capitéis - Unifra
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Joselaine Aparecida Garret Tura<br />
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO<br />
CAPITÉIS: FÉ E RELIGIOSIDADE NA QUARTA COLÔNIA DE IMIGRAÇÃO<br />
ITALIANA NO RIO GRANDE DO SUL (NOVA PALMA 1890 - 1925)<br />
Santa Maria, RS<br />
2012<br />
1
Joselaine Aparecida Garlet Tura<br />
CAPITÉIS: FÉ E RELIGIOSIDADE NA QUARTA COLÔNIA DE IMIGRAÇÃO<br />
ITALIANA NO RIO GRANDE DO SUL (NOVA PALMA 1890 - 1925)<br />
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ensino e Pesquisa em História, do<br />
Centro Universitário Franciscano, como requisito parcial para obtenção do grau de –<br />
Licenciada em Ensino e Pesquisa em História.<br />
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto da Rosa Rangel<br />
Santa Maria, RS<br />
2012<br />
2
Joselaine Aparecida Garlet Tura<br />
CAPITÉIS: FÉ E RELIGIOSIDADE NA QUARTA COLÔNIA DE IMIGRAÇÃO<br />
ITALIANA NO RIO GRANDE DO SUL (Nova Palma 1890-1925)<br />
Monografia apresentada ao Curso de Gradação em Ensino e Pesquisa em História, do Centro<br />
Universitário Franciscano, como requisito parcial para a obtenção do grau de – Licenciada em<br />
Ensino e Pesquisa em História.<br />
_______________________________________________<br />
Prof. Dr. Carlos Roberto Rangel - Orientador (<strong>Unifra</strong>)<br />
___________________________________<br />
Profª. Ms Roselâine Casanova Corrêa (<strong>Unifra</strong>)<br />
________________________________<br />
Prof. Drº.Vitor Otávio Fernandes Biasoli (UFSM)<br />
Aprovado em 18 de junho de 2012<br />
3
O pessimista queixa-se do vento<br />
4<br />
O otimista espera que ele mude,<br />
O realista ajusta as velas.<br />
(William George Ward)
AGRADECIMENTOS<br />
Aos professores Carlos Rangel e Roselâine Casanova Corrêa, meus sinceros<br />
agradecimentos pela a orientação e incentivo durante o transcurso deste trabalho.<br />
A meu marido e filho pelo apoio e compreensão pelos os momentos que eu estive<br />
ausente, me dedicando ao curso.<br />
acadêmica.<br />
Aos meus colegas, pela convivência ao longo do curso.<br />
Aos professores do curso, pela contribuição e dedicação durante a minha vida<br />
Aos meus entrevistados pela disposição e colaboração nas entrevistas.<br />
A minha amiga Luciane, pelo incentivo, e pela companhia nas visitas aos <strong>capitéis</strong>.<br />
As minhas colegas, Nívia e Izabel amigas em todos os momentos.<br />
Muito obrigada!<br />
5
RESUMO<br />
Esta monografia trata de uma pesquisa sobre o tema fé e religiosidade a partir dos <strong>capitéis</strong><br />
(pequenos oratórios) construídos pelos imigrantes italianos no município de Nova Palma, nos<br />
anos de 1890 á 1925. O objetivo geral foi fazer um mapeamento dos <strong>capitéis</strong> construído no<br />
referido período, bem como registrar suas características construtivas, sua função social e<br />
elementos arquitetônicos. Teve como fontes documentos existentes nos arquivos do Centro de<br />
Pesquisas Genealógicas (CPG) de Nova Palma, imagens dos referidos <strong>capitéis</strong>, pesquisa<br />
bibliográficas sobre imigração italiana, religiosidade e patrimônio. Fez-se uso também de<br />
alguns relatos orais. Foi feita uma cronologia dos sete <strong>capitéis</strong> trabalhados com o ano de<br />
fundação de cada um, com o nome de seus fundadores e data de restauração. Durante a<br />
pesquisa percebeu-se o desenvolvimento de uma religiosidade popular no período estudado, a<br />
qual serviu de conforto espiritual, assim como base para a organização e convívio social<br />
desses imigrantes.<br />
Palavras-chave: Capitéis, Imigração, Religiosidade.<br />
ABSTRACT<br />
This monograph deals with a study on the subject of faith and religion from the capitals (small<br />
shrines) built by Italian immigrants in the city of Palma Nova, in the years 1890 to 1925. The<br />
overall objective was to map the capitals built in that period as well as cataloging their<br />
construction, its social and architectural elements. This monograph had as source documents<br />
in the files of the Genealogical Research Center (CPG) of Palma Nova, the capitals of these<br />
images, bibliographic research on Italian immigration, religion and heritage. There was also<br />
some use of oral reports. It was made a chronology of the seven capitals worked with the<br />
foundation year of each with the name of its founders and restore date. During the research<br />
saw the development of a popular religion in the period, which served as spiritual comfort, as<br />
well as the basis for the organization and social life of these immigrants.<br />
Keywords: Capitals, Immigration, Religiosity.<br />
6
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8<br />
1. A IMIGRAÇÃO ITALIANA E A RELIGIOSIDADE POPULAR ..................................... 10<br />
2. RELIGIOSIDADE POPULAR ENTRE OS IMIGRANTES ITALIANOS ........................ 15<br />
3. OS CAPITEIS COMO PATRIMONIO CULTURAL MATERIAL ................................... 19<br />
3.1 Capitel de Santa Apolônia .............................................................................................. 22<br />
3.2 Capitel São Luiz .............................................................................................................. 24<br />
3.3 Nossa Senhora da Glória ................................................................................................. 26<br />
3.4 Capitel Santo Antônio – Rincão Santo Antônio ............................................................. 27<br />
3.5 Capitel de Sant’ Ana ....................................................................................................... 29<br />
3.6 Capitel de São Caetano da Providência .......................................................................... 30<br />
3.7 Capitel Nossa Senhora do Rosário de Pompéia .............................................................. 31<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................32<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 34<br />
ANEXOS .................................................................................................................................. 37<br />
ANEXO 1 - Mapa de Localização da Quarta Colônia ............................................................. 38<br />
ANEXO 2 – Mapa do município de Nova Palma com a localização dos Capitéis trabalhados<br />
.............................................................................................................................................. 39<br />
ANEXO 3 – Lista de nomes dos quarenta e dois <strong>capitéis</strong> de Nova Palma...............................40<br />
ANEXO 4 – Roteiro geral das entrevistas................................................................................41<br />
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INTRODUÇÃO<br />
O objetivo geral dessa monografia é fazer um mapeamento dos <strong>capitéis</strong> localizados na<br />
comunidade de Nova Palma, construídos no período de 1890 a 1925, com o propósito de<br />
catalogar suas características construtivas, sua função social e elementos arquitetônicos.<br />
Como objetivos específicos buscou-se localizar e catalogar os sete <strong>capitéis</strong> selecionados,<br />
sendo estes os primeiros construídos pelos imigrantes italianos, como bens esculturais do<br />
patrimônio histórico e cultural da região de Nova Palma. Além disso, Investigar a função<br />
social que tiveram estes lugares de religiosidade. A partir dos dois objetivos citados<br />
anteriormente, contextualizar historicamente as práticas religiosas que ocorriam junto aos<br />
<strong>capitéis</strong> no referido período.<br />
A pesquisa reveste-se de importância porque o patrimônio cultural da comunidade de<br />
Nova Palma necessita de um levantamento histórico e de uma contextualização que a presente<br />
monografia pretende atender parcialmente. Além disso, proporcionou uma visão mais clara<br />
sobre religiosidade popular, e catolicismo oficial, presentes até hoje na vida sócio cultural da<br />
região.<br />
Esta monografia terá como base fontes documentais, bibliográficas, iconográficas e<br />
memoriais. Foi necessário percorrer os documentos existentes nos arquivos do CPG (Centro<br />
de Pesquisas Genealógicas) do município, como a cronologia dos referidos <strong>capitéis</strong> bem como<br />
seus fundadores. O centro foi criado em junho de 1984 e organizado pelo Padre Luiz<br />
Sponchiado. Pe. Luizinho, assim chamado, percebeu que a memória dos imigrantes italianos e<br />
seus documentos de origem deveriam ser preservados como bens patrimoniais. Iniciou seu<br />
acervo com a genealogia da sua família, a partir daí passou a dedicar-se aos registros, a<br />
pesquisa e guarda da memória dos imigrantes e descendentes italianos da Quarta Colônia de<br />
Imigração Italiana do Rio Grande do Sul.<br />
O referido centro é composto de registros de genealogias, escritos diários,<br />
documentos, fotografias, livros, depoimentos orais com gravações em fita cassetes. Está sendo<br />
realizado o processo de transferências das fitas cassetes para DVDs.<br />
Há um número significativo de autores que abordaram o tema imigração italiana,<br />
religiosidade e fé, os quais serviram como base bibliográfica da pesquisa.<br />
Também far-se-á o uso de fontes orais, através de entrevistas feitas a alguns<br />
responsáveis pelos <strong>capitéis</strong> ou pessoas que de uma forma ou de outra fazem parte da família<br />
dos fundadores. Cabe ressaltar que se tratando de memória, as reminiscências individuais são<br />
