A Vida Improvisada: Narrativa de um Viajante ... - UniverCidade

Considerações Finais
Essa pesquisa surgiu como união das minhas duas maiores paixões: o teatro e
viagens. Os pontos em comum foram se delineando mais fortemente durante o
processo. O mais interessante acima de tudo é a maior compreensão do que
se passa na cena e nas viagens através do aprofundamento no tema. Com
disse Oida: “O real conhecimento das coisas não é obtido ficando-se na
superfície, mas unindo-se totalmente a elas.” (1999, p.202)
Entendi melhor o que acontece comigo ao viajar e que pode me ajudar no
entendimento de meu trabalho como ator. Assumo um estado de
desprendimento com as cobranças e expectativas. Vivo mais intensamente
cada momento. Trazer portanto a experiência dessa vivência tão presente na
minha vida para a cena foi o caminho de uma experiência mais sincera no
palco.
Não acredito que outro tema para a pesquisa fosse mais importante para o
meu processo como artista-pesquisador nesse momento. Ao longo de todo o
Curso de Teatro na UniverCidade, tive de lidar com essa questão da
dificuldade da vivência no momento presente, dificuldade de me relacionar com
o aqui e agora da atuação. Esse trabalho me fez entender o caminho para esse
estado de presença: relaxar as expectativas, abrir a escuta e ser generoso.
Essas reflexões que auxiliam não só no trabalho como artista em cena, mas
me ajudam também na experiência de uma vida mais harmoniosa fora do
palco.
Costumo repetir que meu sonho é viver viajando com o teatro. Esse trabalho
me fez perceber que o que sonho é ser um artista viajante (ou errante).
Também que não é necessariamente pelo deslocamento geográfico que se dá
a mudança das tensões e aflições, mas através de um lidar diferente com as
coisas gera-se também um estado prazeroso de errância. Como disse Julio
Adrião: “Não existe erro. Existe aprendizado.”
Espero que essa pesquisa de conclusão de curso possa servir aos outros
artistas como fonte de estímulo a pesquisas dos temas abordados, como a
narrativa e o estado de errância do viajante para um exercício de interpretação
mais sincero do ator.
Seguindo o que sugere Adrião quando diz que “o teatro é fundamentalmente a
contação de uma história...”, acredito que as possibilidades de seqüência de
pesquisa e aprofundamento sejam infinitas.
Para esse trabalho segui a sugestão da Mestre Helena Varvaki de buscar fazer
o simples, isto é, não me debrucei sobre os vários elementos de composição
significantes da cena, dando assim mais importância à simplicidade da
pesquisa do trabalho como contador de história e menos como encenador.
Em um momento futuro, entretanto, o jogo com os vários elementos da
encenação teatral pode ser uma pesquisa interessante a ser desenvolvida. Um
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