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variação lingüística entre os municípios de são luis - IV CONNEPI ...

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1. INTRODUÇÃO<br />

A escola, instituição oficial <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong> divulgação do conhecimento historicamente<br />

construído, é, também, um espaço sócio-educacional e, portanto, um lugar <strong>de</strong> contradições, on<strong>de</strong> convergem<br />

preconceit<strong>os</strong> e estereótip<strong>os</strong> existentes na vida social e que promovem a exclu<strong>são</strong>. É tarefa da escola inserir o<br />

indivíduo na cultura urbana, para que este se relacione com o outro e com o conhecimento. No exercício<br />

<strong>de</strong>ssa função, não raro se testemunha a adoção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo fechado <strong>de</strong> ensino, ligado a uma tradição mais<br />

ou men<strong>os</strong> superada. É o que acontece com o ensino <strong>de</strong> língua portuguesa arraigado em uma concepção<br />

gramaticista <strong>de</strong> que falar bem é dominar a norma culta, isto é, aquela utilizada por uma elite intelectual, em<br />

situações <strong>de</strong> comunicação formal. Sob esse ponto <strong>de</strong> vista, tudo o que foge <strong>de</strong>sse padrão, <strong>de</strong>ssa norma é<br />

consi<strong>de</strong>rado “anormal”, errado, feio, gerando a discriminação e o preconceito que tanto atrapalham o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da competência comunicativa do aluno.<br />

Sabe-se, no entanto, que não há língua homogênea. Em todas as línguas há us<strong>os</strong> diferenciad<strong>os</strong> gerad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong><br />

fatores mais divers<strong>os</strong>. Essas diferenças <strong>são</strong> <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> variações <strong>lingüística</strong>s e po<strong>de</strong>m ocorrer na<br />

pronúncia, no vocabulário e na estrutura frasal. Os fatores que <strong>de</strong>terminam essas variações <strong>são</strong> muit<strong>os</strong>, como<br />

o fator regional, a faixa etária, o nível social e o gênero, além do grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, por isso existem as<br />

diferenças <strong>entre</strong> a mesma língua usada por usuári<strong>os</strong> divers<strong>os</strong>. Nesse contexto entra a socio<strong>lingüística</strong>, que<br />

estuda a língua falada em uma socieda<strong>de</strong>, isto é em situações reais <strong>de</strong> uso. Para a socio<strong>lingüística</strong> não há uma<br />

língua inferior ou varieda<strong>de</strong> inferior, pois toda <strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong> é produto da história <strong>de</strong> um povo. Dessa<br />

consciência surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> m<strong>os</strong>trar como essas variações estão presentes em um país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

dimen<strong>são</strong> territorial e cuja colonização foi realizada por pov<strong>os</strong> diversificad<strong>os</strong>, como o português, o francês, o<br />

holandês, e povoado, mais tar<strong>de</strong>, por imigrantes italian<strong>os</strong>, alemães e japoneses, além do substrato indígena e<br />

africano.<br />

A colonização realizada por pov<strong>os</strong> distint<strong>os</strong> interferiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>terminante n<strong>os</strong> falares <strong>de</strong> diferentes<br />

lugares do país. Foi o que se verificou analisando superficialmente <strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luís do Maranhão e <strong>de</strong><br />

São Carl<strong>os</strong>, cida<strong>de</strong> do interior <strong>de</strong> São Paulo. A partir <strong>de</strong>sse dado empírico, optou-se, neste trabalho, por<br />

analisar essas diferenças à luz do referencial teórico da socio<strong>lingüística</strong> para verificar que diferenças <strong>são</strong><br />

marcadas n<strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luis do Maranhão e <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong>, em São Paulo e a que se <strong>de</strong>vem,<br />

efetivamente, essas diferenças. Dessa forma, o presente trabalho se justifica pela busca <strong>de</strong> fatores históric<strong>os</strong>,<br />

sociais, culturais e econômic<strong>os</strong> que culminam com as varieda<strong>de</strong>s que serão observadas in loco; e a sua<br />

principal contribuição é o levantamento das variantes <strong>lingüística</strong>s <strong>de</strong> lugares distint<strong>os</strong> e a análise d<strong>os</strong> fatores<br />

sócio-culturais que as geraram.<br />

Sendo assim, <strong>os</strong> objetiv<strong>os</strong> <strong>de</strong>ssa pesquisa serão, portanto, analisar as variações <strong>lingüística</strong>s manifestadas n<strong>os</strong><br />

divers<strong>os</strong> níveis <strong>de</strong> organização da língua <strong>entre</strong> <strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luís do Maranhão e <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong>, no<br />

interior <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>screvendo as variações encontradas e analisando as p<strong>os</strong>síveis causas <strong>de</strong>ssas<br />

variações, verificadas a partir <strong>de</strong> dad<strong>os</strong> bibliográfic<strong>os</strong> sobre <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> presentes na colonização <strong>de</strong>sses dois<br />

espaç<strong>os</strong> geográfic<strong>os</strong> e <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> que para lá migraram após a Primeira Guerra Mundial.<br />

O mo<strong>de</strong>lo a ser utilizado na pesquisa será o da socio<strong>lingüística</strong> variacionista, prop<strong>os</strong>to por Labov. Tod<strong>os</strong><br />

esses procediment<strong>os</strong> serão utilizad<strong>os</strong> <strong>de</strong> forma que não prejudiquem a situação natural <strong>de</strong> comunicação do<br />

<strong>entre</strong>vistado. A pesquisa terá, assim, natureza bibliográfica e exploratória, e se constituirá em um estudo <strong>de</strong><br />

campo através <strong>de</strong> <strong>entre</strong>vista semi-estruturada ou semi-diretiva.<br />

Nesse contexto, este artigo esta dividido da seguinte forma: a Seção 2 trata d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> sobre linguagem.<br />

Lingüística e socio<strong>lingüística</strong>; a Seção 3 apresenta <strong>os</strong> <strong>de</strong>terminantes históric<strong>os</strong> e sociais que influenciam na<br />

<strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong>; a Seção 4 m<strong>os</strong>tra <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> <strong>de</strong>ste trabalho; finalmente, a Seção 5 refere-se a<br />

discus<strong>são</strong> e as conclusões <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

2. LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA<br />

A linguagem pertence ao ser humano. Ela é a capacida<strong>de</strong> que eles p<strong>os</strong>suem e <strong>de</strong>senvolvem para se<br />

comunicarem uns com <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>. Em um sentido mais restrito, a linguagem é a própria língua em uso.<br />

Segundo Borba (2005, p. 9), c<strong>os</strong>tuma-se dar nome <strong>de</strong> linguagem a qualquer meio <strong>de</strong> comunicação, mas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> mais remot<strong>os</strong>, o termo se aplica à aptidão humana para associar uma ca<strong>de</strong>ia sonora (voz)<br />

produzida pelo chamando aparelho fonador a um conteúdo significativo e utilizar o resultado <strong>de</strong>ssa

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