A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
outro aspecto motivador também se tornou relevante: a pequena quantidade de trabalhos<br />
acadêmicos que abordem o problema homilético em geral, e muito menos o contemporâneo,<br />
numa perspectiva analítica e crítica. Há, sim, uma volumosa produção bibliográfica sobre a<br />
homilética, mas que, em geral, se limita a oferecer orientações práticas e técnicas, no forma-<br />
to de manuais, para a elaboração de prédicas, sem, contudo, possuírem o caráter crítico pró-<br />
prio das pesquisas das ciências da religião. Por outro lado, os textos científicos disponíveis a<br />
respeito do tema, principalmente os que analisam o fenômeno religioso midiático, em geral<br />
o fazem a partir da sociologia ou da antropologia, ou estritamente do ponto de vista das ci-<br />
ências da comunicação, mas não a partir da ciência da prédica, isto é da disciplina homiléti-<br />
ca. A homilética, aqui abordada, se insere no contexto da Práxis Religiosa, que, por sua vez,<br />
integra o campo de investigação das ciências da religião. Desta forma, o interesse pessoal, o<br />
recrudescimento do fenômeno e a pouca pesquisa a respeito, se constituem nas principais<br />
motivações e justificativas para esta pesquisa.<br />
Metodologicamente, esta tese baseia-se em pesquisa bibliográfica. 3 O método adotado<br />
é o comparativo que, segundo Iván Llamazares Valdueco 4 , possibilita a “produção de nor-<br />
mas causais de vocação universal”, bem como “possibilita a explicação de fenômenos e pro-<br />
cessos específicos do conhecimento e da existência de vínculos (prováveis, mais que neces-<br />
sários) entre os distintos fatores relevantes que configuram os fenômenos...” 5 . Uma análise<br />
comparativa se interessará por estabelecer vínculos gerais entre os distintos fenômenos a<br />
partir da análise dos casos relevantes para a investigação, à luz dos argumentos teóricos<br />
mais sólidos e coerentes com os casos analisados. É mediante a explicação de tais vínculos<br />
gerais que os caracteres dos processos singulares que interessam aos investigadores se fa-<br />
3 Originalmente, pretendia-se realizar uma pesquisa de campo com o propósito de, com o emprego da Análise<br />
do Discurso, analisar as prédicas dos telepregadores. Entretanto, ao se constatar a ausência de referencial teórico<br />
próprio da ciência homilética para esse fim, chegou-se à conclusão de que o primeiro passo seria construir<br />
esse referencial. Entende-se que a presente pesquisa estabelece critérios que poderão servir de base para<br />
uma futura análise as prédicas midiáticas, tomando a própria homilética como referencial. Para uma introdução<br />
ao método da Análise do Discurso, ver BACCEGA, M. A. Comunicação e linguagem: discursos e pesquisa.<br />
São Paulo: Moderna, 1998. 127 p. Ver também, BACCEGA, M. A. Palavra e discurso: história e literatura.<br />
São Paulo: Ática, 1995. 96 p. E, ainda, BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo:<br />
Hucitec. 1988. 196 p. Também ORLANDI, Eni. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 3 ed. Campinas:<br />
Pontes, 1999. 100 p.<br />
4 VALDUECO, Iván Llamazares, “Médodo comparativo”. En Román Reyes (Dir): Diccionario Crítico de<br />
Ciencias Sociales, Pub. Electrónica, Universidad Complutense, Madrid 2004. Disponível em<br />
, consulta em fevereiro de 2005.<br />
5 Sobre o Método Comparativo, ver também: LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia<br />
científica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. 289 p.<br />
18