variação lingüística entre os municípios de são luis - IV CONNEPI ...
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VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SÃO LUIS-MA E<br />
SÃO CARLOS-SP<br />
Elaine C. C. CARMONA(1); Nereida V. Dourado (2)<br />
(1) Faculda<strong>de</strong> Atenas Maranhense - FAMA, Av. São Luis Rei <strong>de</strong> França, 32 – Turu – São Luis –<br />
MA<br />
laininha.casale@terra.com.br<br />
(2) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia (Campus Centro Histórico), Av. Getúlio<br />
Vargas, nº 04 - Monte Castelo - São Luís-MA - CEP 65025-001<br />
nereida@cefet-ma.br<br />
RESUMO<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é apresentar um estudo sobre as variações <strong>lingüística</strong>s encontradas <strong>entre</strong> <strong>os</strong> falares<br />
das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Luís-MA e São Carl<strong>os</strong>-SP. Primeiramente, faz-se um apanhado histórico-geográfico para<br />
m<strong>os</strong>trar como a colonização, a miscigenação e a economia influenciaram na evolução da língua nas cida<strong>de</strong>s<br />
consi<strong>de</strong>radas. Em seguida, <strong>são</strong> efetuadas as análises das <strong>entre</strong>vistas realizadas e as variações i<strong>de</strong>ntificadas<br />
<strong>são</strong> apresentadas, sendo que as variações <strong>são</strong> divididas em quatro níveis: fônico, mórfico, sintático e<br />
semântico. O universo <strong>de</strong> <strong>entre</strong>vistas foi constituído <strong>de</strong> duas mulheres e dois homens com baixa escolarida<strong>de</strong><br />
<strong>entre</strong> 30 e 40 an<strong>os</strong>; duas mulheres e dois homens com nível superior <strong>entre</strong> 30 e 40 an<strong>os</strong>; duas moças e dois<br />
rapazes <strong>entre</strong> 15 e 20 an<strong>os</strong> <strong>de</strong> baixa escolarida<strong>de</strong>; duas moças e dois rapazes <strong>entre</strong> 15 e 20 an<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong> normal n<strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> <strong>de</strong> São Luís Maranhão e São Carl<strong>os</strong> no interior <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong>.<br />
Palavras-chave: <strong>lingüística</strong>, socio<strong>lingüística</strong>, variações, falares
1. INTRODUÇÃO<br />
A escola, instituição oficial <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong> divulgação do conhecimento historicamente<br />
construído, é, também, um espaço sócio-educacional e, portanto, um lugar <strong>de</strong> contradições, on<strong>de</strong> convergem<br />
preconceit<strong>os</strong> e estereótip<strong>os</strong> existentes na vida social e que promovem a exclu<strong>são</strong>. É tarefa da escola inserir o<br />
indivíduo na cultura urbana, para que este se relacione com o outro e com o conhecimento. No exercício<br />
<strong>de</strong>ssa função, não raro se testemunha a adoção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo fechado <strong>de</strong> ensino, ligado a uma tradição mais<br />
ou men<strong>os</strong> superada. É o que acontece com o ensino <strong>de</strong> língua portuguesa arraigado em uma concepção<br />
gramaticista <strong>de</strong> que falar bem é dominar a norma culta, isto é, aquela utilizada por uma elite intelectual, em<br />
situações <strong>de</strong> comunicação formal. Sob esse ponto <strong>de</strong> vista, tudo o que foge <strong>de</strong>sse padrão, <strong>de</strong>ssa norma é<br />
consi<strong>de</strong>rado “anormal”, errado, feio, gerando a discriminação e o preconceito que tanto atrapalham o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da competência comunicativa do aluno.<br />
Sabe-se, no entanto, que não há língua homogênea. Em todas as línguas há us<strong>os</strong> diferenciad<strong>os</strong> gerad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong><br />
fatores mais divers<strong>os</strong>. Essas diferenças <strong>são</strong> <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> variações <strong>lingüística</strong>s e po<strong>de</strong>m ocorrer na<br />
pronúncia, no vocabulário e na estrutura frasal. Os fatores que <strong>de</strong>terminam essas variações <strong>são</strong> muit<strong>os</strong>, como<br />
o fator regional, a faixa etária, o nível social e o gênero, além do grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, por isso existem as<br />
diferenças <strong>entre</strong> a mesma língua usada por usuári<strong>os</strong> divers<strong>os</strong>. Nesse contexto entra a socio<strong>lingüística</strong>, que<br />
estuda a língua falada em uma socieda<strong>de</strong>, isto é em situações reais <strong>de</strong> uso. Para a socio<strong>lingüística</strong> não há uma<br />
língua inferior ou varieda<strong>de</strong> inferior, pois toda <strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong> é produto da história <strong>de</strong> um povo. Dessa<br />
consciência surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> m<strong>os</strong>trar como essas variações estão presentes em um país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
dimen<strong>são</strong> territorial e cuja colonização foi realizada por pov<strong>os</strong> diversificad<strong>os</strong>, como o português, o francês, o<br />
holandês, e povoado, mais tar<strong>de</strong>, por imigrantes italian<strong>os</strong>, alemães e japoneses, além do substrato indígena e<br />
africano.<br />
A colonização realizada por pov<strong>os</strong> distint<strong>os</strong> interferiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>terminante n<strong>os</strong> falares <strong>de</strong> diferentes<br />
lugares do país. Foi o que se verificou analisando superficialmente <strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luís do Maranhão e <strong>de</strong><br />
São Carl<strong>os</strong>, cida<strong>de</strong> do interior <strong>de</strong> São Paulo. A partir <strong>de</strong>sse dado empírico, optou-se, neste trabalho, por<br />
analisar essas diferenças à luz do referencial teórico da socio<strong>lingüística</strong> para verificar que diferenças <strong>são</strong><br />
marcadas n<strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luis do Maranhão e <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong>, em São Paulo e a que se <strong>de</strong>vem,<br />
