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PENSANDO A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA ... - CCE

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É possível que esse incômodo de que Eduarda se queixa seja causado pela<br />

tomada de consciência de que ações que em sua prática já se tornaram mecânicas, na<br />

verdade, merecem reflexões que atualmente não têm sido contempladas. Como ela<br />

mesma afirma, algumas coisas se tornam automáticas e com isso fica mais difícil<br />

questioná-las.<br />

Outro exemplo dessa inquietação pode ser encontrado na fala de Suzana que<br />

demonstra a necessidade de rever sua prática. Tal desejo foi motivado pela leitura do<br />

texto de Moon (2000) 3 que discute o uso de material em sala de aula. Mais<br />

especificamente, o texto trata do processo de elaboração e avaliação do material a ser<br />

utilizado pelo professor e o que deve ser levado em consideração neste processo de<br />

escolha. Em sua fala, Suzana revela o desejo de mudar e procurar adotar ou adaptar<br />

algumas sugestões do livro para sua prática:<br />

[3] O texto é muito relevante para nós, principalmente agora que estamos terminando o ano<br />

letivo [...]. O texto me fez pensar muito na minha prática até agora. [...] Mas eu pensei e<br />

até falei com a Eduarda e a Patrícia, quando elas chegaram aqui mais cedo, que se isso<br />

aqui é o certo, eu vou ter que passar por uma reciclagem muito longa, talvez, para chegar<br />

a produzir materiais dessa maneira. E fazer as atividades com as crianças da maneira que<br />

o texto propõe, levando em consideração vários fatores que circundam a atividade em si e<br />

a questão de como selecionar as atividades, eu até sublinhei algumas coisas aqui. Mas de<br />

uma maneira geral, só para começar, ele me fez pensar no que eu tenho feito e naquilo<br />

que eu nunca fiz. Então naquela parte que tem os balõezinhos aqui da frente, eu fui<br />

ticando algumas coisas, e eu faço tão pouco do que está proposto aqui, então eu acho que<br />

está na hora mesmo de pensar, de rever o contexto em relação às atividades com as<br />

crianças. (SRT – 9º encontro – dia 10/12/2004)<br />

Poderíamos discutir outros exemplos para revelar este aspecto do conhecimento<br />

acadêmico. Porém, o que pretendemos ilustrar aqui é um dos fatores que confere à<br />

teoria acadêmica sua relevância para a formação do professor. Como é possível<br />

observar nos exemplos citados, as participantes discutem os textos relacionando-os<br />

diretamente à sua realidade diária. Acreditamos que seja essa a interação que devamos<br />

promover entre a teoria acadêmica e a prática. Dessa forma, o professor poderá<br />

relacioná-la à sua própria teoria, de forma que o conhecimento advindo da prática possa<br />

ser valorizado e possa ampliar-se ao interagir com os saberes acadêmicos (Pimenta,<br />

2002).<br />

Na discussão levantada por Pimenta (2002), ela retoma o conceito de<br />

profissional reflexivo e aborda, entre outros aspectos, o risco que se corre frente a um<br />

conceito que, em um espaço relativamente curto de tempo, alcançou grande<br />

popularidade em diversos países, dentre eles o Brasil. Por isso, a autora propõe que<br />

esse conceito seja submetido a uma análise crítica. Na proposta de formação do<br />

profissional reflexivo, Schön (1983) valoriza um perfil de profissional que seja capaz<br />

de usar os fatos de sua realidade e um conhecimento que ultrapasse a mera aplicação<br />

de técnicas para construir novos saberes e novas formas de atuar. Tal profissional<br />

seria capaz de refletir sobre sua ação e, assim, buscar respostas que o conhecimento<br />

técnico, por si só, não seria capaz de oferecer.<br />

Dessa forma, o conceito de professor reflexivo vence o distanciamento que<br />

existia até então entre teoria e prática. Os professores passam a ser vistos como<br />

produtores de teoria a partir de sua prática e do conhecimento que utilizam diariamente.<br />

3 MOON, J. Can we do ‘Pocker face’ again, Miss?. In: ______. Children learning English. Oxford: Macmillan<br />

Publishers, 2000, p. 86-98.<br />

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