História da Província de Santa Cruz - Unama
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embarcações. Terá este rio sete léguas <strong>de</strong> boca pela qual entra tanta abundância <strong>de</strong><br />
água salga<strong>da</strong>, que <strong>da</strong>í cinqüenta léguas pelo sertão <strong>de</strong>ntro, é nem mais nem menos<br />
como um braço <strong>de</strong> mar até on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> navegar per entre as Ilhas sem nenhum<br />
impedimento. Aqui se metem dous rios nele que vem do sertão, per um dos quais<br />
entrarão alguns Portugueses quando foi do <strong>de</strong>scobrimento que foram fazer no ano<br />
<strong>de</strong> 35, e navegarão por ele a cima duzentas e cinqüenta léguas até que não po<strong>de</strong>rão<br />
ir mais por diante por causa <strong>da</strong> água ser pouca, e o rio se ir estreitando <strong>de</strong> maneira<br />
que não podiam já por ele caber as embarcações. Do outro não <strong>de</strong>scobrirão cousa<br />
alguma e assim se não sabe até gora don<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>m ambos.<br />
Outro mui notável sai pela ban<strong>da</strong> do Oriente ao mesmo Oceano a que<br />
chamam <strong>de</strong> Sam Francisco: cuja boca está em <strong>de</strong>z grãos e um terço, e será meia<br />
légua <strong>de</strong> largo. Este rio entra tão soberbo no mar, e com tanta fúria que não cega a<br />
maré à boca, somente faz algum tanto represar suas águas e <strong>da</strong>í três léguas ao mar<br />
se achá água doce. Corre-se <strong>da</strong> boca, do Sul pera o Norte: <strong>de</strong>ntro é muito fundo e<br />
limpo, e po<strong>de</strong>-se navegar por ele ate sessenta léguas como já se navegou. E <strong>da</strong>í por<br />
diante se não po<strong>de</strong> passar por respeito <strong>de</strong> uma cachoeira mui gran<strong>de</strong> que há neste<br />
passo on<strong>de</strong> cai o peso <strong>da</strong> água <strong>de</strong> mui alto. E acima <strong>de</strong>sta cachoeira se mete o<br />
mesmo rio <strong>de</strong>baixo <strong>da</strong> terra, e vem sair uma légua <strong>da</strong>í, e quando há ceias arrebenta<br />
por cima e arrasa to<strong>da</strong> a terra. Este rio proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lago mui gran<strong>de</strong> que está no<br />
intimo <strong>da</strong> terra, on<strong>de</strong> afirmam que há muitas povoações, cujos moradores (segundo<br />
fama) possuem gran<strong>de</strong>s haveres <strong>de</strong> ouro e pedraria. Outro rio mui gran<strong>de</strong>, e um dos<br />
mais espantosos do mundo, sai pela mesma ban<strong>da</strong> do Oriente em trinta e cinco<br />
grãos, a que chamam rio <strong>da</strong> Prata o qual entra no Oceano com quarenta léguas <strong>de</strong><br />
boca: e é tanto o ímpeto <strong>de</strong> água doce que traz <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as vertentes do Peru, que<br />
os navegantes primeiro no mar bebem suas águas, que vejam a terra don<strong>de</strong> este<br />
bem lhes proce<strong>de</strong>. Duzentas e setenta léguas por ele acima está edifica<strong>da</strong> uma<br />
Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> povoa<strong>da</strong> <strong>de</strong> Castelhanos que se chama Ascensão. Até aqui se navega por<br />
ele, e ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>í por diante muitas léguas. Neste rio pela terra <strong>de</strong>ntro se vem meter<br />
outro a que chamam Paraguai, que tão bem proce<strong>de</strong> do mesmo lago como o <strong>de</strong><br />
Sam Francisco que atras fica. Além <strong>de</strong>stes rios há outros muitos que pela costa<br />
ficam, assim gran<strong>de</strong>s como pequenos, e muitas ensea<strong>da</strong>s, baias, e braços <strong>de</strong> mar,<br />
<strong>de</strong> que não quis fazer menção, porque meu intento não foi se não escolher as<br />
cousas mais notáveis e principais <strong>da</strong> terra, e trata-las aqui somente em particular,<br />
para que assim não fosse notado <strong>de</strong> prolixo e satisfizesse a todos com brevi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
CAPITULO III<br />
Das Capitanias e povoações <strong>de</strong> portugueses que há nesta <strong>Província</strong><br />
Tem esta <strong>Província</strong>, assim como vai lança<strong>da</strong> na linha Equinocial para o Sul,<br />
oito Capitanias povoa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Portugueses, que contém ca<strong>da</strong> uma em si pouco mais<br />
ou menos cinqüenta léguas <strong>de</strong> costa, e <strong>de</strong>marcam-se umas <strong>da</strong>s outras por uma linhá<br />
lança<strong>da</strong> Leste oeste: e assim ficam limita<strong>da</strong>s per estes termos entre o mar Oceano e<br />
a linhá <strong>da</strong> repartição geral dos Reis <strong>de</strong> Portugal e Castela. As quais Capitanias El<br />
Rey Dom João, o terceiro <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong> plantar nestas partes a Religião CHRISTÃ,<br />
or<strong>de</strong>nou em seu tempo escolhendo para o governo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las vassalos<br />
seus <strong>de</strong> sangue e merecimento, em que cabia esta confiança, os quais edificarão<br />
suas povoações ao longo <strong>da</strong> costa nos lugares mais convenientes e acomo<strong>da</strong>dos<br />
que lhes pareceu para a viven<strong>da</strong> dos moradores. To<strong>da</strong>s estão já mui povoa<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
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