A Vida Improvisada: Narrativa de um Viajante ... - UniverCidade
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Então quem conta é <strong>um</strong> narrador muito encostado no personagem que está<br />
vivenciando aquilo.<br />
No momento que você conta isso po<strong>de</strong> ser ao longo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a vida inteira.<br />
Você po<strong>de</strong> ter 90 anos e contar <strong>um</strong>a coisa <strong>de</strong> quando você tinha 15 anos. Isso<br />
não impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter <strong>um</strong>a energia que ele tem aos 90 anos <strong>de</strong> propor a sensação<br />
<strong>de</strong> quando ele tinha 15.<br />
Isso é o ator!<br />
Eu gosto <strong>de</strong> pensar que o teatro é <strong>um</strong>a coisa que agente sabe.<br />
Você sempre está emprestando o seu corpo e sua voz, sua visão o seu<br />
entendimento daquilo e o público ele vem ver você trabalhar, isso está<br />
combinado.<br />
Então é <strong>um</strong>a coisa que é feita com serieda<strong>de</strong> mas é <strong>um</strong> jogo.<br />
É <strong>um</strong>a coisa lúdica. Por mais pesado que seja o teatro, mais dramático que<br />
seja, é <strong>um</strong> exercício <strong>de</strong> sincerida<strong>de</strong>. O teatro é bom quando ele é bem feito,<br />
feito com serieda<strong>de</strong>, com inteireza, com verda<strong>de</strong>. Você vai pro jogo bancando<br />
aquilo que você se propõem.<br />
Acho que a narração pelo fato <strong>de</strong> você estar sozinho ali diante do público, não<br />
necessariamente sem elementos cênico mas eventualmente até, eu entendo a<br />
narrativa como <strong>um</strong>a coisa mais direta. Um espetáculo teatral on<strong>de</strong> o público é<br />
<strong>um</strong> confi<strong>de</strong>nte direto. Você não o ignora. Você olha para ele, escolhe para<br />
quem olha, pergunta se quiser para ele. Então para manter esse negócio é <strong>um</strong><br />
exercício muito sincero. Se não você fica pedindo concessão para o cara. Fica<br />
aquele constrangimento.<br />
? Qual o grau <strong>de</strong> improvisação?<br />
Hoje <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 5 anos, mais <strong>de</strong> 400 apresentações o texto é aquele. O Grau <strong>de</strong><br />
improviso é 0 zero. A 4 anos que eu não improviso. Eventualmente,<br />
aci<strong>de</strong>ntalmente como qualquer outro espetáculo em função <strong>de</strong> algo que<br />
aconteça.<br />
Eu não faço concessão.<br />
O que tem <strong>de</strong> novida<strong>de</strong> é o fato <strong>de</strong> eu estar contando aquilo naquela hora,<br />
como se fosse a primeira vez.<br />
E o que tem <strong>de</strong> novo a cada dia é o público e eventualmente o espaço.<br />
O que mais mudou foram as intenções e pausas. Não só para agüentar contar<br />
o espetáculo porque é longo, mas também enten<strong>de</strong>r melhor o que eu quero<br />
dizer. Tem coisas que eu conto, que não faço questão que as pessoas<br />
entendam o texto.<br />
Eu falo para não enten<strong>de</strong>r mesmo. O que importa é a ação.<br />
E tem horas que o texto é fundamental.<br />
Tem varias pequenas coisas que eu criei no processo <strong>de</strong> amadurecimento da<br />
estrutura da dramaturgia final que a diretora fala que nem precisa. Mas que eu<br />
gosto e preservo.<br />
5) Como escolher os <strong>de</strong>talhes a ser contados e quais a serem omitidos?<br />
Com a ajuda fundamental do interlocutor externo que é o expectador<br />
privilegiado que assiste com freqüência e conhece bastante o processo. Que<br />
conhece cada vez mais o seu mecanismo e i<strong>de</strong>ntifica o que é <strong>um</strong>a pura<br />
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