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desdobramentos da impressão na arte contemporânea - Biblioteca ...

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do historiador e do crítico <strong>da</strong> <strong>arte</strong>, o iconólogo busca pistas a partir do local onde a<br />

obra se dá, trazendo novas contribuições <strong>na</strong> percepção <strong>da</strong>s formas visuais em geral:<br />

[...] o iconólogo jamais questio<strong>na</strong> o que ele vê como a conseqüência<br />

intangível de alguma operação única, voluntária e ideal. Ele é<br />

obrigado a reconhecer a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s formas, obrigado a saber<br />

que as formas são os processos e não somente o resultado de<br />

processos, que esses processos, propriamente ditos, não têm fim,<br />

que a imagem atualmente vista não é ape<strong>na</strong>s o “presente<br />

a<strong>na</strong>crônico” de um jogo ininterrupto de deformações, de alterações,<br />

de apagamentos e de “voltas” de to<strong>da</strong> sorte. De outra forma, o<br />

iconólogo não tem qualquer necessi<strong>da</strong>de de questio<strong>na</strong>r o que ele<br />

olha como a “iconografia” de um conteúdo de expressão de um<br />

desejo mimético. A semelhança <strong>da</strong><strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> <strong>impressão</strong> é de uma<br />

outra ordem; nela, <strong>na</strong><strong>da</strong> pode ser desintrincado <strong>da</strong>s formas <strong>da</strong><br />

matéria, por exemplo. Pois, aqui, as formas são os substratos ou, de<br />

preferência, o processo dialético <strong>da</strong>s modificações dos substratos por<br />

um gesto qualquer. O iconólogo, enfim, não tem a ingenui<strong>da</strong>de de<br />

situar o que ele vê como um ponto único, intangível, <strong>da</strong> história. É<br />

obrigado por seu material a reconhecer a complexi<strong>da</strong>de do tempo <strong>da</strong><br />

obra <strong>na</strong>s coisas visuais. [...] Sabe pois que as formas são os tempos<br />

em obra, os tempos contraditórios intricados <strong>na</strong> mesma imagem 25 .<br />

O olhar do artista aproxima-se do olhar do iconólogo, exatamente porque<br />

o artista se confronta com o material, com a matéria <strong>na</strong> qual estará colocando seu<br />

gesto. O artista tem, como o iconólogo, “conhecimento do terreno”, estabelecendo<br />

relações de aproximação tão estreitas com o material, que uma impreg<strong>na</strong>ção se<br />

estabelece entre o artista e a matéria. Conseqüentemente, a obra resultante<br />

testemunha essa inter-relação.<br />

Sabe-se que, as formas, são processos dialéticos <strong>da</strong>s modificações dos<br />

“substratos” pela ação dos gestos, e, destes, pelo caráter plástico dos “substratos”.<br />

Sabe-se, também, que a obra (a <strong>impressão</strong>) retém em si o tempo dos gestos, o<br />

tempo <strong>da</strong> matéria, e que existem, ain<strong>da</strong>, o tempo <strong>da</strong> obra e o tempo do espectador –<br />

sob o ponto de vista do historiador de <strong>arte</strong> ou individualmente, como fruidor –, sendo<br />

25 DIDI-HUBERMAN,1997, p.190.<br />

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