efetivamente, essas diferenças. Dessa forma, o presente trabalho se justifica pela busca <strong>de</strong> fatores históric<strong>os</strong>,<br />
sociais, culturais e econômic<strong>os</strong> que culminam com as varieda<strong>de</strong>s que serão observadas in loco; e a sua<br />
principal contribuição é o levantamento das variantes <strong>lingüística</strong>s <strong>de</strong> lugares distint<strong>os</strong> e a análise d<strong>os</strong> fatores<br />
sócio-culturais que as geraram.<br />
Sendo assim, <strong>os</strong> objetiv<strong>os</strong> <strong>de</strong>ssa pesquisa serão, portanto, analisar as variações <strong>lingüística</strong>s manifestadas n<strong>os</strong><br />
divers<strong>os</strong> níveis <strong>de</strong> organização da língua <strong>entre</strong> <strong>os</strong> falares <strong>de</strong> São Luís do Maranhão e <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong>, no<br />
interior <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>screvendo as variações encontradas e analisando as p<strong>os</strong>síveis causas <strong>de</strong>ssas<br />
variações, verificadas a partir <strong>de</strong> dad<strong>os</strong> bibliográfic<strong>os</strong> sobre <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> presentes na colonização <strong>de</strong>sses dois<br />
espaç<strong>os</strong> geográfic<strong>os</strong> e <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> que para lá migraram após a Primeira Guerra Mundial.<br />
O mo<strong>de</strong>lo a ser utilizado na pesquisa será o da socio<strong>lingüística</strong> variacionista, prop<strong>os</strong>to por Labov. Tod<strong>os</strong><br />
esses procediment<strong>os</strong> serão utilizad<strong>os</strong> <strong>de</strong> forma que não prejudiquem a situação natural <strong>de</strong> comunicação do<br />
<strong>entre</strong>vistado. A pesquisa terá, assim, natureza bibliográfica e exploratória, e se constituirá em um estudo <strong>de</strong><br />
campo através <strong>de</strong> <strong>entre</strong>vista semi-estruturada ou semi-diretiva.<br />
Nesse contexto, este artigo esta dividido da seguinte forma: a Seção 2 trata d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> sobre linguagem.<br />
Lingüística e socio<strong>lingüística</strong>; a Seção 3 apresenta <strong>os</strong> <strong>de</strong>terminantes históric<strong>os</strong> e sociais que influenciam na<br />
<strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong>; a Seção 4 m<strong>os</strong>tra <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> <strong>de</strong>ste trabalho; finalmente, a Seção 5 refere-se a<br />
discus<strong>são</strong> e as conclusões <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
2. LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA<br />
A linguagem pertence ao ser humano. Ela é a capacida<strong>de</strong> que eles p<strong>os</strong>suem e <strong>de</strong>senvolvem para se<br />
comunicarem uns com <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>. Em um sentido mais restrito, a linguagem é a própria língua em uso.<br />
Segundo Borba (2005, p. 9), c<strong>os</strong>tuma-se dar nome <strong>de</strong> linguagem a qualquer meio <strong>de</strong> comunicação, mas,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> mais remot<strong>os</strong>, o termo se aplica à aptidão humana para associar uma ca<strong>de</strong>ia sonora (voz)<br />
produzida pelo chamando aparelho fonador a um conteúdo significativo e utilizar o resultado <strong>de</strong>ssa
associação para a interação social, uma vez que tal aptidão consiste não apenas em produzir e enviar, mas<br />
ainda em receber e reagir à comunicação. Compreendida <strong>de</strong>ssa maneira, a linguagem aparece como o mais<br />
difundido e o mais eficaz instrumento natural <strong>de</strong> comunicação à disp<strong>os</strong>ição do homem.<br />
A linguagem humana se constitui, pois, pela combinação <strong>de</strong> sons ou pela representação gráfica <strong>de</strong>ssas<br />
combinações <strong>de</strong> sons – a linguagem oral e a linguagem escrita. A linguagem, que outra coisa não é senão a<br />
proprieda<strong>de</strong> que tem<strong>os</strong> <strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> palavras, comunicar-n<strong>os</strong> <strong>entre</strong> nós, exteriorizando o n<strong>os</strong>so<br />
pensamento, relatando fat<strong>os</strong> e coisas internas ou externa, acontecidas ou ainda por acontecer (ALMEIDA,<br />
1999 p.17).<br />
A língua sempre foi um objeto <strong>de</strong> reflexão fil<strong>os</strong>ófica – e mais tar<strong>de</strong>, científica – ao longo da história do<br />
conhecimento humano, mas foram <strong>os</strong> greg<strong>os</strong> quem primeiro quiseram <strong>de</strong>svendar a sua origem e natureza,<br />
<strong>de</strong>scobrir se havia relação <strong>entre</strong> a palavra e as coisas que ela nomeava. De acordo com Petter (2002, p.12), <strong>os</strong><br />
greg<strong>os</strong> preocuparam-se, principalmente, em <strong>de</strong>finir as relações <strong>entre</strong> o conceito e a palavra que o <strong>de</strong>signa, ou<br />
seja, tentavam respon<strong>de</strong>r à pergunta: haverá uma relação necessária <strong>entre</strong> a palavra e o seu significado?<br />
Platão discute muito bem essa questão no Crátilo. Aristóteles <strong>de</strong>senvolveu estud<strong>os</strong> noutra direção, tentando<br />
proce<strong>de</strong>r a uma análise precisa da estrutura <strong>lingüística</strong>, chegou a elaborar uma teoria da frase, a distinguir as<br />
partes do discurso e a enumeração as categorias gramaticais.<br />
Se a língua é um sistema coletivo, a fala é a utilização individual <strong>de</strong>sse sistema. Ela é comp<strong>os</strong>ta por at<strong>os</strong><br />
individuais e seus element<strong>os</strong> <strong>de</strong>finid<strong>os</strong> conforme o g<strong>os</strong>to e a necessida<strong>de</strong>, com a situação comunicativa, com<br />
a personalida<strong>de</strong> e com o ambiente sócio-cultural em que vive o usuário. Po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar, pois, variad<strong>os</strong><br />
níveis <strong>de</strong> fala: infantil ou adulta, coloquial ou formal, comum ou literária. Segundo Petter (2002, p. 14), a<br />
fala é um ato individual; resulta das combinações feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua;<br />