o ponto de partida para o entendimento da memória coletiva, pois ambas se entrelaçam entre<br />
8
si. No caso, ao entrevistar uma única pessoa responsável pelo o capitel, ela busca em sua<br />
memória como este foi construído, quem os construiu, as pessoas que faziam parte deste<br />
passado, sua relação com elas e como eram os encontros familiares para o momento de<br />
oração. Como ressalta Halbwachs (1990), o processo de construção das memórias é sempre ao<br />
mesmo tempo individual e coletivo, memória individual porque quem refaz as memórias com<br />
sentido é o indivíduo, coletivo, pois é o grupo que lhe dá legitimidade e partilha de<br />
significação. Portanto ninguém constrói historia sozinho, de forma isolada em relação aos<br />
outros indivíduos. (Halbwachs,1990 apud Zanini 2007p.4).<br />
Segundo Stefanello (2010, p.21) não há uma memória verdadeira, o que existe é a<br />
possibilidade de acessar uma memória reconstituída e essa reconstituição cria ritos e símbolos<br />
que através da prática unificam e dão sentido a um grupo. É nesse processo que a memória<br />
adquire um papel fundamental, pois a afirmação de uma identidade se dá pelo resgate<br />
histórico de um passado.<br />
Desta forma a monografia apresenta os seguintes capítulos, o primeiro aborda a<br />
Imigração Italiana e a Religiosidade Popular, o segundo capitulo refere-se à Religiosidade<br />
Popular entre os Imigrantes Italianos, o terceiro e último capitulo trata dos Capitéis como<br />
Patrimônio Cultural Material.<br />
9
1. A IMIGRAÇÃO ITALIANA E A RELIGIOSIDADE POPULAR<br />
A história como área de conhecimento, tem passado por transformações significativas<br />
nas últimas décadas, abrindo espaço para novas fontes de pesquisa, novo objetos, novas<br />
problemáticas e abordagens temáticas. Se antes o interesse dos historiadores se detinha na<br />
história das relações políticas e institucionais da igreja priorizando as relações entre a igreja e<br />
o estado, a partir da década de 80 surgem trabalhos que enfatizam os comportamentos e<br />
atitudes de determinados grupos religiosos (REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO N 67, 2006).<br />
Na presente monografia a questão da religiosidade esta intimamente associada com o<br />
fenômeno da imigração de italianos para o Rio Grande do Sul. No final do século XIX e<br />
início do século XX, a América passou a receber um grande fluxo de pessoas vindas da<br />
Europa, principalmente do Norte da Itália, originários de diferentes províncias. Vários fatores<br />
impulsionaram esses imigrantes a deixarem sua terra natal e aventurarem-se para a América,<br />
uma terra até então desconhecida. A superlotação do campo era fruto do injusto regime<br />
econômico vigente na Europa, pois a maior parte das terras se concentrava nas mãos de uma<br />
minoria, sobrando muito pouco para as classes pobres.<br />
Com a abolição da estrutura feudal, a Europa passou por uma renovação agrícola e<br />
demográfica. O meio rural começou a sofrer modificações: o camponês que antes podia<br />
cultivar a terra e transmitir a seus descendentes passou a ser proprietário dela com a condição<br />
de ceder um terço da produção ao senhor. Esta reforma acabou desfavorecendo ainda mais o<br />
pequeno camponês, ou ele tornava-se trabalhador agrícola a serviço do senhor ou passava a<br />
arrendar terras suplementares (AZEVEDO, 1975, p. 26-27).<br />
Entre outras causas da emigração européia desse período, pode-se destacar: as causas<br />
externas como as revoltas nacionalistas e camponesas no século XIX na Europa; o<br />
crescimento populacional no continente europeu; o crescimento das cidades; a necessidade de<br />
controlar seu crescimento e expelir a mão de obra excedente. Além disso, a progressiva<br />
mecanização da agricultura; o empobrecimento geral das terras e a redução de mercados para<br />
produtos manufaturados foram responsáveis pelo movimento migratório na Europa neste<br />
período (DACANAL; GONZAGA, 1980 p.278).<br />
Nas últimas décadas do século XIX, a Itália começou a enfrentar sérios problemas<br />
político-sociais, motivando um movimento emigratório. A Itália naquele momento<br />
apresentava um pequeno mercado consumidor agrícola e poucas possibilidades de<br />
crescimento bem como a falta de capital para a indústria e a falta de mercado de trabalho<br />
assalariado estável.<br />
10
Após a unificação, o Norte da Itália passou a industrializar-se de forma mais ágil,<br />
adotando uma política de caráter protecionista, com altas taxas alfandegárias incentivando o<br />
investimento estrangeiro, suprindo a falta de capital da indústria italiana. Dessa forma,<br />
desfavoreceu-se o pequeno artesão, sem meios para concorrer com a industrialização e<br />
dificultando a agricultura do Sul voltada para a exportação.<br />
De acordo com Zanini (2007, p.6) as grandes migrações daquele período devem ser<br />
interpretadas, sem sombra de dúvidas, a partir do considerando-se o desenvolvimento do<br />
capitalismo em nível global das forças de atração e repulsão de contingentes humanos.<br />
O Brasil foi um dos países que recebeu o maior número de imigrantes italianos. Um<br />
dos fatores que proporcionou esta grande demanda foi à política de colonização baseada na lei<br />
de terras de 1850, que incentivou a imigração. O estado (império) passa a reafirmar o poder<br />
sobre as terras devolutas, e declara extinta a lei de doações de terras através de sesmarias. No<br />
caso do Rio Grande do Sul, houve uma imigração formada por pequenos núcleos (pequena<br />
propriedade). Em São Paulo os imigrantes italianos substituíram a mão-de-obra escrava nas<br />
grandes plantações. O interesse do estado em modificar as estruturas da sociedade brasileira,<br />
recorrendo aos povos europeus para cultivar a pequena propriedade não agradou aos grandes<br />
proprietários de terras. Os mesmos temiam um confronto com o novo modelo de propriedade.<br />
(BONI, 1984, p. 23).<br />
Os imigrantes que vieram para o Rio Grande do Sul provenientes do Norte da Itália, na<br />
maior parte vênetos e lombardos, eram na grande maioria agricultores e possuíam um forte<br />
vínculo com a terra. A situação difícil que se encontravam, devido à exploração dos donos das<br />
terras, os faziam sonhar com a América. Todos queriam ser proprietários: essa ambição da<br />
propriedade funda-se na idéia de que ela seria a única condição para melhorar de vida<br />
(SANTIN, 1986, p.23).<br />
No norte da Itália se concentravam a maioria das indústrias. Já no sul era composta por<br />
latifúndios. Apesar de ter indústria sendo a mais expressiva a têxtil, o país recém-unificado<br />
ainda era agrário. Os camponeses do sul trabalhavam pelo sistema de meias, nas terras dos<br />
latifúndios e os do norte, pequenos proprietários, eram castigados com altos impostos e com<br />
métodos atrasados de cultivo.<br />
A soma desses fatores acabou prejudicando o desenvolvimento econômico do país<br />
aumentando a fome e a miséria de grande parte dos camponeses. Segundo Giron (1992, p.52)<br />
a imigração se torna a solução para a crise e os camponeses ao partirem para a América,<br />
fugiam da fome, do trabalho fatigante, dos baixos salários, do alto aluguel da terra e do<br />
serviço militar.<br />
11
Para Sori (1979, p.13), a unificação da península acelerou o ingresso no sistema<br />
capitalista, a partir das regiões setentrionais. A introdução da máquina em larga escala<br />
aumentou os capitais à medida que restringia o mercado de trabalho desalojando os homens<br />
de suas ocupações tradicionais e destruindo o artesanato que aumentava a renda do agricultor,<br />
ocasionando a desintegração econômica e social do campo caracterizada em muitas áreas pela<br />
miséria rural.<br />
Esse ambiente de modernização capitalista e transformações políticas acirrava a crença<br />
religiosa das classes sociais mais afetadas negativamente. O receio quanto ao futuro fazia com<br />
que a fé em Deus aumentasse naturalmente como forma de conforto espiritual. Deve-se dizer<br />
que tal religiosidade, entre os italianos, era preponderantemente católica.<br />
A colonização italiana do Rio Grande do Sul teve as primeiras colônias agrícolas<br />
fundadas em 1870 pelo governo provincial que foram: Conde D’Eu, atual Garibaldi, e Dona<br />
Isabel, atual Bento Gonçalves. Em 1875, o governo imperial fundou Nova Palmira, atual<br />
Caxias do Sul. No que se refere à colonização italiana na região central do estado, na Serra de<br />
São Martinho, seu marco histórico inicial ocorreu no ano de 1877, quando foi criada, por<br />
decreto imperial, a Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul, destinada a<br />
receber os imigrantes italianos, com o objetivo de povoar uma área devoluta pertencente ao<br />
governo imperial.<br />
Nas últimas décadas do séc. XIX, a situação da Quarta Colônia de Imigração Italiana<br />
começa a passar por mudanças significativas em relação a sua administração. Em 1882 foi<br />
extinto o regime de colônia imperial, desta data em diante a colônia passou a ser chamada<br />
oficialmente de ex-colônia e juridicamente passa a ser o 5º distrito de Santa Maria. É a<br />
primeira colônia Imperial da província a ser emancipada. (SPONCHIADO, 1996 p.60).<br />
Em 1891, uma parte da ex-colônia foi integrada ao novo município de Vila Rica<br />
(depois Julio de Castilhos), enquanto outra extensão do território ficava para Cachoeira do<br />
Sul. O restante ficou ligado a Santa Maria. Emancipada a colônia, continuou o fluxo de<br />
