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Tabus lingüísticos e expressões cristalizadas - let.unb.br

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considerado tabu está apenas ref<strong>let</strong>indo o sistema de crenças e valores de sociedades.<<strong>br</strong> />

Segundo Wardhaugh (1993) com o recurso aos tabus <strong>lingüísticos</strong>, a sociedade expressa<<strong>br</strong> />

sua desaprovação a certos comportamentos considerados nocivos a seus mem<strong>br</strong>os por<<strong>br</strong> />

motivos de ordem so<strong>br</strong>enatural ou por uma questão de violar um código moral. Tudo<<strong>br</strong> />

parte sempre da crença de que a linguagem oculta um poder capaz de subjugar o<<strong>br</strong> />

homem de forma irremediável. De início seu uso referia-se particularmente a proibições<<strong>br</strong> />

de caráter sagrado, mas seu significado estendeu-se para outras proibições ou<<strong>br</strong> />

inconveniências. Por isso, reiteramos, freqüentemente algumas pessoas temem até<<strong>br</strong> />

pronunciar até o nome de certas doenças. O uso dessas palavras ou <strong>expressões</strong>,<<strong>br</strong> />

consideradas como tabus, sempre é evitado ou contornado por meio de outros recursos<<strong>br</strong> />

<strong>lingüísticos</strong>. Em geral os termos que os designam são substituídos por <strong>expressões</strong><<strong>br</strong> />

eufêmicas. Segundo Monteiro (1986):<<strong>br</strong> />

Quanto à substituição do termo por um sinônimo, cumpre ter<<strong>br</strong> />

em mente que não são os significados ou os referentes dos<<strong>br</strong> />

vocábulos (seres, doenças, objetos etc.) que justificam a<<strong>br</strong> />

crença nos efeitos maléficos dos tabus <strong>lingüísticos</strong>. Por isso é<<strong>br</strong> />

que as pessoas usam com a maior naturalidade, sem medos<<strong>br</strong> />

ou maus pressentimentos, termos conceitualmente análogos<<strong>br</strong> />

às palavras proibidas.<<strong>br</strong> />

A dimensão pragmática de um fenômeno lingüístico como o eufemismo aponta<<strong>br</strong> />

para o contexto extra-lingüístico em que ele surge. Na África, por exemplo, nunca se<<strong>br</strong> />

profere o nome de uma pessoa morta. Por temer à morte, muita gente evita pronunciar o<<strong>br</strong> />

seu nome. Assim, diz-se: bater as botas, empacotar, descanso, dormir, esticar as<<strong>br</strong> />

canelas, bater a caço<strong>let</strong>a, vestir o pijama de madeira, abotoar o pa<strong>let</strong>ó, ir desta para<<strong>br</strong> />

outra etc. Sigrid Luchtenberg (1975, cap. IV) aponta para duas funções principais que<<strong>br</strong> />

presidem à utilização do eufemismo. A primeira, explora o potencial atenuante do<<strong>br</strong> />

eufemismo na referência a tabus sociais ou individuais. É esta a função que o<<strong>br</strong> />

eufemismo cumpre no discurso da delicadeza, quer no plano da interação individual<<strong>br</strong> />

(referência ao aspecto físico ou às capacidades intelectuais) ou social (no plano da<<strong>br</strong> />

designação de profissões menos prestigiadas ou na abordagem de temas socialmente<<strong>br</strong> />

incômodos, como a doença incurável, a morte ou o sexo). A segunda função proposta<<strong>br</strong> />

por Luchtenberg é de desvio da atenção do interlocutor para aspectos particulares de um<<strong>br</strong> />

acontecimento, que o falante quer so<strong>br</strong>epor a outros igualmente ou até mais<<strong>br</strong> />

importantes, mas cuja relevância ele procura estrategicamente atenuar, moldando desta<<strong>br</strong> />

forma a reação do interlocutor às palavras e ao evento de que elas dão conta. Não se<<strong>br</strong> />

trata aqui de uma mentira, mas da revelação de uma verdade parcial ou de uma<<strong>br</strong> />

perspectiva particular so<strong>br</strong>e um acontecimento que poderia ser visto de um prisma mais<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>angente. Em outras palavras, é uma forma de manipulação (A<strong>br</strong>antes, 2001).<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>antes (2001) considera que os eufemismos podem ser:<<strong>br</strong> />

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