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Aristofanes - A Cidade - ESEC

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Coro de Homens<br />

Nuno - Cá entre nós sempre há cada ovelha ranhosa!<br />

Trigeu<br />

(Ao público.) Ao menos, vocês, os que torcem pela paz, toca a puxar! Coragem!<br />

Coro de Homens<br />

Força! Força! Todos!<br />

Hermes<br />

Já está quase!<br />

Coro de Homens<br />

Dinis - (Que desiste.) Nada de fraquezas! Mais força! Mais! Coragem!<br />

Hermes<br />

Isso mesmo! Vamos!<br />

Coro de Homens<br />

U-upa! U-upa! Todos! U-upa! U-upa! U-upa! U-upa! U-upa! Todos!<br />

Pára a banda quando a Paz, que sai lentamente do chão, aparece toda enxovalhada. A Banda<br />

começa a tocar nova música festiva. Saltam do chão a Deusa dos Frutos e a Folgança (bailarina em<br />

trajes levíssimos). A Paz imóvel. A Folgança dança. A Deusa dos Frutos tira cestas de uvas do<br />

buraco e distribui cachos de uvas.<br />

Trigeu<br />

(Para a Paz.) Ó deusa, protectora das vinhas, que posso dizer-te neste momento? Onde hei-de ir<br />

arranjar uma palavra de mil canadas para te saudar? (Recolhe o seu cacho de uvas.) Viva, Deusa<br />

dos Frutos! (Comendo uvas.) Viva, Folgança! Que palminho de cara, Folgança! Que bafo suave o teu<br />

para o meu coração! Ó doçura das doçuras!<br />

Trigeu persegue a Folgança dançando e disputando-a com o soldado Cinésias, que já ficou fixado<br />

nela.<br />

Coro de Homens (Todos às uvas. Menos Dinarte que se faz à Paz.)<br />

Bruno - Salve! Salve!<br />

Dinarte - Que alegria ter-te de volta, minha querida amiga!<br />

Nuno - Ando morto de saudades, uma vontade sobre-humana a puxar-me para os campos.<br />

Dinarte - (Tentando fazer um discurso) Eras para nós a maior das riquezas, saudosa amiga, para<br />

todos quantos trabalhávamos na terra. Eras o nosso único amparo. Para os camponeses eras o pão<br />

e a salvação. Por tudo isto, os vinhedos, as figueiras ainda tenras, a natureza inteira te hão-de<br />

receber em festa, com o seu melhor sorriso.<br />

A Paz sai finalmente do sítio, farta da conversa, acompanhada sempre por Dinarte, e vai-se. A banda<br />

vai atrás. O Coro dos Homens sai a dançar com a Folgança e a Deusa dos Frutos e segue-os<br />

Lisístrata, que já é Palas Atena. Fica um soldado em cena, a comer o seu cacho.<br />

Um Soldado do Coro de Homens<br />

Dinis - (Para o público.) Que alegria, que alegria ver-me livre do elmo, do queijo e das cebolas!<br />

Guerras não me cheiram! Mas dou o cavaquinho por ficar à lareira, a emborcar uns copos com os<br />

amigos; faço uma fogueira e toca a grelhar umas ervilhinhas, a assar uns bagos de faia, e a arrancar<br />

um beijo à Trata, enquanto a minha mulher está no banho.<br />

Nada há mais agradável do que, feitas as sementeiras, ver o deus a mandar chuvinha, e dizer a um<br />

vizinho: ‗Apetece-me uma boa pinga.‘ ‗Anda, mulher, assa-me aí três medidas de feijão e arranja-nos<br />

uns figos e quatro pedaços de lebre, se é que o gato, de noite, se não safou com eles.‘ ‗Dêem aí um<br />

berro ao Carínades para vir beber um copo connosco…‘ No tempo em que a cigarra entoa o seu<br />

doce canto, todo me delicio a passar em revista os meus vinhedos e a ver crescer os figos. Depois,<br />

quando ficam maduros, meto-lhes o dente com gozo, sempre a decantar: ‗Ah! Rica estação!‘ E é<br />

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