imigrantes espontâneos. Não podendo contar com as terras particulares circunstantes a<br />
solução foi aproveitar ás áreas devolutas vizinhas. Criam-se então diversos núcleos em terras<br />
devolutas, onde hoje estão os municípios de Faxinal do Soturno, Nova Palma, Dona<br />
Francisca, Ivorá, São João de Polesine e Pinhal Grande. Estes são os municípios que hoje<br />
compõem a Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul (SANTIN, 2002,<br />
p.14).<br />
12
Figura 1: Local denominado de Barracão, hoje localidade de Val de Buia (Silveira Martins) em que se instalaram<br />
os primeiros imigrantes.<br />
Fonte: PIROTTI, Achilles. Local denominado de Barracão, hoje localidade de Val de Buia (Silveira Martins).<br />
Silveira Martins 16.8.1988.1 fotografia, 8 cm x 12cm.In: Arquivo do Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova<br />
Palma. Sala da documentação de famílias.<br />
Os imigrantes que povoaram esta região vieram do Norte da Itália, basicamente das<br />
regiões de Vêneto, Mântova e Buia. Quando eles chegaram, instalaram-se num vale, hoje<br />
denominado de Val de Buia, ali montaram acampamento, em barracos, provavelmente um<br />
grande “barracão” esta versão é transmitida pelos descendentes italianos através da história<br />
oral. O nome Silveira Martins surgiu em 1879, dois anos após a chegada dos imigrantes como<br />
forma de homenagear o Senador do Império, Gaspar Silveira Martins que possuía muito<br />
prestígio na região.<br />
O processo de emancipação de Silveira Martins ocorreu em dezembro de 1987. No<br />
inicio do século XX, a localidade contava com quinze mil habitantes, enquanto estimativas<br />
atuais giram em torno de cinco mil habitantes. A base da sua economia está centrada na<br />
agricultura, sendo que o principal produto cultivado é a batata inglesa.<br />
Para Dalmolin (1997 p.8), a denominação Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio<br />
Grande do Sul, mesmo na contemporaneidade, possui um valor de referência concreto e<br />
simbólico ao mesmo tempo. O nome Quarta Colônia teria sido atribuída pelo Padre Luizinho<br />
Sponchiado, estudioso da imigração italiana local, durante festejos do centenário de imigração<br />
italiana no estado, considerando os termos cronológicos de criação: a quarta uma vez que já<br />
havia três, Cond D’ Eu hoje (Garibaldi) Dona Isabel (Bento Gonçalves) e Campo dos Bugres<br />
(Caxias do Sul).<br />
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O município de Nova Palma localiza-se na região central do Estado pertencente à<br />
Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul. É constituído por três distritos<br />
(Sede, Vila Cruz e Caemborá). As origens do município de Nova Palma estão historicamente<br />
vinculadas ao desenvolvimento da Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS, instalada a<br />
partir de 1882, em Silveira Martins.<br />
Em 1884, Siqueira Couto, responsável pelo loteamento, denominou o local de<br />
“Soturno”, cujo rio de mesmo nome serviu de marco zero para o loteamento de terras. Em<br />
1907, o nome foi alterado para Nova Palma, por sugestão do padre Francisco Burmann aos<br />
líderes locais, em função da grande quantidade de coqueiros existentes na região, chamados<br />
de “palmas” pelos imigrantes. Nova Palma inicialmente pertenceu a Rio Pardo, depois<br />
Cachoeira do Sul, seguida de São Martinho, por último passou a pertencer à vila Rica (atual<br />
Júlio de Castilhos). Nova Palma Palma emancipou-se em janeiro de 1961, possui atualmente<br />
seis mil e quatrocentos habitantes, onde a grande parte da população se encontra no meio<br />
rural.<br />
Nova Palma busca, cada vez mais, se destacar no meio turístico e no setor<br />
agropecuário. Entre seus habitantes, encontram-se descendentes principalmente de italianos,<br />
de poucos descendentes de alemães e portugueses. Sua economia é baseada na agropecuária,<br />
desenvolvida em minifúndios, onde se destaca o plantio de soja, milho, feijão e fumo. A<br />
pecuária leiteira é a segunda fonte de renda do município.<br />
14
2. RELIGIOSIDADE POPULAR ENTRE OS IMIGRANTES ITALIANOS<br />
Designar um conceito para “popular” é difícil, pois até meados do século XIX o termo<br />
remetia a algo vulgar e suscitava atributos pejorativos, como supersticioso e grosseiro. De<br />
qualquer forma, a designação de “popular” é normalmente empregado em relação às classes<br />
sociais subalternas, ou aos indivíduos que ocupam uma posição periférica na organização de<br />
uma dada sociedade. Refere-se desta forma, as manifestações de modo muito simples, se<br />
designa “religiosidade popular” aquelas manifestações religiosas que não são controladas pela<br />
a igreja e que se expressam de forma espontânea.<br />
Quando se trabalha com religiosidade popular, deve-se levar em conta que se trata de<br />
um conceito extremamente amplo e leva em conta as mais variadas manifestações religiosas.<br />
Portanto, esta monografia abordará mais os critérios sociológicos e teológicos, além de levar<br />
em conta que essas manifestações não são homogêneas, mas se modificam dependendo do<br />
espaço e da sociedade na qual estão inseridas (AZEVEDO, 1966 p.184).<br />
Segundo Neto (2000, p.32):<br />
Torna-se menos dificultoso um delineamento do termo religiosidade popular, não<br />
pelo que ele representa, mas, ao contrário, pelo que não representa: a religiosidade<br />
popular, portanto, não é corpo eclesial nem corpo doutrinário, configurando-se em<br />
uma religiosidade dotada de razoável independência da hierarquia eclesiástica –<br />
incluindo-se aí toda a documentação oficial da Igreja e todos os teólogos<br />
elaboradores da doutrina –, independência essa ao caráter sistemático do catolicismo<br />
oficial, materializada em uma explosão quase íntima ao “sagrado”, humanizando-o,<br />
sentindo-o próximo, testando-o e sentindo sua força por métodos criados, não pelo<br />
clero, mas pelos próprios devotos, métodos esses que são transmitidos, em sua<br />
grande totalidade, oralmente. Em suma, o vivido em oposição ao doutrinal.<br />
Maria Isaura Queirós (1968 p.12) e Cândido Camargo (1973 p.14) concordam com<br />
Azevedo (1966, p.184) e destacam as práticas cotidianas dessa religiosidade, ou seja, o<br />
costume de “pagar” e de “fazer” promessas, reverenciar santos, rezar novenas.<br />
Muitas vezes, o culto do Santo da devoção do indivíduo é mais importante do que do<br />
padroeiro da comunidade. Thales de Azevedo (1966, p.184), um dos representantes desta<br />
tendência, ao tentar identificar a maneira pela qual se constituía o catolicismo popular,<br />
destacou que se tratava de um movimento de natureza privada, ainda que os dogmas sejam de<br />
natureza institucional pública. As práticas religiosas se restringiriam às relações diretas entre<br />
o individuo e o santo de devoção ou o individuo e Deus.<br />
Nesta perspectiva, a religiosidade popular relaciona-se mais com a estrutura da<br />
comunidade local do que com a sociedade nacional e mantém relativa autonomia em relação à<br />
15
igreja formal. Dentre as várias classificações de práticas religiosas católicas elaboradas por<br />
Queiros, a que mais se aproxima do objeto de estudo desta monografia é o catolicismo rústico<br />
constituído por comunidades rurais, dispersas em extensões territoriais, vivendo numa<br />
economia de subsistência, com um senso de comunidade muito forte. Seidl (2008p. 78)<br />
concorda com Queiros, no caso dos imigrantes italianos onde o sistema de colonização<br />
ocorreu em meio ao isolamento, heterogeneidade dialetal e geográfica. A identificação<br />
religiosa fez com que os colonos se agregassem e construíssem sua vida social nas colônias.<br />
Esse tipo de catolicismo se traduziria pela devoção comum a santos padroeiros locais,<br />
no qual a capela do Santo ocuparia o lugar de destaque na comunidade. Para Alba Zaluar<br />
(1983), o estudo das relações entre uma religião oficial e o seu contraste, a religião popular,<br />
levou muitos autores a afirmarem que numa manifestação de religiosidade comunitária, o fiel<br />
utilizaria elementos que são características da religião oficial. Atitudes como rezar orações<br />
oficiais ou pedir a celebração da missa para pagar uma promessa feita a um santo<br />
demonstrariam a manutenção dos laços institucionais, pois o devoto continuaria<br />
considerando-se ligado à sua igreja. Sendo assim, “o catolicismo popular deriva tanto de uma<br />
matriz erudita, quanto de uma tradição coletiva e anônima”. (ZALUAR, 1983, p.32).<br />
Os imigrantes italianos da ex-colônia de Silveira Martins, no caso os que colonizaram<br />
“Soturno,” hoje Nova Palma, mantiveram sempre um vínculo entre religiosidade popular<br />
(<strong>capitéis</strong>) e religiosidade oficial (igreja católica). Pois embora se encontrando nos <strong>capitéis</strong>,<br />
rezando o terço invocando ao santo de devoção “por saúde, boa colheita, etc. eles almejavam<br />
muito a presença de um padre, onde pudessem assistir a missa, comungar, confessar-se,<br />
batizar seus filhos e enterrar seus mortos, ou seja, baseado nos preceitos dogmáticos do clero<br />
na figura da Santíssima Trindade, na figura do indivíduo e nos sacramentos.” (BIASOLI,<br />
2011p. 119). As figuras paternas e maternas bem como os avós propiciaram uma piedade<br />
acentuada em relação às almas do purgatório, muito presente na vida dessas pessoas. A<br />
preocupação pela salvação parece estar unida à preocupação dos imigrantes e descendentes<br />
quanto à sobrevivência pelo trabalho. (FOCHESATTO, 1977p. 12) O que confirma que<br />
