oscar Fai-<br />
fer (página 11), sobre os <strong>de</strong>safios<br />
<strong>de</strong> atravessar o rio em tempos <strong>de</strong><br />
cheia e <strong>de</strong> estiagem, indicam situações<br />
cotidianas e felizes como<br />
garante Daniel Schimer (página 5)<br />
ao relatar que teve uma infância<br />
“que só quem cresceu em uma cida<strong>de</strong><br />
do interior sabe o quão boa<br />
é”. De todos os <strong>de</strong>poimentos relacionados<br />
às crianças que viveram<br />
momentos felizes em <strong>Campo</strong><br />
<strong>Bom</strong>, nenhum supera o <strong>de</strong> Ruy Juarez<br />
Corrêa (página 11) que conta<br />
ter vivido momentos <strong>de</strong> ‘peraltices’<br />
quando colocava sabão no<br />
trilho do trem só para ver a <strong>de</strong>rrapagem<br />
na subida da lomba. Quem<br />
na infância não aprontou das suas,<br />
que jogue a primeira pedra!<br />
Daniel<br />
Schirmer<br />
(esq) na<br />
década <strong>de</strong><br />
50 no antigo<br />
posto que<br />
pertencia à<br />
família<br />
Celestino Fritzen – 59 anos<br />
<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> é uma cida<strong>de</strong> muito jovem, e tem características bem interessantes,<br />
pois é um lugar acolhedor que dá atenção especial à cultura,<br />
à educação e que tem escolas bem equipadas e estruturadas, o que é<br />
importante para promover o estudo. A gente visita as escolas - e até rezamos<br />
missa em algumas – e nestas ocasiões me chamou muita atenção o esforço<br />
que a cida<strong>de</strong> faz para promover a educação. Chama atenção também a integração<br />
entre a igreja e o po<strong>de</strong>r público. Me sinto bem acolhido em <strong>Campo</strong><br />
<strong>Bom</strong>, claro que as comunida<strong>de</strong>s e a paróquia são gran<strong>de</strong>s, mas as li<strong>de</strong>ranças<br />
são muitos boas, um trabalho muito abençoado. Fui or<strong>de</strong>nado padre em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1980. (padre Igreja Católica)“<br />
Daltro Viega da Rocha – 57 anos<br />
Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em 1978 abrir uma loja chamada Julinha Magazine<br />
que encerrou as ativida<strong>de</strong>s em 2005. Des<strong>de</strong> jovem eu já atuava<br />
no CDL em Novo Hamburgo e estendi minha participação como associado.<br />
Nesta época para se ter informações <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> proteção ao crédito, a<br />
empresa tinha que enviar uma funcionária com uma ficha, que vinha correndo<br />
buscar informações do cliente. Foi então que 20 associados da CDL se uniram<br />
para comprar uma central para fazer linha direta, e assim implantou-se<br />
a primeira linha direta em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, isso na década <strong>de</strong> 80. Assim começou<br />
uma participação maior das pessoas que faziam parte do CDL e em 2001<br />
fui convidado a assumir, pela primeira vez, a presidência da CDL. Em 2007<br />
assumi novamente a presidência, indo meu mandato até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ste 2011. Participando da<br />
presidência da CDL temos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar ações que seriam impossíveis se estivéssemos<br />
sozinhos, sem a proteção <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong>. ”(presi<strong>de</strong>nte da CDL)<br />
5<br />
Daniel Schirmer – 56 anos<br />
Minha infância aqui na cida<strong>de</strong> foi muito<br />
boa. Eu cresci às voltas do posto Schirmer,<br />
com uma infância que só quem cresceu em uma cida<strong>de</strong><br />
do interior sabe o quão boa é. Comecei a trabalhar<br />
com meus pais e tios aten<strong>de</strong>ndo no posto <strong>de</strong><br />
gasolina, mas quando era criança, brincava com<br />
aviãozinho e acredito que tudo começa com brinca<strong>de</strong>iras<br />
<strong>de</strong> criança. Tinha um amigo do meu pai<br />
que era engenheiro <strong>de</strong> vôo da Varig e conversava<br />
muito com ele. Isso me <strong>de</strong>ixava curioso sobre<br />
o mundo lá fora. Outra pessoa que não posso esquecer é o Celomar Hoffmeister, piloto<br />
do Aeroclube que me convidou pra dar uma volta num Teco-teco. Me apaixonei,<br />