expressa-se pel<strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> psicofísic<strong>os</strong> (at<strong>os</strong> <strong>de</strong> fonação) necessári<strong>os</strong> à produção <strong>de</strong>ssas combinações.<br />
Em uma comunida<strong>de</strong> <strong>lingüística</strong>, a língua recebe sugestivas criações que vão, gradativamente, sendo<br />
assimiladas pel<strong>os</strong> falantes, vitalizando-a e permitindo um enriquecimento com a modificação e inclu<strong>são</strong> <strong>de</strong><br />
palavras. Com isso em mente, o lingüista procura <strong>de</strong>scobrir como a linguagem funciona por meio do estudo<br />
<strong>de</strong> línguas especificas, consi<strong>de</strong>rando a língua falada um objeto <strong>de</strong> estudo que <strong>de</strong>ve ser examinado<br />
empiricamente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus própri<strong>os</strong> term<strong>os</strong>. É importante ressaltar que a metodologia <strong>de</strong> análise<br />
<strong>lingüística</strong> focaliza principalmente a fala e, em segunda instância, a escrita.<br />
Nesse contexto, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir a socio<strong>lingüística</strong> como uma das subáreas da <strong>lingüística</strong> que estuda a língua<br />
em uso no seio das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fala, voltando a atenção para um tipo <strong>de</strong> investigação que correlaciona<br />
aspect<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> e sociais. Esta ciência se faz presente num espaço interdisciplinar, na fronteira <strong>entre</strong><br />
língua e socieda<strong>de</strong>, focalizando precipalmente <strong>os</strong> empreg<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> concret<strong>os</strong>, em especial <strong>os</strong> <strong>de</strong> caráter<br />
heterogêneo. Em outras palavras, a socio<strong>lingüística</strong> é o ramo da <strong>lingüística</strong> que avalia a relação <strong>entre</strong> língua e<br />
socieda<strong>de</strong>, isto é, o uso da linguagem no contexto social.<br />
2.1 Variações e Varieda<strong>de</strong>s Lingüísticas<br />
A <strong>variação</strong> é um processo que abrange aspect<strong>os</strong> sociais, históric<strong>os</strong> e econômic<strong>os</strong> como causadores das<br />
diferentes formas <strong>de</strong> dizer a mesma coisa, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado elemento fonológico, morfológico, sintático ou<br />
léxico.<br />
A <strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong> ocorre por fatores divers<strong>os</strong> em uma socieda<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido à classe social,<br />
sexo, faixa etária e localida<strong>de</strong> geográfica. De acordo com Bourdieu (apud MOLLICA, 2004, p.29), as<br />
manifestações recebem um valor <strong>de</strong>nominado “mercado lingüístico”, aliado à renda, sexo, faixa etária e nível<br />
escolar do falante. Além disso, as variações po<strong>de</strong>m ser: históricas ou diacrônicas; sociais ou diastráticas;<br />
regionais ou diatópicas; estilísticas ou registro. A <strong>variação</strong> histórica ou diacrônica acontece quando a língua<br />
muda com o passar d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> em uma comunida<strong>de</strong>, sofrendo alteração, isto é, usada <strong>de</strong> acordo com cada<br />
época.<br />
A <strong>variação</strong> social acontece <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> moram <strong>os</strong> falantes, representando a capacida<strong>de</strong> que<br />
cada falante tem para se expressar com <strong>os</strong> membr<strong>os</strong> da mesma, havendo vári<strong>os</strong> fatores envolvid<strong>os</strong>, tais<br />
como: classe social, ida<strong>de</strong>, sexo e a situação. Este tipo <strong>de</strong> <strong>variação</strong> acontece <strong>de</strong>vido às formas <strong>de</strong> expres<strong>são</strong><br />
<strong>entre</strong> diferentes membr<strong>os</strong> da comunida<strong>de</strong>, pois cada falante adquire no meio familiar, sua linguagem, e nela o<br />
meio se reflete. Em outras palavras, uma vez que o individuo pertence a uma classe social isso vai<br />
influenciar a maneira <strong>de</strong> como ele irá se expressar.
Já a <strong>variação</strong> geográfica ocorre, como o próprio nome sugere, por fatores geográfic<strong>os</strong>, tendo, assim, cada<br />
comunida<strong>de</strong> uma cultura, e com isso <strong>os</strong> diferentes falares <strong>de</strong> uma região para outra. Segundo Alkimin (2001,<br />
p.34), a <strong>variação</strong> geográfica ou diatópica está relacionada às diferenças distribuídas no espaço físico,<br />
observáveis <strong>entre</strong> falantes <strong>de</strong> origens geográficas distintas.<br />
Isso acontece <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que nativ<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong> (cida<strong>de</strong>, estado ou região),<br />
concentrad<strong>os</strong> em centr<strong>os</strong> culturais, polític<strong>os</strong> e econômic<strong>os</strong> diferentes, constituem uma comunida<strong>de</strong><br />
<strong>lingüística</strong> geograficamente limitada, no interior <strong>de</strong> uma mais extensa (a nação), tendo cada comunida<strong>de</strong> um<br />
comportamento cultural próprio que as i<strong>de</strong>ntifica e as distingue das outras.<br />
A <strong>variação</strong> estilística ocorre quando o indivíduo <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> usa uma <strong>de</strong>terminada forma <strong>de</strong> falar no<br />
meio em que está inserido, isto é, vai usar uma fala conforme a situação pe<strong>de</strong>. As variações relacionadas ao<br />
contexto chamam-se <strong>de</strong> variações estilísticas ou <strong>de</strong> registr<strong>os</strong>. De acordo com Alkmin (2001, p.38), nesse<br />
sentido, <strong>os</strong> falantes diversificam sua fala – isto é, usam estil<strong>os</strong> ou registr<strong>os</strong> distint<strong>os</strong> – em função das<br />
circunstâncias em que ocorrem suas interações verbais.<br />
Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> membr<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> p<strong>os</strong>suem um estilo próprio <strong>de</strong> falar uns com <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>, mas essa<br />
forma <strong>de</strong> falar po<strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> acordo com a situação em que se encontram. Segundo Chaica (apud Monterio,<br />