oração família e trabalho foram à base da formação social desses imigrantes. Cabe destacar,<br />
segundo o entrevistado, filho do fundador do capitel de Santo Antônio, Aurélio Bertoldo, que<br />
no período de secas a peregrinação ao capitel era quase diária. Essas manifestações de<br />
religiosidade popular entre os imigrantes italianos demonstra o forte vínculo com o Sagrado,<br />
como descreve Galvão (1979, p.31):<br />
16
Os santos podem ser considerados como divindades que protegem o indivíduo e a<br />
comunidade contra os males e infortúnios. A relação entre o indivíduo e o Santo<br />
baseia-se num contato mútuo, a promessa cumprindo aquela sua parte do contrato, o<br />
Santo fará o mesmo. Promessas “são pagas” adiantadamente para se obrigar o santo<br />
a retribuir sob a forma do benefício pedido.<br />
Numa visão teológica, a religiosidade popular é percebida como sinônimo de<br />
catolicismo popular, pois se preocupa mais com a base de uma ação pastoral do que com um<br />
conhecimento científico. Deste modo, a religiosidade popular é vista enquanto modo de viver,<br />
de pensar e de praticar a religião. Consistiria em atos, pensamentos, ações, enfim, tudo aquilo<br />
que expressaria a religião. (BATISTA, 1982, p.109).<br />
Ao referir-se sobre as crenças e os comportamentos dos imigrantes italianos, de um<br />
modo geral na quarta colônia, pode-se dizer que esses colonos possuíam suas crenças, suas<br />
práticas religiosas, seus projetos de autonomia e impunham essas exigências, especialmente<br />
em relação aos sacerdotes. (VENDRAME, 2007, p. 18).<br />
É importante lembrar que, quando a colônia de Silveira Martins foi criada, não<br />
recebeu de imediato nenhum sacerdote para atender espiritualmente os primeiros imigrantes<br />
italianos que lá se estabeleceram. Somente alguns anos depois é que Vale Veneto tornou-se o<br />
centro espiritual da colônia com a chegada dos primeiros padres. De Vale Veneto iniciaram o<br />
processo de evangelização em toda a região. Zanini (2006 p.137) enfatiza que:<br />
Foi à vivência religiosa que permitiu a manutenção cultural e moral dos italianos,<br />
bem como a sensação de que entre os imigrados e a terra natal havia ainda muitos<br />
vínculos, pois italianidade e catolicismo, nos primeiros tempos da colonização,<br />
andaram juntas.<br />
Segundo Vendrame (2007, p.19), os conflitos que ocorreram na Quarta Colônia,<br />
especialmente com a chegada da missão dos palotinos no Vale Vêneto, em 1886, deixaram<br />
claro que a luta do clero para estabelecer a igreja romanizada foi árdua e continua. Sobre a<br />
dificuldade para que os dogmas e preceitos da religião católica oficial prevalecessem um<br />
padre palotino, ao se referir através de uma carta ao superior geral, mencionou os colonos<br />
italianos como “fiéis envaidecidos, hostil a qualquer sacerdote que não participassem de suas<br />
idéias” (VENDRAME, 2007 p.19).<br />
Biasoli (2007, p.122) concorda com Vendrame de que houve (e ainda há) esse<br />
pequeno universo, assim como constante “resistência”, mas entende que a igreja conquistou o<br />
eixo da vida sócio-cultural dos imigrantes e descendentes. A igreja instalou a cruz da<br />
romanização no centro da vida dessas comunidades e, com muita habilidade, permitiu que<br />
sobrevivessem alguns arcaísmos contrários à doutrina. Se tratando dos imigrantes italianos<br />
17
que se instalaram no Soturno, hoje município de Nova Palma após a chegada do clero<br />
coexistiria, de forma pacifica a religiosidade popular (catolicismo popular) com o catolicismo<br />
oficial (romanizado). Até porque, os colonos italianos traziam consigo as representações de<br />
uma igreja romanizada, com a formação de uma ética puritana, onde a hierarquia era sagrada<br />
e a presença e a participação leiga eram espontâneas (COCCO, s.d p.2).<br />
Ao trabalhar com os <strong>capitéis</strong>, pude compreender a importância da figura do padre-<br />
leigo. Ele surgiu com a organização comunitária nas colônias italianas do Rio Grande do Sul.<br />
Como o próprio nome indica padre-leigo é o padre não ordenado que exerce as funções<br />
delegadas ao padre. Suas atividades variam muito, sendo que, em alguns casos, imitavam em<br />
tudo que o padre fazia inclusive rezar missas, com exceção da eucaristia, realizavam batizados<br />
em casos de necessidade.<br />
Presidiam também as orações dominicais, cerimônias de sepultamento, novenas e<br />
procissões e ofícios da Semana Santa. As cerimônias realizadas pelo padre-leigo eram menos<br />
solenes que as realizadas pelos padres. Coube ao padre-leigo a recitação do terço dominical<br />
acompanhado de cânticos, todas as cerimônias eram realizadas segundo a imagem de santos<br />
trazidos de sua terra natal. O padre-leigo era escolhido por seus conhecimentos litúrgicos e<br />
por sua liderança e por sua liderança natural e devia promover a construção da igreja e a<br />
coordenação da comunidade no culto e no encontro social. (MAESTRI, 2000 p.46)<br />
Não menos interessante que as origens dos <strong>capitéis</strong> foram, sem dúvida, as experiências<br />
vividas pelos padres-leigos, as quais revelam um dos aspectos mais importante da vida do<br />
imigrante italiano, ou seja, a participação efetiva dos leigos no culto, na liturgia e na vida da<br />
Igreja Católica.<br />
O culto comunitário, sempre ministrado pelo leigo, consistia na oração do terço,<br />
novena ou tríduo, preces em hora de calamidades públicas, na orientação do ensino religioso<br />
às crianças. O culto motivava os encontros e estes promoviam o grupo social.<br />
Embora o termo capitel se identifique com o nome da parte superior da coluna<br />
clássica, regionalmente ele expressa um local de culto popular. Situados à beira das estradas<br />
ou em encruzilhadas, construídos de madeira, pedra ou tijolos, os <strong>capitéis</strong> marcaram a<br />
religiosidade das primeiras gerações de imigrantes italianos, que encontravam na oração<br />
forças e esperança em meio às dificuldades num mundo desconhecido e distante de sua terra<br />
natal. (MANFROI, 2001, p.7).<br />
A profunda vida cristã dos imigrantes fez com que, já de início, resolvessem os<br />
problemas que começaram a surgir durante a viagem para o Brasil e também na chegada aos<br />
barracões e nas suas próprias terras em meio à mata virgem. Foi grande o abandono a que<br />
18
foram relegados, inclusive com a falta de assistência religiosa. A necessidade de superar, a<br />
seu modo, a falta de sacerdotes, desencadeou toda uma iniciativa espontânea entre os<br />
católicos leigos que os fez, adaptando-se ao local e às possibilidades, ter no Brasil o que<br />
haviam deixado no Itália.<br />
O colono que reunia todas as noites, a sua família para rezar o terço. No final da<br />
semana reuniam-se às outras famílias para diante de uma imagem da Virgem ou de Santo,<br />
colocada em templo improvisado, celebrarem o terço dominical.<br />
Nesses primeiros encontros, os colonos sentiram a necessidade de ter um local de<br />
oração mais apropriado, onde a cerimônia religiosa pudesse ser realizada de forma mais<br />
solene, melhor organizada e dirigida por alguém, entre eles, que se destacasse por seus<br />
conhecimentos litúrgicos.<br />
Assim, cada linha ou travessão procurou construir o seu local de oração junto aos<br />
caminhos, principalmente nas encruzilhadas, a fim de facilitar aos colonos o acesso a estes<br />
locais que eram dedicados aos santos devotos. (COSTA, BATISTEL, 1981)<br />
Este costume foi trazido da Itália, onde cada vilarejo possuía uma igreja do seu santo<br />
padroeiro e continuou nas colônias italianas como um das suas principais características.<br />
Os simples locais de oração resultantes do espírito comunitário unido à religiosidade<br />
própria do italiano evoluíram numa linha social, promovendo a comunidade sob o ponto de<br />
vista religioso e social.<br />
A religiosidade popular do imigrante italiano era manifestada geralmente em dois<br />
momentos importantes. Primeiramente eram realizadas as solenidades religiosas nos <strong>capitéis</strong><br />
com peregrinações, procissões, novenas, quase sempre ligadas a fenômenos naturais, a<br />
produção agrícola, ás doenças e principalmente aos cultos, aos santos padroeiros. Em segundo<br />
lugar vinha “a sagra” a festa profana, com comidas, bebidas, jogos, rifas e leilões.<br />
O convívio social do imigrante italiano se dava entre as famílias e as comunidades,<br />
através da oração, do trabalho, lazer (festas). Os <strong>capitéis</strong>, por sua vez, marcaram o local<br />
desses encontros, com sua simbologia sagrada.<br />
3. OS CAPITEIS COMO PATRIMONIO CULTURAL MATERIAL<br />
No município de Nova Palma foram construídos ao todo quarenta e dois <strong>capitéis</strong>, os<br />
nomes estão em anexo- 3. A construção dos <strong>capitéis</strong> teve início em 1890, logo na chegada dos<br />
19
imigrantes italianos indo até 1975, período que antecedeu o Centenário de Imigração Italiana<br />
do Rio Grande do Sul.<br />
De 1890 a 1930, o período foi caracterizado pela presença somente de <strong>capitéis</strong> que<br />
eram construídos em terras particulares, principalmente em encruzilhadas, formando o ponto<br />
de encontro das famílias. Era geralmente na base de três a quatro famílias para cada capitel.<br />
Nos <strong>capitéis</strong> eram colocadas as imagens dos santos de devoção, devoção esta que os<br />
imigrantes italianos trouxeram de seu local de origem. Na Itália, cada vila tinha seu santo<br />
