programas - Gulbenkian Música - Fundação Calouste Gulbenkian
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Ludwig van<br />
Beethoven<br />
bona, 16 (ou 17) de dezembro de 1770<br />
viena, 26 de março de 1827<br />
Egmont, op. 84<br />
composição: 1810<br />
estreia (música de cena): 24 de maio de 1810<br />
estreia (abertura): 15 de junho de 1810<br />
duração: c. 45’<br />
Pouco homogéneas e escritas com propósitos<br />
diferentes, as onze aberturas de Beethoven<br />
constituem um grupo cujos exemplares<br />
mais conseguidos (e conhecidos) são parte<br />
fundamental da estética sinfónica do<br />
compositor. Quatro são aberturas de ópera,<br />
uma de bailado, uma de concerto e as outras<br />
cinco foram escritas para o teatro: uma delas,<br />
a Coriolano, op. 62, foi concebida como peça<br />
independente – ou seja, sem seguimento<br />
musical –, enquanto as outras quatro introduzem<br />
obras mais ambiciosas que, além da abertura,<br />
incluem música incidental, escrita para<br />
acompanhar e ilustrar uma ação dramática<br />
específica. Das que compõem este último<br />
grupo, a mais emblemática é indubitavelmente<br />
a abertura que introduz a música de cena escrita<br />
para Egmont. Todavia, enquanto a abertura<br />
propriamente dita goza de uma popularidade<br />
generalizada, sendo uma das mais interpretadas<br />
de Beethoven, o resto da obra teve a sorte<br />
contrária e quase desapareceu dos <strong>programas</strong><br />
de concerto.<br />
Beethoven compôs a música de cena para<br />
Egmont, peça em cinco atos de Johann Wolfgang<br />
von Goethe (1749-1832), escrita em 1787, em<br />
10<br />
resposta a uma encomenda do Burgtheater<br />
de Viena que planeava repô-la em cena.<br />
A estreia da música de cena deu-se a 26 de maio<br />
de 1810, embora a abertura, finalizada mais<br />
tarde, só tenha sido apresentada na quarta<br />
representação da peça, no dia 15 de junho.<br />
A peça de Goethe baseia-se num acontecimento<br />
real da história dos Países Baixos: a execução,<br />
em 1568, do conde de Egmont, às mãos<br />
do duque de Alba, governador da Flandres,<br />
então sob domínio espanhol. Goethe imagina<br />
então uma trama em que o jovem Egmont<br />
se torna símbolo da luta contra a opressão<br />
e do sacrifício pela liberdade. Na peça, Clara,<br />
a amada de Egmont (uma personagem fictícia,<br />
já que Egmont era, na realidade, casado e pai<br />
de filhos), depois de tentar salvá-lo sem sucesso<br />
toma uma poção envenenada para o acompanhar<br />
na morte. Ainda preso, Egmont tem uma visão<br />
em que a deusa da liberdade lhe aparece<br />
personificada em Clara. Egmont acaba por ser<br />
executado, numa cena em que Goethe previa<br />
uma Sinfonia da Vitória – não do homem,<br />
mas dos seus ideais –.<br />
É uma história que parece feita para Beethoven,<br />
sobretudo para o Beethoven do período<br />
clara e egmont, gravura de wilhelm kaulbach © dr