2000, p. 68), o estilo <strong>de</strong> fala representa um sistema <strong>de</strong> comunicação controlador da interação social,<br />
indicando assim como <strong>os</strong> falantes <strong>de</strong>vem produzir ou interpretar uma mensagem. Além <strong>de</strong> indicações acerca<br />
da formalida<strong>de</strong> ou informalida<strong>de</strong>, intimida<strong>de</strong> ou distanciamento da relação <strong>entre</strong> <strong>os</strong> interlocutores, o estilo<br />
engloba também us<strong>os</strong> ritualizad<strong>os</strong> da linguagem, como as formas <strong>de</strong> saudação (greetings), <strong>de</strong> tratamento<br />
(address), <strong>entre</strong> outras. Portanto, é necessário ter atenção em relação ao contexto ou situação que constitui o<br />
ambiente físico-social em que se encontra o informante, pois esse contexto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o estilo <strong>de</strong><br />
linguagem que se usa: formal ou informal.<br />
A <strong>variação</strong> <strong>de</strong> gênero/sexo ocorre por que homens e mulheres não falam da mesma maneira, tendo ainda<br />
diferenciais no ritmo e tom <strong>de</strong> voz também, <strong>os</strong> quais ocorrem <strong>de</strong>vido a preferências por estruturas sintáticas e<br />
pelo emprego <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminad<strong>os</strong> vocabulári<strong>os</strong> ou até na forma <strong>de</strong> cortesias. Nesse sentido, existe ainda a<br />
crença popular <strong>de</strong> que as mulheres falam mais do que homens ou que falam bem mais rápido. De acordo com<br />
Paiva (2004, p. 33), as diferenças mais evi<strong>de</strong>ntes <strong>entre</strong> a fala <strong>de</strong> homens e mulheres se situam no plano<br />
lexical. Parece natural admitir que <strong>de</strong>terminadas palavras se situem melhor na boca <strong>de</strong> um homem do que <strong>de</strong><br />
uma mulher. Essas variações também po<strong>de</strong>m ser observadas em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> níveis <strong>de</strong> organização da língua<br />
sejam o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.<br />
Essas diferenças <strong>lingüística</strong>s em função do sexo do falante acabam surgindo porque estão relacionadas com<br />
as atitu<strong>de</strong>s sociais, já que homens e mulheres têm papéis diferentes na socieda<strong>de</strong> e utilizam padrões <strong>de</strong><br />
comportamento distint<strong>os</strong>. A <strong>variação</strong> <strong>de</strong> faixa etária acontece a partir da aquisição da linguagem, pois a<br />
criança tem dificulda<strong>de</strong> em articular <strong>os</strong> fonemas (diz tatolim em vez <strong>de</strong> cachorrinho) e também no período<br />
escolar em relação ao padrão morf<strong>os</strong>sintático (diz sabi em vez <strong>de</strong> soube). Já, <strong>os</strong> falantes adult<strong>os</strong> ten<strong>de</strong>m a<br />
preferir as formas antigas, criando uma situação estranha, pelo men<strong>os</strong> à primeira vista: existem pessoas que,<br />
apesar <strong>de</strong> estarem em interação constante (do tipo pai/ filho), c<strong>os</strong>tumam falar <strong>de</strong> maneira distinta. Entretanto,<br />
isso não chega a comprometer a comunicação, já que amb<strong>os</strong> as lad<strong>os</strong> <strong>são</strong> capazes <strong>de</strong> utilizar e enten<strong>de</strong>r todas<br />
as formas (Naro, 2004, p. 44).<br />
Em resumo, tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> fatores apresentad<strong>os</strong> apontam para a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma língua, ou seja, esses<br />
fatores <strong>de</strong>monstram que a língua não é homogênea, sendo que a <strong>variação</strong> po<strong>de</strong> ocorrer por divers<strong>os</strong> motiv<strong>os</strong>,<br />
tais como: histórica, classe social, geográfica, estilística, gênero/sexo e faixa etária. Nesse contexto, este<br />
trabalho esta focado na <strong>variação</strong> da língua portuguesa, a qual será analisada em duas regiões <strong>de</strong> estad<strong>os</strong><br />
diferentes.<br />
3. DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS<br />
A colonização do Brasil levou à miscigenação <strong>entre</strong> três principais element<strong>os</strong> étnic<strong>os</strong> formadores do povo<br />
brasileiro: o índio, o negro e o branco. Essas miscigenação, já no século XVI, <strong>de</strong>ram origem a três tip<strong>os</strong><br />
fundamentais <strong>de</strong> mestiç<strong>os</strong>: caboclo ou mameluco é o cruzamento <strong>entre</strong> o branco e o índio, mulato é o<br />
cruzamento <strong>entre</strong> o negro e o branco e o cafuzo que é o cruzamento <strong>entre</strong> o índio e o negro (COTRIM, 1999,<br />
p. 66).
Com as primeiras mistura <strong>de</strong> pov<strong>os</strong>, surgiu a primeira expres<strong>são</strong> <strong>lingüística</strong> em relação à língua portuguesa,<br />
que ficou conhecida como a língua geral. Essa língua era usada pel<strong>os</strong> portugueses e espanhóis, e para<br />
classificar as línguas indígenas usadas, em geral, por índi<strong>os</strong> missionad<strong>os</strong> e aculturad<strong>os</strong> e a não-indi<strong>os</strong>.<br />
Devido ao povoamento heterogêneo em cada região, nasce também a língua geral do Norte e a do Sul.<br />
Segundo Elia (2000, p.24), a lingua geral do Norte também é conhecida como nheengatu e a do Sul, que<br />
serviu <strong>de</strong> veículo escrito para a literatura jesuítica da catequese, é o abanheenga. Como o passar d<strong>os</strong> sécul<strong>os</strong>,<br />
o português se torna a língua falada em todo o território unido, <strong>de</strong> norte a sul e <strong>de</strong> leste a oeste.<br />
3.1 Determinantes em São Luis<br />
Assim como no restante do país, São Luís p<strong>os</strong>suía um enorme número <strong>de</strong> trib<strong>os</strong> indígenas antes da chegada<br />
d<strong>os</strong> colonizadores, sendo que a quantida<strong>de</strong> variava <strong>de</strong> região para região. No século XVII São Luís, em<br />
particular, teve sua colonização iniciada pel<strong>os</strong> franceses, que estabeleceram um bom convívio com <strong>os</strong> nativ<strong>os</strong><br />