voltei para casa e <strong>de</strong>cidi começar o curso, e assim foi meu início, com 18 anos.<br />
Aos 19 anos eu já era piloto comercial. Também fiz curso <strong>de</strong> piloto agrícola. Prestei<br />
concurso para a Rio Sul Linhas Aéreas e 1988 ingressei nesta empresa como co-piloto,<br />
e em seguida fui promovido a comandante. Assim como o primeiro dia, o último<br />
dia <strong>de</strong> vôo a gente nunca esquece. Que <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> continue no rumo que segue<br />
<strong>de</strong>ste a sua emancipação, <strong>de</strong> progresso e conquistas.” (aeronauta)<br />
Danilo Benno Saft – 60 anos<br />
Quando começamos o CTG ele era na escola<br />
Tira<strong>de</strong>ntes, e se chamava Grupo Folclórico<br />
da Juventu<strong>de</strong> Evangélica. Começamos a participar<br />
<strong>de</strong> bailes, a nos apresentar pela cida<strong>de</strong> e região. Em<br />
abril <strong>de</strong> 1968 <strong>de</strong>cidimos fundar o CTG, que começou<br />
em um prédio alugado. Me envolvi com ele até<br />
1972, mas até hoje me sinto em casa quando chego<br />
lá, pois sempre fui apaixonado pelas tradições gaúchas.<br />
Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e sempre morei aqui. É a<br />
pegada, tem cola no rastro do pé que não me <strong>de</strong>ixa<br />
sair daqui. Na minha época, íamos nas casas à noite atrás <strong>de</strong> pessoas para integrar os<br />
grupos mirins e adultos do CTG. Eu ia na casa das pessoas <strong>de</strong> bicicleta e vestindo uma<br />
bombacha que badalava no vento, e não sentia vergonha <strong>de</strong> botar o meu traje e correr<br />
por essas ruas. Gostaria neste aniversário da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir às crianças que se motivem<br />
para levar adiante nossas tradições. (fundador do CTG <strong>Campo</strong> Ver<strong>de</strong>)<br />
Darcy Constante Cambruzzi – 70 anos<br />
Sou natural <strong>de</strong> Rolante e sai <strong>de</strong> lá há 35 anos pra<br />
tentar melhorar a vida vindo para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />
no bairro Porto Blos, on<strong>de</strong> abri um comércio <strong>de</strong> bebidas<br />
e trabalhei por quase 18 anos. Lembro que quando cheguei<br />
aqui encontrei apenas duas ruas, poucas casas e um<br />
colégio que funcionava há pouco tempo. Comecei então a<br />
me envolver com a escola pois queria o melhor para as<br />
crianças. Na primeira reunião no colégio fiquei surpreso<br />
com as condições do prédio, cheio <strong>de</strong> buracos nas pare<strong>de</strong>s,<br />
o que era ruim para as crianças no frio do inverno.<br />
Tomei a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> procurar o prefeito que um dia apareceu aqui em casa e me convidou<br />
para a ir a Porto Alegre com ele, pois tinha conseguido dinheiro para arrumar a escola.<br />
Foi assim que conseguimos construir as primeiras salas <strong>de</strong> aula da escola e garantir mais<br />
conforto para as crianças estudar.” (morador do bairro Porto Blos)<br />
Emílio Lopes De Brito – 89 anos<br />
Sou natural <strong>de</strong> Rolante e quando cheguei em<br />
<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> vim pra trabalhar na roça e nunca<br />
mais arre<strong>de</strong>i o pé daqui. Quando vim morar aqui no<br />
bairro Santa Lúcia não tinha vizinhos, era só mato. Faz<br />
muitos anos que sou envolvido com a comunida<strong>de</strong> católica<br />
do bairro, já fui ministro na igreja e me sinto bem<br />
em po<strong>de</strong>r ajudar as pessoas. Quando tinha pouco serviço<br />
na roça, ia até a casas <strong>de</strong> pessoas doentes aqui no<br />
bairro, ajudar a cuidar <strong>de</strong> quem precisasse. Na época<br />
que vim morar aqui no bairro, já tinha luz, e as casas<br />
que foram surgindo <strong>de</strong>pois um vizinho ajudava o outro. O que um não sabia fazer o outro<br />
sabia, e quase não precisamos pagar alguém pra construir. Tenho muitos amigos aqui<br />
no bairro, bons vizinhos e gosto <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> porque tem bastante trabalho e acho difícil<br />
que tenha lugar melhor que esta cida<strong>de</strong>.“ (morador bairro Santa Lúcia)