parnasianismo e simbolismo - CENPRO - Concursos Militares e ...
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A poesia de fin de siécle:<br />
<strong>parnasianismo</strong> e <strong>simbolismo</strong><br />
Profa. Elisângela Lopes
PARNASIANISMO<br />
• Academias científicas: centros difusores das<br />
correntes científicas<br />
• Academias de poetas: olhar racional sobre a<br />
realidade<br />
• Parnaso: espaço dedicado a deus Apolo, lugar<br />
de inspiração poética<br />
• Movimento anti-romântico: retomada da<br />
forma poética
PARNASIANISMO<br />
• Publicação da antologia Lê parnasse<br />
Contemporain, 1866<br />
• “A Arte pela Arte”<br />
• Poesia mais técnica do que<br />
sentimental/essencial<br />
• Distanciamento poético
DIFERENCIAÇÃO<br />
• Realismo e Naturalismo: analisar a realidade<br />
social e humana por meio da produção em<br />
prosa assentada nos ideais científicos<br />
• Parnasianismo: distanciamento da realidade e<br />
do objeto poético a fim de buscar certa<br />
perfeição na forma
PARANASIANISMO NO BRASIL<br />
• Movimento contemporâneo ao<br />
Realismo/Naturalismo que visava o combate<br />
aos excessos românticos na poesia;<br />
• Principais autores: Raimundo Correia, Alberto<br />
de Oliveira, Olavo Bilac<br />
• Início: Fanfarras, de Teófilo Dias, 1882
CARACTERÍSTICAS<br />
• Poesia descritiva, ou seja, menos analítica;<br />
• Preocupação com a técnica de composição: a<br />
métrica, o ritmo, a rima;<br />
• Busca da perfeição formal;<br />
• Distanciamento do eu lírico em relação ao<br />
objeto poético;<br />
• Resgate de temas da Antiguidade Clássica;
CARACTERÍSTICAS<br />
• MARCOS DO PARNASO BRASILEIRO<br />
• Preferência pelo soneto<br />
• Impessoalidade<br />
• Preciosismo vocabular
OLAVO BILAC<br />
• técnica poética: precisão vocabular que<br />
convive com a sutileza do espírito poético<br />
• “chave de ouro” – síntese das idéias expressas<br />
no último terceto do poema<br />
• amor; sentimento nobre e transcendente<br />
• Metalinguagem<br />
• Jogo de sensações e impressões
Última flor do lácio, Olavo Bilac<br />
Última flor do Lácio, inculta e bela,<br />
És, a um tempo, esplendor e sepultura:<br />
Ouro nativo, que na ganga impura<br />
A bruta mina entre os cascalhos vela...<br />
Amo-te assim, desconhecida e obscura.<br />
Tuba de alto clangor, lira singela,<br />
Que tens o trom e o silvo da procela,<br />
E o arrolo da saudade e da ternura!
Última flor do lácio, Olavo Bilac<br />
Amo o teu viço agreste e o teu aroma<br />
De virgens selvas e de oceano largo!<br />
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,<br />
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",<br />
E em que Camões chorou, no exílio amargo,<br />
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Profissão de fé, Olavo Bilac<br />
(excertos)<br />
Invejo o ourives quando escrevo:<br />
Imito o amor<br />
Com que ele, em ouro, o alto relevo<br />
Faz de uma flor.<br />
Imito-o. E, pois, nem de Carrara<br />
A pedra firo:<br />
O alvo cristal, a pedra rara,<br />
O ônix prefiro.
