16.04.2013 Views

Scarlatti e a música no reino dos melômanos - ECA-USP

Scarlatti e a música no reino dos melômanos - ECA-USP

Scarlatti e a música no reino dos melômanos - ECA-USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

3. As i<strong>no</strong>vações das suas Sonatas se deram de maneira espontânea ou foram<br />

conceituais?<br />

4. A possível leitura <strong>dos</strong> pensadores da primeira metade do século XVIII<br />

influenciaram <strong>no</strong> processo de composição das Sonatas?<br />

Um levantamento <strong>dos</strong> livros existentes na corte de Fernando VI poderia projetar<br />

alguma luz a essas questões. Saber o que Maria Bárbara lia, eventualmente estudava –<br />

além da <strong>música</strong> -, talvez traga alguma resposta de como isso pôde ou não ter<br />

influenciado a concepção estética das Sonatas.<br />

Outra questão diz respeito não aos pensadores de sua época, mas aos românticos<br />

do século XIX. Parece evidente a admiração e reverência de Maria Bárbara pelo seu<br />

professor de <strong>música</strong>, a ponto de pedir a seu pai que <strong>Scarlatti</strong> e sua família a<br />

acompanhassem à corte de Madri e que ele se ocupasse tão somente em compôr peças<br />

para teclado solo. Em sua juventude, <strong>Scarlatti</strong> foi tão ativo em to<strong>dos</strong> os campos da<br />

composição musical quanto seu pai, Allessandro. Escreveu desde trabalhos teatrais até<br />

<strong>música</strong> religiosa. Seu Stabat Mater para dez vozes e continuo é uma verdadeira obra-<br />

prima. Compôs e produziu quinze óperas (algumas das quais se perderam ou estão<br />

incompletas), quinze obras religiosas, algumas obras vocais não religiosas e quarenta e<br />

cinco cantatas. Mas foi na <strong>música</strong> para cravo, à qual se dedicou completamente, que ele<br />

demonstrou sua grandeza e criou um ideal que se encontra entre os mais geniais de<br />

to<strong>dos</strong> os tempos. <strong>Scarlatti</strong>, <strong>no</strong>s seus últimos a<strong>no</strong>s, não compôs para os ofícios da corte<br />

mas sim para uma única pessoa, sua musa e intérprete. Dedicou-se tão somente à <strong>música</strong><br />

pura, podendo desfrutar da liberdade de incluir em suas composições elementos<br />

inusita<strong>dos</strong> ou até mesmo estranhos às formas musicais convencionais. Pode-se, então,<br />

considerar que tenha produzido cem a<strong>no</strong>s antes o que <strong>no</strong> século XIX foi conceitualizado<br />

como “<strong>música</strong> absoluta”, a mais elevada das artes? De forma intencional ou não, a<br />

profunda e fértil interlocução entre <strong>Scarlatti</strong> e Maria Bárbara parece ter contribuído para<br />

o processo de auto<strong>no</strong>mização da <strong>música</strong>.<br />

Conclusão<br />

Parece provável que a singularidade da relação entre Domenico <strong>Scarlatti</strong> e a<br />

rainha Maria Bárbara, <strong>no</strong> que diz respeito à própria <strong>música</strong> e às suas particularidades,<br />

contribuiu para o processo de auto<strong>no</strong>mização da <strong>música</strong>, do qual <strong>Scarlatti</strong> foi um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!