Tupinambás, <strong>os</strong> quais chamavam a terra <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Ilha do Maranhão, ou Upaon-Açu. No dia oito <strong>de</strong><br />
setembro <strong>de</strong> 1612, Daniel <strong>de</strong> La Touche fundou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Luís, com o sonho <strong>de</strong> fundar a França<br />
Equinocial.<br />
Depois que <strong>os</strong> franceses foram expuls<strong>os</strong> <strong>de</strong> São Luís, na Europa, Portugal estava sob o domínio da Espanha,<br />
que passou a controlar também a colônia brasileira; a Holanda estava em guerra com a Espanha, que foi<br />
impedida <strong>de</strong> comercializar o açúcar brasileiro. Como se sentiram prejudicad<strong>os</strong>, <strong>os</strong> holan<strong>de</strong>ses invadiram o<br />
nor<strong>de</strong>ste brasileiro e ap<strong>os</strong>saram-se d<strong>os</strong> centr<strong>os</strong> açucareir<strong>os</strong>, sendo expuls<strong>os</strong> vinte e quatr<strong>os</strong> an<strong>os</strong> <strong>de</strong>pois.<br />
Na segunda meta<strong>de</strong> do século XVIII, d<strong>entre</strong> as culturas agrícolas como a cana-<strong>de</strong>-açúcar e o arroz, em São<br />
Luis a que se <strong>de</strong>stacou foi a plantação <strong>de</strong> algodão, pois, com <strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> em guerra, o Brasil<br />
conseguiu ampliar a exportação <strong>de</strong>sse produto para Europa. Nesse contexto, em São Luis ocorre o processo<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong>vido ao novo ciclo econômico, trazendo benefíci<strong>os</strong> para a cida<strong>de</strong> tais como: a<br />
canalização da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e esgoto e a construção <strong>de</strong> fontes pela cida<strong>de</strong>. São Luís viveu a Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro,<br />
sendo umas das primeiras cida<strong>de</strong>s a ter ruas bem calçadas e iluminadas. Foi a primeira cida<strong>de</strong> a receber a<br />
companhia italiana <strong>de</strong> ópera. Com todo esse suporte cultural ficou conhecida como Atenas Brasileira aliada<br />
ao fato <strong>de</strong> p<strong>os</strong>suir um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> escrit<strong>os</strong> nativ<strong>os</strong> que ajudaram na criação d<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> literári<strong>os</strong><br />
renovadores.<br />
Atualmente, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Luis p<strong>os</strong>sui a sua economia voltada principalmente para a indústria<br />
(transformação <strong>de</strong> bauxita em alumina e <strong>de</strong>sta última em alumínio, alimentícia e ma<strong>de</strong>ireira), na prestação <strong>de</strong><br />
serviç<strong>os</strong>, no extrativismo (babaçu), na agricultura (soja, mandioca, arroz, milho) e na pecuária (bovin<strong>os</strong>,<br />
suín<strong>os</strong> e caprin<strong>os</strong>).<br />
Devido à colonização, miscigenação, geografia e economia, São Luís tem traç<strong>os</strong> <strong>de</strong> divers<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>, como <strong>os</strong><br />
indígenas, europeus e african<strong>os</strong>. A assimilação <strong>de</strong> todas essas culturas contribuiu principalmente na dança, na<br />
culinária, no artesanato, n<strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes e também no falar.<br />
3.2 Determinantes em São Carl<strong>os</strong><br />
São Carl<strong>os</strong> é um município bem mais novo que São Luís e não apresenta a mesma trajetória histórica, mas<br />
nasce graças a uma pessoa que realmente g<strong>os</strong>tava da região conhecida como Con<strong>de</strong> do Pinhal. São Carl<strong>os</strong><br />
por ser uma cida<strong>de</strong> jovem, já teve, <strong>entre</strong>tanto, em sua curta história, dois instantes notáveis e distint<strong>os</strong>. O<br />
primeiro foi a sua fundação, com suas casas <strong>de</strong> palha e <strong>de</strong> barrote em torno da capela. O segundo com a<br />
chegada da estrada <strong>de</strong> ferro.<br />
Nesse período, a economia da região era baseada no plantio <strong>de</strong> cana–<strong>de</strong>–açúcar ou na criação <strong>de</strong> gado, pois<br />
eram lavouras comerciais. Entretanto, logo houve uma troca pelo cultivo do café, graças a Carl<strong>os</strong> J<strong>os</strong>é<br />
Botelho que iniciou uma plantação <strong>de</strong> café ao lado da cana-<strong>de</strong>-açúcar. Com <strong>os</strong> bons resultad<strong>os</strong>, fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong><br />
da região começam também a cultivar o café. Esse processo <strong>de</strong> troca do açúcar pelo café aconteceu <strong>de</strong> forma<br />
gradativa (TRUZZI, 2000, p.30).<br />
Na região, além d<strong>os</strong> índi<strong>os</strong> guaianases, já existia um número relativamente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong>, que foram<br />
beneficiad<strong>os</strong> com <strong>os</strong> negóci<strong>os</strong> <strong>de</strong> exploração agrícola no período da colônia, mas também existiam <strong>os</strong><br />
pequen<strong>os</strong> proprietári<strong>os</strong> <strong>de</strong> terra que eram conhecid<strong>os</strong> como p<strong>os</strong>seir<strong>os</strong> ou cabocl<strong>os</strong> e eram visto com maus<br />
olh<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong>, pois conseguiam a terra sem autorização; eles simplesmente ocupavam a terra.
Entretanto, com o aumento do cultivo do café, <strong>os</strong> gran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong> expulsaram <strong>os</strong> p<strong>os</strong>seir<strong>os</strong> e <strong>os</strong> índi<strong>os</strong><br />
guaianases e com isso aumentaram as suas proprieda<strong>de</strong>s.<br />
Com a abolição d<strong>os</strong> escrav<strong>os</strong> em 1888, em São Carl<strong>os</strong> começaram a chegar mais imigrantes e <strong>os</strong> escrav<strong>os</strong><br />
foram libertad<strong>os</strong> sem nenhuma ajuda do governo. Sem alternativas <strong>de</strong> empreg<strong>os</strong> e nem lugar para morar,<br />
alguns escrav<strong>os</strong> continuaram nas fazendas por falta <strong>de</strong> opção. Alguns <strong>de</strong>les, mesmo após a abolição,<br />
permaneceram ainda nas fazendas, ainda que discriminad<strong>os</strong> e recebendo um salário menor que <strong>os</strong> colon<strong>os</strong><br />