padroeiro, venerado não tanto como modelo cristão de virtudes, mas principalmente como<br />
protetor mágico que auxilia nos momentos de necessidades ou nas adversidades<br />
(FOCHESATTO, 1977, p.26). Neste período, teve início também a construção das primeiras<br />
capelas, que garantiriam mais tarde a presença de um padre.<br />
Os <strong>capitéis</strong> começaram a ser restaurados em 1981, dos quarenta e dois existentes trinta<br />
foram recuperados. O Padre Luizinho, então pároco de Nova Palma; foi incentivador e<br />
coordenador do projeto. Além de padre, Luiz Sponchiado era pesquisador da imigração<br />
Italiana, e encarou os <strong>capitéis</strong> também através do viés de historiador. Na ZERO HORA de 29<br />
de agosto de 1993, noticiou a restauração dos <strong>capitéis</strong> “A Igreja Católica de Nova Palma esta<br />
restaurando um dos marcos da religiosidade popular, os <strong>capitéis</strong> como são conhecidas às<br />
pequenas capelas construídas há um século pelos imigrantes italianos”.<br />
O termo patrimônio remete à propriedade de algo que pode ser deixado de herança. É<br />
todo o conjunto de utensílios, hábitos, usos e costumes, crenças e formas de vida de uma<br />
sociedade. Como na noção de cultura, no conceito de patrimônio cultural também são<br />
indissociáveis as dimensões materiais e simbólicas. Por isso, Barreto (2000), defendendo a<br />
expressão “legado cultural”, sugere ser mais abrangente do que “patrimônio”, que nos remete<br />
a uma materialidade da questão. Não basta restaurar ou manter os objetos concretos de uma<br />
determinada época. É preciso preservar também o significado e as memórias ligadas a esses<br />
elementos concretos. A manutenção do patrimônio histórico passa pela conservação e<br />
recuperação da memória, graças à qual os povos mantêm sua identidade individual ou<br />
coletiva:<br />
O conceito de memória coletiva refere-se a uma memória exterior ao indivíduo,<br />
cumulativa, que guarda acontecimentos há muito ocorridos. Essa memória é o<br />
invólucro das memórias individuais e conserva, de maneira própria, os fatos<br />
acontecidos na sociedade á qual o indivíduo pertence. O indivíduo, por sua vez,<br />
precisa recorrer a essa memória coletiva quando quer saber sobre fatos que não<br />
testemunhou e que fazem parte do seu passado e de sua comunidade (BARRETO,<br />
2000, p.45).<br />
20
Na Quarta Colônia de Imigração Italiana, a identidade étnica é resultado de uma<br />
construção simbólica feita em relação à identificação com determinadas características étnicas<br />
e com uma história e cultura comuns. Independente do dialeto falado ou da região de origem<br />
na Itália, todos se definem como italianos. Portanto, o conceito de identidade implica o<br />
sentimento de pertencimento a uma determinada comunidade, cujos indivíduos não se<br />
conhecem na totalidade, mas partilham de uma mesma história, de uma mesma tradição.<br />
Manter algum tipo de identidade significa manter laços extemporâneos aos<br />
antepassados a um local, a uma terra, aos costumes e hábitos que os informa quem são e de<br />
onde vêm. Na Quarta Colônia, no caso dos imigrantes italianos, a constituição da identidade<br />
local e social não está ligada somente à religião católica, mas também a outras práticas<br />
sociais, como é o caso da gastronomia, da música, da dança.<br />
Em Nova Palma, onde a maioria é descendente de italianos, esta gastronomia étnico-<br />
cultural se mantém muito presente, através da massa, rizoto, radicci, queijo, cuca e vinho.<br />
Todo o ano, na semana do município, é promovido o filo (prato de doce ou salgado) como<br />
manifestação cultural, bem como o tradicional jantar italiano.<br />
Em publicações recentes, tem ocorrido grande discussão sobre a nova noção de cultura<br />
e abrangência do conceito Patrimônio Cultural. Através de novos olhares tem sido construído<br />
um universo maior e diversificado de fontes. Para Cecília Rodrigues dos Santos (2001 p. 44),<br />
abrangência conceitual da abordagem do Patrimônio Cultural está relacionada com a própria<br />
definição antropológica da cultura, como tudo que caracteriza uma população humana ou<br />
como um conjunto de modos de ser, viver, pensar e falar de cada formação.<br />
Todo o conhecimento que uma sociedade tem de si mesma e as diferenças que<br />
estabelece com as outras sociedades afetam o meio material em que vive, tem efeitos sobre a<br />
própria existência, inclusive nas formas de expressão simbólica desse conhecimento, através<br />
das idéias da construção de objetos e das práticas rituais e artísticas.<br />
Entende- se por patrimônio cultural material os bens específicos como as construções,<br />
os artefatos e os objetos em geral. A cultura imaterial, chamada simbólica pela antropologia,<br />
contém uma enorme variedade de manifestações, entre as quais podem ser citadas as danças, a<br />
culinária, o vestuário e a religiosidade popular (BARRETTO, 2000, p.29-30).<br />
Em Nova Palma, a Lei Orgânica Municipal no artigo 97, atribui ao Plano Municipal de<br />
Educação, parágrafo sétimo, a tarefa de resgatar a história local e regional. Desta forma, a<br />
promoção humanística e o resgate da história local e regional estão inseridos no projeto de<br />
educação municipal, como mostra os artigos 98 e 100 na seção que se refere á cultura:<br />
21
Art- 98 - O município estimulará a cultura e suas múltiplas<br />
manifestações, garantindo o pleno efetivo exercício dos direitos<br />
culturais e o acesso as fontes da cultura apoiando e incentivando a<br />
produção a valorização e a difusão das manifestações culturais.<br />
Além disso, está sendo construído no município um museu que abrigará o CPG<br />
(Centro de Pesquisas Genealógicas). Nesse esforço de conservação do patrimônio histórico e<br />
cultural do município, é oportuno destacar a figura do Padre Luizinho Sponchiado<br />
(22.02.1922-16.03.2010), que sempre se preocupou com a preservação das raízes culturais<br />
dos antepassados. (imigrantes italianos).<br />
Nesta monografia trabalha-se com o patrimônio cultural material e imaterial. No caso<br />
dos <strong>capitéis</strong>, foram monumentos construídos no final do século XIX até mais da metade do<br />
século XX, pelos imigrantes italianos no município de Nova Palma, para servir de local de<br />
culto e oração. E o patrimônio imaterial é a própria religiosidade popular desses imigrantes.<br />
De fato, não há como trabalhar a dimensão material sem considerar sua significação,<br />
pois como lembra Gonçalves (2005, p.10) não há patrimônio que não seja ao mesmo tempo<br />
condição e efeitos de determinadas modalidades de autoconsciência individual ou coletivas.<br />
Nos subtítulos seguintes serão apresentados os <strong>capitéis</strong> estudados, cuidando-se para<br />
que sejam descritos em sua forma e que haja uma revisão sobre as alterações que sofreram ao<br />
longo do tempo. Esse esforço tanto faz o mapeamento detalhado desse patrimônio cultural,<br />
como acrescenta informações úteis aos futuros pesquisadores que se interessarem pelo<br />
assunto.<br />
3.1 Capitel de Santa Apolônia<br />
Figura 2 - Capitel Santa Apolônia<br />
22
Fonte: Acervo da autora<br />
Os imigrantes do núcleo Soturno, hoje Nova Palma, iniciaram cedo sua religiosidade e<br />
devoção. Após seis anos de sua fundação, foi construído o primeiro capitel (1890) dedicado a<br />
Santa Apolônia na localidade de Linha Duas (sic). As seis primeiras comunidades do<br />
município são chamadas de linha, forma encontrada pelos primeiros imigrantes para separar<br />
territorialmente uma comunidade da outra. Ainda hoje permanecem as localidades com esses<br />
nomes Linha Um, Linha Duas, Linha Três, Linha Cinco, Linha Sete e Linha Onze.<br />
Este capitel de Santa Apolônia foi construído pelo casal Giuseppe e Sabina Tomasi,<br />
trouxeram consigo a devoção a Santa, invocada nas dores de dentes. A imagem da santa traz<br />
nas mãos uma ferramenta, em forma de um boticão (instrumento cirúrgico usado para extrair<br />
dentes), simbolizando a proteção para as dores de dentes. Deve ser levado em conta que esses<br />
imigrantes recém-chegados em meio à mata, era muito comum recorrer á religião, a Deus para<br />
solução de seus problemas, seja de ordem espiritual ou material.<br />
Tomasi foi um dos primeiros proprietários de moinho na região. Os colonos após<br />
percorrerem longos caminhos, enfrentando dificuldades de toda ordem, tinham de suportar<br />
longas esperas para receberem o produto da moagem do milho que haviam trazido. Tomasi<br />
era também um “santeiro” (fabricador de imagens de santo em madeira ou pedra de areia), era<br />
importante para a família italiana ter o seu santo que era denominado “o grande santo”<br />
encomendado no santeiro de acordo com sua devoção. Além dos ofícios de moageiro e<br />
santeiro, Giuseppe atendia também aos colonos que em meio às esperas enfrentavam fortes<br />
dores de dentes. Era um ponto de encontro devido às atividades de Tomasi, e a presença do<br />
capitel.<br />
23
Distante a 2 km da sede do município, o acesso mais utilizado é a estrada que liga o<br />
centro da cidade ao Distrito de Vila Cruz (Linha Sete), caminho percorrido em estrada de<br />
chão batido em meio à mata nativa e paisagens encantadoras formadas pelos morros<br />
existentes no município. No caminho, constata-se um típico casarão italiano na beira da<br />
estrada.<br />
O capitel de Santa Apolônia está localizado em uma encruzilhada, construído numa<br />
elevação de fácil acesso. Com as cores em amarelo e azul nos frisos e nos pequenos<br />
