variação lingüística entre os municípios de são luis - IV CONNEPI ...

Entretanto, com o aumento do cultivo do café, os grandes fazendeiros expulsaram os posseiros e os índios
guaianases e com isso aumentaram as suas propriedades.
Com a abolição dos escravos em 1888, em São Carlos começaram a chegar mais imigrantes e os escravos
foram libertados sem nenhuma ajuda do governo. Sem alternativas de empregos e nem lugar para morar,
alguns escravos continuaram nas fazendas por falta de opção. Alguns deles, mesmo após a abolição,
permaneceram ainda nas fazendas, ainda que discriminados e recebendo um salário menor que os colonos
imigrantes (TRUZZI, 2000, p. 52).
Já no século XX, com o aniquilamento que a Primeira Guerra Mundial proporcionou no continente europeu,
muitos imigrantes vinham para os territórios americanos com a ilusão de uma vida melhor. Com isso, muitos
fazendeiros aproveitaram a situação para trazer mais “escravos brancos”. Com o declínio do café, de acordo
com Amador (1997, p.76), vieram da roça para o pequeno comércio urbano, do pequeno para o grande
comércio, da pequena para a grande indústria; e do comércio e da indústria para a roça novamente, não mais
como humildes trabalhadores, mas como sitiantes abastados, quando não opulentes fazendeiros.
Atualmente, a cidade é conhecida como Capital da Tecnologia, pois atua na área de pesquisa de ponta e alta
tecnologia graças ao setor educacional bem desenvolvido, possuindo duas universidades: a Universidade de
São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Possui ainda um Centro Universitário
(UNICEP), uma Faculdade Integrada (FADISC) e a mais nova unidade do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). Na área de agropecuária, tem a unidade de pesquisa da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Devido ao povoamento, miscigenação, geografia e a economia, São Carlos foi marcada por diversos povos,
como os indígenas, europeus e africanos, mas principalmente pelos europeus, pois escolheram essa cidade
para morar e tentar construir riquezas. Alguns conseguiram, outros não. Apesar disso, houve uma
assimilação e a manifestação de todas essas culturas que lá estiveram deixando suas marcas, tanto nos
costumes quanto no falar, o qual é conhecido como caipira.
4. VARIAÇÕES ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SÃO LUIS E SÃO CARLOS
A coleta de dados foi feita através de gravação e transcrição de entrevistas semi-estruturadas ou semidiretivas
fazendo a comparação dos processos morfofonológicos apresentados nos dois campos, São Luís e
São Carlos, identificando e descrevendo as variações encontradas. O modelo utilizado na pesquisa foi o da
sociolingüística variacionista proposta por Labov. Todos esses procedimentos foram utilizados de forma que
não prejudicassem a situação natural de comunicação do entrevistado. A pesquisa foi realizada de acordo
com as características apresentadas na Tabela 1, sendo que perfaz um total 32 entrevistados e
aproximadamente 32 horas de gravação.
Escolaridade Faixa
Etária
Tabela 1 – Características dos Entrevistados
Quantidade
Sexo Feminino
Quantidade
Sexo Masculino
Baixa escolaridade 30 a 40 4 4
Nível superior 30 a 40 4 4
Baixa escolaridade 15 a 20 4 4
Escolaridade normal 15 a 20 4 4
A totalidade das entrevistas efetuadas foram, posteriormente, ouvidas e analisadas. Foram transcritas apenas
as partes mais importantes, onde se percebeu a variação mais comum. A partir das análises, as variações
lingüísticas foram divididas em quatro níveis: fônico, mórfico, sintático e semântico. As próximas seções
correspondem a cada um desses níveis, sendo que as variações são identificadas através de trechos retirados
das entrevistas.