imigrantes (TRUZZI, 2000, p. 52).<br />
Já no século XX, com o aniquilamento que a Primeira Guerra Mundial proporcionou no continente europeu,<br />
muit<strong>os</strong> imigrantes vinham para <strong>os</strong> territóri<strong>os</strong> american<strong>os</strong> com a ilu<strong>são</strong> <strong>de</strong> uma vida melhor. Com isso, muit<strong>os</strong><br />
fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong> aproveitaram a situação para trazer mais “escrav<strong>os</strong> branc<strong>os</strong>”. Com o <strong>de</strong>clínio do café, <strong>de</strong> acordo<br />
com Amador (1997, p.76), vieram da roça para o pequeno comércio urbano, do pequeno para o gran<strong>de</strong><br />
comércio, da pequena para a gran<strong>de</strong> indústria; e do comércio e da indústria para a roça novamente, não mais<br />
como humil<strong>de</strong>s trabalhadores, mas como sitiantes abastad<strong>os</strong>, quando não opulentes fazen<strong>de</strong>ir<strong>os</strong>.<br />
Atualmente, a cida<strong>de</strong> é conhecida como Capital da Tecnologia, pois atua na área <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> ponta e alta<br />
tecnologia graças ao setor educacional bem <strong>de</strong>senvolvido, p<strong>os</strong>suindo duas universida<strong>de</strong>s: a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo (USP) e a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong> (UFSCar). P<strong>os</strong>sui ainda um Centro Universitário<br />
(UNICEP), uma Faculda<strong>de</strong> Integrada (FADISC) e a mais nova unida<strong>de</strong> do Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação<br />
Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> São Paulo (IFSP). Na área <strong>de</strong> agropecuária, tem a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa da Empresa<br />
Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária (Embrapa).<br />
Devido ao povoamento, miscigenação, geografia e a economia, São Carl<strong>os</strong> foi marcada por divers<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>,<br />
como <strong>os</strong> indígenas, europeus e african<strong>os</strong>, mas principalmente pel<strong>os</strong> europeus, pois escolheram essa cida<strong>de</strong><br />
para morar e tentar construir riquezas. Alguns conseguiram, outr<strong>os</strong> não. Apesar disso, houve uma<br />
assimilação e a manifestação <strong>de</strong> todas essas culturas que lá estiveram <strong>de</strong>ixando suas marcas, tanto n<strong>os</strong><br />
c<strong>os</strong>tumes quanto no falar, o qual é conhecido como caipira.<br />
4. VARIAÇÕES ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SÃO LUIS E SÃO CARLOS<br />
A coleta <strong>de</strong> dad<strong>os</strong> foi feita através <strong>de</strong> gravação e transcrição <strong>de</strong> <strong>entre</strong>vistas semi-estruturadas ou semidiretivas<br />
fazendo a comparação d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> morfofonológic<strong>os</strong> apresentad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> dois camp<strong>os</strong>, São Luís e<br />
São Carl<strong>os</strong>, i<strong>de</strong>ntificando e <strong>de</strong>screvendo as variações encontradas. O mo<strong>de</strong>lo utilizado na pesquisa foi o da<br />
socio<strong>lingüística</strong> variacionista prop<strong>os</strong>ta por Labov. Tod<strong>os</strong> esses procediment<strong>os</strong> foram utilizad<strong>os</strong> <strong>de</strong> forma que<br />
não prejudicassem a situação natural <strong>de</strong> comunicação do <strong>entre</strong>vistado. A pesquisa foi realizada <strong>de</strong> acordo<br />
com as características apresentadas na Tabela 1, sendo que perfaz um total 32 <strong>entre</strong>vistad<strong>os</strong> e<br />
aproximadamente 32 horas <strong>de</strong> gravação.<br />
Escolarida<strong>de</strong> Faixa<br />
Etária<br />
Tabela 1 – Características d<strong>os</strong> Entrevistad<strong>os</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Sexo Feminino<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Sexo Masculino<br />
Baixa escolarida<strong>de</strong> 30 a 40 4 4<br />
Nível superior 30 a 40 4 4<br />
Baixa escolarida<strong>de</strong> 15 a 20 4 4<br />
Escolarida<strong>de</strong> normal 15 a 20 4 4<br />
A totalida<strong>de</strong> das <strong>entre</strong>vistas efetuadas foram, p<strong>os</strong>teriormente, ouvidas e analisadas. Foram transcritas apenas<br />
as partes mais importantes, on<strong>de</strong> se percebeu a <strong>variação</strong> mais comum. A partir das análises, as variações<br />
<strong>lingüística</strong>s foram divididas em quatro níveis: fônico, mórfico, sintático e semântico. As próximas seções<br />
correspon<strong>de</strong>m a cada um <strong>de</strong>sses níveis, sendo que as variações <strong>são</strong> i<strong>de</strong>ntificadas através <strong>de</strong> trech<strong>os</strong> retirad<strong>os</strong><br />
das <strong>entre</strong>vistas.
4.1 Nível Fônico<br />
Referem-se ao nível fonológico varieda<strong>de</strong>s observadas no som da fala, na articulação d<strong>os</strong> fonemas realizada<br />
por usuári<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma língua sem patologias da linguagem. Observando a fala d<strong>os</strong> <strong>são</strong> carlenses e d<strong>os</strong><br />
ludovicenses <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> normal ou alta, em todas as faixas etárias discriminadas anteriormente,<br />
po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar, além do fato <strong>de</strong> que aqueles falam bem mais rápido do que estes, as variações<br />
apresentadas na Tabela 2.<br />
Tabela 2 – Variações no nível Fônico<br />
Variação Exemplo<br />
A pronúncia do fonema /r/ é retroflexa /ɹ/ em São Carl<strong>os</strong> e<br />
glotal<br />
O fonema /n/ é pronunciado <strong>de</strong> forma palatal, em São<br />
Carl<strong>os</strong>, diante da vogal /i/, ao contrário do que acontece<br />
em São Luís, cuja pronúncia, na mesma p<strong>os</strong>ição, é<br />
alveolar ou <strong>de</strong>ntal<br />
As vogais /e/ e /o/ <strong>são</strong> pronunciadas <strong>de</strong> forma mais<br />
/<br />
fechada em São Carl<strong>os</strong> /e/, /o/ e mais aberta /<br />
São Luís ɛ<br />
e / o / em<br />
“... sempre tem morte por causa disso por causa <strong>de</strong><br />
droga...”<br />
