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Ciclo comemorativo - Academia Brasileira de Letras

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do jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo. De lá remeteu uma série <strong>de</strong> reportagens,<br />

que se tornariam célebres. Entretanto, o interesse maior da série é o<br />

fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser vista a posteriori como o embrião <strong>de</strong> Os sertões.<br />

Essa guerra foi um marco na história da imprensa nacional <strong>de</strong>vido<br />

a seu impacto fora do comum: pela primeira vez no país proce<strong>de</strong>u-se<br />

a uma cobertura jornalística em bloco no palco dos acontecimentos,<br />

viabilizada pela recente instalação <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> telégrafo sulcando o<br />

sertão. As principais folhas <strong>de</strong> Rio, São Paulo e Bahia criaram uma<br />

coluna especial, quase sempre intitulada “Canudos”, <strong>de</strong>dicada exclusivamente<br />

ao assunto, por toda a duração da guerra. Além disso,<br />

estampavam qualquer coisa: invencionices, pareceres dogmáticos <strong>de</strong><br />

militares <strong>de</strong> partido previamente tomado, documentos forjados, cartas<br />

falsas. A divulgação <strong>de</strong> todos esses materiais tinha por objetivo<br />

comum reforçar a idéia <strong>de</strong> uma iminente restauração monárquica. A<br />

utilização <strong>de</strong>sse veículo era imperativa: à época, o jornal constituía o<br />

mass medium por excelência, no vácuo da futura invenção da comunicação<br />

audiovisual.<br />

<br />

Voltando da guerra, Eucli<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>dica a acumular uma notável<br />

gama <strong>de</strong> saberes para enfrentar seu objeto, e só em 1902, cinco anos<br />

<strong>de</strong>pois, o livro é lançado, com êxito fulminante. É com a primeira parte,<br />

intitulada “A Terra”, abrindo o livro como um majestoso pórtico,<br />

esplêndido em suas galas literárias, que o leitor entra em contato com<br />

Os sertões, mediante o privilégio concedido ao espaço.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a região <strong>de</strong> Canudos <strong>de</strong> três pontos <strong>de</strong> vista, a saber,<br />

o topográfico, o geológico e o meteorológico, o autor trata-a<br />

com paixão, dando margem a imponentes quadros naturais. Os rios<br />

se precipitam, saltam e tombam em catadupas, enquanto a terra firme<br />

imita a movimentação fluvial nas contorções <strong>de</strong> seus aci<strong>de</strong>ntes e<br />

98<br />

Walnice Nogueira Galvão

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