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desdobramentos da impressão na arte contemporânea - Biblioteca ...

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<strong>da</strong> <strong>impressão</strong>”. Exatamente porque o “jogo do contato e do afastamento” nos deixa a<br />

aderência de sua procedência, é que esse registro nos toca e nos perturba 17 , pois:<br />

[...] ca<strong>da</strong> <strong>impressão</strong> libera uma espécie paradoxal de eficiência ou<br />

magia: magia que seria aquela singular, como uma toma<strong>da</strong> do<br />

corporal, e universalizante, como reprodução serial; a que produz<br />

semelhanças extremas que não são mímesis mas duplicação; ou<br />

ain<strong>da</strong> a de produzir semelhanças, como negativos, contraformas,<br />

dessemelhanças 18 .<br />

Ele nos perturba porque os resultados obtidos <strong>na</strong> Impressão,<br />

contraformas, formas em negativo, dessemelhanças ou “semelhança-sintoma”<br />

contrariam os modelos de representação calcados <strong>na</strong> semelhança, isto é, no modelo<br />

humanista-vasariano 19 , ao contrário eles se formam, a partir de matérias pré-<br />

existentes.<br />

Ao mesmo tempo, essas impressões provocam um “sintoma-tempo”, que<br />

seria o encontro de dois momentos temporais distintos: aquele do fazer <strong>da</strong> obra pelo<br />

artista, e aquele em que o espectador está diante dela já concluí<strong>da</strong>. Constituiriam,<br />

assim, uma “imagem dialética” que, para Walter Benjamin, seria a imagem onde “o<br />

Outrora reencontra o Agora em um momento de luz’’ 20 . Seriam imagens depositárias<br />

de uma aderência presentifica<strong>da</strong> pelo afastamento no ato de sua criação, mas<br />

sempre representifica<strong>da</strong> em um outro momento, momento este sempre em atraso<br />

em relação àquele de sua criação. São imagens que produzem uma ambigüi<strong>da</strong>de.<br />

Exatamente porque são condensa<strong>da</strong>s, colocando em ‘crise’ a temporali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

obra, requisitam <strong>da</strong> memória um trabalho de síntese e ao mesmo tempo de crítica,<br />

17 DIDI-HUBERMAN, 1997, p.181.<br />

18 FRANCA, 2000, p.3.<br />

19 Vasari foi o primeiro a sistematizar, no século XVI, o conceito de “moderno”, cujos valores foram<br />

estabelecidos segundo ideais humanistas. Nessa teoria clássica, to<strong>da</strong> forma de representação deve<br />

se origi<strong>na</strong>r no espírito do artista – idea, invenzione e disegno – e não a partir de uma matéria já<br />

existente, como ocorre <strong>na</strong> <strong>impressão</strong> “de matéria a matéria” ( este assunto será retomado <strong>na</strong><br />

Conclusão p.132). Cf. FRANCA, 2000, p.11.<br />

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