[‘sẽpſI ‘tẽI ‘mƆɹʧI ‘poɹ ‘kaUza ‘ʤI ‘dſƆga] / [‘sẽpſI ‘tẽI<br />
‘mƆhʧI ‘poh ‘kaUza ‘ʤI ‘dſƆga]<br />
“... o nível do pessoal que estuda em escola particular...”<br />
(São Carl<strong>os</strong>)<br />
[‘U ‘njiveU ‘dU peso’aU ‘ke es’tuda ‘ẽI es’kƆla<br />
paɹʧiku’laɹ]<br />
“... ninguém sabe fazer perfeito como ela...” (São Luis)<br />
[nĩ’geI ‘sabI fa’zeh peh’feItU ‘komU ‘ɛla]<br />
“... eu trabalhei em indústria e às vezes as pessoas<br />
escon<strong>de</strong>m informação...” (São Carl<strong>os</strong>)<br />
[es’kõdẽI] / [ĩfoɹma’sãU]<br />
“... eu fui começar a sair mais <strong>de</strong>pois d<strong>os</strong> seis an<strong>os</strong> que<br />
quando eu já morava aqui na Forquilha...” (São Luis)<br />
[kõmɛ’sah] / [mƆ’ſava]<br />
Alongamento das vogais em São Carl<strong>os</strong> “... eu acho que colabora pra queda da qualida<strong>de</strong>...” (São<br />
Carl<strong>os</strong>) [kolabōſa]<br />
Quanto ao timbre, as vogais /e/ e /o/ <strong>são</strong> pronunciadas,<br />
também, <strong>de</strong> forma mais alta em São Carl<strong>os</strong> que em São<br />
Luís, marcando um alofone do mesmo fonema<br />
A harmonização vocálica é mais presente em São Luís<br />
que em São Carl<strong>os</strong><br />
O fonema /s/ é sempre pronunciado <strong>de</strong> forma alveolar ou<br />
<strong>de</strong>ntal em São Carl<strong>os</strong> /s/ e, em São Luís, ela po<strong>de</strong> ser<br />
alveopalatal /∫/.<br />
A síncope, em São Carl<strong>os</strong>, acontece na junção <strong>entre</strong><br />
palavras, em qualquer nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, enquanto<br />
que, em São Luís, esse mesmo processo fonológico está<br />
ligado a um baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e acontece<br />
mesmo no interior <strong>de</strong> palavras avulsas.<br />
“... eu nasci em São Carl<strong>os</strong> e sou professor...” (São<br />
Carl<strong>os</strong>)<br />
[‘e ‘soU pſofe’soh]<br />
“... um amigo meu chegou e a gente se conheceu...” (São<br />
Luis)<br />
[‘I a ‘gẽʧI]<br />
Em São Luís se diz com mais freqüência menino<br />
[mi’niinU], e em São Carl<strong>os</strong>, [me’ninU].<br />
Pasto [‘pastU] (São Carl<strong>os</strong>) e [‘pa∫tU], em São Luís<br />
Que você esta pensando /’ke k’se ‘ta pe’sãdU/, em São<br />
Carl<strong>os</strong>, e /ma’giña/ (maguinha, ao invés <strong>de</strong> magrinha), em<br />
São Luís<br />
Apagamento do /r/ final em São Luis “... então a partir <strong>de</strong>sse meu amigo quando ele entrou na<br />
minha vida como pela amiza<strong>de</strong> eu comecei a mudar...”.<br />
[pah’ʧIØ], [mu’daØ]
Pessoas com baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> na faixa etária <strong>de</strong> 30 e 40 an<strong>os</strong> apresentam process<strong>os</strong> fonológic<strong>os</strong><br />
semelhantes n<strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> <strong>de</strong> São Carl<strong>os</strong> e São Luís, como o rotacismo, a nasalização do pronome /mi/, a<br />
metátese /merƆi’a/ e o apagamento do/d/ do gerúndio /fa’zẽnU/. O apagamento do /r/ final marca a baixa<br />
escolarida<strong>de</strong> em São Carl<strong>os</strong>, mas não em São Luís.<br />
4.2 Nível Mórfico<br />
Constituem varieda<strong>de</strong>s no nível mórfico aquelas verificadas na formação das palavras. Foram comuns a<strong>os</strong><br />
dois camp<strong>os</strong> varieda<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas em pessoas <strong>de</strong> faixas etárias diferenciadas, mas <strong>de</strong> baixo nível <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong>, como o apagamento do morfema <strong>de</strong> plural “s” e concordâncias ina<strong>de</strong>quadas.<br />
Foi, ainda, em caráter diferencial, i<strong>de</strong>ntificado o uso do pronome “você” para o tratamento íntimo, enquanto<br />
que, em São Luís, é preferencialmente utilizado o “tu”. Esse tratamento é mantido não só no uso d<strong>os</strong><br />
pronomes na função sujeito, mas também na <strong>de</strong> objeto. Por exemplo: “Tô falando pra você...”, em São<br />
Carl<strong>os</strong>, e “... tô ti falando por que tenho mais experiências...”, em São Luís.<br />
4.3 Nível Sintático<br />
Variações no nível sintático <strong>são</strong> aquelas verificadas no que se refere à construção das frases. A negativa, em<br />
São Luís, é feita <strong>de</strong> forma redundante na maioria das vezes, o que não acontece nunca em São Carl<strong>os</strong>: “Ele<br />
não é daqui”, em São Carl<strong>os</strong>, e “ele não é daqui, não”, em São Luís.<br />
4.3 Nível Semântico<br />
A <strong>variação</strong> no nível semântico é a mesma palavra com significado diferente. Por exemplo: “peão”, em São<br />
Luís, é um trabalhador na área <strong>de</strong> construção civil; em São Carl<strong>os</strong>, “peão” é uma pessoa que trabalha com<br />
animais da agropecuária. Na Tabela 3 apresentam-se diversas ocorrências <strong>de</strong> palavras e expressões que<br />
p<strong>os</strong>suem diferentes significad<strong>os</strong> nas cida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas.<br />
Tabela 3 - Significad<strong>os</strong> <strong>de</strong> acordo com a cida<strong>de</strong>.<br />
São Carl<strong>os</strong> São Luis São Carl<strong>os</strong> São Luis<br />
Tirar um sarro Zoar Dar um beijo Beiçar<br />
Gozar Brincar, fazer palhaçada Boiola/boy Qualira, Baitola<br />
Xavecar Paquerar Folgado Saliente<br />
Frenética Patricinha Saidinho Saliente<br />
Pão francês/<strong>de</strong> leite Pão massa gr<strong>os</strong>sa/massa<br />
fina<br />
N<strong>os</strong>sa! Éguas!<br />
Um beijo! Um cheiro! Pingado Café com leite<br />
Jacu, zé ruela, tonto Lerdo, lesado Rir Sorrir<br />
Colocar Botar Mandioca Macaxeira/aipim<br />
Barulho Zuada Eu sei ê ein<br />
Velho Ê doido Canjica Mingau <strong>de</strong> milho<br />
Ta bom hum hum Curau Canjica<br />
Tenha dó Má rapa Coxão Mole/Duro Chã <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro/fora<br />
Muquirana/mão <strong>de</strong><br />
sambambaia<br />
Mão <strong>de</strong> vaca Lagartixa Osga<br />
Xereta Maroca Pernilongo Praga/muriçoca<br />
Zangado Injuriado Cabi<strong>de</strong> Cruzeta
5. CONCLUSÕES<br />
Este trabalho apresentou as variações no nível fônico, no nível mórfico, no nível sintático e no nível<br />
semântico na estrutura da língua falada. A comparação foi feita <strong>entre</strong> <strong>os</strong> falares das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Luís-MA<br />