Profissão de fé, Olavo Bilac<br />
(excertos)<br />
Torce, aprimora, alteia, lima<br />
A frase; e, enfim,<br />
No verso de ouro engasta a rima,<br />
Como um rubim.<br />
Quero que a estrofe cristalina,<br />
Dobrada ao jeito<br />
Do ourives, saia da oficina<br />
Sem um defeito:
• CONTEXTO:<br />
SIMBOLISMO<br />
• Competição militar entre as nações europeias<br />
(origens da I Guerra Mundial)<br />
• Avanço do movimento operário
• Sentimento artístico<br />
SIMBOLISMO<br />
• Pessimismo: descrença quanto à razão servir<br />
de parâmetro para o entendimento de tudo;<br />
• Realidade considerada enganosa<br />
• Desejo de investigar o poder dos símbolos:<br />
estímulo aos sentidos como forma de<br />
apreender a realidade<br />
• Sugestão de ideias
SIMBOLISMO<br />
• Texto poético: sugestão de experiências<br />
sensoriais (sinestesia)<br />
• Busca pelo desconhecido, pelo inexplicável
SIMBOLISMO<br />
• Aproximação Parnasianismo/Simbolismo:<br />
Finalidade da arte é produzir o belo<br />
• Distinção Parnasianismo/Simbolismo:<br />
afirmação do mistério que vai além das<br />
explicações objetivas e racionais
CARACTERÍSTICAS<br />
• Justaposição de vários versos sem verbos :<br />
sugestão imagética;<br />
• Sinestesias<br />
• Maiúsculas alegorizantes; personificação<br />
• Presença de reticências: sugestão<br />
• Exploração da musicalidade das palavras<br />
(aliterações e assonâncias)
CRUZ E SOUSA<br />
• Profundidade filosófica e angústia metafísica<br />
• Recorrência de termos ligados à cor branca:<br />
neve, névoas, alvas, brumas, lírios, palidez –<br />
busca incessante pela pureza, pela essência;<br />
• Redundância enfática
Alucinações, Cruz e Sousa<br />
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,<br />
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,<br />
Desespero do Mar, furiosa ventania,<br />
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.<br />
Velhas chagas do sol, ensangüentadas chagas<br />
De ocasos purpurais de atroz melancolia,<br />
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria<br />
Da trágica ruína em vastidões pressagas.<br />
Para onde tudo vai, para onde tudo voa,<br />
Sumido, confundido, esboroado, à-toa,<br />
No caos tremendo e nu dos tempo a rolar?<br />
Que Nirvana genial há de engolir tudo isto -<br />
- Mundos de Inferno e Céu, de Judas e de cristo,<br />
Luas, chagas do sol e turbilhões do Mar?!
Cárcere das almas, Cruz e Sousa<br />
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,<br />
Soluçando nas trevas, entre as grades<br />
Do calabouço olhando imensidades,<br />
Mares, estrelas, tardes, natureza.<br />
Tudo se veste de uma igual grandeza<br />
Quando a alma entre grilhões as liberdades<br />
Sonha e, sonhando, as imortalidades<br />
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.<br />
Ó almas presas, mudas e fechadas<br />
Nas prisões colossais e abandonadas,<br />
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!<br />
Nesses silêncios solitários, graves,<br />
que chaveiro do Céu possui as chaves<br />
para abrir-vos as portas do Mistério?!
ALPHONSUS DE GUIMARÃES<br />
• Misticismo associado à ideia da morte<br />
• Imagens delirantes
Ismália, Alphonsus de Guimarães<br />
Quando Ismália enlouqueceu,<br />
Pôs-se na torre a sonhar...<br />
Viu uma lua no céu,<br />
Viu outra lua no mar.<br />
No sonho em que se perdeu,<br />
Banhou-se toda em luar...<br />
Queria subir ao céu,<br />
Queria descer ao mar...<br />
E, no desvario seu,<br />
Na torre pôs-se a cantar...<br />
Estava perto do céu,<br />
Estava longe do mar...
Ismália, Alphonsus de Guimarães<br />
E como um anjo pendeu<br />
As asas para voar...<br />
Queria a lua do céu,<br />
Queria a lua do mar...<br />
As asas que Deus lhe deu<br />
Ruflaram de par em par...<br />
Sua alma subiu ao céu,<br />
Seu corpo desceu ao mar...