pináculos, se destaca na paisagem circundante. Uma cruz trifoliada completa a fachada,<br />
possuindo também uma porta que protege o altar, de estilo neo-gótico, singelo, mas<br />
encantador, que abriga a imagem da santa. O capitel possui uma altura de 2,61m por 1,61 m<br />
de largura e 2,53 m de comprimento.<br />
inscrições:<br />
No capitel em destaque encontra-se o ano de 1950, e três placas com as seguintes<br />
3.2 Capitel São Luiz<br />
Figura 3 – Imagens do capitel de São Luiz<br />
Fonte: Acervo da autora<br />
“Homenageamos no Centenário da Colonização os que formados ou sem diploma se<br />
dedicaram á cura de doenças, à solicitude com os enfermos e cuidados com a saúde<br />
caseira e popular. Refeito pela 3ª vez por José e Hermínia Faccin com Madalena<br />
Boezio a 9.2.1950, restaurado por grupo de centenário a 17.1.1988. Promessa do<br />
casal Giuseppe e Sabina Tomasi a 9.02.1898, reconstruído em Alvenaria por Silvio<br />
Graciosa Tomazi a 9.2.1923”.<br />
Localizado no povoado do distrito de Vila Cruz (Linha Sete) a 8 km da sede do<br />
município. O caminho para chegar ao capitel dedicado a São Luiz é marcado por estradas de<br />
chão batido, existentes em todos os caminhos interioranos do município. Ao longo do<br />
24
percurso, percebe-se a presença da mata nativa e algumas habitações pela proximidade. O<br />
capitel São Luiz foi construído no ano 1893, pelo casal Luiz e Tereza Stefanello e restaurado<br />
em 25.09.1984 em virtude à comemoração dos 100 anos de imigração italiana no Rio Grande<br />
do Sul.<br />
O capitel São Luiz possui 2,65 m de altura e 1,65 de largura com 1,88 m de<br />
comprimento. É feito todo de concreto, inclusive o telhado, possui uma porta oval de ferro<br />
com setas na parte superior facilitando a visão interna do capitel. No capitel São Luiz há a<br />
presença de uma placa com os seguintes dizeres:<br />
“No centenário de nossa colonização, lembramos nossos veneráveis bispos que vieram<br />
a nós em visita pastoral.<br />
1º Dom João Antônio Pimenta – Bispo Coadjutor do Rio Grande do Sul – fez a primeira visita<br />
pastoral em Soturno a 15/12/1907.<br />
2º Dom Miguel de Lima Val verde – primeiro Bispo de Santa Maria. Visitou-nos desde o ano<br />
de 1912 - 1921 (4 vezes)<br />
3º Dom Ático Eusébio da Rocha - segundo Bispo de Santa Maria. Visitou-nos desde o ano de<br />
1925 -1928 (duas vezes)<br />
4º Dom Antônio Reis pessoalmente ou por delegado visitou-nos desde o ano de 1932 – 1957<br />
(7vezes).<br />
5º Dom Luiz Victor Sartori – quarto Bispo de Santa Maria visitou-nos no ano de 1969<br />
cinquentenários paroquial.<br />
6º Dom Érico Ferrari – quinto Bispo de Santa Maria visitou-nos e morreu a serviço a<br />
29.04.1973.<br />
7º Dom José Ivo Lorscheiter – sexto Bispo de Santa Maria visitou-nos de 1976 até o<br />
centenário por duas vezes.”<br />
Em 1938, o pedreiro Aldo Londero, a pedido da família de Luiz Stefanello realizou a<br />
reforma do capitel, que recebeu também uma imagem nova do santo, que antes era em forma<br />
de quadro, foi substituída por uma em escultura. O responsável pelo capitel São Luiz hoje é<br />
João Stefanello, neto do fundador.<br />
Segundo João Stefanello, seu avô escolheu o nome São Luiz para o capitel devido seu<br />
nome ser Luiz. O capitel foi construiu numa encruzilhada bem próxima de sua residência em<br />
razão de uma promessa, pois neste local teriam mortas quatro pessoas durante a Revolução<br />
Federalista (1893-1895). O primeiro nome dado à comunidade foi Linha Sete devido à divisão<br />
dos lotes de terras em linhas, mas devido à presença da Cruz do Século colocada pelos<br />
imigrantes numa colina a comunidade também passou a ser chamada de Vila Cruz.<br />
25
Aos domingos à tarde, todos se reuniam no capitel onde além de rezar o terço, tiravam<br />
um tempo para jogar cartas, para conversar sobre o trabalho na lavoura, enfim era um<br />
momento também de descontração entre os imigrantes. Mesmo com um padre fixo e uma<br />
capela na sede (Nova Palma), as pessoas continuavam a se encontrar nos <strong>capitéis</strong>. Seu avô<br />
Luiz, dizia que na Itália também havia <strong>capitéis</strong>. Seu João, zelador do capitel, comenta que<br />
enquanto estiver vivo o capitel pertencente a sua família não corre o risco de ser abandonado.<br />
O nome dos bispos Diocesanos, na placa do capitel, vem demonstrar que os imigrantes<br />
italianos conciliaram a religiosidade popular, com o catolicismo oficial, ao tempo que<br />
manifestavam uma religiosidade popular através da devoção aos santos nos <strong>capitéis</strong>, também<br />
participavam dos sacramentos instituídos pelo catolicismo oficial (Igreja Católica). O clero e<br />
os imigrantes tiveram uma convivência moldada de maneira que ambos se entendessem. Para<br />
Vendrame (2007, p.239), os imigrantes italianos que se instalaram na ex-colônia de Silveira<br />
Martins trouxeram consigo crenças próprias de uma cultura agrária e preocupavam-se com<br />
problemas imediatos de sua vivência, como a saúde, e as doenças. O clero (representantes da<br />
Igreja Ultramontana) se demonstrava de forma compreensiva, pois não podiam se omitir em<br />
relação a essas crenças dos colonos acabariam perdendo espaço nas comunidades.<br />
O Ultramontismo, do século XIX se caracterizou por uma série de atitudes da igreja<br />
católica, num movimento de reação a algumas correntes teológicas e eclesiásticas, ás novas<br />
tendências políticas desenvolvidas após a Revolução Francesa e a secularização da sociedade<br />
moderna. A igreja Ultramontana na Quarta Colônia era representada pela Pia Sociedade Das<br />
Missões, com os missionários palotinos com objetivo de afirmar o poder Papal e sua<br />
hierarquia. .<br />
Desta forma, ao dialogar com as crenças dos imigrantes, os sacerdotes trabalharam para que<br />
o seu projeto religioso de reforçar os aspectos teológicos da vivência religiosa, como os<br />
sacramentos as celebrações, fosse seguido nos núcleos coloniais.<br />
3.3 Nossa Senhora da Glória<br />
Figura 4 – Imagens do capitel da Nossa Senhora da Glória<br />
26
Fonte: Acervo da autora<br />
O capitel Nossa Senhora da Glória, posteriormente chamado de Ave Maria, foi<br />
construído à beira do caminho, no interior da comunidade de Linha Sete, na propriedade de<br />
Ângelo Facco, no ano de 1905. Segundo documentos do arquivo do Centro de Pesquisas<br />
Genealógicas de Nova Palma, este capitel foi construído de lages, ferro, e tijolos feito<br />
manualmente por pessoas da própria comunidade.<br />
Padre Guido em visita a comunidade, onde também faria a benção das casas,<br />
aproveitou a oportunidade para benzer o oratório, onde as famílias mais próximas rezavam o<br />
terço todos os domingos. A diocese de Santa Maria autorizou o pároco da paróquia a rezar<br />
uma missa anualmente no capitel.<br />
O capitel Nossa Senhora da Glória possui 3,35 m de altura e 2,27 de largura com 2,95<br />
m de comprimento. É feito todo de concreto, inclusive o telhado, possui uma porta oval de<br />
ferro. (CRONOLOGIA, 15.08.1905 in: CENTRO DE PESQUISAS GENEALÓGICAS DE<br />
NOVA PALMA. Sala da cronologia, 3ª gaveta)<br />
3.4 Capitel Santo Antônio – Rincão Santo Antônio<br />
Figura 5 – Imagem de Santo Antônio.<br />
27
Fonte: Acervo da autora<br />
O Rincão de Santo Antônio fica a 8 km da sede do município, na estrada que dá acesso<br />
à cidade de Ivorá. A estrada é de chão batido, fica numa área montanhosa, com muito verde<br />
da mata e das plantações de soja e milho. O capitel Santo Antônio fica em uma encruzilhada,<br />
o que facilitava o encontro das famílias de todas as linhas. Sua construção é do ano de 1925<br />
teve como fundador o senhor Maximiliano Bertoldo, que fez uma promessa ao Santo Antônio<br />
devido a sua frágil saúde.<br />
O capitel foi inaugurado em 16 de dezembro do ano 1925 numa visita do padre João<br />
Zanella a pedido da família. Este capitel é muito bem construído, o que demonstra a arte do<br />
pedreiro Dalmaso. Sua altura é de 2,44 cm por 1,41 m de comprimento e 1,38 cm de largura,<br />
possui uma porta retangular com grades de ferro possibilitando uma visão interna do mesmo.<br />
Possui também a imagem de um anjo acima na parte frontal e nas laterais (pilastras) e uma<br />
cruz recruzetada (assim chamada por ter uma cruz menor em cada extremidade) no vértice<br />
triangular.<br />
O capitel passou por uma reforma em agosto de 1982 para a comemoração do<br />
centenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul, reforma esta feita pela família de<br />
Aurélio Bertoldo e da família de Giuseppe Piovesan. Seu Aurélio Bertoldo é filho do<br />
fundador e está hoje com 91 anos, mora na sede do município apresenta boa saúde e memória.<br />
Conforme Aurélio Bertoldo, seu pai escolheu a imagem de santo Antônio por ser<br />
grande devoto. A construção do capitel foi uma promessa, de Maximiliano, pois sofria com<br />
fortes dores de estômago. Nesta época, Aurélio tinha sete anos e lembra-se das visitas que<br />
faziam ao capitel aos domingos, às vezes, durante a semana à tardinha, no mês de junho, do<br />
dia primeiro ao dia treze, iam todas as tardinhas ao capitel para fazer a novena em<br />
homenagem a Santo Antônio. Também em períodos de seca se reuniam quase todos os dias<br />
para pedir chuva.<br />
28
Quando a sede passou a ter um padre fixo, continuavam a se reunir no capitel. A<br />
comunidade não tinha capela, então para participar da missa tinha que se deslocar até a sede<br />
do município. Como a maioria não possuía carro, o trajeto era feito a pé ou a cavalo. Duas<br />