e São Carl<strong>os</strong>-SP, sendo que para efeito <strong>de</strong> estudo foram efetuadas 16 <strong>entre</strong>vistas em São Luis e 16 <strong>entre</strong>vistas<br />
em São Carl<strong>os</strong> perfazendo aproximadamente 32 horas <strong>de</strong> <strong>entre</strong>vistas.<br />
Historicamente po<strong>de</strong>-se observar que o povoamento migratório no Brasil causou consi<strong>de</strong>rável influência na<br />
miscigenação da população, em especial em São Luís do Maranhão e em São Carl<strong>os</strong>, interior <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Sendo assim, é notório que em cada uma <strong>de</strong>ssas regiões <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> que nela estiveram influenciaram <strong>de</strong> forma<br />
<strong>de</strong>terminante o seu falar.<br />
Geograficamente, a influência n<strong>os</strong> falares ocorre <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> exten<strong>são</strong> do território brasileiro. Aliada<br />
à exten<strong>são</strong>, influencia também n<strong>os</strong> falares a cultura <strong>de</strong> cada região, que é diretamente afetada pelo clima,<br />
pela vegetação e pela economia. Nesse contexto, verificou-se que a língua não é homogênea e sim<br />
heterogênea, pois existem diferentes formas <strong>de</strong> <strong>variação</strong>: histórica, <strong>de</strong> classe social, geográfica, estilística,<br />
gênero/sexo e faixa etária. Consi<strong>de</strong>rando aspect<strong>os</strong> relacionad<strong>os</strong> à língua consi<strong>de</strong>rada, verificou-se que<br />
existem variações n<strong>os</strong> níveis fônico, mórfico, sintático e semântico da língua, sendo que neste trabalho<br />
i<strong>de</strong>ntificou-se uma maior <strong>variação</strong> n<strong>os</strong> níveis fônico e mórfico.<br />
No nível fônico ocorre diferença na pronúncia n<strong>os</strong> fonemas consonantais e nas vogais. N<strong>os</strong> dois municípi<strong>os</strong>,<br />
pessoas com baixa escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> faixa etária <strong>de</strong> 30 e 40 an<strong>os</strong> apresentam o rotacismo, a nasalização do<br />
pronome /mi/, a metátese e o apagamento do /d/ no gerúndio. Já em São Carl<strong>os</strong>, a marca da baixa<br />
escolarida<strong>de</strong> está na diferença encontrada no /r/ no final das palavras, o que não ocorre São Luis.<br />
Em São Carl<strong>os</strong> foi, ainda, <strong>de</strong>tectado que as pessoas falam mais rápido e também está presente a síncope<br />
intervocabular, ou seja, a perda <strong>de</strong> fonemas na junção <strong>de</strong> palavras em qualquer nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, sendo<br />
que em São Luís esse comportamento não foi i<strong>de</strong>ntificado.<br />
Já no nível mórfico, as maiores diferenças estão no uso do pronome “você” em São Carl<strong>os</strong> e o “tu” em São<br />
Luís. Muito embora haja muitas diferenças n<strong>os</strong> falares das regiões consi<strong>de</strong>radas, existem também<br />
semelhanças. Em amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> verificou-se que existe tanto o apagamento do morfema <strong>de</strong> plural ”s”<br />
quanto concordâncias ina<strong>de</strong>quadas.<br />
No nível sintático, <strong>de</strong>tectou-se que <strong>os</strong> <strong>entre</strong>vistad<strong>os</strong> em São Luís usam a forma negativa <strong>de</strong> maneira<br />
redundante na maioria das vezes, já em São Carl<strong>os</strong> isso não acontece. (“Não é”, em São Carl<strong>os</strong>, “Não é,<br />
não”, em São Luís).<br />
E por último, no nível semântico, observou-se que muitas palavras e expressões <strong>são</strong> usadas com sentid<strong>os</strong><br />
diferenciad<strong>os</strong> em São Luís e em São Carl<strong>os</strong>, po<strong>de</strong>ndo até causar, para quem as usa sem se dar conta das<br />
diferenças, algum constrangimento, como n<strong>os</strong> us<strong>os</strong> das palavras “gozar” e “tirar um sarro”.<br />
Devido às varieda<strong>de</strong>s encontroadas, <strong>de</strong>staca-se que a contribuição <strong>de</strong>ste trabalho não está somente na<br />
documentação das variações i<strong>de</strong>ntificadas, mas também no campo acadêmico e social, isto é, <strong>de</strong>seja-se que<br />
não só <strong>os</strong> profissionais da área <strong>de</strong> Letras tenham consciência sobre a <strong>variação</strong> <strong>lingüística</strong>, mas também que<br />
toda a socieda<strong>de</strong> se conscientize <strong>de</strong>ssas variações.<br />
A conscientização tem um papel importante <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong> já que ela existe não somente <strong>de</strong>ntro da sala<br />
<strong>de</strong> aula, mas também fora <strong>de</strong>la. Em outras palavras, a conscientização leva à valorização não <strong>de</strong> uma única<br />
<strong>variação</strong>, aquela consi<strong>de</strong>rada correta e <strong>de</strong> prestígio, pois esse comportamento leva ao preconceito <strong>de</strong> que em<br />
um <strong>de</strong>terminado lugar fala-se melhor do que no outro.<br />
Nesse contexto, é inegável que essa conscientização po<strong>de</strong> levar a uma maior aceitação daquelas pessoas que<br />
“falam diferente”, pois essa diferença vem <strong>de</strong> suas raízes e da sua formação como cidadão e pessoa, tendo,<br />
conseqüentemente, a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> preservada e diminuindo a discriminação seja n<strong>os</strong> banc<strong>os</strong> das escolas ou<br />
n<strong>os</strong> banc<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma praça.<br />
Muito embora trabalh<strong>os</strong> no contexto <strong>de</strong> variações <strong>lingüística</strong>s sejam importantes, no Brasil ainda não se<br />
conseguiu fazer um levantamento <strong>de</strong> todas as variações existentes, uma vez que seu tamanho territorial é<br />
extenso e a falta <strong>de</strong> investimento é nítida, especialmente em estad<strong>os</strong> mais pobres. Essa conjuntura só po<strong>de</strong> ser<br />
lamentada, pois é um patrimônio para o povo brasileiro, já que à medida que a língua evolui com a socieda<strong>de</strong><br />
muitas expressões po<strong>de</strong>m ser perdidas nessa evolução..
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