vezes por semana, seu Aurélio faz esse trajeto de 8 km até o Rincão de Santo Antônio, onde<br />
mora um de seus filhos, Ênio. Na cidade, onde mora sente falta do contato com a terra e<br />
aproveita essas viagens para rezar a Santo Antônio. Acredita que seus familiares continuarão<br />
a preservar o capitel. O responsável pelo capitel hoje, abril de 2012, é seu filho, Ênio<br />
Bertoldo.<br />
Ao lado do capitel encontra-se uma cruz onde está escrito o responsório de Santo<br />
Antônio em latim:<br />
Responsório de Santo Antônio<br />
Ecce Crucen Domini<br />
Pugite Partes adversas e<br />
Vicit Leo de tribu Juda<br />
Radix Dayid, Alleluia<br />
Si Quad eris mors error<br />
Calamites Daenon Ledra Fuciunt<br />
Aecri Surcund Sani<br />
Cedum maré Vincula<br />
Membra resque perditas<br />
Peturot Et Accipiun<br />
Juvenes e cani<br />
Pereunt perícula<br />
Cessat Et necessitas:<br />
Na o Rent hi Qui<br />
Sentiunt Dicont<br />
3.5 Capitel de Sant’ Ana<br />
Figura 6 – imagem de Sant Ana<br />
29
Fonte: Acervo da autora<br />
Localizado também no Rincão de Santo Antônio, o capitel de Sant’ Ana foi construído<br />
em 1919, seis anos antes do capitel de Santo Antônio. Em entrevista realizada com o senhor<br />
H.R, filho do fundador, este declarou:<br />
3.6 Capitel de São Caetano da Providência<br />
Figura 7 – São Caetano da Providência<br />
A escolha do nome de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi escolhida pelo meu<br />
pai, Ângelo Bonfiglio Rossato, pois quando ele casou foi morar em Santo Ângelo.<br />
Logo começou a enfrentar problemas financeiros, resolveu então voltar para sua<br />
terra natal, então resolveu construir um capitel em homenagem a Nossa Senhora do<br />
Perpétuo Socorro.<br />
A gente se reunia com as famílias Binotto, e Simonetti todas as quartas feiras para<br />
rezar o terço, e aos domingos na parte da tarde. O senhor João Binotto, vizinho da<br />
nossa família, fez uma promessa a Sant’Ana, pois seus primeiros três filhos<br />
morreram logo que nasceram. Se os próximos que tivessem não morressem iria<br />
colocar a imagem de Sant’ Ana no lugar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.<br />
Seu João teve mais oito filhos todos saudáveis, a imagem de Sant’ Ana permanece<br />
até hoje. Em 1982 a nossa família juntamente com a de João Binotto reformamos<br />
todo capitel. Eu e Idemar Binotto, filho de seu João, que hoje mora na Linha do<br />
Soturno, somos os responsáveis pela manutenção do capitel.<br />
Quando a sede (Nova Palma) passou a ter um padre fixo, a gente continuou a se<br />
encontrar por muito tempo ainda porque as famílias quase todas não tinham carro, o<br />
trajeto de oito quilômetros até a sede do município era feita a cavalo ou a pé. Meu<br />
pai nunca nos falou se havia <strong>capitéis</strong> na Itália e se esta prática foi herdada da Itália.<br />
Eu acredito que não há o risco dos <strong>capitéis</strong> serem abandonados. Embora as visitas<br />
não sejam freqüentes, espero que esse costume continue sendo passado de pai para<br />
filho.<br />
30
Localizado na Linha Rigon, fundado pelo casal Augusto e Clara Taglapietra em 8.8.1924.<br />
O longo tempo e o lugar o estragaram bastante, principalmente, depois que a família<br />
foi morar em Barril em 20.9 1938, ficando a família de Constantino Piovesan responsável em<br />
zelá-lo. Abril de 2012, infelizmente não foi possível o contato com o responsável pelo o<br />
capitel no momento. Este capitel está praticamente abandonado permanece o tempo todo<br />
chaveado, na parte interior não possui mais a imagem do santo, apenas as duas placas<br />
destacadas. (CRONOLOGIA, 8.8.124 In: Acervo do Arquivo CENTRO DE PESQUISAS<br />
GENEALÓGICAS DE NOVA PALMA. Sala da Cronologia)<br />
3.7 Capitel Nossa Senhora do Rosário de Pompéia<br />
Este capitel foi construído na comunidade de Linha Onze, interior do município, em<br />
07 de outubro de 1902, em uma encruzilhada, em frente à capela de São Pedro que ainda não<br />
existia.<br />
Foi construído por Francisco Denardin devido à promessa que fizera sua mulher Maria<br />
Thomé, ela estava “variada e doente” ou mal de saúde. Foram utilizados para construir tijolos<br />
grossos rústicos e pedras.<br />
Com a reforma da igreja de São Pedro, em abril de 1972, o capitel foi derrubado,<br />
usando parte do material para a reforma. A imagem de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia<br />
foi colocado junto ao altar da igreja de São Pedro, onde permaneceu até alguns anos atrás.<br />
Pode se perceber que a maioria dos <strong>capitéis</strong> foi construída em razão de promessas<br />
feitas aos santos de devoção das famílias.<br />
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Esta monografia teve como objetivo, compreender o contexto histórico que cercou os<br />
<strong>capitéis</strong> construídos, entre 1890 e 1925 no município de Nova Palma, pelos imigrantes<br />
italianos. Para isso, procurou-se identificar a importância desses <strong>capitéis</strong>, não só como um<br />
local de oração, de conforto espiritual, mas também como local de agregação social entre<br />
esses imigrantes.<br />
Apesar das diferentes origens geográficas e dos diferentes dialetos, esses imigrantes se<br />
identificaram através da religiosidade católica e também através da família e do trabalho. Para<br />
esses imigrantes, a família era considerada muito importante e tinham um grande respeito<br />
para com os mais velhos, principalmente os avós. Com relação ao trabalho, a maioria dos<br />
colonos trabalhava na terra, dependia de uma boa colheita, pois a roça era o meio de<br />
sobrevivência deles. Outro fator significante de identificação foi o processo de ruptura com<br />
seu país de origem. Cabe ressaltar que os <strong>capitéis</strong> serviram como base da organização social<br />
nas colônias. Desta forma, destaca-se a importância desses <strong>capitéis</strong> enquanto uma referência<br />
para a memória e um patrimônio histórico que remete para a identidade comunitária de Nova<br />
Palma.<br />
A partir das entrevistas, pode-se constatar que a maioria dos <strong>capitéis</strong><br />
construídos foi devido às promessas feitas aos santos de devoção, geralmente pedindo por<br />
saúde. Cada santo tinha um poder especial. Os <strong>capitéis</strong> observados eram quase todos<br />
construídos em encruzilhadas, onde participavam de três a quatro famílias próximas.<br />
A importância dos <strong>capitéis</strong> enquanto marco na memória coletiva dos integrantes mais<br />
velhos da comunidade de Nova Palma pôde ser observada quando o senhor Aurélio Bertoldo,<br />
já com 91 anos de idade, se emocionou em relembrar o passado dos <strong>capitéis</strong>. Posteriormente,<br />
em conversa com um de seus filhos, Senhor Hermes, que é diácono da paróquia, ele se<br />
surpreendeu em saber que seu pai relembrou tantos fatos, pois, segundo ele, seu pai apresenta<br />
“falta de memória”. Isso veio a confirmar que se tratando de memória e esquecimento,<br />
gravamos em nossa memória o que nos significou mais, sejam estes, acontecimentos alegres<br />
ou tristes.<br />
Estudar a religiosidade dos imigrantes italianos que colonizaram a região de<br />
Nova Palma, entre 1890 e 1925, a partir dos <strong>capitéis</strong>, proporcionou uma visão mais clara<br />
sobre esta manifestação de cunho popular (<strong>capitéis</strong>) e ao mesmo tempo de cunho oficial,<br />
sacramentada pela igreja católica. Os italianos passaram a dividir o mesmo espaço com o<br />
32
clero. De certa maneira, a religiosidade popular conseguiu se articular harmoniosamente com<br />
a romanização do catolicismo.<br />
Ambos tiveram um convívio que pode se dizer pacífico, pois, como mencionaram os<br />
autores consultados, o fator responsável por esta aproximação e convivência foi o fato de que<br />
a grande maioria desses imigrantes eram católicos, trouxeram junto a devoção aos santos e a<br />
fidelidade para com os sacramentos. Por conta disso, logo nos primeiros anos de colonização<br />
os imigrantes passaram a reivindicar a presença de um padre, para que pudessem ter acesso<br />
aos sacramentos.<br />
Através das pesquisas bibliográficas, das consultas nos arquivos do Centro de<br />
Pesquisas Genealógicas (CPG), das entrevistas e das visitas nos <strong>capitéis</strong> trabalhados, pode-se<br />
alcançar o objetivo geral desta monografia, destacando-se que o levantamento patrimonial-<br />
histórico dos <strong>capitéis</strong> ainda merece atenção, pois apenas parte deles foi abordado por essa<br />
monografia. Mesmo os <strong>capitéis</strong> tratados neste estudo podem ser mais explorados por<br />
pesquisadores interessados em preservar e difundir o patrimônio cultural da comunidade de<br />
Nova Palma.<br />
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
A IGREJA CATÓLICA de Nova Palma está restaurando um dos marcos da religiosidade<br />
popular, os <strong>capitéis</strong> como são conhecidas as pequenas capelas construídas há um século pelos<br />
imigrantes italianos. Zero Hora, Porto alegre, 29 de agos. 1993. p.35<br />
AZEVEDO, Thales de. Italianos e Gaúchos: Os anos Pioneiros da Colonização Italiana<br />
no Rio Grande do Sul. Instituto Estadual do livro. Porto Alegre: 1975.<br />
BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: As possibilidades do planejamento. São<br />
Paulo: Papirus, 2000.<br />
BIASOLI, Vítor Otávio Fernandes. A matriz católica da ex – Quarta colônia de imigração<br />
italiana. Santa Maria, v.9, n.17, p.117-131, jan/jun. 2010.<br />
CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO. Manual de Normas para apresentação de<br />
trabalhos científicos. Santa Maria, 2005.<br />
CRONOLOGIA, 15.08.1905 In: Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma. Sala<br />
da Cronologia, 3ª gaveta.<br />
LONDRES, Maria Cecília. Patrimônio em Processo: Trajetória da política federal de<br />
preservação no Brasil. Rio de Janeiro, 1997.<br />
MAESTRI, Mário. Os Senhores da Serra: A colonização italiana do Rio Grande do Sul<br />
1875-1914. Passo Fundo, 2000.<br />
TURISMO NA QUARTA Colônia. A Razão, Santa Maria, p.8, ago, 1997.<br />
SANTOS, Cecília Rodrigues: Novas fronteiras e novos pactos para o patrimônio cultural<br />
– in São Paulo em perspectiva. São Paulo, 2001.<br />
FLORENCE, Carboni; MAESTRI, Mário (Org), Raízes italianas do Rio Grande do Sul<br />
1875 – 1997. Passo Fundo: UPF, 2000.<br />
FOCHESATTO, Iloni. Descrição do culto aos mortos entre descendentes italianos no Rio<br />
Grande do Sul. Caxias do Sul: 1977.<br />
34
GIRON, L.S. Imigração Italiana no RS: Fatores determinantes. In: DACANAL, J. e<br />
GONZAGA, S (Orgs), RS: Imigração e Colonização. 2 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,<br />
1992<br />
MARIN, Jérry (org), Quarta Colônia: Novos olhares. Porto Alegre: EST, 1999.<br />
MARIN, Jérry. Combatendo nos exércitos de Deus: As associações devocionais e o projeto de<br />
romanização da igreja católica. In: (org) Quarta colônia: novos olhares. Porto Alegre: EST,<br />
1999.<br />
MOESCH, Norma Martini; MONTEIRO, Vânia Oliveira Antunes (Org), Turismo no meio<br />
rural – teorias, conceitos e a arte de saber – fazer. Santa Maria: UNIFRA, 2008<br />
NETO, Isnard de Albuquerque Câmara. Diálogos sobre religiosidade popular. São Paulo:<br />
USP, Programa de Pós – Graduação de História Social, 2000. (Relatório para exame de<br />
qualificação)<br />
O CATOLICISMO POPULAR no Brasil: notas sobre um campo de estudos. Revista Espaço<br />
Acadêmico Nº 67, dez.2006, mensal – ano VI ISSN 1519.6186.<br />
PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA PALMA, Lei Orgânica Municipal de Nova<br />
Palma, 30 de março de 1990. Disponível em HTTP: //<br />
www.novapalma.rs.cnm.org/br/portal 11/município/legislacao.asp. Acesso em 06 de maio de<br />
2012.<br />
QUEIROZ, Maria Isaura P. de. O Catolicismo Rústico no Brasil. Revista do Instituto de<br />
Estudos Brasileiros. São Paulo: Universidade (5) 1968.<br />
SANTOS, Cecília Rodrigues: Novas fronteiras e novos pactos para o patrimônio cultural<br />
– in São Paulo em perspectiva. São Paulo, 2001.<br />
SEIDL, Ernesto. Escola, Religião e Comunidade: Elementos para compreensão do<br />
“catolicismo imigrante”. Pensamento Plural, Pelotas [3]: jul./dez.2008, p.77-104.<br />
SPONCHIADO, Breno. Imigração & Quarta Colônia: Nova Palma e padre Luizinho. Nova<br />
Palma; Santa Maria: Paróquia Santíssima Trindade; Pró-Reitoria de Extensão/UFSM, 1996.<br />
35
STEFANELLO, Liriana Zanon. História, Memória e Patrimônio Cultural: Fundamentos e<br />
Sensibilizações da Comunidade de Nova Palma (CPG e Museu Histórico). 2010. 172f.<br />
Dissertação (Mestrado Profissionalizante) Curso de Pós - Graduação em - Patrimônio<br />
Cultural. Área de Concentração em História, Universidade Federal de Santa Maria, Santa<br />
Maria, 2010.<br />
VENDRAME, Maíra Ines. “Lá éramos servos, aqui somos senhores”. A organização dos<br />
imigrantes italianos na ex- colônia Silveira Martins (1877- 1914). Santa Maria: Ed. da<br />
UFSM, 2007.<br />
ZANINI, Maria Catarina Chitolina. Italianidade no Brasil Meridional: A Construção da<br />
Identidade Étnica Na Região de Santa Maria-RS. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2006<br />
ZANINI, Maria Catarina Chitolina. Um olhar Antropológico Sobre Fatos e Memórias da<br />
Imigração Italiana. Mana. Out. 2007, vol. 13 p. 521-547.<br />
36
ANEXOS<br />
37
ANEXO 1 - Mapa de Localização da Quarta Colônia<br />
ANEXO 1- Mapa da Quarta Colônia de Imigração Italiana no Rio Grande do Sul<br />
Fonte: WWW.quartacolonia.com.br 12. 04. 2012<br />
38
ANEXO 2 – Mapa do município de Nova Palma com a localização dos Capitéis trabalhados<br />
Fonte: Mapeamento realizado pelo o engenheiro da prefeitura municipal de Nova Palma<br />
Ronaldo Thomasi- Arquivado nos registros da prefeitura. 5.04.2012.<br />
39
Cronologia de Construção dos Capitéis em Nova Palma de 1890 a 1982.<br />
Nº Data Capitel Localização<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
1890<br />
1901<br />
1902<br />
1905<br />
1918<br />
1919<br />
1925<br />
1928<br />
1929<br />
1930<br />
1931<br />
1933<br />
1934<br />
1936<br />
1937<br />
1939<br />
1940<br />
1943<br />
1944<br />
1944<br />
1945<br />
1946<br />
1946<br />
1949<br />
1950<br />
1950<br />
1950<br />
1952<br />
1953<br />
1953<br />
1953<br />
1953<br />
1954<br />
1957<br />
1957<br />
1957<br />
1958<br />
1960<br />
1963<br />
1964<br />
1969<br />
1981<br />
1982<br />
Santa Apolônia<br />
São Luiz<br />
N.S. Rosário<br />
N.S. Assunção<br />
São João<br />
N.S. do Carmo<br />
Santo Antônio<br />
N.S.Aparecida<br />
Santo Antônio<br />
Santa Gema Galgani<br />
Santa Lúcia<br />
Sagrado Coração de Jesus<br />
Santo Antônio<br />
N.S. Rosário<br />
São Caetano<br />
São Luís<br />
N.S.da Consolação<br />
N.S.do Perpétuo Socorro<br />
Sagrado Coração de Jesus<br />
Gruta de Lourdes<br />
Santo Inácio<br />
Sagrado Coração de Jesus<br />
Santo Antônio<br />
São Tiago<br />
São Patrício<br />
N.S.da Saúde<br />
São Vicente Palotti<br />
Santa Lúcia<br />
N.S. Perpétuo Socorro<br />
Mãe Três Vezes Admirável<br />
Mãe Três Vezes Admirável<br />
Mãe Três Vezes Admirável<br />
N.S. Saúde<br />
N.S. Perpétuo Socorro<br />
São Luiz<br />
N.S.dos Navegantes<br />
N.S.da Consolação<br />
N.S.das Graças<br />
Gruta Caemborá<br />
N.S.da Saúde<br />
Caverna de Fátima<br />
Santa Teresinha<br />
N.S.do Rosário<br />
40<br />
Linha Duas<br />
Linha Sete<br />
Linha Onze<br />
Linha Sete<br />
Rincão dos Fréos<br />
Rincão S. Antônio<br />
Rincão S. Antônio<br />
Bom Retiro<br />
Linha Um<br />
Novo Paraíso<br />
Além Soturno<br />
Linha Sete<br />
Saracura<br />
Linha do Soturno<br />
Linha Rigon<br />
Linha Sete<br />
Linha Um<br />
Rincão Santo Antônio<br />
Coxilha<br />
Próximo á sede<br />
Rincão do Santo Inácio<br />
Linha Sete<br />
Linha Onze<br />
Linha Cinco<br />
Usinas<br />
Linha Um<br />
Novo Paraíso<br />
Linha Onze<br />
Novo Paraíso<br />
Linha Três<br />
Linha Sete<br />
Matriz (Sede)<br />
Linha Onze<br />
Novo Paraíso<br />
Rincão dos Fréos<br />
Sanga Funda<br />
Linha Três<br />
Linha dos Coccos<br />
Caemborá<br />
Novo Paraíso<br />
Saída p/Vale do Jacuí<br />
Santa Teresinha<br />
Saracura
Capitel Santo Antônio – Rincão do Santo Antônio<br />
Questionário para as entrevistas<br />
1 – Por que a escolha da imagem de Santo Antônio?<br />
2 – Quem foram os fundadores do capitel?<br />
3 – Quem é o responsável pela manutenção hoje?<br />
4 – Qual era a frequência das visitas no capitel?<br />
5 – Quando passou a ter um padre fixo na sede em Nova Palma?<br />
6 – Continuaram a se encontrar nos <strong>capitéis</strong>?<br />
7- Por que a maioria dos <strong>capitéis</strong> foram construídos em encruzilhadas?<br />
8 – É possível dizer que a construção e os encontros religiosos nos <strong>capitéis</strong> é uma prática<br />
herdada da Itália?<br />
9 – É pertinente dizer que os <strong>capitéis</strong> estão em desuso, há o risco de serem abandonados?<br />
10 – A Igreja católica tem realizado algum programa ou ação que valorize a existência de<br />
<strong>capitéis</strong> na quarta colônia de imigração italiana?<br />
2 – Capitel São Luiz – Vila Cruz<br />
1 – Por que a escolha do nome São Luiz?<br />
2 – Quem foram os fundadores do capitel?<br />
3 – Quem é o responsável pela sua manutenção hoje?<br />
4 – O nome da comunidade era Linha Sete. Por que mais tarde passou a se chamar Vila Cruz?<br />
5 – Qual era a frequência das visitas no capitel?<br />
6 – Por que a construção de tantos <strong>capitéis</strong> nesta comunidade?<br />
7 – Quando passou a ter um padre fixo na sede em Nova Palma?<br />
8 – Continuaram a se encontrar nos <strong>capitéis</strong> depois da vinda de um pároco fixo?<br />
9 – Por que a maioria dos <strong>capitéis</strong> foram construídos em encruzilhadas?<br />
10 – É possível dizer que a construção e os encontros religiosos nos <strong>capitéis</strong> é uma prática<br />
herdada da Itália?<br />
11 – É pertinente dizer que os <strong>capitéis</strong> estão em desuso, há o risco de serem abandonados?<br />
12 – A Igreja católica tem realizado algum programa ou ação que valorize a existência de<br />
<strong>capitéis</strong> na quarta colônia de imigração italiana?<br />
41
Capitel Sant’Ana – Rincão do Santo Antônio<br />
1 – Por que a escolha do nome Sant’Ana?<br />
2 – Quem foram os fundadores do capitel?<br />
3 – Quem é o responsável pela manutenção hoje?<br />
4 – Qual era a frequência das visitas no capitel?<br />
5 – Quando passou a ter um padre fixo na sede em Nova Palma?<br />
6 – Continuaram a se encontrar nos <strong>capitéis</strong> depois da vinda de um pároco fixo?<br />
7- Por que a maioria dos <strong>capitéis</strong> foram construídos em encruzilhadas?<br />
8 – É possível dizer que a construção e os encontros religiosos nos <strong>capitéis</strong> é uma prática<br />
herdada da Itália?<br />
9 – É pertinente dizer que os <strong>capitéis</strong> estão em desuso, há o risco de serem abandonados?<br />
10 – A Igreja católica tem realizado algum programa ou ação que valorize a existência de<br />
<strong>capitéis</strong> na quarta colônia de imigração italiana?<br />
42